12 de agosto de 2020

Capitão russo tentou salvar

23/08/2000 22:02:00 Capitão russo tentou salvar o próprio filho do submarino Murmansk - O Capitão de Primeira Classe, Vladimir Geletin, teve o pior trabalho do mundo na semana passada: ele ajudou na coordenação dos esforços, em vão, para salvar o submarino Kursk, enquanto seu filho estava morto, ou morrendo, a bordo. Ele passou dez dias nos navios de resgate no Mar de Barents. Geletin falou nesta quarta-feira sobre como seu filho Boris, 25, morreu, e culpou o calamitoso estado militar da Rússia pela tragédia. "É difícil falar sobre isso, mas eu quis", disse ele em entrevista coletiva na cidade portuária de Murmansk. "Por que? Porque minha honra como oficial e a memória do meu filho me compelem a dizer a verdade'', disse Geletin, com a voz tremendo. "Fizemos tudo o que pudemos, tudo. Sim, a frota realmente precisa de unidades de resgate de emergência e não as que tínhamos", disse. Geletin criticou o tratamento da mídia no caso. "O comando da frota sempre disse a verdade...(no começo) ninguém podia dizer exatamente o que tinha acontecido com o submarino'', afirmou ele, explicando por que as primeiras notícias minimizaram a gravidade da situação do Kursk. "Ninguém podia falar: certo, o submarino está no fundo do mar, isso quer dizer que todos estão mortos", comentou. Geletin disse que sabia desde a perda de contato por rádio, durante exercícios do Kursk, que seu filho estava na tripulação. Ele afirmou que nunca desistiu de Boris, mesmo que ele fosse um dos que estavam na proa do submarino, provavelmente inundada logo após o acidente. "Somente depois do anúncio oficial eu disse: meu filho morreu, juntamente com seus amigos e camaradas." Agora, autoridades russas acham que toda a tripulação morreu quase instantaneamente, quando ocorreu a explosão no submarino. Antes, afirmaram que ouviram pancadas no casco, o que indicaria que alguns marinheiros estivessem vivos. "Você pode se confundir com esses sons e não saber se são os tripulantes mandando sinais ou barulhos mecânicos. Nós realmente queríamos que fossem os marinheiros, que estivessem vivos", disse Geletin. Ele afirmou, ainda, que faria uma pergunta ao presidente Vladimir Putin. "É em vão a nossa espera por recursos para as Forças Armadas?"