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A condição de militar mais antigo entre os oficiais que
derrubaram João Goulart permitiu ao marechal Costa e Silva assumir o
Ministério da Guerra, depois do movimento de 31 de março de 1964, e
reivindicar, mais tarde, a presidência da república.
Artur da Costa e Silva nasceu em Taquari RS, em 3 de outubro de 1902. Aluno
brilhante do Colégio Militar de Porto Alegre, transferiu-se, em 1918, para
a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Aspirante em 1921, foi
promovido a segundo-tenente em 1922, quando tomou parte na tentativa de
levante do 1o Regimento de Infantaria da Vila Militar, em 5 de julho.
Participou das revoluções de 1922 e 1930 e, como capitão, comandou uma
companhia durante a revolução de 1932. Foi adido militar na Argentina e
chegou ao generalato em 1952.
Após a derrubada do presidente João Goulart, chefiou o
comando supremo da revolução, integrado também pelo almirante Augusto
Hamann Rademaker Grünewald, representante da Marinha, e pelo brigadeiro
Francisco Correia de Melo, da Aeronáutica. Nesse período, promoveu a
edição, em 9 de abril de 1964, do Ato Institucional no 1, que suspendeu a
vigência da constituição, alterou o processo de elaboração legislativa e
autorizou o comando da revolução a aplicar punições sumárias ao longo de
três meses. Ocorreram, então, afastamentos nas fileiras das forças armadas
e dos partidos políticos, cassando-se mandatos e suspendendo-se direitos
políticos por dez anos de antigos presidentes, de governadores, de membros
do Congresso, das assembléias e câmaras municipais, além de outras pessoas.
Durante o governo Castelo Branco, Costa e Silva ocupou o
Ministério da Guerra até a homologação de sua candidatura à presidência da
república, em julho de 1966. Foi presidente de 15 de março de 1967 a 31 de agosto de
1969. Adotou uma política econômico-financeira menos rígida que a do
governo anterior, com a abertura de créditos a empresas, taxa flexível de
câmbio para estimular o comércio exterior e reexame da política salarial.
Tudo isso redundou na ativação da economia, ameaçada de recesso após três
anos de esforço antiinflacionário. O Plano Nacional de Comunicações
modernizou essa área, e a política de transportes foi dinamizada com a
abertura e pavimentação de novas estradas, o início da construção da ponte
Rio - Niterói e os primeiros estudos para aproveitamento das vias fluviais.
Em seu mandato o setor da educação foi fonte de inquietação
estudantil, notadamente no Rio de Janeiro. A situação política agravou-se a
partir de agosto, quando, às vésperas do dia da independência, o deputado
Márcio Moreira Alves, da tribuna da Câmara dos Deputados, concitou o país a
não se solidarizar com as comemorações. O marechal Costa e Silva pediu
licença à Câmara para processar o deputado. Negada esta, o governo tomou
uma série de medidas restritivas, que culminaram com a outorga, a 13 de
dezembro de 1968, do Ato Institucional no 5, que colocou o Congresso em
recesso e atribuiu ao executivo poderes mais amplos, entre eles o de
governar mediante decretos.
Posteriormente, Costa e Silva procurou um ponto de equilíbrio. Encomendou
ao vice-presidente Pedro Aleixo a elaboração de uma emenda constitucional
que permitisse reabrir o Congresso.
Concordou-se que o presidente publicaria o projeto
definitivo no dia 30 de agosto, enviando-o ao Congresso, que se reuniria a
8 de setembro. O AI-5 perderia assim sua razão de ser no dia 7 de setembro
de 1969, mas, a 26 de agosto, o marechal manifestou os primeiros sintomas
de uma trombose cerebral, e no dia 31 os ministros militares -- Rademaker,
da Marinha; general Aurélio Lira Tavares, do Exército; e brigadeiro Márcio
de Sousa e Melo, da Aeronáutica -- comunicaram a Pedro Aleixo que não havia
condições para lhe entregar o governo. Organizados em junta militar, sob a
presidência de Rademaker, os três ministros assumiram o poder, exercendo-o
até 31 de outubro, quando o passaram ao general Emílio Garrastazu Médici. O
marechal Costa e Silva faleceu no palácio das Laranjeiras, Rio de Janeiro,
em 17 de dezembro de 1969.
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