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4 de maio de 2015
Capitanias Hereditárias
Óperas de Carlos Gomes O Guarani
Óperas de Carlos Gomes
O Guarani
Texto de Sergio Nepomuceno
![]() Ceci |
Opera-balé em quatro atos. Libreto de Antônio Scalvini,
baseado no romance do mesmo título de José de Alencar.
Estréia a 19 de março de 1870 no Teatro Alla Scala de Milão, Itália.
|
![]() Peri |
![]() Capa da Partitura |
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Richard Wagner
Richard Wagner
1813/1883
Nascido em Leipzig, na Alemanha, Wagner, compositor e
maestro, iniciou seus estudos musicais influenciado pela literatura e
filosofia românticas. Buscou, em sua arte, alcançar a síntese perfeita entre
música e drama. Construiu o Teatro Bayreuth, que, segundo ele, era o espaço
perfeito para a apresentação de suas óperas. O "Templo da Arte"
seguia o modelo do teatro grego, concebido para unificar gestos, luz,
cenário, figurino e música , tudo sob a direção do maestro. Em suas montagens,
a orquestra permanecia invisível para o público, transformando a cena numa
emanação da música e criando um clima mágico com fortes efeitos cênicos.
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![]() |
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Wagner foi um maestro prodigioso, experimentando todas as
possibilidades da arte de reger. Sua expressão artística destacava-se pelo
refinamento da utilização orquestral, pela força dramática dos cantores e
pelo desenvolvimento do tema e motivo que assumiam um papel estrutural em sua
obra (Leitmotiv).
|
Reconhecido na Europa como o representante máximo do
neo-romantismo alemão, seus ideais artísticos foram a expressão de sua vida
particular e pública, sendo considerado um dos intelectuais mais atuantes do
século XIX. Suas convicções estavam fundadas na tragédia clássica e na
criação de uma música nacional que, baseada nos mitos de origem do povo
alemão e na criação da identidade coletiva, fosse capaz de educar e formar um
novo homem. Segundo ele, a concretização desses ideais somente seria possível
se um efeito revolucionário atingisse a sociedade, sendo que tal elemento
revolucionário era a música. Assim, a sua arte resultou numa estética
rigorosa e moralizante, com o objetivo de determinar e influenciar todos os
âmbitos sociais.
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![]() |
Dom Pedro II desejava muito que Carlos Gomes fosse estudar música na Alemanha. O Imperador era grande admirador da obra de Wagner, colaborando, inclusive, com a construção do Teatro Bayreuth. No entanto, Gomes preferiu a Itália, terra do Bellcanto, das revistas das cançonetas românticas, terra de Verdi.
Ironicamente, Gomes chegou a ser acusado de inserir certos wagnerismos em sua ópera Fosca, segundo Mário de Andrade:
"É sabido que uma das causas
a que se atribui o pouco sucesso da Fosca em 1873, é ser música erudita demais.
Chegaram mesmo a afirmar que a ópera estava impregnada de wagnerismos. O que
determinaria a influência de Wagner sobre Gomes, seria a utilização do
Leitmotiv wagneriano, o que não ocorre. Para Carlos, o motivo condutor não é o
elemento sinfônico como em Wagner, é antes o elemento melódico"


Villa Brasília em Lecco
Villa Brasília em Lecco
![]() |
"Conhecida
também como Villa Gomes, em Lecco, Maggianico, a obra foi encomendada ao
arquiteto Attilio Bolla. O edifício de refinado gosto eclético, com feições
burguesas, reproduz o estilo neoclássico em alta na época. Se tornou um ponto
de referência para artistas e burgueses de Milão. "
"Na mansão que ele fez questão de denominar Brasília, havia reunido tudo o que lhe podia recordar o Brasil... Nas gaiolas imensas voavam uma quantidade enorme de pássaros brasileiros e macaquinhos ressoavam nos jardins. " "É nesta pequena aldeia, recanto genial preferido por muitos artistas, que Almicare Ponchielli e Carlos Gomes fixaram suas moradas... A de Gomes suntuosa, vasta e principesca; a outra, de Ponchielli, simples, sem ares de grandiosidade, muito semelhante ao caráter nada pretensioso do proprietário." Gaspare Nello Vetro |


Visconde Alfredo d' Escragnolle Taunay
Visconde Alfredo d' Escragnolle Taunay
1843 - 1899
![]() |
De família renomada do Império, Taunay exerceu a carreira
militar, tendo sido recrutado para a Guerra do Paraguai em 1865, o que lhe
valeu muitas honras. Foi presidente de Santa Catarina e do Paraná. Eleito
senador, defendeu, com André Rebouças e José do Patrocínio os princípios
abolicionistas.
Monarquista convicto, após a Proclamação da República tornou-se um crítico mordaz do novo regime, escrevendo nesta época O Encilhamento. Como escritor, ganhou notoriedade com o romance Inocência. Amigo íntimo de Carlos Gomes, mantiveram durante anos uma assídua correspondência, sendo grande incentivador e divulgador de sua obra. Juntamente com André Rebouças, intermediou a concretização de vários projetos do maestro, ajudando-o financeiramente em momentos difíceis de sua vida. Foi o autor do argumento original de O Escravo, posteriormente alterado por Rodolfo Paravicini, o que causou sério desentendimento entre Taunay e Gomes. |
"Amigo Alfredo,
Creio não tê-lo ofendido nunca em coisa alguma
para merecer as humilhações de seu silêncio,
a não ser alguma falta involuntária de etiqueta
que espero me perdoará."
Creio não tê-lo ofendido nunca em coisa alguma
para merecer as humilhações de seu silêncio,
a não ser alguma falta involuntária de etiqueta
que espero me perdoará."
Carta de Carlos Gomes a Visconde de
Taunay (1888)


O Navio Negreiro Castro Alves I
O
Navio Negreiro
Castro
Alves
I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
II
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Poesias Coligidas Castro Alves
Poesias Coligidas
Castro Alves
A EUGÊNIA CÂMARA
Ainda uma vez tu brilhas sobre o palco,
Ainda uma vez eu venho te saudar...
Também o povo vem rolando aplausos
Às tuas plantas mil troféus lançar...
Após a noite, que passou sombria,
A estrela-d'alva pelo céu rasgou...
Errante estrela, se lutaste um dia,
Vê como o povo o teu sofrer pagou...
Lutar!... que importa, se afinal venceste?
Chorar!... que importa, se lutaste um dia,
A tempestade se não rompe a estátua
Vê como o povo o teu sofrer pagou...
Lutar!... que importa, se afinal venceste?
Chorar!... que importa, se afinal sorris?
A tempestade se não rompe a estátua
Lava-lhe os pés e a triunfal cerviz.
Ouves o aplauso deste povo imenso
Lava, que irrompe do pop'lar vulcão?
É o bronze rubro, que ao fundir dos bustos
Referve ardente do porvir na mão.
O povo... o povo... é um juiz severo,
Maldiz as trevas, abençoa a luz...
Sentiu teu gênio e rebramiu soberbo:
- P'ra ti altares, não do poste a cruz.
Que queres? Ouve! - são mil palmas férvidas,
Olha! - é o delírio, que prorrompe audaz.
Pisa! - são flores, que tu tens às plantas,
Toca na fronte - coroada estás.
Descansa pois, como o condor nos Andes,
Pairando altivo sobre a terra e mar,
Poisa nas nuvens p'ra arrogante em breve
Distante... longe... mais além de voar.
Recife,
1866
O POVO AO PODER
Quando nas praças s'eleva
Do Povo a sublime voz...
Um raio ilumina a treva
O Cristo assombra o algoz...
Que o gigante da calçada
De pé sobre a barrica
Desgrenhado, enorme, nu
Em Roma é catão ou Mário,
É Jesus sobre o Cálvario,
É Garibaldi ou Kosshut.
A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!
Senhor!... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua seu...
Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.
Na tortura, na fogueira...
Nas tocas da inquisição
Chiava o ferro na carne
Porém gritava a aflição.
Pois bem...nest'hora poluta
Nós bebemos a cicuta
Sufocados no estertor;
Deixai-nos soltar um grito
Que topando no infinito
Talvez desperte o Senhor.
A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.
Mas qu'infâmia! Ai, velha Roma,
Ai cidade de Vendoma,
Ai mundos de cem heróis,
Dizei, cidades de pedra,
Onde a liberdade medra
Do porvir aos arrebóis.
Dizei, quando a voz dos Gracos
Tapou a destra da lei?
Onde a toga tribunícia
Foi calcada aos pés do rei?
Fala, soberba Inglaterra,
Do sul ao teu pobre irmão;
Dos teus tribunos que é feito?
Tu guarda-os no largo peito
Não no lodo da prisão.
No entanto em sombras tremendas
Descansa extinta a nação
Fria e treda como o morto.
E vós, que sentis-lhes os pulso
Apenas tremer convulso
Nas extremas contorções...
Não deixais que o filho louco
Grite "oh! Mãe, descansa um pouco
Sobre os nossos corações".
Mas embalde... Que o direito
Não é pasto de punhal.
Nem a patas de cavalos
Se faz um crime legal...
Ah! Não há muitos setembros,
Da plebe doem os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensangüentado
Diz: já não posso sofrer.
Pois bem! Nós que caminhamos
Do futuro para a luz,
Nós que o Calvário escalamos
Levando nos ombros a cruz,
Que do presente no escuro
Só temos fé no futuro,
Como alvorada do bem,
Como Laocoonte esmagado
Morreremos coroado
Erguendo os olhos além.
Irmão da terra da América,
Filhos do solo da cruz,
Erguei as frontes altivas,
Bebei torrentes de luz...
Ai! Soberba populaça,
Dos nossos velhos Catões,
Lançai um protesto, ó povo,
Protesto que o mundo novo
Manda aos tronos e às nações.
Recife,
1864
Cazuza
Todo dia morre um amor.
Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma
lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes
melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas
vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos. Morre em uma cama de
motel ou em frente à televisão de domingo. Morre sem beijo antes de dormir, sem
mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios.
Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais
concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal
inanição.
Todo dia morre um amor. Às vezes com uma explosão, quase sempre com um suspiro.
Todo dia morre um amor, embora nós, românticos mais na teoria que na prática,
relutemos em admitir.
Porque nada é mais dolorido do que a constatação de um
fracasso. De saber que, mais uma vez, um amor morreu. Porque, por mais que não
queiramos aprender, a vida sempre nos ensinaalguma coisa. E esta é a lição:
amores morrem.
Todos os dias um amor é assassinado. Com a adaga do tédio, a cicuta da
indiferença, a forca do escárnio, a metralhadora da traição. A sacola de
presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relógio, o silêncio
insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa evidências.
Todos nós fomos assassinos um dia. Há aqueles que, como o Lee Harvey Oswald, se
refugiam em salas de cinema vazias. Ou preferem se esconder debaixo da cama, ao
lado do bicho papão. Outros confessam sua culpa em altos brados e fazem de
pinico os ouvidos de infelizes garçons. Há aqueles que negam, veementemente,
participação no crime e buscam por novas vítimas em salas de chat ou pistas de
danceteria, sem dor ou remorso. Os mais periculosos aproveitam sua experiência
de criminosos para escrever livros de auto-ajuda, com nomes paradoxais como
"O Amor Inteligente" ou romances açucarados de banca de jornal, do
tipo "A Paixão Tem Olhos Azuis", difundindo ao mundo ilusões fatais
aos corações sem cicatrizes.
Existem os amores que clamam por um tiro de misericórdia: corcéis feridos.
Existem os amores-zumbis, aqueles que se recusam a admitir que morreram. São
capazes de perdurar anos, mortos-vivos sobre a Terra teimando em resistir à
base de camas separadas, beijos burocráticos, sexo sem tesão. Estes não querem
ser sacrificados e, à semelhança dos zumbis hollywoodianos, também se alimentam
de cérebros humanos e definharão até se tornarem laranjas chupadas.
Existem os amores-vegetais, aqueles que vivem em permanente estado de letargia,
comuns principalmente entre os amantes platônicos que recordarão até o fim de
seus dias o sorriso daquela ruivinha da 4a. série ou entre fãs que até hoje
suspiram em frente a um pôster do Elvis Presley (e pior, da fase havaiana). Mas
titubeio em dizer que isso possa ser classificado como amor (Bah, isso não é
amor. Amor vivido só do pescoço pra cima não é amor).
Existem, por fim, os amores-fênix. Aqueles que, apesar da luta diária pela
sobrevivência, dos preconceitos da sociedade, das contas a pagar, da paixão que
escasseia com o decorrer dos anos, da mesa-redonda no final de domingo, das
calcinhas penduradas no chuveiro, das toalhas molhadas sobre a cama e das
brigas que não levam a nada, ressuscitam das cinzas a cada fim de dia e
perduram: teimosos, belos, cegos e intensos. Mas estes são raríssimos e há quem
duvide de sua existência. Alguns os chamam de amores-unicórnio, porque são de
uma beleza tão pura e rara que jamais poderiam ter existido, a não ser como
lendas. E é esse amor que eu quero viver com você, PARA SEMPRE!!!
FUNDADOR: CELSO MARIZ
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Brasil ! O País das Desigualdades
Brasil ! O País das Desigualdades
Apesar
dos diversos planos econômicos e das muitas lutas populares, a economia
brasileira continua fazendo a riqueza de poucos e a miséria de muitos. Grande
parte da população encontra-se marginalizada e vivendo em condições precárias.
Embora
dirigidas ao campo da economia, as medidas obedecem também os critérios de
ordem política e social, na medida em que determinam, por exemplo, quais
segmentos da sociedade se beneficiarão com as diretrizes econômica emanadas do
Estado. O alcance e o conteúdo de uma política econômica variam, dependendo do
grau de diversificação da economia, da natureza do regime social e do nível de
atuação dos grupos de pressão.
Dados
publicados pelo jornal Folha de S.Paulo, em 1998, revelam que no Brasil existem
64 milhões de pessoas vivendo em estado de exclusão social. Desse total, 25
milhões são miseráveis - uma população semelhante à do Peru.
Segundo
critérios da ONU , miseráveis são todos aqueles que têm renda diária inferior a
um dólar. Cerca de 45% dos miseráveis brasileiros estão no Nordeste e 83% são
analfabetos funcionais, isto é, não completaram o curso primário.
A
injusta distribuição de renda no país apresenta outras peculiaridades
perversas. Muitos dos problemas poderiam ser contornados com uma melhor
redistribuição das terras. No Brasil, menos de 3% dos proprietários detêm mais
de 50% das terras agricultáveis, enquanto cerca de 90% ficam com menos de 25%
das terras. E ainda há quase 5 milhões de famílias rurais sem terra. Além de
uma reforma agrária, seria necessário investir em educação. Apesar da
diminuição do número de filhos e do aumento da média de vida, o Brasil continua
sendo um país jovem. Quase metade dos brasileiros tem menos de 19 anos. No
entanto, cerca de 30% das crianças e jovens entre 10 e 17 anos trabalham para
sustentar-se ou ajudar a família, o que se reflete no nível de escolarização.
Enquanto nos países desenvolvidos quase toda a população completa o curso
primário, no Brasil apenas cerca de 40% concluem essa fase do aprendizado.
Nos
anos 90, a população brasileira viu a inflação ser debelada. Apesar de este ser
um fantasma que sempre ronda o país, ele acabou substituído por outro temor.
Nos últimos anos do século XX, o desemprego passou a ser a principal
preocupação dos brasileiros. E não é para menos. Nesses dez anos, o mercado de
trabalho nacional se mostrou incapaz de absorver as gerações que atingem a
idade de trabalhar. Ainda por cima, é crescente o número de trabalhadores que
perdem o emprego na indústria, no comércio e no campo por causa da grave crise
económica que assola o país. Basta somar a isso os problemas regionais, como a
seca no Nordeste, e temos de fato um quadro preocupante.
Entre
1989 e 1996, o número de desempregados no país triplicou, chegando a somar
cerca de 5 milhões de pessoas. Em 1998, esse número aumentou para 6 milhões,
representando 7,7% da população economicamente ativa (PEA) do Brasil, que soma
pouco mais de 75 milhões de pessoas. Desde então, esse índice não deixou de
aumentar. Na região metropolitana de São Paulo, atingiu a casa dos 20% em maio
de 1999, segundo pesquisa do Dieese.
Mas
o pior é que as perspectivas para o país em um mundo globalizado não são nada
animadoras. Segundo Márcio Pochmann, especialista no assunto, se mantida a
atual política do governo brasileiro, irão sobrar para o país os piores
trabalhos da globalização. Pochmann
constrói o quadro do emprego no Brasil da seguinte maneira:
Além
de insuficientes, os empregos gerados no pais ao longo da década são de
baixíssima qualidade. A maior parte dos profissionais preparados para as
tarefas mais modernas não encontra onde exercê-las;
A
causa principal é a política econôrnica adotada ao longo desta década. Ela
atinge em cheio os investimentos públicos e privados que poderiam gerar bons empregos;
O
mercado de trabalho brasileiro já é duas vezes mais flexível que o
norte-americano. Relaxar direitos trabalhistas apenas agravaria a desigualdade
social;
Também
é errada a idéia de que a geração de empregos não está mais associada a
desenvolvimento industrial. A maior parte dos bons empregos oferecidos pelo
setor de serviços está ligada à indústria.
Para
alterar esse quadro, segundo Pochmann, seria necessário investir em três
caminhos: reforma agrária, reforma tributária, distribuição de rendas.
Amar-Artefato do viver
Amar-Artefato do viver
Amar é como navegar em alto mar
a bordo de um navio estrelar que atravessa mares calmos;
mas, Amar é também naufragar a bordo de um navio tombeiro.
O Amor simula o imenso líquido Azul, oceano pequeno,
ora vive momentos revoltosos, turbulentos,
ora esse líquido mede a amplitude da paz, do respeito, do silencio.
Viver não é só Amar,
mas,quando Amo sei que vivo e revivo,
quando vivo e revivo, sonho,
quando sonho, tenho a Esperança.
A Esperança de fazer sempre do Ato de Amar
um simples e grande Artefato do viver.
Sei que para muitos o Amor é sinônimo de hipocrisia,
e que para muitos outros se torna um pedestal da ironia.
Porém, para mim, Amor é o mesmo que Poesia.
Amar é pensar, olhar, viver, buscar, sorrir.
Amar é naufragar, errar, concertar.
Amar é penetrar, caçar, sonhar!!!
Amar é fazer dos versos das simples Poesias: Um Mar,
onde os navios navegam a favor ou contra a correnteza das palavras.
Correnteza que flui sobre os sonhos, os desejos daquele que Ama:
Ama viver, fazer, escrever histórias de Amor,
Ama o navio e o mar.
E deseja que aquele navio estrelar nunca venha a se naufragar.
Lembre-se:
Amar é Admirar, Sonhar!!!
...
Sonhar para sempre em Alto
Mar !!!
...
Amar é Tudo, é Tudo, é Tudo...
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