4 de maio de 2015

Brasil ! O País das Desigualdades

Brasil ! O País das Desigualdades


Apesar dos diversos planos econômicos e das muitas lutas populares, a economia brasileira continua fazendo a riqueza de poucos e a miséria de muitos. Grande parte da população encontra-se marginalizada e vivendo em condições precárias.
Embora dirigidas ao campo da economia, as medidas obedecem também os critérios de ordem política e social, na medida em que determinam, por exemplo, quais segmentos da sociedade se beneficiarão com as diretrizes econômica emanadas do Estado. O alcance e o conteúdo de uma política econômica variam, dependendo do grau de diversificação da economia, da natureza do regime social e do nível de atuação dos grupos de pressão.
Dados publicados pelo jornal Folha de S.Paulo, em 1998, revelam que no Brasil existem 64 milhões de pessoas vivendo em estado de exclusão social. Desse total, 25 milhões são miseráveis - uma população semelhante à do Peru.
Segundo critérios da ONU , miseráveis são todos aqueles que têm renda diária inferior a um dólar. Cerca de 45% dos miseráveis brasileiros estão no Nordeste e 83% são analfabetos funcionais, isto é, não completaram o curso primário.
A injusta distribuição de renda no país apresenta outras peculiaridades perversas. Muitos dos problemas poderiam ser contornados com uma melhor redistribuição das terras. No Brasil, menos de 3% dos proprietários detêm mais de 50% das terras agricultáveis, enquanto cerca de 90% ficam com menos de 25% das terras. E ainda há quase 5 milhões de famílias rurais sem terra. Além de uma reforma agrária, seria necessário investir em educação. Apesar da diminuição do número de filhos e do aumento da média de vida, o Brasil continua sendo um país jovem. Quase metade dos brasileiros tem menos de 19 anos. No entanto, cerca de 30% das crianças e jovens entre 10 e 17 anos trabalham para sustentar-se ou ajudar a família, o que se reflete no nível de escolarização. Enquanto nos países desenvolvidos quase toda a população completa o curso primário, no Brasil apenas cerca de 40% concluem essa fase do aprendizado.
Nos anos 90, a população brasileira viu a inflação ser debelada. Apesar de este ser um fantasma que sempre ronda o país, ele acabou substituído por outro temor. Nos últimos anos do século XX, o desemprego passou a ser a principal preocupação dos brasileiros. E não é para menos. Nesses dez anos, o mercado de trabalho nacional se mostrou incapaz de absorver as gerações que atingem a idade de trabalhar. Ainda por cima, é crescente o número de trabalhadores que perdem o emprego na indústria, no comércio e no campo por causa da grave crise económica que assola o país. Basta somar a isso os problemas regionais, como a seca no Nordeste, e temos de fato um quadro preocupante.
Entre 1989 e 1996, o número de desempregados no país triplicou, chegando a somar cerca de 5 milhões de pessoas. Em 1998, esse número aumentou para 6 milhões, representando 7,7% da população economicamente ativa (PEA) do Brasil, que soma pouco mais de 75 milhões de pessoas. Desde então, esse índice não deixou de aumentar. Na região metropolitana de São Paulo, atingiu a casa dos 20% em maio de 1999, segundo pesquisa do Dieese.
Mas o pior é que as perspectivas para o país em um mundo globalizado não são nada animadoras. Segundo Márcio Pochmann, especialista no assunto, se mantida a atual política do governo brasileiro, irão sobrar para o país os piores trabalhos da globalização.  Pochmann constrói o quadro do emprego no Brasil da seguinte maneira:
Além de insuficientes, os empregos gerados no pais ao longo da década são de baixíssima qualidade. A maior parte dos profissionais preparados para as tarefas mais modernas não encontra onde exercê-las;
A causa principal é a política econôrnica adotada ao longo desta década. Ela atinge em cheio os investimentos públicos e privados que poderiam gerar bons empregos;
O mercado de trabalho brasileiro já é duas vezes mais flexível que o norte-americano. Relaxar direitos trabalhistas apenas agravaria a desigualdade social;
Também é errada a idéia de que a geração de empregos não está mais associada a desenvolvimento industrial. A maior parte dos bons empregos oferecidos pelo setor de serviços está ligada à indústria.

Para alterar esse quadro, segundo Pochmann, seria necessário investir em três caminhos: reforma agrária, reforma tributária, distribuição de rendas.

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