Arthur Conan Doyle
Segundo
escreveu o saudoso Prof. José Herculano Pires, prefaciando a obra de Arthur
Conan Doyle, "História do Espiritismo", é um nome conhecido e lido no
mundo inteiro.
Dotado
Conan Doyle de fértil imaginação, comunicabilidade natural de seu estilo, a
espontaneidade de suas criações tornaram-no um escritor apreciado e amado por
todos os povos.
Em
nosso país a série Sherlock Holmes, a série Ficção Histórica e a série Contos e
Novelas Fantásticas aqui estão para comprovar a afirmação feita em favor do
extraordinário escritor.
Entretanto,
é bom que se diga que ele não apenas se destacou naquelas linhas compostas com
três séries, pois além de historiador, pregou o uso de métodos científicos na
pesquisa policial, destacou-se também como um lúcido escritor espírita em todo
o mundo, revelando notável compreensão do problema espírita in-totum (como
ciência, filosofia e religião).
Então,
além daquelas séries enumeradas no início destas considerações existem mais
duas séries: a de História e a do Espiritismo.
Ao ser
lançada a primeira edição da obra "História do Espiritismo", a
revista inglesa "Light" destacou o equilíbrio e a imparcialidade com
que o assunto foi abordado. Uma extensa Nota assinada por D.N.G. destacou que
os críticos haviam sido "agradavelmente surpreendidos", porque Conan
Doyle, conhecido como ardoroso propagandista do Espiritismo, fora de uma
imparcialidade a toda prova. E o articulista da revista "Light"
continuava: "Uma obra de história, escrita com preconceitos favoráveis ou contrários,
seria, pelo menos, antiartística, pecado jamais cometido pelo autor de - The
White Company -, em nenhum de seus trabalhos".
O
próprio Autor define aquele critério ao falar do desejo de contribuir para que
o Espiritismo tivesse sua história e o objetivo da obra não era o de fazer
propaganda de suas convicções, mas o de historiar o movimento espírita. Daí,
colocar-se imparcial e serenamente como observador dos fatos que se desenrolam
aos seus olhos, através do tempo e do espaço. (Ipsis litteris).
Reconhecendo
a magnitude e amplitude do trabalho que se propôs realizar pediu auxílio a
outras pessoas e encontrou em Mrs. Leslie Curnow uma dedicada e eficiente
colaboradora e com essa ajuda prosseguiu investigações até concluir a obra.
Reconheceu
não haver realizado um trabalho completo porque não dispunha de recursos
necessários e tempo, mas, com satisfação verificou que fez o que era possível
no momento, diante da enorme extensão e complexidade do assunto, além das
condições de dificuldades do próprio movimento espírita da época. Arthur Conan
Doyle nasceu em 22 de maio de 1859, em Edimburgo, faleceu em 7 de julho de
1930, em Cowborough (Susex), após viver 71 anos bem proveitosos.
Em
junho de 1887 escreveu uma carta ao Editor da revista "Lìght" explicando
as razões de haver se convertido ao Espiritismo. Tal carta foi publicada na
edição de 2 de julho de 1887 da referida revista e republicada na edição de 27
de agosto de 1927. Em 15 de julho de 1929 a "Revista Internacional do
Espiritismo", de Matão, São Paulo, dirigida por Cairbar Schutel, publicou
no Brasil a primeira tradução integral daquela carta, documento importante,
onde o jovem médico em 1887 revelava ampla compreensão do Espiritismo e a
importância da Mensagem que a Doutrina trazia para o mundo inteiro.
Conan
Doyle ainda escreveu um pequeno livro traduzido por Guillon Ribeiro e sob o
título "A Nova Revelação", que descreve em detalhes como se deu sua
conversão. Outras obras doutrinárias de grande mérito, revelando perfeito
entendimento do problema religioso do Espiritismo, afirmando a condição
essencialmente psíquica da religião espírita, "A Religião Psíquica".
A
doutrina da reencarnação determinou o aparecimento de uma divergência entre
aquilo que se estabeleceu chamar Espiritismo Latino e Espiritismo Anglo-Saxão.
Estes, particularmente os ingleses e americanos, embora aceitassem a Doutrina
Espírita não admitiam o Princípio Reencarnacionista e tal motivou os ataques e
críticas ao Espiritismo. Embora a resistência mantida na Inglaterra e nos Estados
Unidos contra o Princípio Reencarnacionista, Conan Doyle e outros espíritas
americanos e ingleses, de renome, admitiam a reencarnação.
Na
obra "A Nova Revelação", Conan Doyle declara que "muitos
estudiosos têm sido atraídos ao Espiritismo, uns pelo aspecto religioso, outros
pelo científico, mas, até agora ninguém tentou estabelecer a exata relação que
existe entre os dois aspectos do problema". Tal foi escrito entre 1927 e
1928, sessenta anos após a desencarnação de Kardec.
Sabemos
que Kardec definiu e solucionou aquele problema ao apresentar o Espiritismo
como Doutrina sob tríplice aspecto: filosófica, científica e religiosa.
E
Conan Doyle identificava-se com o pensamento de Kardec, aguardando que a
codificação kardequiana aparecesse, sem perceber que ela já existia e estava ao
seu lado, para lá do Canal da Mancha
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