Uma colaboração do amigo
Maurício/POA-RS
Uma das coisas que fascina na cidade de San Francisco é ela
estar localizada sobre a falha de San Andreas, que é um desnível
no terreno da região que provoca pequenos abalos sísmicos de vez
em quando e grandes terremotos de tempos
Assim são também as pessoas interessantes: têm falhas. Pessoas
perfeitas são como Viena, uma cidade linda, limpa, sem fraturas
geológicas, onde tudo funciona e você quase morre de tédio.
Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas. É
fundamental que tenham sinais de expr essão no rosto, um nariz com
personalidade, um vinco na testa que as caracterize.
Pessoas, como cidades, precisam ser limpas mas não a ponto de
não possuirem máculas. É preciso suar na hora do cansaço, é preciso ter um
cheiro próprio, uma camiseta velha pra dormir, um jeans quase transparente de
tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um
rímel que borrou um pouquinho quando você chorou.
Pessoas, como cidades, têm que funcionar, mas não podem ser previsíveis.
De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser
insensatas,ligeiramente passionais, demonstrarem um certo desatino, ir contra
alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir desculpasdepois, pedir
desculpas sempre, pra poder ter crédito e errar outra vez.
Pessoas, como cidades, devem dar vontade de visitar, devem
satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser calorosas,
ser generosas e abrir suas portas, devem nos fazer querer volitar,porém não
devem nos deixar 100% seguros, nunca. Uma pequena dose de apreensão e cuidado
devem provocar, nunca devem deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como
cidades, têm rachaduras internas, portanto podem surpreender.
Falhas. Agradeça as suas, que é o que humaniza você, e nos fascina.
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