Epitácio
Lindolfo da Silva Pessoa
(1865 - 1942)
Presidente da república
brasileira (1919-1922) nascido em Umbuzeiro, Estado da Paraíba, tornando-se o
único paraibano a chegar ao mandato máximo da nação brasileira, cujas ações de
governo centraram-se no desenvolvimento siderúrgico, na recuperação econômica
do Nordeste e no incentivo a produção do café. Descendente de importantes
proprietários rurais pernambucanos, ficou órfão dos pais, José da Silva
Pessoa e Henriqueta Barbosa de Lucena, após uma epidemia de varíola
(1873) e foi educado pelo tio materno Henrique de Lucena, então
governador de Pernambuco. Ingressou na Faculdade de Direito de Recife,
bacharelou-se (1886) e, um mês depois, foi nomeado promotor público na cidade
de Bom Jardim. Depois foi promotor na cidade de Cabo (1887-1889) e professor de
Direito na FDR. Após uma breve passagem pelo Rio de Janeiro, com a proclamação
da República retornou à Paraíba (1889), convidado pelo então presidente da
província, Venâncio Neiva, para assumir o cargo de secretário-geral do
Estado. Elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte (1890-1891), mas na
oposição a Floriano Peixoto, abandonou temporariamente a política. Neste
período esteve na Europa e casou-se com Maria da Conceição de Manso Saião.
Voltou a cena política nomeado ministro da Justiça (1898) pelo presidente Campos
Sales. Com grande prestígio junto ao presidente, revelou-se um
administrador competente e ganhou o respeito até da imprensa oposicionista e
marcou sua passagem pelo ministério, apresentando o Projeto do Código Civil,
elaborado com a coordenação de Clóvis Beviláqua, e o encaminhando ao
Congresso Nacional (1901) e que seria sancionado anos depois (1916). Exerceu
simultaneamente o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e procurador-geral
da República (1902-1905). Aposentado como ministro do Supremo Tribunal Federal
(1911), voltou à Paraíba e elegeu-se para o Senado. Depois de passar algum
tempo na Europa, com a eclosão da I Guerra Mundial (1914) voltou a Paraíba e
elegeu-se para o governo do estado (1915). Com o fim da Primeira Guerra
Mundial, foi nomeado delegado do Brasil na Conferência de Versalhes (1919) e,
neste mesmo ano, foi eleito presidente da república, tomando posse em 28 de
julho. Disputou a sucessão de Delfim Moreira pela presidência da
República com Rui Barbosa, vencendo as eleições sem precisar sair da
França. Eleito pelo Partido Republicano Mineiro, na presidência enfrentou um
dos períodos políticos mais conturbados da Primeira República, com a Revolta do
Forte de Copacabana, a crise das cartas falsas e a revolta do clube militar e o
surgimento do Tenetismo, além de muitas greves operárias e a pressão do
empresariado e dos então poderosos produtores de café. Como administrador
inovou nomeando civis para as pastas militares, como a do historiador Pandiá
Calógeras como Ministro da Guerra. Fechou um contrato pioneiro com a Itabira
Iron para a instalação de uma usina siderúrgica de 150.000 toneladas,
fortaleceu as exportações de matérias-primas, ampliou o parque industrial do país,
fabricando aqui produtos antes importados, e deu impulso sem precedentes ao
combate à seca no Nordeste, com a construção de mais de 200 açudes na região,
certamente a maior de suas obras sociais. Construiu mais de 1000 km de ferrovias no sul
do país, criou a Universidade do Rio de Janeiro. Fez a primeira transmissão
radiofônica do país como parte das comemorações oficiais do centenário da
proclamação da Independência: um discurso comemorativo do presidente
transmitido para os visitantes da Exposição Internacional do Rio, nas
instalações pioneiras daquela que seria inaugurada no ano seguinte como a
primeira estação de rádio do Brasil (1923), a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, fundada por Edgard Roquete Pinto e Henry Morize. Sua
sucessão foi marcada por uma agitação da campanha presidencial e um clima
altamente agitado nas Forças Armadas, que culminou com o levante dos 18 do
Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, sufocada pelo poder central.
Após deixar a presidência em 15 de novembro, substituiu Rui Barbosa na
Corte Internacional de Haia (1922-1930). Com forte prestígio na política
nacional, indicou o sobrinho João Pessoa para a presidência da Paraíba e
apoiou Getúlio Vargas, na campanha presidencial (1930). Sofreu grande
golpe emocional ao ser surpreendido em Haia da trágica notícia do assassinato
de seu sobrinho. A morte de João Pessoa, o desmotivou politicamente,
deixou Haia e a atividade pública e, acometido do mal de Parkinson (1936),
morreu em 13 de fevereiro, no sítio Nova Betânia, nos arredores de Petrópolis,
interior do Estado do Rio de Janeiro. Seus restos mortais, como os da sua
esposa, foram transportados para João Pessoa, Paraíba, e inumados na cripta do Fórum
Epitácio Pessoa. Em vida publicou o livro Pela verdade (1925).
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