Notas para uma Contextualização Analítica
do Turismo e de seu Planejamento Governamental
O
turismo tem-se constituído uma atividade econômica de grande peso e dinamismo
na economia mundial, e é um dos elementos caracterizadores do novo estilo de
vida das sociedades pós-industriais; O
desenvolvimento tecnológico e a informatização se associam na conjugação do encurtamento das distâncias
e da homogeneização dos hábitos, viabilizando para os “inseridos” da
globalização as viagens como símbolo de “status” e de consumo, numa sociedade
onde a indústria cultural ganha grande
significação e a proliferação dos serviços em geral e daqueles destinados à
“manipulação” e ao agenciamento empresarial e mercantil do “tempo do ócio e do
lazer” constituem seguramente novos espaços fronteiras para a reprodução
social.
Por
um lado, a redução da jornada semanal de trabalho, a ampliação do período de
férias, bem como o salário-férias adicional, estabelecem as chamadas condições
objetivas para a expansão da “indústria” da recreação, do lazer e do turismo.
Por outro lado, a ideologia capitalista do aproveitamento produtivo do tempo
livre, a “necessidade de escapismo”, bem como a própria ideologia do turismo
vão moldando uma mentalidade coletiva legitimadora das práticas turísticas e
viabilizadora daquela ”indústria”. Converte-se assim o tempo livre em “tempo
expropriado pela sociedade de consumo que cria nova sociedades”, no rol das
quais a necessidade de viajar se incorpora, e para as quais a indústria se
volta.
O
Estado do Ceará tem se destacado no cenário nacional, através de desempenhos
governamentais considerados bastante existosos pela opinião pública e mídia
nacionais. Uma estratégia mercadológica tem contribuído para tanto. O PRODETUR
–CE compõe uma das diretrizes significativas desta estratégia e uma das
preocupações prioritárias do planejamento estadual, orientada pela ideologia do
desenvolvimento sustentável. Em suma, o turismo seria uma diretriz de
modernização da economia cearense e um “simulacro” veiculador da modernização
cultural e política do Estado, a despeito de esta atividade estar mais conectada com prática e valores da
pós-modernidade. Assim sendo, o planejamento turístico no Ceará é um caso
particular e localizado de um novo contexto responsável pelas alterações dos
antigos fundamentos, possibilidades e ideologia do planejamento governamental,
como instrumento de transformações estruturais significativas numa dada região.
O
desenvolvimento do turismo seria uma forma que leva a conferir a regiões
periféricas subdesenvolvidas como o Ceará uma posição ainda mais residual na
produção industrial.
Fundamentos do Planejamento Governamental do Turismo no Ceará
Diante do grande potencial turístico do Ceará, existiriam cinco
razões que levariam o governo do Ceará a ter uma diretriz de priorizar o
turismo como meio de ampliar suas alternativas de desenvolvimento:
- A primeira seria ver o Turismo como uma saída estratégica para o desenvolvimento econômico do Ceará, tendo em vista as dificuldades e características de sua agricultura e de sua indústria.
- A segunda estaria nos pólos dos pólos turísticos tradicionais à positiva imagem face à opinião pública e mídia nacionais que Estado vem adquirindo. Isto tem se refletido no fato de Fortaleza ser a cidade do Nordeste com maior taxa de permanência média do turista.
- A terceira razão seria o novo papel indutor que no Ceará o governo do Estado passou a ter na promoção dos investimentos, na criação de infra-estrutura social e física em termos gerais e, em particular, no aproveitamento das potencialidades turísticas.
- Desta concepção decorre a quarta razão, referente ao papel integrador que o turismo poderá proporcionar ao litoral cearense, submetido à ação estruturante e articuladora que o PRODETUR promoverá sobre os vários subsistemas da região litorânea.
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