No dia 24 de
março, na Iugoslávia, iniciou-se uma guerra. De um lado, Kosovo, uma das
províncias que constitui a Iugoslávia, lutando pela sua independência, e de
outro, o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, que não quer aceitar tal
decisão kosovar.
Kosovo é
uma província que tem uma composição étnica e religiosa diferente da
maioria da Iugoslávia, que é sérvia. Os kosovares são de origem albanesa e
muçulmana, enquanto os sérvios são cristãos ortodoxos.
Como 90%
da população de Kosovo é albanesa, iniciou-se um movimento gerado pelos
kosovares que busca a separação de sérvios e albaneses, para que estes
últimos tenham sua própria autonomia.
Milosevic afirma que considera Kosovo como o berço do nacionalismo sérvio,
pois lá, em 1389, eles foram derrotados pelos invasores do Império Otomano.
O presidente também argumenta que quer evitar que a Iugoslávia perca mais
territórios do que já ocorreu no começo dos anos 90. E por tais razões, não
quer ceder liberdade ao povo kosovar.
A OTAN,
alegando motivos humanitários e buscando evitar uma limpeza étnica (se
refere a expulsão ou eliminação de uma etnia de um determinado território)
promovida pelo Milosevic para expulsar os kosovares, de etnia albanesa, e
fazer dos sérvios a maioria em Kosovo, interviu na guerra e obrigou
Milosevic a aceitar o acordo de Rambouillet, que propõe autonomia
administrativa e cultural para a província de Kosovo, mas sem independência
(já que a OTAN e seus aliados temem que outras regiões acabem sendo
influenciadas e, conseqüentemente, independentes).
Tal
acordo foi apresentado como sendo a última alternativa para Milosevic
depois de várias propostas lançadas pela OTAN e ignoradas pelo presidente
iugoslavo. A OTAN supôs que, bombardeando a Iugoslávia com tropas aéreas,
Milosevic se renderia e aceitaria as exigências da aliança, mas, a
resistência do presidente aos ataques surpreendeu a OTAN e esta, não tem
outro plano a não ser entrar com tropas terrestres no território iugoslavo.
A
Rússia, mesmo sendo aliada da Iugoslávia (russos e sérvios são eslavos e
cristãos ortodoxos), não pode entrar no conflito militarmente, já que
depende da ajuda econômica dos Estados Unidos e do FMI. E por meio da OTAN,
os Estados Unidos procuram “administrar” a guerra, patrocinando ataques
contra a Iugoslávia, já que temem que o conflito entre os sérvios e
albaneses de Kosovo pudesse se expandir e acabar envolvendo outros países
da região e, conseqüentemente, desestabilizando a Europa, um dos principais
continentes responsáveis pela manutenção da hegemonia americana no mundo.
A OTAN,
principalmente os Estados Unidos, não deveria intervir numa guerra em que a
pátria, o território e a população dos países que compõem tal aliança não
está envolvida.
Certamente, a população vítima da guerra, os kosovares, conseguiria chegar
num acordo com a Iugoslávia, sem ter que sofrer bombardeios e mortes
geradas pela interferência da OTAN, já que estes quiseram entrar na guerra
como os senhores justiceiros responsáveis pela paz no mundo.
Estes bombardeios que iriam servir para intimidar a Iugoslávia estão
massacrando a própria população kosovar. Ou seja, a OTAN está,
simplesmente, facilitando o trabalho dos sérvios, que era fazer uma limpeza
étnica na Iugoslávia, especificamente em Kosovo.
Os kosovares estão sendo manipulados e usados pela OTAN e pelos Estados
Unidos para que estes últimos consigam atingir seus objetivos de domínio,
influência e manutenção da atual hegemonia americana no mundo. Eles estão
sendo, mais uma vez, egocêntricos e egoístas.
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