João Goulart recebeu a
faixa presidencial no dia 7 de setembro de 1961. Até 6 de janeiro de 1963,
quando o sistema parlamentarista foi extinto, o Brasil teve três
primeiros-ministros:
Tancredo de Almeida Neves (8 de setembro de 1961 a 9 de julho de
1962);
Francisco de Paula Brochado da Rocha (de 9 de julho a 14 de setembro de
1962);
Hermes Lima (de 17 de setembro de 1962 a 23 de janeiro de 1963).
Jango fora eleito pela aliança entre o PTB e o PSD. Era considerado o
herdeiro político de Vargas, o que, sem dúvida contribuiu para sua eleição
como vice-presidente, pela segunda vez. Empossado em 1961, colocou em
prática uma política econômica nacionalista, elaborou um programa de
reformas para o país e procurou apoiar-se na mobilizações das classes
trabalhadoras.
Em 1963, foi realizado um plebiscito no qual a grande maioria dos eleitores
se manifestou com um não ao parlamentarismo, optando assim pela volta ao
regime presidencialista. Depois do plebiscito, João Goulart assumiu sem as
restrições anteriores o poder Executivo, deixando de ser apenas o chefe do
Estado.
O presidente elaborou um Programa de Reformas de Base, com o qual
tencionava promover o desenvolvimento do país em bases nacionalistas. O
programa previa a realização de importantes mudanças: reforma agrária,
reforma tributária, reforma administrativa, bancária e educacional. Jango
defendia também a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores
rurais, a nacionalização de empresas estrangeiras e a aplicação da Lei de
Remessa de Lucros (que deveria diminuir a "fuga" de divisas para
o exterior, sob a forma de lucros auferidos por empresas estrangeiros no
Brasil).
O Programa de reformas do presidente Goulart acentuou a radicalização
política, crescente desde 1961.
A mobilização era intensa, tanto dos partidários de
João Goulart como ode seus opositores. O governo tinha apoio dos
sindicatos, da Confederação dos Trabalhadores (CGT), da UNE, do PTB, dos
socialistas e comunistas.
Por outro lado, organizavam-se também os grupos que condenavam as Reformas
de Base: empresários, fazendeiros, militares e setores da classe média. No
Congresso, o presidente encontrava forte oposição da UDN e do PSD. A
resistência ao governo era apoiada pelos Estados Unidos, cujos interesses
poderiam ser prejudicados pela política reformista de Jango.
Contribuiu também para aumentar a oposição a Goulart a elevada inflação
(que atingiria, em 1963, o índice de 73,5%). A situação política tornava-se
mais difícil em virtude do grande número de greves, por meio dos quais os
trabalhadores reivindicavam melhores condições de trabalho e salário.
Várias manifestações foram organizadas por grupos de oposição, como a Liga
das Mulheres Democráticas, de Belo Horizonte. Tais manifestações reuniam
milhares de pessoas em protesto contra a orientação do governo, que esses
setores consideravam de tendência esquerdista.
No Rio de Janeiro, em 13 de março de 1964, João Goulart participou de um
comício junto à Estação Dom Pedro II, da Central do Brasil. Nessa
oportunidade, assinou decretos de nacionalização de empresas petrolíferas e
de desapropriação de áreas improdutivas situadas às margens de rodovias e
ferrovias.
Seis dias mais tarde, em
São Paulo, multidão calculada em meio milhão de pessoas
participou da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, protestando contra
o governo. A partir de então, o movimento de reação a João Goulart
acelerou-se.
O general Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas, distribuiu pelos comandos das unidades militares uma
circular reservada, na qual advertia a respeito da infiltração comunista no
seio das Forças Armadas.
Em 30 de março, Jango participou de uma manifestação de sargentos no
Automóvel Clube do Rio de Janeiro, tentando ainda uma vez conseguir apoio
para seu governo.
No dia seguinte, em Minas Gerais, o
governador Magalhães Pinto e os generais Olímpio Mourão Filho e Carlos Luís
Guedes deram início a um movimento militar visando à deposição de Goulart,
o movimento recebeu apoio das Forças militares de São Paulo, Pernambuco e
outros Estados. No 1º dia, o presidente partira do Rio de Janeiro para
Brasília, seguindo depois para o Rio Grande do Sul. De lá seguiu para o
Uruguai, onde permaneceu exilado. Goulart faleceu no exílio, em 1977.
Em Brasília, o Congresso entregou mais uma vez a Presidência a Ranieri
Mazzili, que ocupou o cargo durante duas semanas. Após a promulgação do Ato
Institucional nº 1 os militares decidiram que o Congresso Nacional deveria
eleger um novo presidente. Foi escolhido o comandante do movimento de 31 de
março, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
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