8 de janeiro de 2015

A morte de madrugada


A morte de madrugada

 

Muerto cayó Federico.

Antonio Machado



Uma certa madrugada
Eu por um caminho andava
Não sei bem se estava bêbado
Ou se tinha a morte n'alma
Não sei também se o caminho
Me perdia ou encaminhava
Só sei que a sede queimava-me
A boca desidratada.
Era uma terra estrangeira
Que me recordava algo
Com sua argila cor de sangue
E seu ar desesperado.
Lembro que havia uma estrela
Morrendo no céu vazio
De uma outra coisa me lembro:
... Un horizonte de perros
Ladra muy lejos del río...


De repente reconheço:
Eram campos de Granada!
Estava em terras de Espanha
Em sua terra ensangüentada
Por que estranha providência
Não sei... não sabia nada...
Só sei da nuvem de pó
Caminhando sobre a estrada
E um duro passo de marcha
Que em meu sentido avançava.

Como uma mancha de sangue
Abria-se a madrugada
Enquanto a estrela morria
Numa tremura de lágrima
Sobre as colinas vermelhas
Os galhos também choravam
Aumentando a fria angústia
Que de mim transverberava.

Era um grupo de soldados
Que pela estrada marchava
Trazendo fuzis ao ombro
E impiedade na cara
Entre eles andava um moço
De face morena e cálida
Cabelos soltos ao vento
Camisa desabotoada.
Diante de um velho muro
O tenente gritou: Alto!
E à frente conduz o moço
De fisionomia pálida.
Sem ser visto me aproximo
Daquela cena macabra
Ao tempo em que o pelotão
Se dispunha horizontal.

Súbito um raio de sol
Ao moço ilumina a face
E eu à boca levo as mãos
Para evitar que gritasse.
Era ele, era Federico
O poeta meu muito amado
A um muro de pedra seca
Colado, como um fantasma.
Chamei-o: Garcia Lorca!
Mas já não ouvia nada
O horror da morte imatura
Sobre a expressão estampada...
Mas que me via, me via
Porque em seus olhos havia
Uma luz mal-disfarçada.
Com o peito de dor rompido
Me quedei, paralisado
Enquanto os soldados miram
A cabeça delicada.

Assim vi a Federico
Entre dois canos de arma
A fitar-me estranhamente
Como querendo falar-me.
Hoje sei que teve medo
Diante do inesperado
E foi maior seu martírio
Do que a tortura da carne.
Hoje sei que teve medo
Mas sei que não foi covarde
Pela curiosa maneira
Com que de longe me olhava
Como quem me diz: a morte
É sempre desagradável
Mas antes morrer ciente
Do que viver enganado.

Atiraram-lhe na cara
Os vendilhões de sua pátria
Nos seus olhos andaluzes
Em sua boca de palavras.
Muerto cayó Federico
Sobre a terra de Granada
La tierra del inocente
No la tierra del culpable.

Nos olhos que tinha abertos
Numa infinita mirada
Em meio a flores de sangue
A expressão se conservava
Como a segredar-me: – A morte
É simples, de madrugada...

 

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A minha saudade...


A minha saudade...

A saudade de teu corpo
me arrasta pela noite
acordada numa insônia sem fim...
A saudade de teus beijos
machuca minha boca solitária
seca a espera de tua água...
A saudade de tuas mãos
a me vasculhar os mínimos lugares
perturba-me a ponto de procura-las...
A saudade de tua lingua
faz me delirar e recordar
o doce passar dela em mim...
A saudade de você
está me fazendo chamar-te
nos sonhos que tenho
quando, sozinha comigo
gozo...
A saudade vai me matar...
Saudade de você...
De seu corpo no meu...
De sua boca na minha...
De sua língua em mim...
De seus dedos nas minhas mãos...
De nossos olhos um no outro...
De nossos gozos molhados...
A saudade de você dói demais...
Sinto tua falta...
Quero tua voz no meu ouvido,
tua boca na minha me mordendo,
teu corpo no meu me satisfazendo...
Quero a saudade de você,
com você em mim
me penetrando e sussurrando
como senti também, SAUDADE DE VOCÊ...

Ivete Barros, 09 de janeiro de 2008, 07hs e 44 min.


 

A Mensagem de Tommy


A Mensagem de Tommy

John Powell, S.J., professor da Loyola University de Chicago,

escreve a respeito de um aluno de uma turma sua de

Teologia da Fé, chamado Tommy.
 Há cerca de doze anos atrás, eu estava em pé, dentro da classe,

 esperando enquanto meus alunos entravam para

nossa primeira aula de Teologia da Fé.
 Aquele foi o primeiro dia em que vi Tommy.

 Tanto meus olhos quanto a minha  mente piscaram ao vê-lo.

Ele estava penteando seus cabelos longos e muito louros

que batiam uns vinte centímetros abaixo dos ombros.

 Aquela era a primeira vez em que eu via um rapaz com

cabelos tão longos.

Acho que estavam  começando a entrar na moda.

Dentro de mim,

eu sei que o que conta não é o que vai sobre a cabeça,

mas o que vai dentro dela,

mas naquele dia eu estava  despreparado e

minhas emoções me confundiram.

 Imediatamente classifiquei 

Tommy com um "E" de estranho...

 muito estranho.

Tommy acabou se revelando o
 "ateísta de plantão"

do meu curso de Teologia da Fé.

 Constantemente, ele  fazia objeções, fazia troça ou gemia

contra a possibilidade de existir um Deus-Pai que nos amasse

incondicionalmente.
 Convivemos em relativa paz um com o outro por um semestre,

embora eu tenha que admitir que às vezes ele era

um estorvo as minhas costas.

Quando ao fim do curso,

ele se aproximou para entregar seu exame final,

ele me perguntou num tom ligeiramente cínico:
 "O  senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia?"
 Imediatamente eu me decidi por uma terapia de choque.
 "Não!", respondi enfaticamente.
 "Ah!", ele respondeu,

"eu pensei que este fosse o produto que o senhor  estava tentando nos impingir".
 Eu deixei que ele desse uns cinco passos fora da sala quando

gritei para ele:

 "Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus,

mas tenho absoluta  certeza de que Ele o encontrará".
 Ele deu de ombros e saiu da minha sala e da minha vida.

 Eu fiquei ligeiramente desapontado diante da idéia de que ele

 não tivesse escutado minha frase tão inteligente:

 "Ele o encontrará!"

Pelo menos eu achei que era inteligente...

 Mais tarde

eu vim a saber que Tommy tinha se formado e

eu

fiquei especialmente aliviado;

depois,

uma notícia triste:

eu soube que Tommy  estava com um câncer terminal.

Antes que eu pudesse ir a sua procura, ele veio me ver.

Quando ele entrou no meu escritório,

reparei que seu físico tinha sido devastado pela doença e

que os cabelos longos tinham caídos todos 

como resultado da quimioterapia.

 Mas os seus olhos estavam brilhantes e

a sua voz estava firme,

pela primeira vez na vida, acredito eu.

"Tommy, tenho pensado tanto em você!

Ouvi dizer que você estava doente!", disparei.

 "Ah, é verdade, estou muito doente.

Tenho câncer em ambos os pulmões.

É uma questão de semanas agora."

 "Você consegue conversar a respeito disso, Tom?"

 "Claro, o que o senhor gostaria de saber?"

 "Como é ter apenas vinte e quatro anos e estar morrendo?"

"Acho que poderia ser pior."

 "De que maneira?"

 "Bem, assim como ter cinquenta anos e não ter noção de valores

 ou ideais, assim como ter cinquenta anos e pensar que bebida,

mulheres e dinheiro são as coisas verdadeiramente

 "importantes" na vida."

 Comecei a procurar através do meu arquivo mental a letra

"E" onde eu havia  classificado Tommy como "estranho".

  (Parece que todas as pessoas que tento rejeitar na vida com

 estas minhas classificações, Deus as manda de volta
 como que para me ensinar uma lição).


 "Mas a razão pela qual eu realmente vim vê-lo",

disse Tom,

"foi a frase que  o senhor me disse no último dia de aula".

 (Ele se lembrava!) Tom continuou.
 "Eu lhe perguntei se o senhor acreditava que eu encontraria

Deus algum dia e o senhor respondeu, 'Não!',

o que me surpreendeu.

 Em seguida, o senhor  disse,

'mas Ele o encontrará'.

Eu pensei um bocado a respeito daquela frase, 

embora naquela época eu não pensasse muito em procurar por Deus.

 (Minha  frase "inteligente".Ele tinha pensado muito a respeito!)

 Mas quando os médicos removeram um nódulo da miha virilha e me disseram que era um tumor maligno,

aí encarei com mais seriedade a procura de Deus.

E quando a doença espalhou-se pelos meus órgãos vitais,

eu comecei, realmente,

a dar murros desesperados nas portas de bronze do paraíso.

 Mas Deus não apareceu.

 De  fato, nada aconteceu.

O senhor já tentou fazer alguma coisa por um longo período de tempo, sem sucesso? A pessoa fica psicologicamente saturada, cansada de tentar.

 E então, desiste.

 Um dia, eu acordei e em vez de atirar mais alguns apelos por cima de um muro alto de tijolos atrás de onde Deus  poderia ou não estar, eu desisti simplesmente.

 Eu decidi que de fato não  estava me importando...

com Deus,

com uma vida eterna

ou qualquer coisa parecida.

E decidi gastar o tempo que me restava fazendo alguma coisa

mais proveitosa.

 Eu pensei no senhor e nas suas aulas e eu me lembrei de outra
 coisa que o senhor tinha dito:

'A tristeza mais profunda, essencial, é passar pela vida sem amar.

Mas seria quase tão triste passar pela vida e deixar este mundo

sem jamais ter dito às pessoas

que você amou

que você as tinha amado.

' Então comecei pela pessoa mais difícil:

meu Pai.

Ele estava lendo o jornal  quando me aproximei dele.

'Papai'. . .'Sim, o quê?' Ele perguntou sem baixar  o jornal.

 'Papai, eu gostaria de conversar com você.'

'Então converse.'

 'É  um assunto muito importante!'

 O jornal desceu alguns centímetros vagarosos.
 'O que é?'

'Papai, eu te amo. Eu só queria que você soubesse disso.'"
  Sorrindo para mim,

Tom disse com uma satisfação evidente, como se ele sentisse uma alegria quente e secreta fluindo dentro dele.
 "O jornal escorregou para o chão e o meu pai fez duas coisas que eu não me  lembro de tê-lo visto fazer jamais.

Ele chorou e me abraçou.

 E conversamos durante toda a noite,

embora ele tivesse que ir trabalhar na manhã seguinte.
 Foi tão bom poder me sentir junto do meu pai, ver as suas

lágrimas, sentir o seu abraço, ouvi-lo dizer que me amava.

Foi mais fácil com a minha mãe e com o meu irmão mais novo.

Eles choraram comigo também e nós nos abraçamos e
 começamos a falar coisas realmente boas uns para os outros.

 Falamos sobre as coisas que tínhamos mantido segredo por tantos anos.

Eu só lamentei uma coisa: que eu tivesse esperado tanto tempo.

 Naquele momento eu estava apenas começando a me abrir com todas as pessoas com as quais eu me sentia ligado.

 Então, um dia, eu me voltei e lá estava Deus.

Ele não veio ao meu encontro quando eu Lhe implorei.

Eu acho que eu tinha agido como um domador de  animais

que segurando um aro diz

'Vamos, pule! Eu lhe dou três dias... três  semanas'.

Aparentemente Deus age a seu modo e a seu tempo.

Mas o que é  importante é que Ele estava lá.

Ele me encontrou.

 O senhor estava certo. 

Ele me encontrou, mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele."
  "Tommy," eu disse quase soluçando,

"eu acho que o que você está dizendo é alguma coisa muito mais importante e muito mais universal do que você pode imaginar.

 Para mim, pelo menos, você está dizendo que a maneira mais certa de se encontrar Deus, não é fazer d'Ele um bem pessoal,

uma solução para os próprios problemas ou um consolo instantâneo em tempos difíceis,

mas sim tornando-se disponível para o amor.

O apóstolo João disse isto: 'Deus é Amor  e aquele que vive no

 amor vive com Deus e Deus vive com ele.

 ' Tom, posso lhe  pedir um favor?

 Você sabe que quando você foi meu aluno,

você me deu muito trabalho.

Mas, (aos risos) agora você pode me recompensar por tudo aquilo.
 Você viria a minha aula de Teologia da Fé e contaria aos meus

alunos o que  você acabou de me contar?

Se eu lhes contasse a mesma história,

não calaria tão fundo neles."
 "Oooh . . . eu estava preparado para vir vê-lo,

mas não sei se estou preparado para enfrentar seus alunos."
 "Tom, pense nisto.

 Se você se sentir preparado, telefone para mim".


 Alguns dias mais tarde, Tom telefonou e disse que falaria para

a minha turma, que ele queria fazer aquilo por Deus e por mim.

 Então marcamos uma data.

Mas, ele não pode vir.

Ele tinha um outro encontro,

muito mais importante do que aquele

com a minha turma e comigo.

É claro, que sua vida não terminou realmente com a sua morte,

apenas se transformou.

Ele tinha  dado o grande passo da fé para a visão.

Ele foi ao encontro de uma vida muito mais bonita do que os olhos humanos jamais viram ou

que os ouvidos humanos jamais ouviram

ou que a mente humana jamais imaginou.

Antes de morrer, ainda conversamos uma vez.
 "Não vou ter condições de falar com sua turma", ele disse.

 "Eu sei, Tom".

 "O senhor falaria com eles por mim?

 O senhor falaria ... com todo mundo por mim?"

 "Vou falar, Tom. Vou falar com todo mundo.

 Vou fazer o melhor que puder".
 Portanto,

a todos vocês que foram tão bons e

pacientes em escutar esta declaração de amor tão singela, obrigado por fazê-lo.

  E a você, Tommy, 

onde  quer que você esteja

nas colinas verdejantes e ensolaradas do paraíso:

 eu falei com todo mundo...

do melhor modo que eu consegui."

 E se esta história significa alguma coisa para você...

 "Os amigos são o meio pelo qual Deus cuida de nós".

 

A lenda da maldição


A lenda da maldição

 

A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de sombras
E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que choravam.
A criança era o príncipe-poeta que a música ardente fizera subir à última torre
E a noite era a camponesa que amava o príncipe e o adormecia no seu canto.
Quando a criança chegou ao ponto mais alto viu que a música era o riso

(embriagado
E que o riso embriagado era das estátuas mortas que tinham no ventre aberto

(entranhas murchas.
A criança lembrou-se da noite cheia de entranhas e cujo riso era a poesia

8eterna
E a angústia cresceu no seu coração como o mar alto nos penhascos.
O olhar cego das estátuas levou o herdeiro do reino ao fosso negro – ó

(príncipe, onde estás? – a voz dizia
E a água subia, nos braços, no peito, na boca, nos olhos do amado da noite.

Depois saiu do fosso um homem que era o poeta-amaldiçoado
E que possuiu a noite chorando, adormecida.
A noite que nada viu continua chamando o príncipe-poeta
Enquanto o poeta-amaldiçoado chora nos braços das estátuas mortas...

 

Rio de Janeiro, 1935
VINICIUS DE MORAES

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A legião dos Úrias


A legião dos Úrias

 

Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas
Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Passam olhos brilhantes de rostos invisíveis na noite
Que fixam o vento gelado sem estremecimento.

São os prisioneiros da Lua. Às vezes, se a tempestade
Apaga no céu a languidez imóvel da grande princesa
Dizem os camponeses ouvir os uivos tétricos e distantes
Dos Cavaleiros Úrias que pingam sangue das partes amaldiçoadas.

São os escravos da Lua. Vieram também de ventres brancos e puros
Tiveram também olhos azuis e cachos louros sobre a fronte...
Mas um dia a grande princesa os fez enlouquecidos, e eles foram escurecendo
Em muitos ventres que eram também brancos mas que eram impuros.

E desde então nas noites claras eles aparecem
Sobre cavalos lívidos que conhecem todos os caminhos
E vão pelas fazendas arrancando o sexo das meninas e das mães sozinhas
E das éguas e das vacas que dormem afastadas dos machos fortes.

Aos olhos das velhas paralíticas murchadas que esperam a morte noturna
Eles descobrem solenemente as netas e as filhas deliqüescentes
E com garras fortes arrancam do último pano os nervos flácidos e abertos
Que em suas unhas agudas vivem ainda longas palpitações de sangue.

Depois amontoam a presa sangrenta sob a luz pálida da deusa
E acendem fogueiras brancas de onde se erguem chamas desconhecidas e

(fumos
Que vão ferir as narinas trêmulas dos adolescentes adormecidos
Que acordam inquietos nas cidades sentindo náuseas e convulsões mornas.

E então, após colherem as vibrações de leitos fremindo distantes
E os rinchos de animais seminando no solo endurecido
Eles erguem cantos à grande princesa crispada no alto
E voltam silenciosos para as regiões selvagens onde vagam.

Volta a Legião dos Úrias pelos caminhos enluarados
Uns após outros, somente os olhos, negros sobre cavalos lívidos
Deles foge o abutre que conhece todas as carniças
E a hiena que já provou de todos os cadáveres.

São eles que deixam dentro do espaço emocionado
O estranho fluido todo feito de plácidas lembranças
Que traz às donzelas imagens suaves de outras donzelas.
E traz aos meninos figuras formosas de outros meninos.

São eles que fazem penetrar nos lares adormecidos
Onde o novilúnio tomba como um olhar desatinado
O incenso perturbador das rubras vísceras queimadas
Que traz à irmã o corpo mais forte da outra irmã.

São eles que abrem os olhos inexperientes e inquietos
Das crianças apenas lançadas no regaço do mundo
Para o sangue misterioso esquecido em panos amontoados
Onde ainda brilha o rubro olhar implacável da grande princesa.

Não há anátema para a Legião dos Cavaleiros Úrias
Passa o inevitável onde passam os Cavaleiros Úrias
Por que a fatalidade dos Cavaleiros Úrias?
Por que, por que os Cavaleiros Úrias?

Oh, se a tempestade boiasse eternamente no céu trágico
Oh, se fossem apagados os raios da louca estéril
Oh, se o sangue pingado do desespero dos Cavaleiros Úrias
Afogasse toda a região amaldiçoada!

Seria talvez belo – seria apenas o sofrimento do amor puro
Seria o pranto correndo dos olhos de todos os jovens
Mas a Legião dos Úrias está espiando a altura imóvel
Fechai as portas, fechai as janelas, fechai-vos meninas!

Eles virão, uns após outros, os olhos brilhando no escuro
Fixando a lua gelada sem estremecimento
Chegarão os Úrias, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Quando a meia-noite surgir nas estradas vertiginosas das montanhas.

 

 

Rio de Janeiro, 1935
VINICIUS DE MORAES

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A impossível partida


A impossível partida

 

Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes

(da cidade
E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne

(indesejada?…
Como poder viver misteriosamente os teus recônditos sentidos
Se os meus sentidos foram murchando como vão murchando as rosas

(colhidas
E se a minha inquietação iria temer a tua eloqüência silenciosa?…
Eu sonhei!... Sonhei cidades desaparecidas nos desertos pálidos
Sonhei civilizações mortas na contemplação imutável
Os rios mortos... as sombras mortas... as vozes mortas...
…o homem parado, envolto em branco sobre a areia branca e a quietude

(na face...
Como poder rasgar, noite, o véu constelado do teu mistério
Se a minha tez é branca e se no meu coração não mais existem os nervos

(calmos
Que sustentavam os braços dos Incas horas inteiras no êxtase da tua visão?...
Eu sonhei!... Sonhei mundos passando como pássaros
Luzes voando ao vento como folhas
Nuvens como vagas afogando luas adolescentes...
Sons… o último suspiro dos condenados vagando em busca de vida...
O frêmito lúgubre dos corpos penados girando no espaço...
Imagens... a cor verde dos perfumes se desmanchando na essência das

(coisas...
As virgens das auroras dançando suspensas nas gazes da bruma
Soprando de manso na boca vermelha dos astros...
Como poder abrir no teu seio, oh noite erma, o pórtico sagrado do Grande

(Templo
Se eu estou preso ao passado como a criança ao colo materno
E se é preciso adormecer na lembrança boa antes que as mãos desconhecidas

(me arrebatem?...

 

 

Rio de Janeiro, 1935
VINICIUS DE MORAES

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A guerreira Andrea


[23:09] - A guerreira Andrea é a quinta eliminada do BBB com 57% dos votos
A destaque da escola de samba X9 Paulistana já pode passar o carnaval num dos lugares em que se sente mais à vontade, no Sambódromo de São Paulo. Andrea pode desfilar este ano pois saiu perdendo para Jean no paredão, com 57% dos votos. O massagista continua na batalha pelos R$ 500 mil e ficará pelo menos mais uma semana sem ver sua namorada Lia.
No programa ao vivo desta terça-feira, Andrea se vestiu a caráter para a guerra: a blusa da campanha "Brasil sem fome" estava cheia de rombos, numa referência aos "tiros" que a paulista recebeu de seus companheiros de casa, na última votação.
Ao receber a notícia de que estava fora do jogo, Andrea só conseguiu dizer que estava feliz porque estava com seus três filhos. A eliminada saiu da casa correndo, sem se despedir de nenhum dos participantes. A carioca Juliana conseguiu alcançá-la no jardim, para que ela desse o último adeus aos BBs. "Não agüento mais de saudades dos meus filhos. Obrigada Brasil", dizia Big Mother, sem parar.
Na primeira vez em que foi para o paredão, ela recebeu sete votos dos BBs, mas garantiu a preferência fora da casa, derrotando a bela Joseane com 64% dos votos do público. Desta segunda vez, Andrea recebeu cinco indicações e não escondeu sua decepção. Logo após a votação, a Big Mother reuniu todos os BBs e disse que Dhomini havia se comportado como um traidor ao votar no nome dela, quando havia dito o contrário antes. A paulista ficou ainda mais abalada quando ouviu o mineiro garantir que não havia prometido nada. Depois deste episódio, a Big Mother ficou à flor da pele e chorou várias vezes na segunda e na terça-feira. Agora, é vida pra frente, fora da casa.

 

A felicidade é um perfume


A felicidade é um perfume que não
podemos espargir sobre os outros,
sem que caiam algumas gotas
sobre nós mesmos.

Existem pessoas que acreditam que a verdade é uma ferramenta conveniente. Outros acreditam que a verdade é o caminho da sabedoria e do conhecimento. A verdade poder ser tanto um sentimento como uma razão, a única diferença entre a verdade de cada um é a intensidade como cada um de nós a sentimos. Nossa busca pela verdade é eterna, mas a grande verdade é que a verdade está dentro de nós, vai depender de nossas experiências, de nossas vivências, da nossa bagagem espiritual. Casa ser possui sua própria verdade, e tudo aquilo em que acreditamos passa a ser a nossa verdade. O que não podemos fazer é ficar sentado á margem do caminho e pararmos no tempo, nos fechando para várias possibilidades e idéias, pois o que hoje acreditamos ser correto, pode nos ser mostrado amanhã como incorreto. Nesta grande busca da verdade temos que privilegiar a honestidade em nosso coração e na nossa razão.

 

MEU CARINHO PARA VOCÊ.

A DOR QUE DÓI MAIS


A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.


 

A COR DA SAUDADE!
Era uma vez uma menina que tinha um pássaro encantado.
Ele era encantado por duas razões:
Não vivia em gaiolas, vivia solto,
Vinha quando queria, quando sentia saudades...
E sempre que voltava, suas penas tinham cores diferentes,
As cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas
Imaculadamente brancas,e contou histórias de montanhas
cobertas de neve.
Outra vez, suas penas estavam vermelhas,
e contou histórias de desertos incendiados Pelo sol.
Era grande a felicidade quando eles Estavam juntos.
Mas, sempre chegava a hora do pássaro Partir...
A menina chorava e implorava:
- Por favor, não vá.
Terei saudades, vou chorar.
- Eu também terei saudades - dizia o Pássaro - mas vou lhe contar um segredo!
Eu só sou encantado por causa da Saudade.
É ela que faz com que minhas Penas fiquem bonitas...
Senão você deixará de me amar.
E partiu.
A menina,sozinha,chorava.
Uma certa noite ela teve uma idéia:
E se o Pássaro não partir?
Seremos felizes para sempre!
Para ele Ficar, basta que eu o prenda numa gaiola.
E assim fez.
A menina comprou uma gaiola de prata.
A mais linda que ela encontrou.
Quando o pássaro voltou,eles se abraçaram,
ele contou histórias e adormeceu.
A menina aproveitou o seu sono e o engaiolou.
Quando o pássaro acordou deu um grito!
De dor.
- Ah ! O que você fez? Quebrou o encanto.
Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das histórias.
Sem a saudade, o amor irá embora...
A menina não acreditou...
Achou que ele se acostumaria.
Mas, não foi isso o que aconteceu.
Caíram as plumas e as penas,
transformaram-se em um cinzento triste.
Não era mais aquele o pássaro que ela Tanto amava...
Até que ela não mais agüentou e abriu a Porta da gaiola.
- Pode ir, pássaro -
Volte quando você quiser...
- Obrigado - disse o pássaro - irei e voltarei...
Quando ficar encantado de novo.
Você sabe, ficarei encantado de novo,
quando a saudade voltar dentro de mim.
E dentro de você.
Quantas vezes aprisionamos a quem Amamos,
pensando que estamos fazendo o melhor?
Pense...
Deixar livre é uma forma singela
de ver, ter...
Direcione o seu amor não para a prisão e sim para a conquista, sempre.