15 de junho de 2008

Monolítico Silêncio


Monolítico Silêncio


terra de mouras escondidas
nas fragas onde a lenda as faz belas
e por amores infiéis perdidas
mulheres espreguiçadas no horizonte
repousando em monolíticas pedras
onde a memória calada se acende
nos pelourinhos e antas abertas
uma cerca derruída - silêncio
aqui jazem pedras dispersas
aqui há pontes citiando os caminhos
há o granito silente das ruínas
o estanho ensimesmado dos objectos
entrando a pique no olhar faminto
e um passado morto fazendo ninho
nos coração dos velhos sobreiros
e eu sou a águia que passa sobre
o espanto do rochedo e grita
a alma das mouras penedias
a lenda das almas outras aflitas
o musgo que arde sedento e o silêncio
ornado de malmequeres e vida
eu sou o murmúrio que vem no vento
e vem pousar no poema arrefecido
porque a memória é uma anta vazia
e o passado um grito de ave sem sentido

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