28 de junho de 2017

A conquista dos pampas

A conquista dos pampas

Desde a criação da gaúcha São Leopoldo, no
início do século XIX, a imigração alemã
firmou uma tradição de pioneirismo
colonizador





Como antes
O tempo parece ter parado para o clã de Ignácio Stoffel (na frente, à dir.), que ainda prefere a tração animal

A cena se repete há quase um século, trocados apenas alguns personagens, sempre da família Stoffel. Em caso de força maior, o clã percorre o trajeto entre seu sítio, em Vila Rosa, e a cidade de Dois Irmãos, nas fraldas da Serra Gaúcha, empoleirado em uma carroça puxada por uma parelha de muares. Quatro gerações após a chegada dos primeiros antepassados ao Brasil, procedentes de Hunsrück, próximo à fronteira alemã com a França, os Stoffel ainda prescindem do automóvel, assim como comem do que plantam e vendem o excedente - quando existe.

Com isso, às vezes com certo aperto, vão tocando a propriedade rural, que já teve 70 hectares e está reduzida a 13, onde cultivam principalmente batata, milho, aipim, cebola e cana-de-açúcar. Mesmo assim, aos 71 anos, Ignácio Stoffel, o atual patriarca, não parece querer desistir.

Atraídos por indicações da agência de turismo do município e pelo interesse em conhecer os hábitos preservados dos primeiros imigrantes, os visitantes que costumam aparecer em Vila Rosa são recebidos no mínimo com um café e um dedo de prosa. Muitos vêm da Alemanha, que o anfitrião não chegou a conhecer, e partem dizendo-se impressionados com a qualidade de vida dos donos do lugar.

"Eles elogiam nossa comida farta e sentem inveja porque podemos plantar algumas frutas deliciosas que o clima muito frio da Alemanha não permite cultivar", conta. A hospitalidade é um traço cultural germânico herdado pela família, assim como o sotaque carregado, os olhos azuis e a pele clara avermelhada pelo sol, além da dedicação ao trabalho.

Faltou aos Stoffel, porém, desenvolver o gosto por aventura, mobilidade geográfica e pioneirismo, tão comum entre seus patrícios que os levou a comandar o desbravamento primeiro do sul e, nas últimas décadas, a extensão da fronteira agrícola em direção ao centro-oeste brasileiro.

São Leopoldo, no Vale dos Sinos gaúcho, foi o ponto de partida dessa saga iniciada em 1824 com a fundação da primeira colônia de imigrantes alemães no país, então recém-emancipado de Portugal. Por influência de José Bonifácio, dom Pedro I decidiu inaugurar com eles um programa de imigração para o sul movido não apenas por questões de segurança nacional, diante das sucessivas disputas territoriais naquela então erma região fronteiriça, como também por um casamento de interesses políticos, literalmente - filha de Francisco I, da Áustria, a imperatriz Leopoldina tinha sangue germânico.

A Alemanha de então era muito diferente da atual. Havia dezenas de reinados, principados, ducados, todos independentes, mas unidos precariamente pelo idioma, que viriam a ser unificados por Bismarck em 1871. Bem antes disso começou o êxodo, impulsionado pela escassez de terras que apenas garantia sua posse ao primogênito de cada família.

Desde a fundação de São Leopoldo, aproximadamente 300 mil alemães se instalaram no Brasil, mas nem sempre fixaram raízes num único lugar. Depois de colonizar o Rio Grande do Sul, ainda no século passado eles subiram para Santa Catarina, hoje o Estado com maior população de descendência alemã - mais de 20% do total -, e rumaram para o Espírito Santo, marcando também presença no Paraná e, em menor escala, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mais importante ainda, pelo caminho foram semeando descendentes e expressivas lideranças em todas as áreas da vida nacional.

Firmaram seu nome nessa galeria, entre outros, o ex-presidente Ernesto Geisel, Lauro Müller, ex-ministro da Viação do presidente Rodrigues Alves, João Henrique Böhm, chefe do Exército de dom José I no Brasil, empresários como Norberto Odebrecht e os Gerdau, jogadores de futebol e até estrelas da moda, como Xuxa Meneghel, Shirley Mallmann e Gisele Bündchen.



STD AURORA MONITOR






A seguinte imagem é um mapa high-resolution recente das freqüências usable máximas (MUFs) para trajetos do sinal de rádio de 3.000 quilômetros. É também um mapa que mostra a posição atual dos ovals auroral, do terminal de sunrise/sunset e das regiões do mundo onde o sol é 12 graus abaixo do horizonte (qual estima o corredor da cinzento-linha onde a propagação do HF é realçada geralmente). Este é mapa é similar ao plethora de mapas constructable que é produzido pela versão 2,0 de PROPLAB-PRO, um pacote de software de rádio muito poderoso da propagação para a IBM ou computadores compatíveis, ideal para comunicadores de rádio amadores ou profissionais. As instruções em como usar este mapa seguem abaixo.
(este mapa é atualizado cada 5 minutos.)

Usando este mapa
Este é um mapa altamente informativo que pode ser usado por comunicadores de rádio amadores e profissionais determinar freqüências usáveis máximas para todo o trajeto mundial no tempo indicado do UTC (Zulu). As linhas VERMELHAS do contorno parecerão sobrepostas no mapa de MUF se os raios X alcançarem os níveis capazes de produzir desvanecimentos da onda curta em trajetos do sol. Quando isto ocorre, as linhas vermelhas do contorno representam a freqüência a mais elevada (em megahertz) que pode ser absorvida pelos raios X realçados do alargamento solar. Use esta informação junto com nosso mapa novo do absorption do raio X determinar que freqüências e trajetos podem evitar afetam a absorção do sinal de rádio durante alargamentos do raio X. O MUF para todo o trajeto de 3.000 quilômetros pode ser determinado encontrando o ponto médio (ou o ponto incompleto) do trajeto e examinando o MUF nesse ponto médio no mapa encontrando o valor etiquetado do contorno de MUF. Todos os contornos são dados em megahertz. Para trajetos de 4.000 quilômetros, multiplique os valores contorneados dados de MUF por 1,1. O MUF para o trajeto dado de 4.000 quilômetros é determinado então no ponto médio do trajeto desejado. Para uns comprimentos de trajeto mais longos, divida o trajeto no igual segmentos de 3.000 ou 4.000 quilômetros e compute o MUFs que corresponde aos dois pontos médios que estão a 1.500 ou 2.000 quilômetros de cada extremidade do trajeto. Selecione então o mais baixo destes dois MUFs.
Para os comprimentos de trajeto mais longos, divida o trajeto no igual segmentos de 3.000 ou 4.000 quilômetros e compute o MUFs que corresponde aos dois pontos médios que estão a 1.500 ou 2.000 quilômetros de cada extremidade do trajeto. Selecione então o mais baixo destes dois MUFs. O mapa mostra as zonas auroral de rádio como faixas verdes perto dos pólos do norte e do sul. A área dentro das faixas verdes é sabida como a zona auroral. Os sinais de rádio que passam com estas zonas auroral experimentarão a degradação aumentada do sinal no formulário de desvanecer-se, de multipathing e de absorption. As zonas auroral de rádio são equatorward tipicamente deslocado das zonas auroral óticas (ou as regiões onde a atividade auroral visível pode ser vista com o olho). O trajeto do sinal do grande-círculo dos estados unidos orientais a Tokyo Japão é mostrado junto com a distância do trajeto (no quilômetro) e do rolamento do grande-círculo dos E. U. a Tokyo (nos graus do norte). Se as cruzes deste trajeto do sinal através das linhas do verde que indicam a posição e a largura das zonas auroral de rádio, propagação forem mais menos estáveis e degradadas comparado se o sinal nunca se cruzar com as zonas auroral.

Visões da metrópole

Visões da metrópole

Exposição e livro mostram como Portugal
planejou a organização urbana do Brasil no
 período colonial











Medo
O Inferno, obra anônima (cerca de 1510), retrata um índio como o diabo. Será exposta pela primeira vez nas Américas
São Luís do Maranhão,
Salvador, Niterói, João
Pessoa, Taubaté e Itu
tiveram suas ruas.
 planejadas por
 engenheiros
especializados em
arquitetura militar. Ao
contrário do que se
 costuma pensar,
Portugal possuía um
plano bem definido para
 o povoamento do imenso território no qual Pedro Álvares
 Cabral aportou em 1500.

Da primeira missa em Porto Seguro ao grito da Independência, em 1822, a história da construção da maior colônia portuguesa nos trópicos agora pode ser refeita - através de mapas, documentos e quadros - num passeio pelos corredores do Masp, em São Paulo. A exposição Brasil 500 Anos - Descobrimento e Colonização percorre um longo caminho, que começa com o original do Tratado de Tordesilhas, passa pela tela O Inferno, uma das primeiras representações da América na Europa, e chega às pinturas feitas pelos viajantes do século XIX.

Ao longo da mostra, percebe-se a transformação da imagem do Brasil. Os quadros dos primeiros tempos falam do dilema dos navegantes: como classificar a Terra de Santa Cruz, inferno ou paraíso? Trezentos anos depois, dom Pedro I declara a Independência do Brasil com os olhos voltados para o futuro, para o país que prometia tornar-se uma das maiores potências do Ocidente.











Detalhes
Mapa de Salvador, em 1625, incluído no livro de Reis Filho

  A grande novidade da
  exposição está nos mapas
  e desenhos catalogados
  por Nestor Goulart Reis
  Filho, da Faculdade de
   Arquitetura e Urbanismo
  da USP. "As cidades não
  nasceram ao acaso",
  analisa o pesquisador,
  que acaba de ter seu
  trabalho publicado no livro
  Imagens de Vilas e
  Cidades do Brasil





Colonial.

Os desenhos mostram que a maioria das vilas mais antigas possuía muros e portas, como fortalezas. Retratam também o cuidadoso planejamento que os engenheiros militares portugueses fizeram ao organizar Salvador, a cidade que mais crescia na América do século XVIII. No cinturão agrícola formado ao redor das vilas, prosperaram fortunas que desafiavam o monopólio português. Ao planejar o desenvolvimento do país, Portugal acabou criando as condições para sua futura independência. Hoje, isso tudo é História.

                                                                                                        


                                                                                                          Joana Monteleone

Bravura domada

Bravura domada


Foi dos
guaranis a
metade inferior
da América do
 Sul

Modo de vida
Guerreiros, eles
viviam em aldeias
com até 60
famílias,
aparentadas
 entre si.

Língua
O tupi-guarani era a "língua geral" no Brasil colonial.

República Guarani
Chegou a reunir, no Paraguai, 300 mil índios civilizados pelos jesuítas.






Outra constatação é que aqueles índios manejavam o meio ambiente com sabedoria. A diversidade da caça, somada à variação dos locais de coleta, parece indicar uma preocupação em não exaurir os recursos naturais. "O achado nos obriga a examinar aquelas tribos como grupos dotados de uma compreensão complexa do ambiente", diz o arqueólogo André Luís Soares, 32 anos, um dos responsáveis pela descoberta. "Eles sabiam tirar o melhor proveito do meio ambiente sem prejudicá-lo."

Além de ajudar a sepultar dogmas, a descoberta revela hábitos sociais a partir de fragmentos de cerâmica pintada. "Geralmente são vistas como decorativas, mas nos dizem muito sobre a civilização em estudo", afirma o arqueólogo. Por exemplo: certos potes de cerâmica estão relacionados ao consumo de bebida (normalmente o cauim, feito de mandioca e milho). Grande quantidade de bebida representa festa e, por sua vez, a ocorrência de festas significa que havia comida excedente. Pelo mesmo raciocínio, a dimensão das panelas indica que a comida era feita em grande quantidade. O tamanho dessas cerâmicas revela o porte daquela aldeia no conjunto da região. É possível concluir que as relações sociais envolviam diversas aldeias, convidadas de diferentes lugares.

No período em que se iniciou a colonização da América pelos europeus, os guaranis habitavam regiões hoje correspondentes aos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo, além de Argentina, Uruguai e Paraguai. Atraídos para missões jesuíticas, os guaranis atingiram alto grau de civilização. Também se tornaram presas fáceis de bandeirantes dispostos a capturá-los e escravizá-los. No Rio Grande do Sul, muitos acabaram como escravos de fazendeiros, trabalhando no cultivo da erva-mate. Desprotegidos após a expulsão dos jesuítas determinada pelo marquês de Pombal, em 1759, milhares de índios foram dizimados por aventureiros brancos, pela fome ou pelo frio.

A descoberta de Ibarama joga luzes sobre o período em que os guaranis ainda não haviam sido "civilizados" e povoavam livremente as fronteiras da América. Para não deixar dúvidas sobre o assunto, os pesquisadores da UFSM querem promover uma grande escavação, incluindo toda a área onde se localizava a aldeia. Além disso, eles pretendem colocar o material à disposição de colegas de todo o Brasil para que o maior número possível de especialistas ajude a decifrar a civilização guarani.


AGUA COM ESTÔMAGO VAZIO; LEIAM!!!

AGUA COM ESTÔMAGO VAZIO; LEIAM




 
Quanto mais se sabe, maiores hipóteses de sobrevivência...

Um cardiologista diz que se todos que receberem esta mensagem, a enviarem a pelo menos uma das pessoas que conhecem, pode ter a certeza de que, pelo menos, poderá salvar uma vida.
    
Beba água com estômago vazio. 
 
Hoje é muito popular, no Japão, beber água imediatamente ao acordar. Além disso, a evidência científica tem demonstrado estes valores. Abaixo divulgamos uma descrição da utilização da água para os nossos leitores.
 
Para doenças antigas e modernas, este tratamento com água tem sido muito bem sucedido....
 
Para a sociedade médica japonesa, uma cura de até 100% para as seguintes doenças:
 
Dores de cabeça, dores no corpo, problemas cardíacos, artrite, taquicardia, epilepsia, excesso de gordura, bronquite, asma, tuberculose, meningite, problemas do aparelho urinário e doenças renais, vômitos, gastrite, diarreia, diabetes, hemorroidas, todas as doenças oculares, obstipação, útero, câncer e distúrbios menstruais, doenças de ouvido, nariz e garganta.
 


 
Método de tratamento:
1. De manhã e antes de escovar os dentes, beber 2 copos de água.

 
2. Escovar os dentes, mas não comer ou beber nada durante 15 minutos.
 
3. Após 15 minutos, você pode comer e beber normalmente.
 
4. Depois do lanche, almoço e jantar não se deve comer ou beber nada durante 2 horas.
 
5. Pessoas idosas ou doentes que não podem beber 2 copos de água, no início podem começar por tomar um copo de água e aumentar gradualmente.
 
6. O método de tratamento cura os doentes e permite aos outros desfrutar de uma vida mais saudável.
 


 
A lista que se segue apresenta o número de dias de tratamento que requer a cura das principais doenças:
1. Pressão Alta - 30 dias

 
2. Gastrite - 10 dias
 
3. Diabetes - 30 dias
 
4. Obstipação - 10 dias
 
5. Câncer - 180 dias
 
6. Tuberculose - 90 dias
 
7. Os doentes com artrite devem continuar o tratamento por apenas 3 dias na primeira semana e, desde a segunda semana, diariamente.
 


 
Este método de tratamento não tem efeitos secundários. No entanto, no início do tratamento terá de urinar frequentemente.
 
É melhor continuarmos o tratamento mesmo depois da cura, porque este procedimento funciona como uma rotina nas nossas vidas. Beber água é saudável e dá energia.
 
Isto faz sentido: o chinês e o japonês bebem líquido quente com as refeições, e não água fria.
 
Talvez tenha chegado o momento de mudar seus hábitos de água fria para água quente, enquanto se come. Nada a perder, tudo a ganhar!
 


 
Para quem gosta de beber água fria.
 


 
Beber um copo de água fria ou uma bebida fria após a refeição solidifica o alimento gorduroso que você acabou de comer. Isso retarda a digestão..
 
Uma vez que essa 'mistura' reage com o ácido digestivo, ela reparte-se e é absorvida mais rapidamente do que o alimento sólido para o trato gastrointestinal. Isto retarda a digestão, fazendo acumular gordura em nosso organismo e danifica o intestino.
 
É melhor tomar água morna, ou se tiver dificuldade, pelo menos água natural.
 

 
 
Nota muito grave - perigoso para o coração:
 
As mulheres devem saber que nem todos os sintomas de ataques cardíacos vão ser uma dor no braço esquerdo.
 
Esteja atento para uma intensa dor na linha da mandíbula. Você pode nunca ter primeiro uma dor no peito durante um ataque cardíaco.
 
Náuseas e suores intensos são sintomas muito comuns.
 
60% das pessoas têm ataques cardíacos enquanto dormem e não conseguem despertar. Uma dor no maxilar pode despertar de um sono profundo...
 
Sejamos cuidadosos e vigilantes.
 
Quanto mais se sabe, maior chance de sobrevivência...
 
Um cardiologista diz que se todos que receberem esta mensagem, a enviarem a pelo menos uma das pessoas que conhecem, pode ter a certeza de que, pelo menos, poderá salvar uma vida.
 


 


 
Ser um verdadeiro amigo é enviar este artigo para todos os seus amigos e conhecidos.
 

 
Acabei de fazer isso!
 Boa semana a todos.


Primeira Estação de Rádio

Primeira Estação de Rádio


O primeiro transmissor de ondas de rádio no Brasil que se tem notícia, foi instalado no ano de 1913 por Paul Forman Godley, um dos fundadores da ADAMS-MORGAN/ PARAGON, na região Amazônica, a pedido do governo brasileiro. Ao retornar para a América, ele conheceu Edwin Howard Armstrong numa reunião do Clube de Rádio da América em 1914, e se admirou ao saber que Armstrong conseguia escutar essas estações brasileiras com regularidade. O segredo, claro, era o circuito regenerativo. Armstrong não havia conseguido fazer funcionar o circuito regenerativo nas ondas curtas, onde os radioamadores operavam, além do mais, ele tinha maiores interesses na área comercial do rádio. Após uma série de testes, Godley ajustou os circuitos de grade e placa de seu rádio com variometers auto ajustáveis, e aí nasceu o receptor Paragon


A salvação na floresta

A salvação na floresta

Norte do Paraná serve de refúgio a
perseguidos dos nazistas, entre eles um
menino que é hoje vice-ministro de Finanças
da Alemanha






Lembrança
Geert Koch-Weser, hoje de volta à Alemanha, viveu na fazenda Veseroda entre 1934 e 1969 e ainda sente saudade dela


Os cabelos brancos como neve jogados para trás exibem uma fronte ampla com poucas rugas e uma fisionomia tranqüila, mas ligeiramente severa. A expressão marcante do rosto é dominada por olhos azuis muito claros, sugestivos, vivos. Olhos de quem pôde chegar aos 94 anos com aparência de pouco mais de 80, depois de atravessar, ora como testemunha, ora como ator, quase todo o século. O alemão Geert Koch-Weser, nascido em 1905 numa pequena aldeia da região de Bremen (Bremerhaven), nas margens do Rio Weser, mal consegue falar o português. Mas demonstra forte emoção quando lembra "dos mais bonitos anos" de sua vida, 35 ao todo, passados no norte do Paraná, onde ajudou a fundar o núcleo agrário e, mais tarde, a cidade de Rolândia, a cerca de 40 quilômetros de Londrina.

Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.

Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.

Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.

Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).

Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.

Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.

Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.
Edmundo M. Oliveira, de Munique e Rolândia