João
Belchior Marques Goulart, o Jango
(1919 - 1976)
Presidente da república
brasileira (1961-1964) nascido em São Borja RS, cuja presidência foi uma
das mais instáveis da história brasileira, marcada por forte confrontação
ideológica, que culminou com sua deposição pelo golpe militar de 31 de
março(1964). De uma família de fazendeiros, formou-se em direito (1939), em
Porto Alegre. Deposto, Getúlio Vargas passou a residir em São Borja, e
com essa proximidade tornou-se amigo íntimo do ex-presidente, a quem sempre
visitava, na fazenda Santos Reis (1945-1950). Eleito deputado estadual,
colaborou ativamente para a vitória de Vargas na eleição presidencial (1950).
Depois foi deputado federal, presidente nacional do Partido Trabalhista
Brasileiro, o PTB, e ministro do Trabalho, Indústria e Comércio
(1953-1954), onde ganhou a imagem de defensor das causas populares. Foi eleito
vice-presidente da república duas vezes consecutivas, nos governos de Juscelino
Kubitschek e Jânio Quadros. Com a renúncia de Jânio (1961), depois
de muitas celeuma por causa de suas tendências esquerdistas e do movimento de
resistência organizada, no estado do Rio Grande do Sul, organizado por seu
cunhado, o governador Leonel Brizola, com o apoio do III Exército, pode
enfim assumir o governo, porém só após o Congresso aprovar uma emenda
constitucional que estabeleceu o sistema parlamentarista de governo,
restringindo dessa maneira os poderes do presidente. Compôs o primeiro gabinete
parlamentarista, chefiado por Tancredo Neves e iniciou uma campanha por
um plebiscito sobre o sistema de governo, previsto no Ato Adicional que mudara
o regime. Com a chamada emenda Valadares, o plebiscito foi realizado em
6 de janeiro (1963), confirmando a volta do presidencialismo com mais de
oitenta por cento dos votos. Deu início, então as chamadas reformas de base
(agrária, fiscal, política e universitária), visando à modernização das
estruturas políticas, econômicas e sociais e a solucionar os problemas da
inflação e do pauperismo. O confronto ideológico entre esquerda e direita, as
greves sucessivas, a corrupção administrativa, a desconfiança na boa-fé do
chefe do governo e o estímulo à indisciplina nos baixos escalões das forças
armadas levaram amplos setores militares e das classes conservadoras, bem como
a maioria do Congresso, a tomar posição contra o presidente. Com um golpe
militar em 31 de março, o presidente foi deposto (1964) e teve os direitos
políticos suspensos por dez anos, asilando-se no Uruguai. Morreu no exílio, em
sua estância de La Vella, perto de Mercedes, Argentina, e foi sepultado em São
Borja.
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