9 de setembro de 2015

COMPORTAMENTO SOCIAL INTERPESSOAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


dEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA


CURSO: BACHARELADO EM TURISMO


DISCIPLINA: PSICOLOGIA           PERÍODO: 2000.1


PROFESSOR:  FRANCINALDO


ALUNOS: ANDRÉA RAMOS PINHEIRO


       cASSIANO RICARDO TEIXEIRA GOMES


       FABRÍCIO PEREIRA GOMES


       RITA DE CÁSSIA MAIA RODRIGUES


 


 


 





 


COMPORTAMENTO SOCIAL INTERPESSOAL


 


 


 


João Pessoa, 21 de Setembro de 2000.



 


 


introdução










  



O estudo do comportamento social interpessoal, é para os psicólogos sociais, um assunto de grande amplitude e consequentemente de pesquisas. Contudo, no texto de KRUGER(1986), é colocado quatro pontos principais para o entendimento do assunto. São eles, percepção de pessoa, comportamento altruísta, comportamento agressivo e poder social.

Neste trabalho, faremos uma síntese de tal texto e em seguida, teceremos comentários a respeito do assunto e sua relação com o Turismo.



  

Percepção de Pessoa.






Antes de tentar entender o que seria a percepção de pessoas, é importante que se faça presente o entendimento do perceber, que seria a consciência que temos de um objeto que se faz presente através de sensações. Assim, a percepção de pessoas seria a nossa busca de informações a respeito de um objeto, levando em consideração nossa subjetividade, através de variáveis como: estereótipos, atitudes, valores, motivos, características de personalidade, estados emocionais e primeiras impressões. Tudo isso pode interferir na nossa percepção.

O objetivo da percepção de pessoas, é saber como, ou se, interagir com uma pessoas, e que tem como característica, o processo investigativo, dirigido para a tomada de certas decisões. Assim, a percepção de pessoas, pode ser descrita em quatro tópicos:



  • Percepção seletiva: a percepção é altamente seletiva e centra o foco em certas áreas de informação que se acredita que são mais úteis. E vai depender da cultura e das motivações de observador. Tem pessoas que percebem a outra através da postura física, dos gestos, tons de voz, acenos de cabeça etc. Com relação ao Turismo, a primeira impressão que se pode ter numa cidade, com relação a sua beleza, atrativos e serviços, pode influenciar na percepção do visitante e assim, na satisfação final que ele terá a seu respeito.
  • Realidade organizada: do ponto de vista psicológico, LUCHINS (1957), descobriu que os itens iniciais são os mais influentes na percepção, ou seja, caso se perceba primeiro que uma pessoas tem uma característica amável, logo teremos uma boa impressão dela, mesmo que depois, saibamos de uma característica oposta.
  • Realidade significativa: os significados podem ser interpretados de diferentes formas, ou seja, um aceno pode ser entendido como um gesto amistoso, pedido de ajuda, meio de transmissão de informações ou forma de ameaça.
  • Categorização: neste caso, a psicologia social estuda a categorização relacionada aos estereótipos, ou seja, se uma pessoa é intitulada como incluída num determinado grupo social, tipo, etário, sexual, profissional, ideológico etc., isso pode determinar uma percepção(às vezes prejudicial), e interferir na relação interpessoal.  É aquela velha história de que todo político é ladrão, toda loira é burra etc.  No caso do Turismo, podemos comparar ao fato da cidade do Rio de Janeiro ser considerada violenta, o que interferiu na demanda turística para o local, principalmente de turistas estrangeiros.
  • Formação de impressões: os estudos de ASCH, constatou que um traço central de personalidade, pode influenciar na impressão global que se pode ter de outras pessoas. Ou seja, que a percepção não é formada de uma soma de característica, mas de uma central, selecionada como mais importante para a percepção. Ainda sobre esse assunto, KELLEY, acrescenta, dizendo que quando obtemos informações previamente, sobre alguma característica de uma pessoas, isso irá determinar também se vamos interagir mais ou menos com essa pessoa. No Turismo, podemos comparar isso, ao fato dos viajantes já terem a noção de que todo francês é chato, e com isso, ao chegar na França, não investe nos relacionamentos pessoais com a comunidade local, aproveitando apenas, os atrativos culturais.
  • Teorias ingênuas ou implícitas (BRUNER & TAGIURI, 1954): essas teorias são constituídas de sistemas de crenças que temos a respeito de outras pessoas, ou seja, caso tenhamos a percepção de uma característica numa pessoas, logo  nossa percepção final, vai levar em consideração que outros traços semelhantes, façam parte desse conjunto. No Turismo, isso pode ser usado de forma positiva para atividade, de forma que um serviço de qualidade num hotel ou num restaurante ou a vista da cidade limpa, pode interferir para que se tenha uma idéia de muitas outras coisas boas a respeito da localidade e sua população.

 



COMPORTAMENTO ALTRUÍSTA


 


 


 


Altruísmo significa na Psicologia Social, condutas que se caracterizam pela intenção em ajudar ou beneficiar outra pessoa (ou pessoas), sem expectativa de recompensa.


Cada corrente científica atribui o comportamento altruísta a um fator específico. No neobehaviorismo o altruísmo é intrinsecamente motivado, sem ser resultado de um aprendizado social, mas sim da história natural da espécie.


Na sociobiologia, setor científico de recente desenvolvimento, a explicação do altruísmo baseia-se na suposição da existência, no código genético.


Mas a contribuição que a Psicologia Social trouxe para o estudo do altruísmo através de pesquisas conduzidas por experimentação, foi que estes comportamentos sofrem influências dos modelos sociais vigentes, como a responsabilidade social, a reciprocidade, a necessidade de expiação de culpa. E os atos que levam o altruísmo deixar de ser praticado, não é apenas por desinteresse ou sentimento malsãos cevados por sentimentos alheios, mas simplesmente porque muitas vezes as pessoas não sabem o que fazer e como proceder em situações de emergências, fato que nos leva a concluir da influência dos modelos sociais em relação ao altruísmo.







                                  


Comportamento Agressivo








            O comportamento agressivo pode ser definido como sendo qualquer  ação praticada intencionalmente que tenha por objetivo causar dano a outrem.

         São várias as teorias que buscam explicar o comportamento agressivo. Uma antiga, porém de grande destaque, é, justamente, a de Dollard ( 1939 ), a da frustração – agressão. De acordo com Dollard a ação agressiva se manifesta subsequente à uma frustração qualquer. A base dessa teoria são os conceitos dados à frustração,  agressão, inibição e deslocamento. Sempre que há uma frustração se seque a ação agressiva. Porém, essa ação agressiva pode ser inibida em função de , por exemplo, o receptor ser intangível ou deter um certo tipo de poder em relação ao agente. Como produto da inibição, temos o deslocamento. Já  que o agente teve sua ação inibida, momentaneamente, a tendência é que ela transfira esse comportamento para um outro ser, que não é o obstáculo, inicialmente, desejado. A grande objeção à teoria de Dollard é o fato de que as ações agressivas, acompanhadas de frustração, podem ser substituídas por reações que não sejam agressivas necessariamente. Como por exemplo: o reexame de estratégias comportamentais e a seleção de metas alternativas. E o grande mérito da teoria é a sua validação transcultural, ou seja, ela é percebida em culturas diversas.

         Já para Sears ( 1957 ) o comportamento agressivo é um produto da aprendizagem social, destacando o importante papel desempenhado pelos pais. A personalidade da criança vai ser mais ou menos agressiva em virtude da educação oferecida pelos pais. Nessa mesma linha de raciocínio, se apresenta a teoria de Bandura ( 1963 ), que afirma ser o comportamento agressivo, aprendido sobretudo pelas crianças, fruto da imitação das ações dos adultos, principalmente daqueles que conseguem alcançar uma posição de destaque na sociedade, os heróis, mitos, atletas, etc. Bandura realizou estudos que mostram uma maior  probabilidade de ações agressivas quando se tem a presença de objetos agressivos ( pistolas, revólveres, facas ) e, também, o fato de assistir um filme violento ( ação, filme de cow – boy ).

         Há , ainda, a teoria defendida pelos Etologistas como Lorenz ( 1973 ), que defendem ser o comportamento agressivo uma ação instintiva, que visa a sobrevivência da espécie. A distribuição de uma espécie em um ambiente geográfico específico, seria em virtude de ações agressivas para defesa do território. Mas, nós achamos que a concentração de uma espécie em um determinado lugar, se deva mais ao fato da adaptação, de melhores condições de sobrevivência, o que em biologia chamamos de ótimo biológico. Os Etologistas acreditam que a agressividade instintiva seja uma forma da espécie conseguir evoluir, um tipo de seleção natural. Notada sobretudo nos combates de acasalamentos, onde os mais preparados conseguem se sobressair.  Como também, a proteção da prole seria um fator desencadeante da ação agressiva, necessária à postergação da espécie. A grande crítica aos etologistas é que esses estudos foram realizados em organismos infra-humanos e, não servirão como estudo humano. Essa é uma questão polêmica que suscita amplos debates.

         Destacamos, ainda, a contribuição de Fromm ( 1975 ) baseadas em duas formas de comportamento agressivo. A primeira é a Benigna, que justifica a ação agressiva como sendo uma forma de sobrevivência do indivíduo e da espécie. Se percebe certa semelhança com a teoria etologista. A Segunda forma de comportamento agressivo, defendida por Fromm, é a maligna, que se manifesta nos requintes de crueldade e da violência inútil, inconseqüente e sádica. Essa, na visão do autor, é fruto de problemas sociais como a pobreza, as drogas e etc. E merece ser combatida, pois representa um grave problema psicossocial.

         Além das naturezas psicológicas, sociológicas e ambientais, o comportamento agressivo pode ser proveniente de algum distúrbio neurológico. Caso típico é o do indivíduo que subiu em uma torre da universidade do Texas e começou a atirar contra as pessoas sob ele, fazendo várias vítimas. Após ser morto por policiais , a autopsia revelou que ele tinha uma grave lesão cerebral que poderia ser a causa de tal comportamento.

         São muitas as teorias que buscam explicar o comportamento agressivo. Porém, parece ser unânime entre os estudiosos do fato, que a intenção é uma característica imprescindível para se intitular uma ação como sendo agressiva. Resguardando, todavia, os etologistas.

         No que diz respeito ao Turismo, acreditamos que a maior contribuição seja a de Kruger ( 1986 ), quando chama a atenção para os efeitos sociais causados pelos conteúdos veiculados nos meios de comunicação de massa. Acreditamos que a divulgação de ações agressivas que atentam contra a integridade física das pessoas, seja um forte entrave para o desenvolvimento turístico de uma determinada localidade. Por exemplo, o Rio de Janeiro.





        


PODER SOCIAL




“ O  conceito de poder aplica-se no estudo da influência social, podendo ser utilizado no campo da pesquisa das relações interpessoais ”.


No decorre do trabalho, tentaremos explicar a citação acima, pois o tema é bastante discutível, entre os estudiosos, quanto ao uso do conceito de poder para estudo científico.  


Segundo Poulantza (1971), que é um pesquisador cientifico, “Admite o poder apenas como categoria de análise nas ciências sociais –  utilizado no conceito de classe social, partido político, casta ...” e que neste caso não poderia usar no de noções psicológicas.


Já os psicólogos mostram interesse em utilizar sistematicamente o conceito de poder social, em teorias de natureza  psicológica e sociológica. E o texto cita duas linhas de pesquisa, mostrando como pode ser utilizado o conceito de poder social nesta área psicossociológica;


McClelland (1971) – Dirige sua linha de pesquisa “em que se busca investigar a motivação ou necessidade de poder”, isto é, qual a necessidade que o homem tem de poder ou porque obedece ou se submete ao poder de outra pessoa. E destaca a existência de duas formas de motivação de poder;


·        A socializada – que é uma forma de poder legitimo – Quer dizer voltada para os interesses e necessidades do grupo social. Exemplo que podemos citar é o Presidente da Embratur, quando elabora projetos de desenvolvimento turístico – para um bem social. 


  • E a outra é a não socializada – onde se ver mais no surgimento de líder empresarial, pois tem interesse somente no prestigio e poder financeiro pessoal. 


Já Raven (1965) – Se prende mais “no estudo da influência de percepções e interpretações dos interatores no exercício do poder.”  No caso ele quer dizer que o uso do poder se dar de varias formas, e que sua força está na interpretação que fazemos de outras pessoas.


Vejamos em que caso nos tornamos mais sensíveis às influencias sociais, que segundo Raven se dar quando a pessoa a qual interagimos, tem a possibilidade de;


  • controlar sistema de punição – multa de no-show em hotel: poder de coerção.

  • distribuir benefícios( no caso venda de pacotes turísticos ): poder de recompensa.

  • que esteja autorizada a influir em comportamentos alheios - podemos voltar ao Presidente da Embratur – quando lança campanha educativas em beneficio do turismo: poder legítimo.

  • que seja uma pessoa tecnicamente habilitada. Podemos citar uma pessoa que emiti parecer sobre uma área que  precisa de preservação ambiental: poder especializado.

  • que se constitua no objeto de nossa afeição – Usando o exemplo de nosso amor pela cidade – tendemos  a divulga-la como o melhor local do mundo: poder referente .

  • ou ainda que tem a possibilidade de emitir informações e argumentos suscetíveis de provocar mudanças em nós. Exemplo,  o código de ética do turismo: poder de informação.



A análise de Raven, deixa aberta a questão de que podemos encontrar outros desenvolvimentos teóricos e de pesquisa, dependendo da situação a qual iremos aplicar, e que o poder referente é o de maior importância dentre os demais, pois é o que melhor resultado se obtem em trabalhos realizados.

E depois destes estudos fica a conjetura se o tema do poder social é desinteressante, como tópico de pesquisa, porém fica a certeza de que quanto mais se publicar sobre o assunto, mais credibilidade terá.






CONCLUSÃO





Através do estudo do comportamento social interpessoal, chegamos ao conhecimento de que percepção seria um importante processo psicológico, bastante influente nos relacionamentos humanos. E ainda, que essa percepção é bastante subjetiva e que sofre variações socioculturais.

O comportamento agressivo, é um assunto mais teórico que do que o altruísta, contudo os dois são representados pela intencionalidade em fazê-lo.

E com relação ao conceito de poder, é indiscutível que ele tem importância quanto a utilização em pesquisas e é amplo o campo onde podemos aplicar, com responsabilidade e ética, os recursos da influência social.

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