UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
dEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO: BACHARELADO EM TURISMO
DISCIPLINA: PSICOLOGIA PERÍODO: 2000.1
PROFESSOR:
FRANCINALDO
ALUNOS: ANDRÉA RAMOS PINHEIRO
cASSIANO RICARDO TEIXEIRA GOMES
FABRÍCIO PEREIRA GOMES
RITA DE CÁSSIA MAIA RODRIGUES
COMPORTAMENTO SOCIAL INTERPESSOAL
João Pessoa, 21 de Setembro de 2000.
introdução
O estudo do
comportamento social interpessoal, é para os psicólogos sociais, um assunto de
grande amplitude e consequentemente de pesquisas. Contudo, no texto de
KRUGER(1986), é colocado quatro pontos principais para o entendimento do
assunto. São eles, percepção de pessoa, comportamento altruísta, comportamento
agressivo e poder social.
Neste trabalho,
faremos uma síntese de tal texto e em seguida, teceremos comentários a respeito
do assunto e sua relação com o Turismo.
Percepção
de Pessoa.
Antes de tentar entender o que
seria a percepção de pessoas, é importante que se faça presente o entendimento
do perceber, que seria a consciência que temos de um objeto que se faz presente
através de sensações. Assim, a percepção de pessoas seria a nossa busca de
informações a respeito de um objeto, levando em consideração nossa
subjetividade, através de variáveis como: estereótipos, atitudes, valores,
motivos, características de personalidade, estados emocionais e primeiras
impressões. Tudo isso pode interferir na nossa percepção.
O objetivo da percepção de pessoas,
é saber como, ou se, interagir com uma pessoas, e que tem como característica,
o processo investigativo, dirigido para a tomada de certas decisões. Assim, a
percepção de pessoas, pode ser descrita em quatro tópicos:
Percepção seletiva: a percepção é altamente seletiva e centra
o foco em certas áreas de informação que se acredita que são mais úteis. E vai
depender da cultura e das motivações de observador. Tem pessoas que percebem a
outra através da postura física, dos gestos, tons de voz, acenos de cabeça etc.
Com relação ao Turismo, a primeira impressão que se pode ter numa cidade, com
relação a sua beleza, atrativos e serviços, pode influenciar na percepção do
visitante e assim, na satisfação final que ele terá a seu respeito.
Realidade organizada: do ponto de vista psicológico, LUCHINS
(1957), descobriu que os itens iniciais são os mais influentes na percepção, ou
seja, caso se perceba primeiro que uma pessoas tem uma característica amável,
logo teremos uma boa impressão dela, mesmo que depois, saibamos de uma
característica oposta.
Realidade significativa: os significados podem ser
interpretados de diferentes formas, ou seja, um aceno pode ser entendido como
um gesto amistoso, pedido de ajuda, meio de transmissão de informações ou forma
de ameaça.
Categorização: neste caso, a psicologia social estuda a
categorização relacionada aos estereótipos, ou seja, se uma pessoa é intitulada
como incluída num determinado grupo social, tipo, etário, sexual, profissional,
ideológico etc., isso pode determinar uma percepção(às vezes prejudicial), e
interferir na relação interpessoal. É
aquela velha história de que todo político é ladrão, toda loira é burra
etc. No caso do Turismo, podemos
comparar ao fato da cidade do Rio de Janeiro ser considerada violenta, o que
interferiu na demanda turística para o local, principalmente de turistas
estrangeiros.
Formação de impressões: os estudos de ASCH, constatou que um
traço central de personalidade, pode influenciar na impressão global que se
pode ter de outras pessoas. Ou seja, que a percepção não é formada de uma soma
de característica, mas de uma central, selecionada como mais importante para a
percepção. Ainda sobre esse assunto, KELLEY, acrescenta, dizendo que quando
obtemos informações previamente, sobre alguma característica de uma pessoas,
isso irá determinar também se vamos interagir mais ou menos com essa pessoa. No
Turismo, podemos comparar isso, ao fato dos viajantes já terem a noção de que
todo francês é chato, e com isso, ao chegar na França, não investe nos relacionamentos
pessoais com a comunidade local, aproveitando apenas, os atrativos culturais.
Teorias ingênuas ou implícitas (BRUNER & TAGIURI, 1954):
essas teorias são constituídas de sistemas de crenças que temos a respeito de
outras pessoas, ou seja, caso tenhamos a percepção de uma característica numa
pessoas, logo nossa percepção final, vai
levar em consideração que outros traços semelhantes, façam parte desse
conjunto. No Turismo, isso pode ser usado de forma positiva para atividade, de
forma que um serviço de qualidade num hotel ou num restaurante ou a vista da
cidade limpa, pode interferir para que se tenha uma idéia de muitas outras
coisas boas a respeito da localidade e sua população.
COMPORTAMENTO ALTRUÍSTA
Altruísmo
significa na Psicologia Social, condutas que se caracterizam pela intenção em
ajudar ou beneficiar outra pessoa (ou pessoas), sem expectativa de recompensa.
Cada
corrente científica atribui o comportamento altruísta a um fator específico. No
neobehaviorismo o altruísmo é intrinsecamente motivado, sem ser resultado de um
aprendizado social, mas sim da história natural da espécie.
Na
sociobiologia, setor científico de recente desenvolvimento, a explicação do
altruísmo baseia-se na suposição da existência, no código genético.
Mas
a contribuição que a Psicologia Social trouxe para o estudo do altruísmo
através de pesquisas conduzidas por experimentação, foi que estes
comportamentos sofrem influências dos modelos sociais vigentes, como a
responsabilidade social, a reciprocidade, a necessidade de expiação de culpa. E
os atos que levam o altruísmo deixar de ser praticado, não é apenas por
desinteresse ou sentimento malsãos cevados por sentimentos alheios, mas
simplesmente porque muitas vezes as pessoas não sabem o que fazer e como
proceder em situações de emergências, fato que nos leva a concluir da
influência dos modelos sociais em relação ao altruísmo.
Comportamento Agressivo
O comportamento agressivo pode ser
definido como sendo qualquer ação
praticada intencionalmente que tenha por objetivo causar dano a outrem.
São várias as teorias que buscam
explicar o comportamento agressivo. Uma antiga, porém de grande destaque, é,
justamente, a de Dollard ( 1939 ), a da frustração – agressão. De acordo com
Dollard a ação agressiva se manifesta subsequente à uma frustração qualquer. A
base dessa teoria são os conceitos dados à frustração, agressão, inibição e deslocamento. Sempre que
há uma frustração se seque a ação agressiva. Porém, essa ação agressiva pode
ser inibida em função de , por exemplo, o receptor ser intangível ou deter um
certo tipo de poder em relação ao agente. Como produto da inibição, temos o
deslocamento. Já que o agente teve sua
ação inibida, momentaneamente, a tendência é que ela transfira esse
comportamento para um outro ser, que não é o obstáculo, inicialmente, desejado.
A grande objeção à teoria de Dollard é o fato de que as ações agressivas,
acompanhadas de frustração, podem ser substituídas por reações que não sejam
agressivas necessariamente. Como por exemplo: o reexame de estratégias
comportamentais e a seleção de metas alternativas. E o grande mérito da teoria
é a sua validação transcultural, ou seja, ela é percebida em culturas diversas.
Já para Sears ( 1957 ) o comportamento
agressivo é um produto da aprendizagem social, destacando o importante papel
desempenhado pelos pais. A personalidade da criança vai ser mais ou menos
agressiva em virtude da educação oferecida pelos pais. Nessa mesma linha de
raciocínio, se apresenta a teoria de Bandura ( 1963 ), que afirma ser o
comportamento agressivo, aprendido sobretudo pelas crianças, fruto da imitação
das ações dos adultos, principalmente daqueles que conseguem alcançar uma
posição de destaque na sociedade, os heróis, mitos, atletas, etc. Bandura
realizou estudos que mostram uma maior
probabilidade de ações agressivas quando se tem a presença de objetos
agressivos ( pistolas, revólveres, facas ) e, também, o fato de assistir um
filme violento ( ação, filme de cow – boy ).
Há , ainda, a teoria defendida pelos
Etologistas como Lorenz ( 1973 ), que defendem ser o comportamento agressivo
uma ação instintiva, que visa a sobrevivência da espécie. A distribuição de uma
espécie em um ambiente geográfico específico, seria em virtude de ações
agressivas para defesa do território. Mas, nós achamos que a concentração de
uma espécie em um determinado lugar, se deva mais ao fato da adaptação, de
melhores condições de sobrevivência, o que em biologia chamamos de ótimo
biológico. Os Etologistas acreditam que a agressividade instintiva seja uma
forma da espécie conseguir evoluir, um tipo de seleção natural. Notada
sobretudo nos combates de acasalamentos, onde os mais preparados conseguem se
sobressair. Como também, a proteção da
prole seria um fator desencadeante da ação agressiva, necessária à postergação
da espécie. A grande crítica aos etologistas é que esses estudos foram
realizados em organismos infra-humanos e, não servirão como estudo humano. Essa
é uma questão polêmica que suscita amplos debates.
Destacamos, ainda, a contribuição de
Fromm ( 1975 ) baseadas em duas formas de comportamento agressivo. A primeira é
a Benigna, que justifica a ação agressiva como sendo uma forma de sobrevivência
do indivíduo e da espécie. Se percebe certa semelhança com a teoria etologista.
A Segunda forma de comportamento agressivo, defendida por Fromm, é a maligna,
que se manifesta nos requintes de crueldade e da violência inútil,
inconseqüente e sádica. Essa, na visão do autor, é fruto de problemas sociais
como a pobreza, as drogas e etc. E merece ser combatida, pois representa um
grave problema psicossocial.
Além das naturezas psicológicas,
sociológicas e ambientais, o comportamento agressivo pode ser proveniente de
algum distúrbio neurológico. Caso típico é o do indivíduo que subiu em uma
torre da universidade do Texas e começou a atirar contra as pessoas sob ele,
fazendo várias vítimas. Após ser morto por policiais , a autopsia revelou que
ele tinha uma grave lesão cerebral que poderia ser a causa de tal
comportamento.
São muitas as teorias que buscam
explicar o comportamento agressivo. Porém, parece ser unânime entre os
estudiosos do fato, que a intenção é uma característica imprescindível para se
intitular uma ação como sendo agressiva. Resguardando, todavia, os etologistas.
No que diz respeito ao Turismo,
acreditamos que a maior contribuição seja a de Kruger ( 1986 ), quando chama a
atenção para os efeitos sociais causados pelos conteúdos veiculados nos meios
de comunicação de massa. Acreditamos que a divulgação de ações agressivas que
atentam contra a integridade física das pessoas, seja um forte entrave para o
desenvolvimento turístico de uma determinada localidade. Por exemplo, o Rio de
Janeiro.
PODER SOCIAL
“
O conceito de poder aplica-se no estudo
da influência social, podendo ser utilizado no campo da pesquisa das relações
interpessoais ”.
No decorre do trabalho, tentaremos
explicar a citação acima, pois o tema é bastante discutível, entre os
estudiosos, quanto ao uso do conceito de poder para estudo científico.
Segundo
Poulantza (1971), que é um pesquisador cientifico, “Admite o poder apenas como
categoria de análise nas ciências sociais –
utilizado no conceito de classe social, partido político, casta ...” e
que neste caso não poderia usar no de noções psicológicas.
Já
os psicólogos mostram interesse em utilizar sistematicamente o conceito de
poder social, em teorias de natureza
psicológica e sociológica. E o texto cita duas linhas de pesquisa,
mostrando como pode ser utilizado o conceito de poder social nesta área
psicossociológica;
McClelland
(1971) – Dirige sua linha de pesquisa “em que se busca investigar a motivação
ou necessidade de poder”, isto é, qual a necessidade que o homem tem de poder
ou porque obedece ou se submete ao poder de outra pessoa. E destaca a
existência de duas formas de motivação de poder;
·
A socializada – que é
uma forma de poder legitimo – Quer dizer voltada para os interesses e
necessidades do grupo social. Exemplo que podemos citar é o Presidente da
Embratur, quando elabora projetos de desenvolvimento turístico – para um bem
social.
Já
Raven (1965) – Se prende mais “no estudo da influência de percepções e
interpretações dos interatores no exercício do poder.” No caso ele quer dizer que o uso do poder se
dar de varias formas, e que sua força está na interpretação que fazemos de
outras pessoas.
Vejamos
em que caso nos tornamos mais sensíveis às influencias sociais, que segundo
Raven se dar quando a pessoa a qual interagimos, tem a possibilidade de;
A análise de
Raven, deixa aberta a questão de que podemos encontrar outros desenvolvimentos
teóricos e de pesquisa, dependendo da situação a qual iremos aplicar, e que o
poder referente é o de maior importância dentre os demais, pois é o que melhor
resultado se obtem em trabalhos realizados.
E depois destes
estudos fica a conjetura se o tema do poder social é desinteressante, como
tópico de pesquisa, porém fica a certeza de que quanto mais se publicar sobre o
assunto, mais credibilidade terá.
CONCLUSÃO
Através do estudo do
comportamento social interpessoal, chegamos ao conhecimento de que percepção
seria um importante processo psicológico, bastante influente nos
relacionamentos humanos. E ainda, que essa percepção é bastante subjetiva e que
sofre variações socioculturais.
O comportamento
agressivo, é um assunto mais teórico que do que o altruísta, contudo os dois
são representados pela intencionalidade em fazê-lo.
E com relação ao
conceito de poder, é indiscutível que ele tem importância quanto a utilização
em pesquisas e é amplo o campo onde podemos aplicar, com responsabilidade e
ética, os recursos da influência social.