15 de junho de 2008

A Casa do Espanto



A Casa do Espanto
Ilustração: "Monte Alentejano" pintura de Rodrigo Pombeiro

I
Era nesta casa que habitava o medo.
Vinham depenadas almas pela chamainé abaixo,
acendendo a lareira de contos e de casos.
Dizia-se que calçavam os sapatos dos vivos e as almas
daqueles que as abrigavam no alvoroço dos sentidos.
A escuridão gritava nomes que não tinham corpo e as paredes
nomeavam cidades desconhecidas no mapa dos sonhos.
II
De manhã éramos cal viva virada ao sol na claridade aflita
das paredes emudecidas. A casa despertava como pão crescendo
no forno, estalando o tecto no seu caniçal ao rés do vento.
Havia sempre um touro no meu olhar investindo contra o mundo.
Este resumia-se ao lagar e ao açude onde erigia barragens
e paisagens desconhecidas.
III
Na imobilidade das coisas surgiam perfis estáticos de lobos.
Alimentavam a planura dos dias expiando-me, espantando
pegas e atouguias que nenhum espantalho arredava das searas
tal como nada arredava a monotonia. Eram pedras verde esmeralda
luzindo no brasido dos dias. Tão persistentes como as raposas
embalsamadas, colhidas em pleno gesto de pilhagem de galinhas.
Ainda povoavam as noites com gritos de gente que caíam a pique
no tecto da noite. E a casa ouvia.
IV
À tarde enfeitava-me com laços de melancolia para me lançar
no colo do sol, na falta do pai que trabalhava rente à noitinha.
Ficava na soleira da porta acompanhando o espanto da passarada
em fuga, levando-me, levando-me para a outra margem da vida.
Não havia crianças, só pássaros e galinhas.
V
Os homens dormiam sestas e apascentavam
dentro de si os rebanhos que lhes nasciam nos braços.
Semeavam alqueires de esperança no coração
e esvaíam-se em sementes no corpo húmido da terra.
Havia mulheres que se doavam nos palheiros num fervilhar
das ancas. Eram férteis investidas silenciando as tardes
no abafar dos gemidos. Nem todas conheciam o lume
que pode arder no silêncio que guarda as sestas. Uma mulher
guardava gansos e descobriu-se um dia que falava como eles,
no fundo da garganta o grito era sempre de espanto.
VI
A casa ainda hoje exala balidos de vento e os chocalhos
das memórias idas. Na caliça que se perde esboroam-se
traços de unhas e vidas que a humidade calcificou.
Uma solidão que saiu para fora da casa e me seguiu em busca
da cidade. Descobri que afinal o outro lado do mundo
era um aglomerado de pessoas a coberto de nenhum beiral.
VII
Sim, era nesta casa que habitava a infância.
As casas brancas do inconsciente são todas feitas de pedra
e apodrecem de pé.
Algumas têm portas que se fecham a cadeados como o esquecimento.
Às vezes são arrombadas por nortadas, outras escancaram-se mesmo sem vento.
Mas esta permanece aberta de par em par e eu lá dentro.

de
SaraComAmor

Naquele tempo


Naquele tempo...


Naquele tempo as noites uivavam por entre o arvoredo e
havia luas presas nos teus olhos. Eram então bíblicos
momentos...
Eu vinha sentar-me no teu colo sem saber que te
cresciam no peito velhas giestas cobertas pela solidão
do deserto.
Olhavas-me com a placidez dos pastores que guardam
pensamentos antigos na fome calada dos montes...
Vês o meu gesto de abandono? Sou de novo menina e o
teu colo é o baloiço dos meus sonhos.
Tu puxavas-me para o centro do teu corpo, no ponto
onde te crescia a solidão a fundo.
Então o dia clareava em volta dos teus olhos e tu sorrias
com a palidez do sol de Inverno. Talvez o teu amor
nascesse com as estações, nos primeiros botões da
amendoeira e morresse com elas em cada maçã serôdia,
cada folha seca a rastejar na poeira...
Talvez a realidade te habitasse desmesuradamente
para que não tivesses de a habitar mas o certo...
...é que um dia no teu olhar cresceu um tronco e nele
vieram pousar todos os pássaros mortos
da casa abandonada dos teus sonhos.
E eu desfis as tranças e parti para onde as mãos tangem o vento.
Porque naquele tempo ainda existias no fundo da minha boca
como verbo, como carne, como nome, como o ser gramatical
dos versos loucos.
E eu vertia sal na água das fontes, se te sentia à tona do meu corpo.
Ainda não sei se foi o tempo, se a neblina, se um excesso de musgo...
mas no pulsar dos dias perdi a latitude do teu rosto,
excessivamente cavada na memória.
Eu diria, se não fosse dizer pouco, que nasceram flores sobre o teu busto.


deSaraComAmor

Conta-me uma história


Conta-me uma história...

Conta-me uma história
Conta-me simplesmente uma pequena história de embalar
Como aquelas que me contavam quando eu era criança
Mas conta-me essa história agora
Quero que o meu riso de lembranças
Seja embalado pelo teu sorriso branco
Que tanto me evoca as pálidas e translúcidas pétalas das rosas
A sorrirem-me num canteiro de um jardim improvável de Veneza
Aonde eu nunca fui
Ou vogando tranquilas na superfície lenta de uma lagoa
Como barcos impossíveis dos deuses das florestas
Conta-me uma história
Conta-me aquela história cheia de risos e de sonhos
Como as que me contavam quando a juventude ardia em mim
E os dias nasciam na intensidade das paixões
E sempre tão preenchidos de Sol
Ou de neblinas feéricas de mistério e encantamento
Que nos perdíamos em mares de abismos glaucos
Ou de tremendas tempestades
A viver sonhos com olhos acordados de espanto
Conta-me uma história
Depressa
Uma outra história de combate
Feita com palavras urgentes de ferir como o ferro duro e frio das adagas
Como aquelas palavras segredadas que surgiam
Nas madrugadas cinzentas
Das afrontas dos medos e das incertezas
A cercarem-nos imperativas de violência
Como se estivéssemos sós
E o mundo quase todo à nossa volta nos não soubesse
Conta-me uma história
Podes contá-la agora
Quando a falta que o tempo me faz me torna o tempo maior
A história das histórias contadas
A trança de uma vida que eu faço e da qual vivo
Uma história com o sabor de exóticas especiarias
Mas que contenha também a doçura indizível dos doces caseiros
As ementas que me trazem o calor da minha mãe
Condimentadas com afectos entrelaçados por um cordão de mãos
Que alguma vez senti
Conta-me uma história
Uma história que me diga onde estás
Que me ajude a encontrar-me melhor porque te encontro
Ou a encontrar-te talvez se me procuro...

13 de junho de 2008

O Porquinho Marrom


O Porquinho Marrom


Tema : respeito à Propriedade Alheia
Indicação de 6 a 10 anos
Motivação a critério do Evangelizador.
Desenvolvimento:
Era uma vez um lindo porquinho chamado ventura.Era o mimoso da casa da casa. Andava pelo pátio atrás das crianças, brincando com o gato, associava-se a canja do totó e em todos os lugares era bem recebido.
Mas, apesar de tudo isso, porquinho ventura, não andava satisfeito. È que ele era muito guloso e a muito vinha cobiçando umas laranjas bem madurinhas que avistou num quintal muito longe de onde morava.

Pensava tanto nelas que ultimamente andava triste, triste
Seus amigos prediletos: a gatinha Mimi eo cachorrinho Totó preocupavam-se só de vê-lo assim,só pensando naquelas laranjas

Au Au, dizia totó meio zangado. Não sabes então que aquelas frutas são do vizinho?
Miau Miau! Aconselhava Mimi, lembra-te Amigo , é feio e perigoso pegar o que é dos outros.
Porquinho Ventura baixava a cabeça meio envergonhado. Sabia que seus amigos tinham razão e que ninguém gostava de bichinhos que mexessem nas coisas alheias. Suspirava então. As laranjas estavam tão madurinhas!...E fazia mil promessas de não tocar nelas.
Um dia, porem, Ventura resolveu passear sozinho.Atravessou o quintal e saiu estrada afora.
Ora correndo atras de uma borboleta, ora fuçando uma terrinha gostosa, foi-se afastando sem notar que estava longe demais. De repente parou preocupado. Grossas nuvens apareciam no céu e um vento frio começou a soprar. Aproximava-se um temporal.
Porquinho Ventura assustou-se, quando ouviu o primeiro trovão "Tenho que voltar depressa para casa’’
E girando nas patinhas começou a correr
"Vou atalhar por este campinho, pois ficará mais perto.’’ Mas para passar pelo tal campinho , precisava atravessar uma cerca de arame farpado e o coitado do Ventura quase ficou com o seu rabicho preso .
Não há de ser nada murmurou ele corajosamente, coçando o rabinho todo arranhado.


A chuva porem não esperou a cair. Ensopado até os ossos, Ventura teve que procurar um abrigo até que passasse o temporal. Foi então que avistou ao longe uma árvore. Era o único refugio que havia por ali Num instante achou-se todo encolhido em baixo da árvore, enquanto a chuva caia em grossos pingos.

Nisto tudo passou como por encanto e o bondoso sol surgiu como por encanto no céu azul.
Porquinho Ventura levantou-se resolvido a ir embora para casa, bem depressa. De repente sentiu um cheirinho muito seu conhecido. Levantou o focinho. Que maravilha! Lá estavam naquela mesma árvore as laranjas que tanto cobiçava! E como eram madurinhas e cheirosas!
De boca aberta e olhos brilhando de cobiça, Ventura não pode se conter Quando percebeu já estava subindo na laranjeira Ao chegar estalou a língua gulosamente e estendeu a patinha, pronto para apanhar a maior e mais madura de todas as laranjas.
Então que horror! Resvalou no tronco molhado, perdeu o equilíbrio e caiu ...caiu... caiu numa tina cheia de tinta marron.
Que é isto? Onde fui cair? Gritou ele muito assustado. Saltando para fora da lata e sacudindo-se com força. Mas de nada serviram as suas sacudidelas. Ficara todo amarronzado. Ventura nem quis saber das laranjas e tratou de ir para casa, a fim de limpar-se.
Porém ai é que foi o pior ninguém o reconheceu assim pintado de marron.
Todos fugiram, cheios de medo. Gatinha Mimi quase arranhou-lhe o focinho, e por um pouco, cachorrinho Totó não lhe mordia o rabichinho. Só quando Ventura falou, é que foi reconhecido. Então os amigos ficaram com muita pena do que lhe acontecera e trataram de lavá-lo. Então os amigos, esfregaram, esfregaram...mas a tinta não saiu mesmo. Resultado ninguém o chamou mais por Ventura. Era agora conhecido pelo nome de " porquinho Marron.
E nisso muito o entristecia, porem não tanto como a lembrança da feia ação que havia praticado.

História 20


História 20


O bom Samaritano Parábola
Evangelho Seg. São Lucas que foi médico escritor e companheiro de missão junto ao apóstolo São Paulo.
Parábola Pequena estória que contém ensinamentos grandiosos com profunda filosofia.
Certo dia, um homem, interprete da lei se levantou com o intuito de por Jesus a prova , disse-lhe: " Mestre, que farei para herdar a vida eterna ?"
Jesus lhe respondeu com uma pergunta. Que está escrito na lei? Respondeu ele : Amaras o Senhor teu Deus de todo o teu coração de toda a tua alma de todas as tuas forças e se todo o teu entendimento
E amarás o teu próximo como. A ti mesmo.
Disse Jesus: "Respondeste corretamente
Fase isto e viverás"
"E quem é o meu próximo" - perguntou o fariseu
Jesus então contou-lhe a seguinte estória.
Certo homem descia de Jerusalém para Jerico, e veio a cair nas mãos de salteadores.

Estes, depois de tudo lhe roubarem e lhe causar muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semi morto.



Descia por ali um Sacerdote que vendo o homem ferido e caído ao chão, passou ao largo.



Semelhante ao Sacerdote, passou um Levita, que descia por aquele lugar e vendo-o, também passou ao largo




Certo Samaritano, que seguia o seu caminho, passou perto e vendo-o compadeceu-se dele.





Chegando-se tratou-lhe as feridas, colocou-o sobre o seu próprio animal , levou-o para uma hospedaria e tratou dele.

No dia seguinte, tirou de sua bolsa, dois denários e os entregou ao hospedeiro dizendo: cuida bem deste homem e, se alguma coisa a mais, eu te indenizarei quando voltar.


Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?
Respondeu-lhe o interprete da Lei. O que usou de misericórdia para com o pobre homem.
Disse Jesus: "Muito bem, então vai e procede tu, de igual maneira."
Vemos nesta passagem, Jesus falar de diversas personalidades da época.
Fariseus (do hebreu, Pha rash , quer dizer divisão separação )
Parte da teologia judaica, era formada pela tradição.
Entre os doutores, assunto era objeto de intermináveis discussões. Na maioria dos casos, sobre simples questões de palavras ou de forma. A seita dos fariseus teve como chefe Hilel, doutor judeu, nascido na Babilonia, fundador de uma escola célebre, onde se ensinava que a fé só se devia as Escrituras.
Tomavam parte nas controvérsias públicas e religiosas. Observadores sérios das praticas exteriores do culto e das cerimonias, chios de zelo ardente pelo proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios mas sob a aparência de meticulosa devoção ocultavam costumes dissolutos. Mito orgulho e sobre tudo excessivo afã de dominação. Para eles a religião era antes um meio de prosperar do que objetivo de fé sincera.
Tinham apenas no exterior a ostentação da virtude . Mesmo assim exerciam grande influência sobre o povoa cujos olhos passavam por santos, rasam porque eram poderosos em Jerusalém.
Criam na imortalidade da alma, na ressurreição dos mortos, mas apegavam-se a letra dos ensinos e Jesus que acima de tudo apreciava a simplicidade e as qualidades do coração, que preferia na Lei o espírito que vivifica à letra que mata ,dedicou-se durante a sua missão a desmascarar a hipocrisia daqueles e em conseqüência , neles teve os mais encarniçados inimigos, por isso uniram-se aos príncipes dos sacerdotes para contra ele amotinar o povo e faze-lo matar.
Sacerdote
Ministro da Bíblia, investido de autoridade. A função essencial de seu cargo era a de mediador entre Deus e os homens. As obrigações em geral eram ministrar no santuário, diante do Senhor ,ensinar o povo a guardar a Lei de Deus e tomar conhecimento da Lei Divina consultando o Urim e o Thummim
Urim e Thummim.
Nome de um ou mais objetos pertencentes ao Santuário que o sacerdote traz no peito quando se apresentava diante do Senhor. Por meio desses objetos o sacerdote consulta a vontade de Deus em coisas difíceis. A resposta consistia em uma iluminação interna (intuição).
Tinham eles maneiras especiais de se vestirem-se pentearem-se e viver.
Levita
São os descendentes de Levi, filho de Jacó
Tomavam conta do santuário . O zelo, o transporte do rico Santuário. O preparo dos materiais necessários ao culto, reclamavam serviços que excediam as forças de um homem ou de uma família
O cuidado do Tabernáculo erra um cargo muito honroso
Foram escolhidos os levitas para o serviço que se relacionava com o Tabernáculo pelo motivo de que quando o povo quebrou o pacto com Deus e fabricou o bezerro de ouro, somente os levitas permaneceram fieis a sua aliança com Deus. Os levitas, distinguiam-se nas grandes solenidade vestindo-se com túnicas de linho.
Eram portanto pessoas especiais e com cargos também especiais.
Samaritanos
Vem da Samaria que chamava-se a principio Shamron que quer dizer lugar de vigília, guardiã, sentinela,
E parecia muito apropriada a uma cidade situada no alto de um monte. Possuía um vale muito fértil com bosques e terras boas para o plantio.
Eram desprezados pelos Judeus pelo fato de ser uma raça misturada com Babilônicos. E árabes. Estes elementos estrangeiros, levaram consigo a sua idolatria. Levantavam imagens de seus deuses nos lugares altos de Israel combinando a idolatria com o culto de Jehovah (Deus ).
Oculto pagão crescia e os judeus sentiam repugnância em manter relações sociais e religiosas com os samaritanos. E não permitiam a adoração deles no Templo de Jerusalém.
Eles então se insularam na Samaria e fundaram o seu próprio templo, sobre o monte Garizim e declaravam não pertencer a mesma raça. E agradavam aos estrangeiros mostrando desejo de que seu templo fosse dedicado a Júpiter. Defensor dos estrangeiros.
Mais tarde o motivo que levou os Samaritanos a receberem o Evangelho foi a pregação
De Felipe através dos milagres operados por ele. Outro motivo , foi Jesus admitir –lhes os mesmos privilégios de que gozavam os Judeus convertidos ao Evangelho.
São Lucas o Evangelista.
Próximo é toda pessoa, necessitada que se apresente. O próximo do Samaritano foi o doente do caminho.
Certa vez Jesus disse: Graças te dou oh! Pai, porque os teus ensinos tu o revelastes aos pequeninos e humildes. E os escondestes aos sábios e orgulhosos.
Pergunta O que queria dizer Jesus com isso.
Resposta Que muitos como o Fariseu , o Sacerdote e o Levita que eram os intelectuais da época ficariam sem entender a profundidade da filosofia Cristã ao passo que homens simples como o Samaritano que não tinha cultura , mas possuía um bem inestimável que era o coração bem formado para o amor ao semelhante.
O Samaritano não perguntou, não investigou, não suspeitou, apenas ajudou. Não lhe interessou saber se o pobre irmão possuía esta ou aquela posição social esta ou aquela religião se era rico ou pobre. Somente viu nele um irmão necessitado de auxilio e mediato.
Então o Samaritano foi misericordioso . Não julgou mal Foi paciente, foi benigno .Não se conduziu inconvenientemente, não procurou interesses pessoais, não se exasperou, não se sentiu superior, entristeceu-se com a injustiça .Como diz o Apóstolo São Paulo: O AMOR È O DOM SUPREMO.
O Samaritano não falava a língua dos anjos, não profetizou, não demostrou conhecer ciências e filosofias, e entretanto foi realmente o anjo do Próximo, como disse Jesus.
O maior, Dom é o amor.
O Samaritano possuía esse Dom.
Façamos nós o mesmo.

O Índiozinho Tahiti


O Índiozinho Tahiti"


Na clareira da floresta, estava o indiozinho Tahiti sentado quase a porta de sua cabana.
Lá dentro seus irmãos dormiam. Era noite alta.
Olhando o céu, contemplava a imensidão de estrelas e o brilho claro da lua. Tudo era luar.
Ao longe a onça pintada rugia ameassadoramente.

Os curumins temiam o feros animal.
Tahiti pensava na armadilha que seu irmão mais velho havia deixado na branca areia, as margens do rio.
Haverá amanha com certeza alguma caça presa.
Com as fibras do caruá, que é uma planta, ele fazia laços para pegar antas.

Quero um laço também, pediu-lhe Tahiti.
Para que ? Laço só serve para caçar e você é criança demais para isso.



Tahiti tinha um encantamento: em casa era criança ,fora virava homem. Gostava de dar longos passeios.
De ir até a cachoeira e ver a subida dos peixes para a desova.

As bananeiras e o milharal arcando sob o peso de cachos e espigas enormes. Tudo isso deliciava a vista do indiozinho.
Quando saia para acompanhar outros meninos maiores passava dias embrenhado na mata.


Comiam o pernil de algum porco ou de alguma cotia que se atrevesse cruzar o caminho onde eles estivessem.




Do alto da montanha a vista era maravilhosa. O rio serpenteando na planície e as cabanas com fumaças de suas chaminés. Ao longe cordilheiras de montanhas de um azul dourado pelo sol.
Algumas árvores mais altas a sobressair no meio da mata.
O garoto era feliz, porem seu espirito valoroso e destemido ansiava por encontrar ou descobrir coisas desconhecidas.
Certo dia aventurou-se em uma canoa. O sol já ia alto no céu, mas o indiozinho distraído pescava e as horas se passavam Os primeiro pássaros voltavam aos ninhos. Os primeiros sapos coaxavam no brejo. Anoitecia.


O sol lentamente parecia afundar-se nas águas do rio. Remou até a margem e aquela noite dormiu pela primeira vez ao relento ouvindo o canto do uirapuru.



Era uma noite maravilhosa. De sua rede contemplava o céu cheio de estrelas e seu coração sonhador vibrava mais uma vez com a harmonia da natureza. Sonhou nesta noite com Deus Tupã, que lhe dizia.


Tahiti meu filho siga os ditames do teu coração
Seja humilde e corajoso. Ajude os seus irmãos a serem melhores. As aves as plantas e os animais esperam o teu carinho.
Seja bom para todos. Nisto acordou e o sol já estava queimando na mata.
Sentiu-se satisfeito e feliz Que sentimento maravilhoso experimentou agora. Parecia ainda ouvir aqueles sábios conselhos. Estava radiante , pôs-se a cantarolar. Voltou para casa naquele dia, sabendo que alguém muito importante vela por nós Andou distraído por uma trilha, de sua tribo.


Eis que deparou com uma campina florida. Múltiplas flores coloridas se lhe apresentaram aos olhos. Mas entre elas viu uma plantinha que sentia sobremaneira a estiagem.



Correu até o lago , trazendo uma cabaça de água. Achando que poderia dedicar amor àquela,
Plantinha, tratou-a com carinho



E qual foi a sua surpresa quando depois de algum tempo, esta plantinha transformo-se em arbusto e depois em uma frondosa árvore, sobe a qual os pássaros vieram fazer os seus ninhos.
Floriu e das flores, vieram os frutos abundantes.

E das sementes daqueles frutos encheu-se a mata.
Foi o agradecimento da planta e o bom coração de Tahiti que pode apresentar o milagre do amor e da fraternidade para com tudo o que vive neste mundo de Deus nosso Pai.




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Tabajara (Canto)
Foi Tabajara, foi Tabajara
Foi Tabajara lá na Terra de Tupã
Tem papagaio , arara, maracanã
Todas aves do céu,quem nos deu foi Tupã.
Foi Tupã foi Tupã......
Os peixinhos
Deus quem fez os peixes
Para o rio e para o mar
Deus quem fez os peixes
Pô-los a nadar.
Vejam como nadam
Para o fundo vão
Vejam como nadam
Contentes eles estão
Um é pequenino
Outro é bem grandão
Um é delgadinho
Outro é gorduchão
Gostam de minhocas
E de migalhas de pão
Fogem bem depressa
Do seu tubarão

A Violeta"


A Violeta"

Em uma casa muito grande, cercada de imenso jardim colorido, onde o clima permite que as flores se abram durante todo o ano, tem-se a impressão de uma orquestra executando a canção da Primavera.
Desse jardim maravilhoso é o encanto dos felizes moradores da casa, principalmente das crianças, que fazem dele um parque de diversões; brincam, correm, jogam bola no gramado, andam de bicicleta e carrinho
Contudo , não são apenas esses os moradores do grande jardim. Há também as flores, os insetos, que trabalham e brincam em silêncio, porque só entre eles se entendem. Porem eles falam e vivem como nós. Vamos entrar no jardim e ficar bem escondidos para não assusta-los e, assim poderemos ouvir o que dizem e ver o que fazem. Estamos no fim da tarde, num dos caminhos do jardim. O sol já se vai escondendo de mansinho, enquanto as flores e as árvores se preparam para receber a noite e o repouso.
Bandos de andorinhas voam em direção aos seus ninhos. Os pássaros se abrigam nos galhos das árvores.
Tudo parece em movimento. Somente as crianças continuam brincando sem perceber o que se passa no jardim, quando a rosa vermelha diz :Ah! Que linda tarde! Não é mesmo queridas amigas?
Realmente! Responderam as flores vizinhas. –Vamos Ter uma noite linda.
A rosa vermelha suspira: "Que pena! a noite vem me obrigar a dormir Gosto tanto da luz do dia, porque ela faz com que todos me admirem!"
Minha prima você é sem duvida mito bonita, mas isso não é motivo para tanta vaidade, falou a rosa branca.
"Ora , rosa branca , você então não sabe que nós as rosa vermelhas , somos as flores mais procuradas e admiradas Somos nós que enfeitamos as casas ! E é o nosso perfume o mais gostoso!" – Todas as outras flores desaparecem diante de nossa beleza.
Protesto, exclama uma linda Orquidia, eu não sou isso que você disse. Apenas me utilizo das plantas maiores para ficar mais alta e poder receber a luz do sol. Não prejudico a ninguém. –Não seja vaidosa prima! Fala a rosa branca, Lembre-se que Deus nos criou de acordo com sua sabedoria e não devemos brigar por causa disso. Somos todas irmãs e todos gostam de nós.
Rosa branca tem razão diz o grande cravo amarelo!
Devemos viver em harmonia! Vejam a violeta por exemplo! È a flor que há em maior quantidade neste jardim e, entretanto a ninguém incomoda, todos a respeitam e estimam porque nunca se vangloriou apesar de ser muito apreciada.
"Oh! O senhor está defendendo essa florzinha insignificante que vive ai metida nessas folhas e sem mostrar-nos suas pétalas tão pequenas, Imaginem quem há de gostar de uma flor roxa?"
Senhora Rosa Vermelha ,por favor! Exclamou o Cravo Amarelo, Se defendo a violeta é porque a estimo, garanto que todos fariam isso.
"Sim ,sim dizem todas , nós também a defenderemos."
"Obrigada, amigas, obrigada" - agradece a violeta comovida.

Olhem só! Diz a Rosa Vermelha, essa violetazinha que vive escondida pare que ninguém veja sua feiura, quer se fazer agora de boazinha. Enquanto o nosso perfume e beleza se espalham pelos ares, a violetazinha sem perfume nem sequer se mostra, é mesmo sem graça!

"Engana-se minha cara!" - fala a Rosa Branca. Violeta tem um perfume muito mais delicado que o nosso, e é muito bela, apesar de pequenina . É a flor que demostra maior sentimento, mais sinceridade quando é dada a alguém, porque é simples e humilde.
"Ora, como ousas falar-me assim!"
Nisso, a Rosa Vermelha interrompe-se e todos se calam porque duas crianças se aproximam,
Oh! Que bela Rosa Vermelha ! exclama uma delas, e estende o braço para segurá-la.
Logo porem o tira , com um grito de dor. –Tão linda e tão má, maninho , machucou-me o dedo! Mostrando o dedinho picado e saindo sangue.
As Rosas são assim mesmo maninha, diz o menino. Eu prefiro as violetas. Veja quantas!
Estas são lindas e não machucam ninguém. E colhendo um raminho de florzinhas, deu-as a irmã, e os dois afastaram-se sorrindo

Viu minha prima? Fala a Rosa Branca.- A Humildade da violeta a fez mais apreciada
Rosa Vermelha reconheceu seu erro e desculpou-se com as amigas que sorriram, compreendendo que todos nós temos rosas e violetas no coração.