Caravelas da globalização
Quinto maior investidor no país,
Portugal
exporta
executivos para o Brasil, onde a
colônia se
reduz em tamanho, mas não em
importância
A
história da imigração portuguesa no
país
se confunde com a própria
formação
do povo brasileiro. Se
Cabral,
ao lançar âncoras no litoral
baiano
em 1500, só pretendia
estabelecer
um entreposto mercantil
de
Portugal, logo aportariam seus
patrícios,
como João Ramalho e
Diogo
Álvares Correia, com planos de permanência e
dispostos
a fundar uma nova raça. Desde então, o
exemplo
foi seguido por mais de 3 milhões de lusitanos,
hoje
reduzidos a aproximadamente um décimo (300 mil).
A herança lusitana vai muito além das estatísticas. Ela se perpetua na
arquitetura das cidades coloniais, a exemplo de Ouro Preto, Olinda, Parati, São
Luís e Rio de Janeiro. Na língua falada em todo o país e na religiosidade. Está
presente em vários aspectos do cotidiano, como na culinária - muitos doces
mineiros são criação portuguesa - e na cachaça, nascida como subproduto da
primeira empresa agrícola nacional, o engenho de açúcar. A herança tem raízes
bem fincadas nos campos de futebol, onde o Vasco da Gama e a Portuguesa de
Desportos são destaque. Com base nessa identidade, não é de estranhar que, em
plena globalização, os portugueses tenham eleito o Brasil como o principal
porto de seus investimentos no Exterior. Como os primeiros navegadores, os
imigrantes que continuam a chegar de além-mar, embora em número bem menor,
querem provar que ainda sabem fazer a América melhor que ninguém.
Vai longe o tempo em que o retrato mais bem acabado do imigrante português no
Brasil era o daquele senhor bigodudo e afável, metido em camiseta e calçado em
tamancos, atrás de um balcão de botequim ou padaria. Era o imigrante clássico,
personagem bonachão conhecido de todos os brasileiros que os anos cuidaram de
reduzir a mera caricatura. Hoje, os patrícios chegam d'além-mar em ternos bem
talhados, passeiam com desenvoltura pelos salões mais requintados da elite
econômica e disputam palmo a palmo com empresários de outros países o topo do
ranking dos investimentos externos no país. Quinhentos anos depois de Cabral,
Portugal já ocupa a quinta posição na lista dos maiores investidores em solo
brasileiro. Perde apenas para os Estados Unidos, a Alemanha, a França e quase
ganha da Espanha. Deixa para trás vizinhos europeus poderosos como a Itália e
potências como o Canadá.
É transformação recente. Ocorreu nos últimos três anos. Segundo o Ministério da
Economia de Portugal, que mantém
Nesse oceano de dólares, R$ 1 bilhão veio de um grupo, o Sonae. Vicente Dias,
47 anos, diretor de marketing do grupo, conta que o Brasil se tornou
"destino prioritário" dos investimentos portugueses por
"afinidades culturais". O Sonae chegou em 1996. Emprega 24 mil
brasileiros
É o caso de José Manuel Romão Mateus, de 42 anos, presidente da Telesp Celular,
arrematada pela Portugal Telecom em leilão de privatização, em julho do ano
passado, por US$ 3,1 bilhões. "Ficarei três anos aqui", conta ele.
"Para depois disso, não faço planos." A empresa está há 14 meses sob
o comando de Romão. O tempo é curto, mas ele já coleciona resultados
invejáveis. Só no primeiro semestre de
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