9 de agosto de 2020

Ayrton Senna

Apesar de ser o piloto com o segundo maior número de vitórias na F-1 (41), Ayrton Senna venceu apenas duas vezes no Brasil, em 1991 e 1993. Ambas de forma dramática e emocionante. Em 1991, Senna já era bicampeão mundial (1988 e 1990), e ainda não havia vencido em casa. A vitória era um objetivo fixo do campeão. As Williams, pilotadas por Nigel Mansell e Riccardo Patrese eram mais rápidas, impulsionadas pelos motores Renault, que começavam a despontar como concorrentes sérios aos até então imbatíveis Honda que equipavam a McLaren de Senna. A disputa pela pole position foi um prenúncio do que seria a prova. Senna conseguiu a pole na última volta, marcando 1m16s392, contra 1m16s775 de Patrese. A corrida começou com Senna na liderança e Mansell em segundo. Os pit-stops seriam determinantes. O da McLaren foi perfeito, assim como o da Williams. Mas Mansell, com um pneu avariado, teve que fazer uma segunda parada, o que deu a Senna alguns segundos de vantagem sobre Patrese, que assumiu a segunda colocação. Neste momento, os problemas mecânicos começaram a aparecer no carro do brasileiro. Primeiro, Senna perdeu a quarta marcha, tendo assim, que passar da terceira direto para a quinta. Depois, nenhuma marcha funcionava sem que o piloto brasileiro tivesse que segurar a alavanca de marchas para que ela permanecesse engatada. Senna teve que segurar a alavanca de câmbio com a mão direita e pilotar com a esquerda. Mansell novamente se aproximara, mas na 60ª volta, o inglês cometeu um erro que deu a Senna um pouco mais de esperança de, após sete tentativas, vencer o GP Brasil. Mas, subitamente, a sete voltas do final, Senna, que tinha grande vantagem sobre Patrese, passou a perder sete segundos por volta, já que nenhuma marcha mais entrava. O brasileiro, desesperado, tentou engatar a sexta marcha e, por pura sorte, ela entrou. Foi aí que Senna percebeu que teria que terminar o GP Brasil de 1991 com apenas uma marcha, a sexta, enquanto a Williams de Patrese se aproximava velozmente. O italiano, informado que Senna tinha problemas, tentou aproximar-se, mas seu carro também não estava em condições ideais. Ele tirava de dois a três segundos por volta, mas isso não era o suficiente para chegar em condições de ultrapassar Senna. Faltando duas voltas para o final, começou a chover em Interlagos, o que acabou decidindo a corrida. Patrese preferiu não arriscar-se e tratou de garantir o segundo lugar. Mas Senna não sabia disso, e, com um esforço imenso, levou o carro à bandeirada de chegada. Após cruzar a linha final, Senna permaneceu no carro, sem forças para sair. Depois, auxiliado, entrou em um carro da organização e foi para os boxes. No pódio ficou evidente seu esforço para obter a vitória. Ele mal conseguiu levantar a taça, precisando da ajuda de Ron Dennis, para delírio da torcida. Dois anos depois, em 1993, Senna venceria novamente em casa. Mas de uma forma inesperada, já que, desta vez, as Williams eram nitidamente superiores à McLaren. Damon Hill e Alain Prost dominariam toda a temporada, a não ser pelas vitórias heróicas de Senna com sua McLaren/Ford. Na briga pela pole position, a Williams dominou a primeira fila, com Prost na pole e Hill em segundo. Senna vinha em terceiro cerca de dois segundos mais lento que Prost. Mas, assim que foi dada a largada, os erros de Prost, que demorou demais a fazer as suas trocas de pneus, enquanto Senna as fez nos momentos exatos, e as alterações climáticas (chuvas fortíssimas caíam e cessavam) favoreceram o maior arrojo do piloto brasileiro. A superioridade da Williams, entretanto, era nítida. Hill liderava a prova e Prost vinha em segundo. Na 29ª volta, Prost cometeu seu último erro. Ao ver Christian Fittipaldi derrapar na pista molhada, o francês assustou-se e perdeu o controle do carro, batendo em Christian e saindo da prova. Senna, que vinha em terceiro, partiu à caça de Hill. O jovem piloto inglês ia bem na liderança, mas não era páreo para a determinação do brasileiro. Ao chegar em condições de ultrapassagem, Senna o fez de forma espetacular, com uma manobra digna dos grandes campeões. Após a ultrapassagem, Senna abriu grande vantagem e pôde comemorar a sua segunda vitória no Brasil junto aos fãs. Ao cruzar a linha de chegada, Senna foi cercado por torcedores e teve que parar o carro. Os torcedores fizeram questão de retirá-lo do cockpit e levá-lo nos ombros aos boxes. Um momento inesquecível tanto para o pilto quanto para aqueles que acompanharam sua carreira.

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