7 de julho de 2017

Amor ao Contrário



Amor ao Contrário





Não te amo mais.
Estarei a mentir ao dizer que,
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Tu não significas nada.
Não poderei dizer jamais:
«-Alimento um grande amor».
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu Amo-te!
Sinto muito… mas tenho que dizer a verdade.
É tarde demais!

Aqui e Agora



Aqui e Agora


Às vezes, sinto que gostavas de apagar, para sempre, todos os traços do meu passado como se nunca tivessem existido, da mesma forma que me pedes para guardar debaixo do forro de papel da gaveta, as fotografias das mulheres que conheci. Sei que o meu passado te pesa cada vez que o presente o resgata, em telefonemas rápidos e cordiais que vou recebendo de outras mulheres que já passaram pela minha vida e com quem criei esse laço raro e difícil que sucede à desordem do amor quando este se extingue depois da dor e o segredo da pele já se esgotou. Em vão te explico que essas mulheres passaram com a leveza de uma pena ou a intensidade de uma tempestade. Nunca as vejo, mas também não preciso, primeiro porque a minha vida és tu, e por isso não fazem parte dela e depois porque em todas elas descobri coisas de que não gostava e foi isso que me ajudou a amar-te melhor.
Mas vocês não percebem isto nos homens; chamam-nos predadores, animais, insensíveis, como se não tivéssemos honra nem princípios nem coração. Nenhum homem quer magoar uma mulher, olhamo-vos com um misto de medo, admiração e incompreensão e se pudéssemos, construíamos um pedestal e uma escada para vocês subirem, mesmo que seja por escassas semanas. O que damos é o que temos de melhor, sem pensar porquê, nem como, nem até quando.
Mas vocês não, têm sempre que questionar tudo, inventar segredos e intenções em cada movimento que fazemos.
O que conta é o que vivo contigo, aqui e agora, que a pureza de sentir é não ter que pensar que amanhã ficarei triste se partires, e feliz se ainda me quiseres guardar, por isso, esquece o passado e não temas o futuro, porque tudo e nada está nas nossas mãos e é por isso que para nós o amor é uma coisa fácil, simples e transparente. Ou se ama, ou não se ama, e se eu sinto que te amo, sem ter de pensar se é verdade ou não, é porque deve mesmo ser, não achas?

Artista de Circo, Margarida Rebelo Pinto


São Paulo, 8 de agosto de 2001.






São Paulo, 8 de agosto de 2001.



Hoje sou um povo e uma cidade inteira.
Vestido de branco, roupa de luto segundo o candomblé, para levar Jorge Amado ao Jardim da Saudade.
É velado Jorge no dia do aniversário de Caetano Veloso.
Rito de passagem bem óbvio para não deixar dúvida em gente obtusa
no que os céus querem dizer.
O que há de comum entre os dois (Caetano e Jorge) é o prazer pela
vida e o amor pela Bahia.
Os dois sempre cantaram e escreveram sobre ela, mas, sobretudo,
desfrutaram-na.

O destino foi bom comigo e fez deles meus amigos. Mais Caetano,
até pela idade, e menos Jorge.

No dia em que eu e Jorge Amado nos conhecemos, pela mão de
Ludmila Guimarães, amiga mútua, fui visitá-lo em seu apartamento
em Paris.

Ele me levou para almoçar em um restaurante vizinho ao apartamento.
Andando pelas ruas do bairro, senti que Jorge tinha transformado o
Marais no Rio Vermelho (bairro onde ambos moravam em Salvador).

Ele conhecia o cabeleireiro, o açougueiro e era saudado efusivamente
por todos, numa conversa ruidosa própria da Bahia.

Fui pelo caminho pensando algo bem culto para impressionar Jorge
Amado. Para mostrar a ele como eu era inteligente.

Quando finalmente chegamos ao restaurante e sentamos à mesa o
mais teimoso escritor do Brasil, nome mundial Senhor do Rio Vermelho
e do Marais, me disse:

   - Mas Nizan, como é enorme a bunda de Mãe Cleusa!!!!!
Depois de um almoço assim tão profundamente intelectual e delicioso
fui a Fauchon e comprei um licor de 1912, ano em que Jorge nasceu.

No fim da tarde, visivelmente emocionado, Jorge Amado me ligou
para agradecer. Eu, que sou tímido com meus ídolos, me escondia.
Aos grandes a gente não dá, a gente devolve.

E a você Jorge vou fazer seu axéxé, abraçando e beijando Caetano.
Respeitando o fluxo da vida que Nosso Senhor mandou.
Desfrutando mais a Bahia e cultivando-a como você nos ensinou.

E tentando transformar qualquer pedaço do mundo, como você fez,
num delicioso pedaço de Salvador.


"O escritor é um aprendiz do seu
ofício até que deixe de escrever."

Jorge Amado
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Caravelas da globalização









Caravelas da globalização

Quinto maior investidor no país, Portugal
exporta executivos para o Brasil, onde a
colônia se reduz em tamanho, mas não em
 importância


A história da imigração portuguesa no
país se confunde com a própria
formação do povo brasileiro. Se
Cabral, ao lançar âncoras no litoral
baiano em 1500, só pretendia
estabelecer um entreposto mercantil
de Portugal, logo aportariam seus
patrícios, como João Ramalho e
Diogo Álvares Correia, com planos de permanência e
dispostos a fundar uma nova raça. Desde então, o
exemplo foi seguido por mais de 3 milhões de lusitanos,
hoje reduzidos a aproximadamente um décimo (300 mil).

A herança lusitana vai muito além das estatísticas. Ela se perpetua na arquitetura das cidades coloniais, a exemplo de Ouro Preto, Olinda, Parati, São Luís e Rio de Janeiro. Na língua falada em todo o país e na religiosidade. Está presente em vários aspectos do cotidiano, como na culinária - muitos doces mineiros são criação portuguesa - e na cachaça, nascida como subproduto da primeira empresa agrícola nacional, o engenho de açúcar. A herança tem raízes bem fincadas nos campos de futebol, onde o Vasco da Gama e a Portuguesa de Desportos são destaque. Com base nessa identidade, não é de estranhar que, em plena globalização, os portugueses tenham eleito o Brasil como o principal porto de seus investimentos no Exterior. Como os primeiros navegadores, os imigrantes que continuam a chegar de além-mar, embora em número bem menor, querem provar que ainda sabem fazer a América melhor que ninguém.

Vai longe o tempo em que o retrato mais bem acabado do imigrante português no Brasil era o daquele senhor bigodudo e afável, metido em camiseta e calçado em tamancos, atrás de um balcão de botequim ou padaria. Era o imigrante clássico, personagem bonachão conhecido de todos os brasileiros que os anos cuidaram de reduzir a mera caricatura. Hoje, os patrícios chegam d'além-mar em ternos bem talhados, passeiam com desenvoltura pelos salões mais requintados da elite econômica e disputam palmo a palmo com empresários de outros países o topo do ranking dos investimentos externos no país. Quinhentos anos depois de Cabral, Portugal já ocupa a quinta posição na lista dos maiores investidores em solo brasileiro. Perde apenas para os Estados Unidos, a Alemanha, a França e quase ganha da Espanha. Deixa para trás vizinhos europeus poderosos como a Itália e potências como o Canadá.

É transformação recente. Ocorreu nos últimos três anos. Segundo o Ministério da Economia de Portugal, que mantém em São Paulo uma representação do Departamento de Investimentos, Comércio e Turismo (Icep), cerca de 180 empresas vieram para cá nesse período. São gigantes como o grupo Sonae, holding da terceira maior rede de supermercados do Brasil (Big, Cândia e Mercadorama). Ou como a Cervejaria Cintra, já instalada em Mogi Mirim (SP) e a caminho de Campos (RJ). Ou ainda como a Caixa Geral de Depósitos, imagem e semelhança da Caixa Econômica Federal brasileira, que comprou aqui o Banco Bandeirantes. Somadas a outras dezenas de empreitadas - pequenas e grandes -, os portugueses já investiram US$ 7 bilhões na ex-colônia nestes três anos. A cifra corresponde a 40% de todos os investimentos de Portugal mundo afora. Nota atrás de nota, a fila de dólares atravessaria o Atlântico numa ponte imaginária entre Lisboa e Porto Seguro, a primeira parada de Cabral, em 1500.

Nesse oceano de dólares, R$ 1 bilhão veio de um grupo, o Sonae. Vicente Dias, 47 anos, diretor de marketing do grupo, conta que o Brasil se tornou "destino prioritário" dos investimentos portugueses por "afinidades culturais". O Sonae chegou em 1996. Emprega 24 mil brasileiros em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O faturamento bruto este ano deve chegar a R$ 3,5 bilhões. "Ainda estamos na fase de investimentos pesados", diz Vicente. Num tempo em que "navegação" não é mais sinônimo de caravelas, mas de Internet, demonstrações como essa apontam para uma espécie de Redescobrimento do Brasil. Há coincidências. Como Cabral e seus marinheiros do 22 de abril de 1500, nem todos os viajantes portugueses do ano 2000 vêm para ficar. Chegam, estabelecem negócios, deixam meia dúzia de patrícios representantes e voltam para a Península Ibérica.

É o caso de José Manuel Romão Mateus, de 42 anos, presidente da Telesp Celular, arrematada pela Portugal Telecom em leilão de privatização, em julho do ano passado, por US$ 3,1 bilhões. "Ficarei três anos aqui", conta ele. "Para depois disso, não faço planos." A empresa está há 14 meses sob o comando de Romão. O tempo é curto, mas ele já coleciona resultados invejáveis. Só no primeiro semestre de 1999, a receita operacional líquida bateu R$ 1,016 bilhão - 32% maior que a do mesmo período do ano anterior. Os portugueses foram pioneiros no Brasil no lançamento do celular pré-pago.






Identidade redescoberta



Identidade redescoberta

Capitais do Nordeste investem alto para
 recuperar centros históricos degradados e
assim incentivar o turismo cultural

sol presente o ano todo e as praias paradisíacas já não são as únicas atrações turísticas das capitais do Nordeste. Às vésperas dos 500 anos do Descobrimento, as metrópoles da região transformam seus centros históricos em canteiro de obras com especial interesse no turismo cultural. Mais do que salvar casarios coloniais das ruínas, estão dando vida nova a bairros inteiros, antes guetos de decadência econômica e prostituição. Esses sítios, ruas e praças já reformados são hoje concorridos palcos de shows e feiras culturais. Bares e restaurantes da moda, instalados em velhos armazéns reestilizados, estão formando novos pólos de agitação noturna. Como resultado, o valor dos imóveis multiplicou.

Assim ocorreu no Pelourinho, em Salvador - um dos primeiros megaprojetos de revitalização a sair do papel, no início dos anos 90. O exemplo baiano foi seguido pelos vizinhos. No Recife, o alvo inicial foi o casario da Rua do Bom Jesus, a mais famosa do velho bairro portuário onde se instalou o governo holandês no século 16. Com a deterioração, o antigo centro econômico da cidade virou reduto de prostíbulos. No imóvel em que um deles funcionava aloja-se hoje o London Pub, animada casa de jazz e blues. "O centro histórico tornou-se o melhor local para se investir em entretenimento", afirma André Lubambo, dono do bar e de uma creperia recém-inaugurada na Rua do Bom Jesus, além de presidente de uma associação que reúne 79 restaurantes no bairro. "Eram apenas 12 antes da reforma, todos com uma casa de prostituição ao fundo", conta o empresário.

Só nesta década, 200 edificações do bairro foram restauradas. Algumas obras estão em fase de conclusão, como a da Torre Malakoff, observatório astronômico erguido em 1853 como portal de entrada da cidade. As ruas ganham luminárias imitando antigos lampiões a gás e o armazém da alfândega passa por reformas para abrigar um shopping center. As despesas serão cobertas com parte dos R$ 200 milhões destinados este ano ao Brasil pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a restauração do patrimônio histórico. A verba também será aplicada na instalação de um complexo de cinemas no prédio da velha boate Chantecler, outrora palco das mais concorridas festas do Recife. Para estimular novos negócios no bairro, a prefeitura concede desconto de 10% a 25% nos impostos.

O modelo recifense foi seguido por João Pessoa. O núcleo original da cidade - a terceira mais antiga do Brasil, fundada em 1585 - situa-se no entorno do Porto do Capim, desativado desde a década de 30. Hoje em ruínas, o local está sendo recuperado para permitir passeios a barco no estuário do Rio Sanhauá. Saindo do porto, 50 metros de caminhada numa ladeira estreita e íngreme levam ao largo da setecentista Igreja São Pedro Gonçalves, em obras. Ao lado situa-se o prédio do antigo Hotel Globo, o principal da cidade desde sua criação, nos anos 20, até o final dos 50. No imóvel em estilo neoclássico e art noveau, agora recuperado, funciona um centro cultural. A reforma foi feita pelos alunos da Oficina-escola de João Pessoa, moças e rapazes de baixa renda que trabalham por salário mínimo e comida.

Dali, descendo por uma ladeira lateral, chega-se à Praça Anthenor Navarro, onde 13 sobrados foram transformados em ateliês de arte, livrarias e bares hoje freqüentados por consumidores de alto poder aquisitivo. No novo complexo de vida noturna, os aluguéis triplicaram. O êxito da iniciativa fez com que o projeto de recuperação fosse estendido ao Teatro Santa Roza, o terceiro mais antigo do país, e à Estação Ferroviária, hoje endereço de feiras culturais e festas alternativas do tipo rave.





Além de recuperar áreas
 deterioradas, em Fortaleza a
prefeitura decidiu construir um
 centro cultural, de linhas
futuristas, entre os antigos
 armazéns da zona portuária.
Inaugurado este ano, ao custo de
 US$ 25 milhões, o Centro Dragão
do Mar abriga museus, salas de
 exposição, auditórios, cinemas e
planetário, instalados no prédio
 em ziguezague que serpenteia no
bairro. Perto dali, o casario
 vizinho à orla da Praia de
Iracema, depois de remodelado,
passou a atrair bares, animados
pelo forró.




Mais ousada foi a estratégia
adotada por Maceió. Atraída pela
 isenção tributária, a Universidade Estácio de Sá, do Rio,
 aliou-se a um colégio local para criar um centro de ensino superior em um antigo bordel, no bairro histórico do Jaraguá. A faculdade terá, já em janeiro, 1.800 alunos em três turnos. De olho nessa clientela, vão se instalar ali livrarias, lanchonetes, cinemas. Cerca de R$ 22 milhões estão sendo investidos na restauração dos prédios em geral.

A velha Rua Sá e Albuquerque, espinha dorsal do bairro, roubou a efervescência noturna da orla marítima. Hoje, os principais endereços da diversão em Maceió são a boate Aeroporco e o bar Casa da Sogra, instalados em antigas lojas de ferragens e armazéns portuários no Jaraguá. Grande exportador de fumo e açúcar no século 16, o porto conserva resquícios de seu esplendor, como o prédio neoclássico da Associação Comercial. A decadência do açúcar resultou em abandono. Restaurado, o prédio será reaberto neste mês, com escritórios e um museu sobre a formação socioeconômica do Nordeste.

Por exigência das agências financiadoras, a revitalização dos centros históricos deve vir acompanhada de melhorias na infra-estrutura urbana. São Luís é um exemplo. Patrimônio da Humanidade, a capital maranhense ostenta um dos maiores núcleos históricos do país, com 3.500 edificações em 270 hectares. Fundada em 1612 pelos franceses, a cidade tornou-se pólo comercial na Colônia e atraiu famílias abastadas, cujas propriedades costumavam ter fachadas com azulejos portugueses, transportados como lastro nas caravelas. No início deste século, a estagnação econômica e o colapso da navegação à vela fizeram do centro histórico celeiro de cortiços e prostíbulos. "Como não havia dinheiro sequer para demolição, muitos prédios dos séculos 17 a 19 permaneceram intactos", conta Luis Felipe Andrés, coordenador do projeto de restauração.

Nos últimos dez anos foram gastos US$ 95 milhões na reforma do bairro da Praia Grande, hoje palco de atrações culturais na cidade. A fase inicial, beneficiando mil imóveis em ruínas, reconstruiu a paisagem urbana do século 19, sem ignorar a bela igreja neoclássica construída pelos jesuítas no século 17. Com o reforço de US$ 46 milhões recebido do BID pela prefeitura este ano, uma antiga fábrica de arroz, movida pela força das marés no século passado, está sendo recuperada para abrigar um estaleiro-escola para 200 alunos. Os andaimes e tapumes chegam agora ao antigo casarão de Lilah Lisboa, promotora dos saraus mais animados da cidade no século passado. A majestosa casa, hoje deteriorada, será sede da Escola de Música de São Luís. Um dos vizinhos é Tomás Cantuária, 72 anos, o último alfaiate da Rua de Nazaré, famosa por acolher dezenas de costureiros no passado. O negócio não pode morrer. A diversificação das atividades é o segredo para tornar o bairro dinâmico e viável economicamente. A força da História e o glamour da arquitetura garantem o resto.

Sérgio Adeodato, do Recife
Fotos: Roberto Setton/Época 

PARA SER UM MAÇOM

PARA SER UM  MAÇOM


A primeira e a mais relevante cerimônia na vida de um maçom, é a iniciação .
Verdadeiro batismo maçônico, esta cerimônia destina-se a admitir um profano no seio da Ordem, fazendo-lhe ver a Luz


            Na chamada câmara das reflexões, pequena e escura - símbolo da Terra e da Morte -, o candidato assina um compromisso de honra, responde por escrito a um questionário sobre
os deveres de todo o homem e redige uma pequena declaração de princípios de natureza moral, filosófica ou política, o chamado testamento.
De olhos vendados, levam-no depois à sala onde se encontram reunidos os maçons que o experimentam sobre as suas qualidades e propósitos, admitindo-o (ou rejeitando-o) no fim.
Todo este cerimonial, outrora muito longo e complicado, tende a simplificar-se e reduzir-se, sobretudo em Maçonarias que sofreram períodos de perseguição e clandestinidade e foram
por isso, obrigadas a abreviar as reuniões havidas.

Para ser Maçon

A construção de si próprio e da sociedade em que se insere tornam o Maçon um obreiro do futuro e um construtor de novas realidades em resultado de um debate esclarecido, imbuído
de um simbolismo ritual cujo significado mais que apreendido deve ser sentido, nos mais diversos campos d O Trabalho em Loja constitui um laboratório em que deve ser aplicado um processo definido
de discussão, de geração de ideias e princípios tradicionalmente vanguardistas, na melhoria dos sistemas de construção social, espaço de intervenção privilegiado da instituição Maçónica.

A Loja Fénix tem constituído um espaço de referência na aplicação dos mais elevados princípios de solidariedade e fraternidade entre os que formam o seu quadro. Estes
princípios de fundamental importância têm sido completados pela apresentação de
e acção profana.

Trabalhos de elevada qualidade, contribuindo, pelo debate em Loja para a melhoria
pessoal de cada membro, no âmbito de uma acção colectiva de construção.

A manutenção da elevada qualidade dos Trabalhos apresentados, reforçada pelo desenvolvimento de acções tendentes a possibilitar a divulgação e aplicabilidade das
ideias e conceitos expressos, concretiza pelo exemplo, a transmissão dos valores e
conceitos Maçónicos num campo cada vez mais alargado de intervenção social.

Assim, é fundamental prosseguir num constante Trabalho de aperfeiçoamento, em que
o debate de temas dos mais variados aspectos da actividade humana sejam sustentados
por princípios de Beleza, Força e Sabedoria como elementos construção, transmissão e reflexão.

Se estes princípios e esta forma de estar, não constituem para si meras palavras e caso
nos queira contactar , poderá fazê-lo , escrevendo uma carta para  :



O TROPEIRISMO NO BRASIL








O TROPEIRISMO NO BRASIL


Final da parte 8: Quando os interesses coincidiam, os dos proprietários sulinos e os do Império, as forças regulares e irregulares lutavam juntas com predomínio destas. Havia, entre elas, contradições também. Nesse caso, deflagravam em lutas. A Farropilha foi a mais destacada. Emergiu, nesse conflito, o velho contraste marcado pelas reminicências heróicas da Campanha entre as duas áreas de colonização. De um lado, os estancieiros à frente dos gaúchos pobres, que formavam a sua tropa e a sua peonagem. Do outro, os elementos dependentes da autoridade pública - a população estável, pertencente à classe média das cidades, do litoral marítimo e lagunar e das regiões onde a colonização alemã começara a ser introduzida a partir de 1824.
A rebelião dos farrapos teve início em Porto Alegre(atual capital do Rio grande do Sul), mas teve na Campanha a sua base de sustentação e tinha como objetivo tornar-se independente do Brasil, pois a eles o governo central devia grande quantia de fornecimento não pagos; a sua produção e ao seu comércio o império tributava com rigor para auferir rendas que saía da província.
 *   *   *
Parte 9: Ao assumir o comando das forças destinadas a por fim a esta rebelião, que empobreceu e arruinou propriedades, Duque de Caxias ofereceu paz honrosa e acenou com perspectivas de um novo acordo entre os senhores da Campanha e o Império; e nova intervenção nas questões platinas envolvendo as ricas pastagens ao sul do Ibicui. A situação ali caminhava para uma crise militar - uma solução tradicional e antiga. Os proprietários brasileiros da Banda Oriental, agora estado autônomo, exigiam constantemente a proteção do governo central. A fronteira voltava a ser cenário de lutas constantes entre estancieiros que operavam por conta própria.

Os tratados anteriores de limites e todos os acordos até então assinalados deixavam a região ao sul do Ibicui aos orientais. Nela a população e os proprietários brasileiros somavam a maioria. Essa realidade continha a origem dos conflitos sucessivos caracterizando a fronteira do Ibicui como uma zona de transição sempre conflagrada. A luta contra Rosas - ditador argentino - conduzida do Rio Grande do Sul por Duque de Caxias mobilizou os sobreviventes da luta Farropilha e conduziu a um acordo razoável entre os estancieiros e o governo imperial na esperança de, com a vitória de Caseros, por fim a esta situação já prolongada e insustentável. Os acordos assinados com os aliados brasileiros do Estado Oriental, chefiados pelo general Flores, definiu a entrega dos campos ao sul do Ibicui ao Brasil. Pela primeira vez a linha do Quaraí surge no mapa como fronteira sulina.
  
Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias (1803-1880)
O quadro geral da Campanha é alterado outra vez com o advento da carne e instalação dos frigoríficos responsáveis por uma nova e importante mudança de ordem social, política e econômica. Nesse tempo, o fator imigração determinou o predomínio do tipo de população oriunda do litoral e da bacia do Guaíba; influenciou na diferenciação sucessiva da gente da Campanha. A luta federalista foi o seu último arremesso. Consolidada a República, a Campanha ficou reduzida ao controle do poder central e os vestígios de uma época foram eliminados. 
    
Fim

Belo Horizonte, 27 de março de 2008

PEDRAS QUE FALAM


Há dias, estava eu a tomar um café e a comer um rissol quando a Polícia Municipal chegou com o reboque para a remoção de carros mal estacionados. Logo levou um que se encontrava com duas rodas sobre o passeio frente ao bistro em que eu me encontrava. Ainda não tinham – reboque e rebocado – passado a esquina lá ao fundo da rua e já dois carros disputavam o lugar de que o anterior tinha sido removido. Foi necessário o cavalheiro que, ao meu lado, estava de pé ao balcão dizer-lhes o que tinha acabado de acontecer para seguirem com a discussão para outro lugar. Ou seja, nesta cena tão breve quanto profana, houve quem contasse a história mas dá para imaginar a ignorância de todos aqueles que passam sobre as pedras da rua sem imaginarem o que por ali mesmo se passou há pouco ou há muito. E se há episódios que podem ser importantes para os interesses imediatos dos incautos – a Polícia Municipal voltar ali para continuar a rebocar carros mal estacionados – outras situações haverá cujo conhecimento nos pode dar um grande sentido de responsabilidade pelos passos que damos sobre certas pedras.

Saber que nos encontramos no local exacto em que o Rei D. Dinis perguntou à Rainha D. Isabel o que levava no regaço tendo ela respondido que «São rosas, Senhor», que foi daquele preciso local que D. Nuno Álvares Pereira assistiu ao fecho da abóbada do Convento do Carmo e que uns séculos mais tarde dali mesmo o Capitão Salgueiro Maia desmoronou o Império, que ali, naquela sala do castelo de Palmela, o Rei D. João II apunhalou o Duque de Viseu, saber que foi sob aqueles arcos do seu Paço sobre a foz do Tejo que o Rei D. Manuel viu a armada de Vasco da Gama zarpar para a Índia e que naquele outro arco estava a porta que entalou Martim Moniz…
  «São rosas, Senhor»
Pisar essas pedras dá-nos uma certa solenidade, um verdadeiro sentido de responsabilidade histórica. Isso mesmo senti quando espalmei uma mão sobre as pedras do Forte d’Aguada em Goa e imaginei o que elas “viram” antes de eu ali chegar… Não somos nós que somos importantes por ali estarmos naquele lugar; apenas nos enforma o sentido do respeito histórico, cultural. E imaginamos…
  
Porta do Castelo de S. Jorge, Lisboa - por Francisco Gomes de Amorim
Imaginamos o vazio daqueles que ignoram o que se passou e, pior ainda, o deserto mental daqueles que nem sequer querem saber.

Mas cheguei à conclusão de que, felizmente, as pedras são inertes.

Imagine-se o que seria se elas reagissem a estímulos. Devia ser um tremor constante com algumas a saltar mais que outras conforme o que cada uma tivesse “visto”. Haveria mesmo as que levitariam.

O que aconteceria às calçadas de Lisboa por que passaram Camões e Herculano quando fossem pisadas por analfabetos boçais e bêbados de destino incerto?

E a que altura subiriam aquelas de Königsberg que durante mais de meio século foram pisadas por Emmanuel Kant quando os soldados nazis as pisaram com botas fanáticas e quando os alienados bolcheviques a transformaram em Kaliningrad?

É este sentido de responsabilidade histórica que a todos deveria motivar. Bastaria que tivessem interesse. Bastaria que fossem cultos. E ser culto não é saber muitas coisas: é querer saber o significado das que se conhecem e estar aberto a conhecer outras mais.

É que, apesar de serem inertes, as pedras contam-nos muito e podem conduzir-nos à sabedoria, estado que só se alcança se percebermos o que nos rodeia.

Dá para imaginar quanto problema poderia ter sido evitado se os líderes históricos não mentissem como hoje é banal e tivessem tido esta preocupação cultural básica: a busca do significado.

Lisboa, Março de 2008

Henrique Salles da Fonseca

 

 


tags: cultura

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 10:33
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Sábado, 29 de Março de 2008
A doença do século XXI
 

"A criança doente"
Edvard Munch (1863-1944)

A projeção de uma vida mais longa para o homem, através da possibilidade de diagnósticos precoces de doenças e do acesso a novos e eficientes medicamentos, e as exigências crescentes da sociedade atual têm trazido situações de estresse que desencadeiam manifestações e sintomas de depressão, a quinta doença mais freqüente no mundo de hoje, segundo a OMS.

Por motivos discutíveis e não definitivos, como as alterações hormonais e o estilo vida mais desgastante, com duas a três jornadas de trabalho diário, a mulher é a vitima mais freqüente dessa patologia, na relação de duas mulheres para cada homem. Fatores de origem genética, hereditários e familiares, também são determinantes. Filhos de pais que sofrem distúrbios depressivos têm 30% mais chance de desenvolver a doença. 

A antiga doença da alma, a depressão, é organicamente determinada pela baixa produção de dois neurotransmissores (substancias que propagam os estímulos nervosos cerebrais), a serotonina (promotora da motivação, energia e atenção) e a noradrenalina (influi no apetite e impulsividade) que juntas regulam o humor e as funções cognitivas. Clinicamente é caracterizada pela perda de interesse ou prazer em todas as atividades, pelo humor deprimido, por alterações do sono e do apetite, pela fadiga constante, pelo sentimento de impotência e inutilidade, pela diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar, e até, em alguns casos, pelas tendências suicidas. É importante diferenciar esses sinais e sintomas de outras situações que têm uma causa definida, como a tristeza (luto, perdas, etc.), que é passageira, e outras patologias hormonais (tiroidianas) e drogas.

Como é uma doença que atinge principalmente o emocional da pessoa, muitas vezes é não adequadamente avaliada e tratada.
Os tratamentos modernos são cada vez mais eficazes. Combinação de  apoios profissional e medicamentoso e até utilização do eletrochoque, procedimento agora mais seguro, acompanhado por computador e anestesista, indicado, por exemplo, em casos graves de pacientes gestantes ou lactantes que não podem receber medicações antidepressivas.

Houve época em que as pessoas depressivas eram até consideradas criativas, coisa duvidosa, pois é sabido que a maioria fica apática e improdutiva.  Marilyn Monroe e a princesa Diana , a Lady Di,  são exemplos de indivíduos famosos que tiveram durante a vida sinais de depressão.

Apesar das orientações profissionais e das medicações cada vez mais potentes e seguras, as tensões e solicitações do mundo moderno estão levando pessoas de todas as idades e sexos, níveis socioeconômicos, raças e culturas, a um aumento de casos de depressão, doença que atinge uma geração cada vez mais individualista, competitiva e sozinha.


Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 26/03/08

tags: saúde

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 07:38
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Sexta-feira, 28 de Março de 2008
CURIOSIDADES QUASE OCULTAS DA HISTÓRIA

Nasceu cerca do ano 450 da era cristã em Faughart perto de Dundarlk naquela ilha a que então se chamava Ibérnia e morreu em Kildare no dia 25 de Fevereiro de 525. Foi enterrada em Downpatrick junto dos túmulos de São Patrício e de São Colombo. Todos eles são hoje os padroeiros da Irlanda.
Filha do chefe de Leinster e de Brocca, uma das escravas da corte ibérnia, Brígida foi baptizada por Patrício, o monge que viria a ser canonizado e professou em Croghan onde foi ensinada por Mel de Armagh, outro monge que também viria a subir aos altares.
Em 470 fundou o mosteiro de Cill-Dara (Kildare em língua inglesa) assim se tornando a primeira Abadessa da primeira comunidade monacal feminina em toda a Ibérnia. Ali fundou uma escola e iniciou a construção da Catedral. Vários milagres lhe são atribuídos nomeadamente aquele que se conta sobre a transformação da água em leite para dar a uma criança com fome e o de um barril de leite por ela enviado para um vilarejo próximo que não se esvaziou enquanto todas as crianças do local não estavam alimentadas. No final de saciadas as crianças, do mesmo barril passou a jorrar cerveja destinada aos adultos. Diz a tradição que as vacas de Brígida davam leite três vezes por dia a fim satisfazer as necessidades de todos os pobres dos arredores da Abadia. Por este tipo de razões, a arte litúrgica a representa habitualmente com uma vaca a seu lado.
Brígida demonstrou uma extraordinária vida religiosa, interminável compaixão e um grande vigor para espalhar a Fé.
Em Inglaterra existem 19 igrejas que lhe são dedicadas sendo a de Londres a mais importante; na Escócia há duas e vários locais de Gales têm o nome “Llansantaffraid” que significa “Igreja de Santa Brígida”; em Itália há igrejas de Santa Brígida em Piacenza e em Fiesole.
A sua túnica encontra-se no Santuário de São Donato, na Bélgica e um sapato está no Museu de Dublin mas em 1283 foi decidido que a sua cabeça fosse enviada para a Terra Santa. Disso se encarregaram três cavaleiros que transportaram o crânio da Santa com a maior solenidade.
Fazendo escala em Lisboa, não terão tido os modos convenientes a uma perfeita harmonia com as autoridades locais pelo que, entrando em conflito aberto, foram mortos no campo do Lumiar.
O crânio de Santa Brígida ficou como relíquia de grande veneração na capela ali existente e os três cavaleiros foram sepultados em nichos abertos na parede norte do templo.
A actual Igreja paroquial do Lumiar data de 1603, guarda a venerável relíquia e exibe na sua parede norte os três túmulos dos cavaleiros ibérnios que ali foram pelejar e morrer. O seu Orago é S. João Baptista. Porquê?

Foi durante o velório de pessoa amiga que descobri os túmulos e a lápide que os explica.
Lisboa, Março de 2008
Henrique Salles da Fonseca

BIBLIOGRAFIA:



tags: história

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 08:58
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Quinta-feira, 27 de Março de 2008
L'INTERNATIONALISATION DE L'AMAZONIE


Interview du ministre Brésilien de l'Éducation aux Etats-Unis.

Pendant un débat dans une université aux Etats-Unis, le ministre de l'Education, Cristóvão Buarque, fut interrogé sur ce qu'il pensait au sujet de l'internationalisation de l'Amazonie. Le jeune étudiant américain commença sa question en affirmant qu'il espérait une réponse d'un humaniste et non d'un Brésilien.

Voici la réponse de M. Cristóvão Buarque:

Quelle que soit l'insuffisance de l'attention de nos gouvernements pour ce patrimoine, il est nôtre. En effet, en tant que Brésilien, je m'élèverais tout simplement contre l'internationalisation de l'Amazonie.
En tant qu'humaniste, conscient du risque de dégradation du milieu ambiant dont souffre l'Amazonie, je peux imaginer que l'Amazonie soit internationalisée, comme du reste tout ce qui a de l'importance pour toute l'humanité.
 
Si, au nom d'une éthique humaniste, nous devions internationaliser l'Amazonie, alors nous devrions internationaliser les réserves de pétrole du monde entier. Le pétrole est aussi important pour le bien-être de l'humanité que l'Amazonie l'est pour notre avenir. Et malgré cela, les maîtres des réserves de pétrole se sentent le droit d'augmenter ou de diminuer l'extraction de pétrole, comme d'augmenter ou non son prix.
De la même manière, on devrait internationaliser le capital financier des pays riches. Si l'Amazonie est une réserve pour tous les hommes, elle ne peut être brûlée par la volonté de son propriétaire, ou d'un pays. Brûler l'Amazonie, c'est aussi grave que le chômage provoqué par les décisions arbitraires des spéculateurs de l'économie globale. Nous ne pouvons pas laisser les réserves financières brûler des pays entiers pour le bon plaisir de la spéculation.
Avant l'Amazonie, j'aimerai assister à l'internationalisation de tous les grands musées du monde. Le Louvre ne doit pas appartenir à la seule France. Chaque musée du monde est le gardien des plus belles oeuvres produites par le génie humain. On ne peut pas laisser ce patrimoine culturel, au même titre que le patrimoine naturel de l'Amazonie, être manipulé et détruit selon la fantaisie d'un seul propriétaire ou d'un seul pays.
Il y a quelque temps, un millionnaire japonais a décidé d'enterrer avec lui le tableau d'un grand maître. Avant que cela n'arrive, il faudrait internationaliser ce tableau.
Pendant que cette rencontre se déroule, les Nations Unies organisent le Forum du Millénaire, mais certains Présidents de pays ont eu des difficultés pour y assister, à cause de difficultés aux frontières des Etats-Unis. Je crois donc qu'il faudrait que New York, lieu du siège des Nations Unies, soit internationalisé. Au moins Manhattan devrait appartenir à toute l'humanité. Comme du reste Paris, Venise, Rome, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, chaque ville avec sa beauté particulière, et son histoire du monde devraient appartenir au monde entier.
Si les Etats-Unis veulent internationaliser l'Amazonie, à cause du risque que fait courir le fait de la laisser entre les mains des Brésiliens, alors internationalisons aussi tout l'arsenal nucléaire des Etats-Unis. Ne serait-ce que par ce qu'ils sont capables d'utiliser de telles armes, ce qui provoquerait une destruction mille fois plus vaste que les déplorable incendies des forêts Brésiliennes.
Au cours de leurs débats, les actuels candidats à la Présidence des Etats-Unis ont soutenu l'idée d'une internationalisation des réserves florestales du monde en échange d'un effacement de la dette.
Commençons donc par utiliser cette dette pour s'assurer que tous les enfants du monde aient la possibilité de manger et d'aller à l'école. Internationalisons les enfants, en les traitant, où qu'ils naissent, comme un patrimoine qui mérite l'attention du monde entier.
Davantage encore que l'Amazonie. Quand les dirigeants du monde traiteront les enfants pauvres du monde comme un Patrimoine de l'Humanité, ils ne les laisseront pas travailler alors qu'ils devraient aller à l'école; ils ne les laisseront pas mourir alors qu'ils devraient vivre.
En tant qu'humaniste, j'accepte de défendre l'idée d'une internationalisation du monde. Mais tant que le monde me traitera comme un Brésilien, je lutterai pour que l'Amazonie soit à nous. Et seulement à nous!
La presse " nord-américaine" a refusé de publier ce texte!
Contributo de

Luís Soares de Oliveira, Embaixador

tags: política

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Quarta-feira, 26 de Março de 2008
Burricadas nº 26

  
Ai, Alan, Alan. que rica herança nos deixaste - III
v      Se outro mérito a presente crise financeira não tivesse, teria pelo menos este de nos mostrar que a instrumentalização das taxas directoras não é medida que as Autoridades Monetárias possam usar e abusar a seu bel’ prazer: uma economia só tolera situações de ineficiência dinâmica em conjunturas excepcionais e por prazos relativamente curtos (eis um ponto a favor do BCE).
v      No plano da estabilidade dos sistemas financeiros (isto é, da supervisão prudencial), outras lições mais estão já aí para quem as quiser ver. Desde logo, recorda-nos que a criação de liquidez mediante operações de crédito bancário tem por contrapartida inevitável a exposição dos Bancos ao risco de crédito.
v      Se a expansão da liquidez (ou massa monetária) for muito rápida, várias questões devem preocupar, então, os supervisores: Como está a evoluir a perda esperada e a perda máxima provável em que cada Banco incorre? Permanecem invariantes? Ou estão a deslocar-se? Se as perdas esperadas forem, agora, outras, será que os Bancos as repercutem correctamente no preço do dinheiro? E se as perdas não esperadas (isto é, a diferença entre a perda máxima provável e a perda esperada) aumentarem, será que os capitais próprios dos Bancos continuam a poder comportá-las?
v      É que na génese desta crise não estiveram só taxas directoras que colavam a economia norte-americana a um cenário de ineficiência dinâmica. No mercado interbancário, as taxas de juro negociadas raramente levavam em linha de conta o risco de crédito que a contraparte tomadora (Banco ou Thrift) representava. E nas operações de crédito hipotecário residencial, pelo menos nestas, os preços praticados (isto é, as taxas de juro e as comissões a pagar pelo mutuário) também não eram fixados com especial acerto.
v      Tivessem os supervisores (nos EUA há três Autoridades de Supervisão: o FED, o Office of the Comptroller of the Currency e o Office of Thrifts Supervision) dedicado mais atenção ao que se passava nos mercados interbancários, e dificilmente muitos Bancos (e muitas Thrifts) teriam conseguido financiar, ainda que por períodos curtos, as suas carteiras de créditos hipotecários a custo tão baixo.
v      Tivesse havido, por parte daqueles supervisores, uma leitura mais perspicaz da agitação que se vivia no mercado hipotecário, e as condições aí oferecidas teriam sido outras, certamente menos cativantes para novos e velhos devedores (uma boa parte das operações subprime, como vimos, assenta em 2ªs hipotecas, os tais Home Equity Loans; outra parte não menos importante consiste em créditos hipotecários sobre residências secundárias, cujos devedores têm pelo menos mais outro empréstimo hipotecário para pagar).
v      Verdade seja dita, não foi esta crise que veio mostrar quão importante é para a estabilidade dos sistemas financeiros que o preço do dinheiro inclua a perda esperada (a chamada cobertura horizontal do risco de crédito) - essa é uma das regras de ouro do Novo Acordo de Basileia (Basileia II) e sobre ela está ser construída a nova arquitectura do sistema financeiro internacional.
v      Mas é uma regra que tem um triplo efeito, que a teoria ainda mal reconhece: (a) torna muito menos prováveis os cenários de ineficiência dinâmica; (b) rouba eficácia às estratégias de política monetária em preço (isto é, as estratégias baseadas na instrumentalização das taxas directoras); (c) acentua a natureza pró-cíclica dos modelos de supervisão que se inspirem em Basileia II.
v      Neste novo quadro, é toda a concepção tradicional da política monetária que tem de ser repensada. Os Bancos não são mais entidades neutras que a Autoridade Monetária pode tratar por igual no contexto dos mercados interbancários - quais retransmissores dos estímulos monetários que não distorcem o sinal.
v      Pelo contrário, para assegurar a estabilidade do sistema bancário e o ambiente competitivo entre os Bancos, o Banco Central, também ele, tem de observar a regra de ouro que preceitua a cobertura horizontal do risco de crédito, acima referida.
v      Isto significa que o Banco Central deve saber distinguir entre os Bancos, seus contrapartes, não tanto em função da respectiva dimensão, como ainda hoje acontece nas operações de open market (os leilões de liquidez organizados pelo Banco Central), mas, isso sim, à luz do grau de adequação dos respectivos capitais ao risco a que se encontrarem expostos. O que é dizer, do risco sistémico que representem aos olhos do supervisor.
v      Dito de outro modo: os Bancos Centrais ao tratarem todos os Bancos por igual (descontadas as respectivas dimensões), no âmbito dos leilões de liquidez, incentivam (ou, pelo menos, não contrariam) comportamentos oportunistas em matéria de exposição ao risco, designadamente o risco de crédito. E foi isso precisamente o que aconteceu, anos a fio - nos EUA e em praticamente todos os países do mundo.
v      É claro que tudo isto suscita uma série de perguntas incómodas: Estão as Autoridades de Supervisão em condições de avaliar o perfil do risco a que os Bancos (supervisionados e que são simultaneamente contrapartes nas tais operações de open market) se encontram expostos? Com que métodos? E como vão ser esses métodos aferidos?
v      Não bastava esta crise ter-nos mostrado que, na condução da política monetária, a exposição do sistema financeiro ao risco e o nível de capitalização dos Bancos (e de outras Instituições de Serviços Financeiros) são parâmetros tão ou mais importantes que as taxas directoras e o ritmo de expansão da liquidez (massa monetária) na economia.
v      Veio ensinar-nos também: (a) que o funcionamento dos mercados interbancários, contrariamente ao que se julgava, não favorecia a estabilidade dos sistemas financeiros; (b) que a disciplina do mercado (o 3º pilar de Basileia II) passa também pelos Banco Centrais, igualmente sujeitos à regra de ouro já mencionada nas operações de open market; (c) que a disciplina do mercado, para funcionar, faz apelo a modelos de medição do risco de crédito que ainda não foram testados – e com os quais as Autoridades de Supervisão estão ainda pouco familiarizadas; (d) enfim, que, com a disciplina do mercado, as estratégias tradicionais da política monetária são provavelmente bem menos eficazes do que se pensava. (cont.)

Lisboa, Março de 2008

A. PALHINHA MACHADO

tags: finanças

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Terça-feira, 25 de Março de 2008
O PÚBLICO
Nova ferramenta on-line
Notícias do PUBLICO.PT com ligação à blogosfera 
24.03.2008 - 17h10
As notícias do PÚBLICO na Internet passam a ter ligação directa para os blogues que as comentam, através de uma nova ferramenta que hoje entra em funcionamento. O objectivo desta medida é ajudar "na difusão das conversas que se geram na blogosfera sobre as notícias, transformando os níveis de participação no próprio site", explica um comunicado da empresa.

Colocada exactamente por baixo da fotografia, em lugar de destaque, uma pequena caixa dará conta do que se está a escrever na blogosfera sobre aquela notícia em concreto, aumentando as possibilidades de ligações entre os "bloggers" e o próprio jornal. Esta é a primeira vez que o site do PÚBLICO faz ligações directas com frequência para fora do seu próprio site.

A ferramenta em causa, Twingly, é usada por alguns jornais europeus, como o "Politiken", na Dinamarca, e tem apresentado bons resultados na criação de uma comunidade de leitores mais participativos. Nos últimos meses, o site do PÚBLICO tem vindo a ver crescer exponencialmente os comentários on-line, que passaram de 6717 em Outubro de 2007 para 24.140 em Fevereiro.

tags: internet

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 15:33
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ÍNDIA - 4

O TIGRE DE AÇO


Há quem diga da economia indiana que “o tigre está em perigo de vida”.

A afirmação foi abundantemente proferida durante a discussão parlamentar do Orçamento para 2008 (o ano fiscal começa em 1 de Abril) pretendendo com isto criticar a política cambial em curso. Por seu lado, o Ministro das Finanças, Palaniappan Chidambaram, justifica a valorização da Rupia com o combate à inflação ao que os opositores replicam com a demagogia pré-eleitoral que, essa sim, introduz elevadas pressões inflacionistas no sistema.

E que realidades estão por detrás destas afirmações?

A valorização por que a Rupia vem passando resulta de um significativo saldo positivo na Balança de Transacções Correntes tanto na componente das trocas comercias como das transferências para a Índia de vultosas verbas com origem nas poupanças dos emigrantes e no IDE sem que o Banco da Reserva intervenha no sentido da desvalorização. Contudo, essa política tem o reverso que se traduz na inviabilização dos Sectores exportadores de relativamente baixa tecnologia, de mão-de-obra barata, de magro valor acrescentado. O sector têxtil de confecções está a ser severamente castigado e as deslocalizações já se fazem no sentido de países com moedas mais fracas de que sobressaem o Vietname, a China, a Indonésia e o Sri Lanka.

Mas o Ministro das Finanças responde que nos últimos três anos a taxa média de crescimento do PIB foi de 9% e isso permite-lhe preocupar-se com o poder de compra das classes mais desfavorecidas que não poderiam sobreviver num processo inflacionista resultante de uma politica cambial diferente. Ao que a oposição lhe responde com a falta de consolidação orçamental: a inverdade do anúncio de défices de 3,1% para este ano e de 2,5% para 2009 pois nessas contas não estão considerados os aumentos do funcionalismo público que o Partido do Congresso sempre faz nas vésperas de eleições. E esse aumento já representa um agravamento de mais 3,5% no défice de 2008, verbas essas totalmente dedicadas ao consumo. Implicando, portanto, uma enorme tensão inflacionista. Se a esta benesse destinada aos cerca de 10 milhões de funcionários públicos somarmos o perdão total das dívidas bancárias acumuladas por cerca de 30 milhões de pequenos agricultores, dá para imaginar a que nível irá chegar o défice neste ano fiscal eleitoral e que tensões inflacionistas serão geradas.

Nos últimos três anos a produção agrícola vem crescendo cerca de 3% ao ano confirmando a autosuficiência alimentar do país alcançada há mais de uma década e essa dinâmica vem sendo da maior importância na Indústria a qual beneficia desde a independência em 1947 de uma perene política mercantilista, de forte protecção pautal e de proibição de certas importações.

A política educacional e de formação profissional assumiu uma responsabilidade muito grande na sustentação das políticas conducentes à autosuficiência alimentar e industrial e se em tempos a Índia exportava mão-de-obra sem formação, actualmente o cenário é bem diferente e a procura de recursos humanos indianos é uma das justificações para os actuais fluxos de IDE no país.

Assim se criaram estruturas industriais que cresceram para notáveis dimensões. É conhecida a trajectória internacional da indústria indiana de conteúdos informáticos e, mais espectacularmente, a dinâmica do sector siderúrgico.

E assim começam os problemas com a protecção da produção nacional. Efectivamente, se a Índia aborda os mercados externos com a dinâmica de que vem dando provas, lógico é que tenha que dar contrapartidas liberalizando o acesso dos estrangeiros ao seu mercado doméstico.

O problema está em saber se a indústria indiana está em condições de competir com a concorrência que lhe venha brevemente a ser feita no seu próprio território, não em termos de preços mas sim em qualidade.

Agora é que vamos ver se o tigre é mesmo de aço.

Lisboa, Março de 2008

Henrique Salles da Fonseca (na Mesquita de Deli)



tags: índia

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:14
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Segunda-feira, 24 de Março de 2008
Burricadas nº 25
Ai, Alan,Alan, que rica herança nos deixaste - II
v      Faz anos que O. Blanchard (um nobelizável) veio chamar a atenção para o conceito de eficiência dinâmica, a propósito do peso da Dívida Pública no PIB: uma economia encontra-se em situação de eficiência dinâmica se a taxa de crescimento do PIB nominal for inferior ao custo efectivo (uma taxa nominal também) da Dívida Pública. A eficiência reside, então, no facto de o endividamento público conhecer um limite explícito – e dinâmico, também, dado que actua qualquer que seja a taxa de crescimento do PIB nominal.
v      Num cenário de ineficiência dinâmica, pelo contrário, os juros da Dívida Pública podem ser integralmente capitalizados que, mesmo assim, o peso da Dívida Pública no PIB nominal vai-se reduzindo progressivamente.
v      Acontece que este conceito de eficiência dinâmica tem virtudes que não se esgotam na gestão “macro” da Dívida Pública. Por exemplo, a propósito do mercado imobiliário, ou dos sistemas financeiros.
v      No mercado imobiliário, se os preços de imóveis e terrenos crescerem a uma taxa superior ao custo do dinheiro (ineficiência dinâmica), faz sentido cada um endividar-se o mais possível para investir nuns e noutros, na certeza de que, a breve prazo, as mais valias que vai obter dar-lhe-ão para pagar essas dívidas e ainda ficará com um lucro jeitoso. É o conhecido rodopio entre preços no mercado imobiliário e taxas de juro nominais: quanto mais estas caem, mais aqueles sobem (o inverso nem sempre é verdadeiro).
v      Nos sistemas financeiros, as coisas passam-se de modo ligeiramente diferente. Aí, numa situação de ineficiência dinâmica, as taxas de retorno oferecidas pelos instrumentos de dívida (empréstimos, Obrigações) são facilmente superadas pelas mais valias que a esfera real da economia (commodities, imóveis e bens em geral) promete. Em tais circunstâncias, não é nada fácil para Bancos e Entidades de Investimento Colectivo (que operam predominantemente na esfera nominal da economia) reterem o interesse dos investidores – os quais podem obter taxas de retorno bem mais atraentes com a simples compra e venda (carry trade) de bens transaccionáveis, ou de direitos sobre bens transaccionáveis.
v      Mesmo o mercado de Acções, que faz a ponte entre a esfera real e a esfera nominal de uma economia, quando em ambiente de ineficiência dinâmica, evolui, num primeiro momento, como se elas fossem as commodities mais fáceis de transaccionar – e assiste-se invariavelmente à explosão das cotações.
v      O problema é que os preços não aumentam indefinidamente, nunca. E quando uns quantos crescem muito rapidamente, a estrutura dos preços relativos acaba por se alterar –o que desequilibra as intenções e as expectativas tanto dos investidores como de um grande número de outros agentes económicos, com reflexos imediatos no nível da actividade económica e na composição do PIB.
v      Vem isto a propósito da medicação Greenspan para os choques económicos adversos. Partindo de duas ideias nunca demonstradas (as bolhas especulativas nos mercados financeiros esvaziam-se por elas próprias; os prejuízos dos investidores ficam sempre circunscritos à esfera nominal), prescreveram-se sistematicamente dois princípios activos: (a) taxas directoras baixas, para evitar que a actividade económica decaísse; (b) liquidez abundante, para manter o sistema de pagamentos a funcionar.
v      Se a economia estivesse estagnada, ou mesmo em recessão, a medicação Greenspan não desencadearia efeitos colaterais nocivos – sempre que preservasse a eficiência dinâmica. Mas já em fase de expansão (como foi o caso a partir de 2003), ou em cenário de estagflação, o mais certo era que a descida das taxas directoras empurrasse a economia para uma situação de ineficiência dinâmica - e as consequências que enunciei mais acima não se fariam esperar.
v      Eis a causa “macro” da actual crise financeira: a economia norte-americana, preponderante à escala global, permaneceu demasiado tempo num ambiente de ineficiência dinâmica.
v      E os Intermediários Financeiros, para acompanharem o passo das mais valias que iam surgindo na economia real, tiveram, eles próprios, de se expor às flutuações dos preços de vários bens transaccionáveis, através de instrumentos derivados (isto é, instrumentos financeiros cujos activos subjacentes são bens transaccionáveis).
v      Com a agravante de que vários destes instrumentos derivados empilhavam risco de contraparte e, por vezes, risco de crédito sobre vários riscos de mercado. E todos esses riscos assim empilhados tinham uma origem comum – ou seja, estavam fortemente correlacionados (a modos de um castelo de cartas em equilíbrio instável sobre três palitos).
v      Quanto à Dívida Pública norte-americana, contrariamente ao que seria de esperar, os efeitos da ineficiência dinâmica não se fizeram sentir ainda. Por duas razões: (a) a Administração Clinton legara um stock de Dívida Pública muito baixo; (b) os países asiáticos absorvem-na aparentemente sem limite, só para evitar a revalorização das suas moedas nacionais.
v      Enfim, aqueles instrumentos derivados vinham colocar a supervisão prudencial perante três questões complicadas: (a) Como estimar as perdas esperadas naqueles instrumentos derivados? (b) Como reflectir no preço desses tais instrumentos derivados as perdas estimadas? (c) Como estimar as correspondentes perdas não esperadas – o que é dizer, como determinar qual seja o capital mínimo adequado, dado o risco a que esses instrumentos derivados expunham? (cont.)
Lisboa, Março de 2008
A. PALHINHA MACHADO