Manuel
Vitorino Pereira
(1853 - 1902)
Médico, político e escritor
brasileiro nascido em Salvador, hoje capital do Estado da Bahia, que foi o
segundo governador do Estado da Bahia (1889-1990) e vice-presidente da
República (15/11/1894-15/11/1898) no mandato do 3º Presidente da República, Prudente
de Moraes, o primeiro presidente civil eleito por voto direto. De origem
humilde, era filho do marceneiro Vitorino José Pereira e de Carolina
Maria Franco Pereira e teve infância muito pobre, mas muito estudioso e de
privilegiada inteligência. Foi marceneiro com o pai e ingressou na Faculdade de
Medicina da Bahia (1871) e, enquanto acadêmico, foi professor particular para
estudantes de medicina e farmácia, tornando-se preparador interino de química
legal na Faculdade de Medicina. Diplomado como médico (1876), filiou-se no
mesmo ano ao Partido Liberal e tornou-se lente substituto da Faculdade de
Medicina (1877), aperfeiçoando seus estudos na Europa, nos hospitais de Paris,
Viena, Berlim e Londres. Na década seguinte tornou-se catedrático da 2ª cadeira
de clínica cirúrgica, aprovado brilhantemente em concurso (1883). Iniciou
militância política (1885) ao ser eleito para a secretaria do diretório do
partido na Bahia e designado chefe de redação do Diário da Bahia. Neste
período, defendeu a abolição imediata da escravidão, a monarquia federativa e a
extinção da vitaliciedade do senado. Teve seu nome cogitado para ocupar o cargo
de governador, mas declinou em favor seu amigo VirgílioClímaco Damásio,
que assumiu o cargo por apenas cinco dias, tempo suficiente para que
reavaliasse sua decisão e aceitar o cargo, tomando posse no dia 23 de novembro
(1889), na Câmara Municipal de Salvador, tendo Virgílio como seu vice.
Voltado para a educação, pois era Professor da Faculdade de Medicina e
ex-diretor do Liceu de Artes e Ofícios, procurou exercer uma administração
inovadora e expansionista nesta área. Executou um censo escolar e com base nos
dados obtidos criou um fundo para financiamento da educação, tanto no plano
estadual como no municipal e regulamentou o alistamento escolar, o ensino de
higiene, etc. Também para promover a aplicação de recursos o sistema de ensino,
criou a concessão de incentivo financeiro a empresas que levantassem capital
para a construção de prédios escolares. No plano político, dissolveu os
partidos remanescentes do Império, Conservador e Liberal, para
fazer um rearranjo político-partidário, passou a Bahia de província unitária a
estado federativo e criou a Milícia Civil, sob o controle do governador;
e o arquivo público do estado. As dimensões grandiosas destes projetos
fomentaram uma forte oposição e ele sucumbiu as pressões seis meses depois e
foi afastado do cargo no dia 26 de abril (1890), em favor do irmão mais velho
do Marechal Deodoro, Hermes Ernesto da Fonseca, que logo procurou
desfazer as reformas empreendidas pelo então ex-governador. Grande tribuno,
competindo mesmo com Rui Barbosa, continuou na política e elegeu-se
senador federal pela Bahia dois anos depois e, na condição de presidente do
Senado, tornou-se o vice de Prudente de Moraes, o primeiro presidente
civil eleito por voto direto, em uma fase de crise econômica e política. Foi
somente em sua gestão na presidência que foi encomendada a primeira compra de
livros, em torno de 500 títulos, para a Biblioteca do Senado, apesar de ter
sido inaugurada muitos anos antes (1826), dando-se início assim à formação do
extraordinário acervo da Biblioteca daquela casa do Poder Legislativo da
República. Na condição de vice-presidente, assumiu o governo com o afastamento
do titular (1896), que passou por uma cirurgia para extrair cálculos biliares,
intervenção cirúrgica que na época era complexa e de lenta recuperação. No
exercício da presidência adotou uma orientação política diferente da do titular
e nomeou novos ministros e promoveu a transferência da presidência do Palácio
do Itamarati para o Palácio do Catete, que comprou por mais de 1.000 contos de
réis. Chegou a tentar convencer o presidente a renunciar em seu benefício, o
que forçou Prudente a retornar ao poder ainda convalescente, com medo de
perder o cargo. Foi então o único baiano a assumir a presidência da república
do Brasil e durante sua interinidade na presidência da república (1896-1897).
Ao fim do mandato do presidente, recolheu-se à vida privada como médico e
faleceu no Rio de Janeiro, aos 49 anos. Seu nome foi dado a um município criado
na Bahia (1962).
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