9 de agosto de 2020

O Estado do Amazonas

 

O Estado do Amazonas teve sua colonização iniciada em 1541 através de Francisco Orellana.

A sua extensão territorial é de 1.567.967 km2.

O Estado sofreu um desmembramento em sua extensão, quando da criação dos territórios federais de Rio Branco (atual Roraima) e guaporé (atual Rondônia). Isso desfalcou o Amazonas no território e na população.

Em 1755 foi criada a capitania de São José do Rio Negro, no dia 03 de março e com capital na vila de Barcelos. Posteriormente essa capitania recebeu o nome de Manaus, uma cidade pujante e moderna, com domínio sobre a região, dada a sua grande extensão. Em 1757 teve o 1º governador que foi Joaquim de Melo e Póvoas.


Em meados do séc. XIX foi descoberta grande quantidade de látex . o extrativismo (seringueiras).

O apogeu da borracha trouxe grandes riquezas e maravilhosas obras arquitetônicas que são até hoje marcos deslumbrantes na cidade.

Nessa época, surgiu a idéia da construção do teatro Amazonas através do deputado provincial Antônio José Fernandes Júnior.

O teatro foi idealizado como “uma jóia da belle époque cravada na selva amazônica.”. A lei para sua construção foi sancionada pelo presidente da Província do Amazonas, José Lustosa da Cunha Paranaguá em 1882, porém somente em 1884 foi lançada a pedra fundamental (Praça São Sebastião).


 

Sua inauguração foi marcada para o dia 31/12/1896, mas isso aconteceu no dia 7 de janeiro de 1897, ocasião em que se apresentou a famosa Companhia Lírica Italiana, encenando ”La Gioconda”, de Ponchielli. Para o historiador Mário Ipiranga Monteiro, a noite de estréia do teatro marcou um capítulo novo na história da cultura amazonense no séc. XIX, ocasião em que a produção da borracha dominava e abastecia o mundo.

J            Definitivamente a obra foi concluída em 1898 ao custo de 20 contos de réis.

J            O arquiteto Henrique Mazzaloni cuidou da decoração externa, já a decoração interna ficou com o cenógrafo da “comedie Françoise” Crispin do Amaral que levou a Manaus o pintor espanhol Domenico de Angelis, responsável pelos painéis que revestem o salão nobre, onde foi utilizada a técnica de gobelin ( tapeçaria oriental).

O teatro é um estilo neoclássico puxando para o eclético, um dos mais luxuosos da América Latina e que representa o requinte do período áureo da borracha, quando as companhia européias, americanas e asiáticas de dança e representação disputavam seu palco. Ele tem capacidade para 700 espectadores.

Seus portais de mármore de Verona vindo da Itália, o forro em gesso todo em alto relevo (escultor Eurico Quantino) e os 32 candelabros São de Murano (Itália), sua cúpula verde, amarela e azul, é revestida com 36 mil telhas vitrificadas e coloridas, importadas da Alsácia (França).

Elas fizeram a História

 

Elas fizeram a História
A vida insólita das figuras femininas que não

 estão nos livros oficiais

 

O Rio de Janeiro só

existe hoje por

 causa de uma mulher –

 no século 16, a

 portuguesa Inês de

 Sousa impediu que a

 população fosse

saqueada por

 corsários franceses.

Seu nome não está

nos livros dos colégios, como tantas outras figuras

femininas esquecidas pela História oficial. Mulheres

 governaram capitanias, participaram do movimento

 abolicionista, fundaram cidades, guerrearam, sofreram a

 tortura da Inquisição, fundaram partidos políticos. Com a

fronte erguida - ainda que sob o manto da submissão -,

negras pobres, brancas de estirpe e índias guerreiras

participaram da construção do Brasil. Algumas, como as

 meninas e senhoras do quadro ao lado, ficaram na retaguarda, cozinhando, costurando ou educando os filhos. A Pátria, pintura de Pedro Bruno de 1919 exposta no Museu da República, no Rio, mostra as mulheres bordando a primeira bandeira da República. Os 500 anos de História da trajetória feminina no país estão relatados numa suntuosa pesquisa de um grupo de estudiosos do Rio de Janeiro. A Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), uma organização não-governamental feminista, e a produtora Arte Sem Fronteiras mergulharam no passado para resgatar a vida das famosas e anônimas. Nas páginas seguintes, Época conta a história de algumas dessas pessoas que, a seu tempo e a seu modo, transformaram a sociedade.

A longa jornada por conquistas e direitos
1534
Governadora Ana Pimentel assume a Capitania de São Vicente.

1752
O primeiro livro - A brasileira Teresa Margarida da Silva Orta é a primeira mulher a publicar um livro escrito em português. A edição feita em Portugal tinha o título Máximas da Virtude e da Formosura.

1852
Feminismo - É lançada a primeira publicação feminista, o Jornal das Senhoras. As mulheres exigem o acesso à educação.

1881
Universidade - Pela primeira vez, as moças conquistam o direito de entrar nas faculdades de Medicina.

1910
Política - Sob o comando da professora Leolinda de Figueiredo Daltro, é organizado o Partido Republicano Feminino.

1922
Congresso - No Rio de Janeiro, é realizado o primeiro Congresso Feminino Brasileiro, sob a batuta de Bertha Lutz.

1929
Eleição - A capixaba Emiliana Viana Emery conquista, na Justiça, o registro eleitoral e o direito ao voto. Como a Constituição de 1891 era omissa, algumas mulheres recorreram ao Judiciário.

1932
A lei - O presidente Getúlio Vargas concede às mulheres alfabetizadas o direito de voto. Depois do Equador, o Brasil foi o segundo país da América Latina a outorgar o direito.

1934
Nova era - A Constituição Federal assegura igualdade sem distinção de sexo, conquista excluída da Carta de 1937.

1962
Esposas livres - Com a mudança no Estatuto da Mulher Casada, a esposa deixa de ser tutelada pelo marido e pode decidir sobre a própria vida.

1985
Violência - Surgem as primeiras delegacias da mulher, espaço para denúncias de maus-tratos, bandeira antiga das feministas.

1988
Constituinte - A bancada do batom foi eficiente na Constituinte e garantiu, em 1988, uma Carta que assegura igualdade para homens e mulheres na chefia das famílias. Os principais direitos já estão na letra da lei.



 

A salvação na floresta

 

A salvação na floresta

Norte do Paraná serve de refúgio a

perseguidos dos nazistas, entre eles um

menino que é hoje vice-ministro de Finanças

da Alemanha



 

 


Lembrança
Geert Koch-Weser, hoje de volta à Alemanha, viveu na fazenda Veseroda entre 1934 e 1969 e ainda sente saudade dela

 

 

Os cabelos brancos como neve jogados para trás exibem uma fronte ampla com poucas rugas e uma fisionomia tranqüila, mas ligeiramente severa. A expressão marcante do rosto é dominada por olhos azuis muito claros, sugestivos, vivos. Olhos de quem pôde chegar aos 94 anos com aparência de pouco mais de 80, depois de atravessar, ora como testemunha, ora como ator, quase todo o século. O alemão Geert Koch-Weser, nascido em 1905 numa pequena aldeia da região de Bremen (Bremerhaven), nas margens do Rio Weser, mal consegue falar o português. Mas demonstra forte emoção quando lembra "dos mais bonitos anos" de sua vida, 35 ao todo, passados no norte do Paraná, onde ajudou a fundar o núcleo agrário e, mais tarde, a cidade de Rolândia, a cerca de 40 quilômetros de Londrina.

Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.

Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.

Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.

Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).

Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.

Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.

Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.

Edmundo M. Oliveira, de Munique e Rolândia

 

Bravura domada

 

Bravura domada

Foi dos

guaranis a

metade inferior

da América do

 Sul

Modo de vida
Guerreiros, eles

viviam em aldeias

com até 60

famílias,

aparentadas

 entre si.

Língua
O tupi-guarani era a "língua geral" no Brasil colonial.

República Guarani
Chegou a reunir, no Paraguai, 300 mil índios civilizados pelos jesuítas.

 

 

 

 

 

 

Outra constatação é que aqueles índios manejavam o meio ambiente com sabedoria. A diversidade da caça, somada à variação dos locais de coleta, parece indicar uma preocupação em não exaurir os recursos naturais. "O achado nos obriga a examinar aquelas tribos como grupos dotados de uma compreensão complexa do ambiente", diz o arqueólogo André Luís Soares, 32 anos, um dos responsáveis pela descoberta. "Eles sabiam tirar o melhor proveito do meio ambiente sem prejudicá-lo."

Além de ajudar a sepultar dogmas, a descoberta revela hábitos sociais a partir de fragmentos de cerâmica pintada. "Geralmente são vistas como decorativas, mas nos dizem muito sobre a civilização em estudo", afirma o arqueólogo. Por exemplo: certos potes de cerâmica estão relacionados ao consumo de bebida (normalmente o cauim, feito de mandioca e milho). Grande quantidade de bebida representa festa e, por sua vez, a ocorrência de festas significa que havia comida excedente. Pelo mesmo raciocínio, a dimensão das panelas indica que a comida era feita em grande quantidade. O tamanho dessas cerâmicas revela o porte daquela aldeia no conjunto da região. É possível concluir que as relações sociais envolviam diversas aldeias, convidadas de diferentes lugares.

No período em que se iniciou a colonização da América pelos europeus, os guaranis habitavam regiões hoje correspondentes aos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo, além de Argentina, Uruguai e Paraguai. Atraídos para missões jesuíticas, os guaranis atingiram alto grau de civilização. Também se tornaram presas fáceis de bandeirantes dispostos a capturá-los e escravizá-los. No Rio Grande do Sul, muitos acabaram como escravos de fazendeiros, trabalhando no cultivo da erva-mate. Desprotegidos após a expulsão dos jesuítas determinada pelo marquês de Pombal, em 1759, milhares de índios foram dizimados por aventureiros brancos, pela fome ou pelo frio.

A descoberta de Ibarama joga luzes sobre o período em que os guaranis ainda não haviam sido "civilizados" e povoavam livremente as fronteiras da América. Para não deixar dúvidas sobre o assunto, os pesquisadores da UFSM querem promover uma grande escavação, incluindo toda a área onde se localizava a aldeia. Além disso, eles pretendem colocar o material à disposição de colegas de todo o Brasil para que o maior número possível de especialistas ajude a decifrar a civilização guarani.

 

Brasil revive a crise de 1999

 

Brasil revive a crise de 1999, dizem analistas

14:55 23/06


AFP


RIO DE JANEIRO - O Brasil começa a reviver sua pior crise econômica dos últimos anos: os indicadores financeiros repetem o mesmo cenário que em janeiro de 1999 quando o governo foi obrigado a desvalorizar o real em 40% para evitar a fuga de capitais, estimam analistas neste domingo. O presidente do Banco Central, Arminio Fraga, viaja nesta quarta-feira à Europa para acalmar os investidores internacionais.

 

 

 

 

 



O risco Brasil, parâmetro usado pelos investidores estrangeiros, se aproxima do recorde histórico, 1.770 pontos atingidos dia 14 de janeiro de 1999, no dia seguinte da desvalorização.


Sexta-feira, a taxa de risco do país chegou a 1.706 pontos (contra 1.593 na véspera), o mais alto do mundo atrás da Argentina. Em abril estava em 700 pontos.


"Hoje, o medo dos investidores é exatamente o mesmo que naquela época: que o Brasil seja obrigado a renegociar o pagamento de sua dívida externa", declarou o economista Carlos de Freitas, ao Estado de São Paulo, destacando que "a diferença é que atualmente temos o regime de câmbio correto (livre flutuação do real) mas numa outra perspectiva política" - as eleições de outubro.


"O risco-Brasil não tem nenhuma justificativa nos dados fundamentais da economia brasileira que não mudaram", afirmou sexta-feira o ministro das Finanças, Pedro Malan.


O jornal Estado de São Paulo afirma neste domingo, citando informações obtidas na City de Londres, que o presidente do Banco Central, Arminio Fraga, irá à capital britânica quarta-feira, para tentar acalmar os investidores europeus.







 

A conquista dos pampas

 

ALEMÃES

A conquista dos pampas

Desde a criação da gaúcha São Leopoldo, no

início do século XIX, a imigração alemã

firmou uma tradição de pioneirismo

colonizador

 

 



Como antes
O tempo parece ter parado para o clã de Ignácio Stoffel (na frente, à dir.), que ainda prefere a tração animal

 

A cena se repete há quase um século, trocados apenas alguns personagens, sempre da família Stoffel. Em caso de força maior, o clã percorre o trajeto entre seu sítio, em Vila Rosa, e a cidade de Dois Irmãos, nas fraldas da Serra Gaúcha, empoleirado em uma carroça puxada por uma parelha de muares. Quatro gerações após a chegada dos primeiros antepassados ao Brasil, procedentes de Hunsrück, próximo à fronteira alemã com a França, os Stoffel ainda prescindem do automóvel, assim como comem do que plantam e vendem o excedente - quando existe.

Com isso, às vezes com certo aperto, vão tocando a propriedade rural, que já teve 70 hectares e está reduzida a 13, onde cultivam principalmente batata, milho, aipim, cebola e cana-de-açúcar. Mesmo assim, aos 71 anos, Ignácio Stoffel, o atual patriarca, não parece querer desistir.

Atraídos por indicações da agência de turismo do município e pelo interesse em conhecer os hábitos preservados dos primeiros imigrantes, os visitantes que costumam aparecer em Vila Rosa são recebidos no mínimo com um café e um dedo de prosa. Muitos vêm da Alemanha, que o anfitrião não chegou a conhecer, e partem dizendo-se impressionados com a qualidade de vida dos donos do lugar.

"Eles elogiam nossa comida farta e sentem inveja porque podemos plantar algumas frutas deliciosas que o clima muito frio da Alemanha não permite cultivar", conta. A hospitalidade é um traço cultural germânico herdado pela família, assim como o sotaque carregado, os olhos azuis e a pele clara avermelhada pelo sol, além da dedicação ao trabalho.

Faltou aos Stoffel, porém, desenvolver o gosto por aventura, mobilidade geográfica e pioneirismo, tão comum entre seus patrícios que os levou a comandar o desbravamento primeiro do sul e, nas últimas décadas, a extensão da fronteira agrícola em direção ao centro-oeste brasileiro.

São Leopoldo, no Vale dos Sinos gaúcho, foi o ponto de partida dessa saga iniciada em 1824 com a fundação da primeira colônia de imigrantes alemães no país, então recém-emancipado de Portugal. Por influência de José Bonifácio, dom Pedro I decidiu inaugurar com eles um programa de imigração para o sul movido não apenas por questões de segurança nacional, diante das sucessivas disputas territoriais naquela então erma região fronteiriça, como também por um casamento de interesses políticos, literalmente - filha de Francisco I, da Áustria, a imperatriz Leopoldina tinha sangue germânico.

A Alemanha de então era muito diferente da atual. Havia dezenas de reinados, principados, ducados, todos independentes, mas unidos precariamente pelo idioma, que viriam a ser unificados por Bismarck em 1871. Bem antes disso começou o êxodo, impulsionado pela escassez de terras que apenas garantia sua posse ao primogênito de cada família.

Desde a fundação de São Leopoldo, aproximadamente 300 mil alemães se instalaram no Brasil, mas nem sempre fixaram raízes num único lugar. Depois de colonizar o Rio Grande do Sul, ainda no século passado eles subiram para Santa Catarina, hoje o Estado com maior população de descendência alemã - mais de 20% do total -, e rumaram para o Espírito Santo, marcando também presença no Paraná e, em menor escala, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mais importante ainda, pelo caminho foram semeando descendentes e expressivas lideranças em todas as áreas da vida nacional.

Firmaram seu nome nessa galeria, entre outros, o ex-presidente Ernesto Geisel, Lauro Müller, ex-ministro da Viação do presidente Rodrigues Alves, João Henrique Böhm, chefe do Exército de dom José I no Brasil, empresários como Norberto Odebrecht e os Gerdau, jogadores de futebol e até estrelas da moda, como Xuxa Meneghel, Shirley Mallmann e Gisele Bündchen.

 

LEANDRO

 

LEANDRO

 

Leandro, nasceu na fazenda Córrego do Rosa, em Goianápolis, interior de Goiás, no dia 15 de agosto de 1961, assim que nasceu chorava intensamente quando um ruído forte veio do alto, era um avião que passava rente ao telhado da casa, seus pais dona Carmem e seu Avelino nunca chegaram a saber o motivo daquele vôo rasante. Sendo o terceiro dos oito filhos do casal Leandro, na época Luiz José crescia forte e saudável, segundo consta mamava como um bezerrinho. Ainda criança teve uma visão de Nossa Senhora enquanto sua mãe tentava fazer ele dormir. Foi uma garoto muito levado, certa vez soltou o passarinho da vizinha junto com seu irmão Leonardo, depois ficavam morrendo de rir da pobre mulher, e quando a mãe foi falar com eles, Leandro fez uma cara bem malandra e disse: "- O que foi que nós fizemos, mamãe?".

Cansado do trabalho na roça, vivia dizendo que um dia iria se tornar um homem rico. Era encarregado de levar as marmitas com o almoço para os irmãos e o pai na lavoura, até que um dia resolveu passar por um atalho desconhecido, quando avistou uma cruz de madeira, daquelas que marcam o lugar onde morreu alguém, como tinha pavor dessas cruzes encostou-se ao barranco, continuou imóvel perto da cruz, até que uma carroça se aproximou, ele pediu carona ao carroceiro e seguiu seu caminho aliviado. Costumava cabular aula para assistir a novela "Irmãos Coragem", não perdia um capítulo de "O Planeta dos Macacos" e os filmes de "Tarzan". Já em sua juventude conseguiu entrar para a banda "Os Dominantes", que cantava repertório de Roberto Carlos e dos Beatles, entre outros

Conheceu Célia em uma apresentação da dupla, se aproximou dela e não demorou estavam casados, da união do casal nasceu Thiago, mas devido a ausência de Leandro, que buscava o sucesso, o amor entre os dois terminou e eles separaram-se. Passado alguns anos Leandro casou novamente, com Andréa, o casamento deles foi o mais comentado de Goiânia, tendo sido transmitido ao vivo pela televisão. Para a felicidade de ambos nasceu Lyandra. E novamente a agenda super lotada da dupla foi motivo para outra separação, dessa vez de Leandro e Andréa, mas tudo aconteceu de forma amigável, ainda da união do casal nasceu o garotinho Leandro.

Leandro ganhou um livro que falava sobre anjos, certo dia abriu a página do seu nascimento e a mensagem que lá estava chamou sua atenção: "Eu sou uma luz. Sou um forte, iluminado; Passei várias vezes pela terra; Já fui mendigo, pobre demais; Mas fui também professor, fui até médico e monge; Passei por várias etapas; Minha missão está se cumprindo, nada mais tendo a fazer neste mundo; E não votarei mais aqui". A mensagem parece até um aviso do que estava por vir.

Estava pescando na sua fazenda Talismã, no Estado do Tocantins, quando sentiu forte dor nas costas, tomou um remédio que de nada adiantou, a dor continuava. Então viajou até Cotia interior de São Paulo e tirou uma radiografia, mas ainda não era possível fazer um diagnóstico, foi para a capital paulista, onde fez uma bateria de exames, enquanto aguardava os resultados Leandro & Leonardo fizeram um show em Bragança Paulista- SP, cantando um repertório bem alegre e romântico, esse foi o último show da dupla, em 26 de abril de 1998. Até que saiu o resultado dos exames, Leandro estava com um tumor no pulmão direito, não quis esconder nada dos fãs, reunião a imprensa e declarou: "Estou realmente com um problema. Vou lá fora me tratar e resolvi contar meus planos para todos", e para os fãs disse: "Pensem em mim; Orem por mim". Enfrentou tudo com muita coragem, com a certeza que venceria essa batalha: "Se eu tiver um por cento de chance, vou brigar contra esse tumor", jamais desistiu, mas infelizmente Leandro se foi... mas deixou uma grande lição a todos, de nunca desistir do seu ideal, sempre lutar pelo que queremos.

Leandro sempre será lembrado por aqueles que o amam e admiram, que momentos de paz e reflexão nos permitam ouvir a voz suave e harmoniosa do grande cantador, vinda lá de cima, onde brilham as estrelas!

Obs: Esse texto foi extraído de trechos da biografia: "Leandro & Leonardo- A Vida Real da Querida Dupla Sertaneja", de Deurides Santos, Editora Vozes.

aquelesolhos@ieg.com.br

HP Aqueles Olhos Leandro & Leonardo

~2000/2001~

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