Elas fizeram a História
A vida insólita das figuras
femininas que não
estão nos livros oficiais
O Rio
de Janeiro só
existe hoje por
causa de uma mulher –
no século 16, a
portuguesa Inês de
Sousa impediu que a
população fosse
saqueada por
corsários franceses.
Seu nome não está
nos livros dos colégios, como tantas outras figuras
femininas esquecidas pela História oficial. Mulheres
governaram capitanias,
participaram do movimento
abolicionista, fundaram cidades,
guerrearam, sofreram a
tortura da Inquisição,
fundaram partidos políticos. Com a
fronte erguida - ainda que sob o manto da submissão -,
negras pobres, brancas de estirpe e índias guerreiras
participaram da construção do Brasil. Algumas, como as
meninas e senhoras do
quadro ao lado, ficaram na retaguarda, cozinhando, costurando ou educando os
filhos. A Pátria, pintura de Pedro Bruno de 1919 exposta no Museu da República,
no Rio, mostra as mulheres bordando a primeira bandeira da República. Os 500
anos de História da trajetória feminina no país estão relatados numa suntuosa
pesquisa de um grupo de estudiosos do Rio de Janeiro. A Rede de Desenvolvimento
Humano (Redeh), uma organização não-governamental feminista, e a produtora Arte
Sem Fronteiras mergulharam no passado para resgatar a vida das famosas e
anônimas. Nas páginas seguintes, Época conta a história de algumas dessas
pessoas que, a seu tempo e a seu modo, transformaram a sociedade.
A longa jornada por conquistas e direitos
1534
Governadora Ana Pimentel assume a Capitania de São Vicente.
1752
O primeiro livro - A brasileira Teresa Margarida da Silva Orta é a primeira
mulher a publicar um livro escrito em português. A edição feita em Portugal tinha o
título Máximas da Virtude e da Formosura.
1852
Feminismo - É lançada a primeira publicação feminista, o Jornal das Senhoras.
As mulheres exigem o acesso à educação.
1881
Universidade - Pela primeira vez, as moças conquistam o direito de entrar nas
faculdades de Medicina.
1910
Política - Sob o comando da professora Leolinda de Figueiredo Daltro, é
organizado o Partido Republicano Feminino.
1922
Congresso - No Rio de Janeiro, é realizado o primeiro Congresso Feminino
Brasileiro, sob a batuta de Bertha Lutz.
1929
Eleição - A capixaba Emiliana Viana Emery conquista, na Justiça, o registro
eleitoral e o direito ao voto. Como a Constituição de 1891 era omissa,
algumas mulheres recorreram ao Judiciário.
1932
A lei - O presidente Getúlio Vargas concede às mulheres alfabetizadas o direito
de voto. Depois do Equador, o Brasil foi o segundo país da América Latina a
outorgar o direito.
1934
Nova era - A Constituição Federal assegura igualdade sem distinção de sexo,
conquista excluída da Carta de 1937.
1962
Esposas livres - Com a mudança no Estatuto da Mulher Casada, a esposa deixa
de ser tutelada pelo marido e pode decidir sobre a própria vida.
1985
Violência - Surgem as primeiras delegacias da mulher, espaço para denúncias
de maus-tratos, bandeira antiga das feministas.
1988
Constituinte - A bancada do batom foi eficiente na Constituinte e garantiu,
em 1988, uma Carta que assegura igualdade para homens e mulheres na chefia
das famílias. Os principais direitos já estão na letra da lei.
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