4 de maio de 2015

Visconde Alfredo d' Escragnolle Taunay

Visconde Alfredo d' Escragnolle Taunay

1843 - 1899


De família renomada do Império, Taunay exerceu a carreira militar, tendo sido recrutado para a Guerra do Paraguai em 1865, o que lhe valeu muitas honras. Foi presidente de Santa Catarina e do Paraná. Eleito senador, defendeu, com André Rebouças e José do Patrocínio os princípios abolicionistas.

Monarquista convicto, após a Proclamação da República tornou-se um crítico mordaz do novo regime, escrevendo nesta época O Encilhamento.

Como escritor, ganhou notoriedade com o romance Inocência.

Amigo íntimo de Carlos Gomes, mantiveram durante anos uma assídua correspondência, sendo grande incentivador e divulgador de sua obra. Juntamente com André Rebouças, intermediou a concretização de vários projetos do maestro, ajudando-o financeiramente em momentos difíceis de sua vida.

Foi o autor do argumento original de O Escravo, posteriormente alterado por Rodolfo Paravicini, o que causou sério desentendimento entre Taunay e Gomes.


"Amigo Alfredo,
Creio não tê-lo ofendido nunca em coisa alguma
para merecer as humilhações de seu silêncio,
a não ser alguma falta involuntária de etiqueta
que espero me perdoará."
Carta de Carlos Gomes a Visconde de Taunay (1888)


Biografia

Carlos Gomes - Índice

O Navio Negreiro Castro Alves I

O Navio Negreiro
Castro Alves

I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar — dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam,  
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! 
Que música suave ao longe soa! 
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba 
Esta selvagem, livre poesia 
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, 
E o vento, que nas cordas assobia... 
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro? 
Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano, 
Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas. 
 
II
     
Que importa do nauta o berço, 
Donde é filho, qual seu lar? 
Ama a cadência do verso 
Que lhe ensina o velho mar! 
Cantai! que a morte é divina! 
Resvala o brigue à bolina 
Como golfinho veloz. 
Presa ao mastro da mezena 
Saudosa bandeira acena 
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas 
Requebradas de langor, 
Lembram as moças morenas, 
As andaluzas em flor! 
Da Itália o filho indolente 
Canta Veneza dormente, 
— Terra de amor e traição, 
Ou do golfo no regaço 
Relembra os versos de Tasso, 
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio, 
Que ao nascer no mar se achou, 
(Porque a Inglaterra é um navio, 
Que Deus na Mancha ancorou), 
Rijo entoa pátrias glórias, 
Lembrando, orgulhoso, histórias 
De Nelson e de Aboukir.. . 
O Francês — predestinado — 
Canta os louros do passado 
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos, 
Que a vaga jônia criou, 
Belos piratas morenos 
Do mar que Ulisses cortou, 
Homens que Fídias talhara, 
Vão cantando em noite clara 
Versos que Homero gemeu ... 
Nautas de todas as plagas, 
Vós sabeis achar nas vagas 
As melodias do céu! ... 
 
III
     
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano 
Como o teu mergulhar no brigue voador! 
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! 
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror! 
 
IV
      
Era um sonho dantesco... o tombadilho  
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas  
Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia,  
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
          Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
          E ri-se Satanás!...  
 
V
     
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são?   Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas, 
Como Agar o foi também. 
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm... 
Trazendo com tíbios passos, 
Filhos e algemas nos braços, 
N'alma — lágrimas e fel... 
Como Agar sofrendo tanto, 
Que nem o leite de pranto 
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas, 
Das palmeiras no país, 
Nasceram crianças lindas, 
Viveram moças gentis... 
Passa um dia a caravana, 
Quando a virgem na cabana 
Cisma da noite nos véus ... 
... Adeus, ó choça do monte, 
... Adeus, palmeiras da fonte!... 
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso... 
Depois, o oceano de pó. 
Depois no horizonte imenso 
Desertos... desertos só... 
E a fome, o cansaço, a sede... 
Ai! quanto infeliz que cede, 
E cai p'ra não mais s'erguer!... 
Vaga um lugar na cadeia, 
Mas o chacal sobre a areia 
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa, 
A guerra, a caça ao leão, 
O sono dormido à toa 
Sob as tendas d'amplidão! 
Hoje... o porão negro, fundo, 
Infecto, apertado, imundo, 
Tendo a peste por jaguar... 
E o sono sempre cortado 
Pelo arranco de um finado, 
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade, 
A vontade por poder... 
Hoje... cúm'lo de maldade, 
Nem são livres p'ra morrer. . 
Prende-os a mesma corrente 
— Férrea, lúgubre serpente — 
Nas roscas da escravidão. 
E assim zombando da morte, 
Dança a lúgubre coorte 
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! ... 
 
VI
        
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Poesias Coligidas Castro Alves

Poesias Coligidas
Castro Alves
                                                                


A EUGÊNIA CÂMARA

Ainda uma vez tu brilhas sobre o palco,

Ainda uma vez eu venho te saudar...

Também o povo vem rolando aplausos

Às tuas plantas mil troféus lançar...

 

Após a noite, que passou sombria,

A estrela-d'alva pelo céu rasgou...

Errante estrela, se lutaste um dia,

Vê como o povo o teu sofrer pagou...

 

Lutar!... que importa, se afinal venceste?

Chorar!... que importa, se lutaste um dia,

A tempestade se não rompe a estátua

Vê como o povo o teu sofrer pagou...

 

Lutar!... que importa, se afinal venceste?

Chorar!... que importa, se afinal sorris?

A tempestade se não rompe a estátua

Lava-lhe os pés e a triunfal cerviz.

 

Ouves o aplauso deste povo imenso

Lava, que irrompe do pop'lar vulcão?

É o bronze rubro, que ao fundir dos bustos

Referve ardente do porvir na mão.

 

O povo... o povo... é um juiz severo,

Maldiz as trevas, abençoa a luz...

Sentiu teu gênio e rebramiu soberbo:

- P'ra ti altares, não do poste a cruz.

 

Que queres? Ouve! - são mil palmas férvidas,

Olha! - é o delírio, que prorrompe audaz.

Pisa! - são flores, que tu tens às plantas,

Toca na fronte - coroada estás.

 

Descansa pois, como o condor nos Andes,

Pairando altivo sobre a terra e mar,

Poisa nas nuvens p'ra arrogante em breve

Distante... longe... mais além de voar.

 

               Recife, 1866

 

 

O POVO AO PODER

Quando nas praças s'eleva

Do Povo a sublime voz...

Um raio ilumina a treva

O Cristo assombra o algoz...

Que o gigante da calçada

De pé sobre a barrica

Desgrenhado, enorme, nu

Em Roma é catão ou Mário,

É Jesus sobre o Cálvario,

É Garibaldi ou Kosshut.

 

A praça! A praça é do povo

Como o céu é do condor

É o antro onde a liberdade

Cria águias em seu calor!

Senhor!... pois quereis a praça?

Desgraçada a populaça

Só tem a rua seu...

Ninguém vos rouba os castelos

Tendes palácios tão belos...

Deixai a terra ao Anteu.

 

Na tortura, na fogueira...

Nas tocas da inquisição

Chiava o ferro na carne

Porém gritava a aflição.

Pois bem...nest'hora poluta

Nós bebemos a cicuta

Sufocados no estertor;

Deixai-nos soltar um grito

Que topando no infinito

Talvez desperte o Senhor.

 

A palavra! Vós roubais-la

Aos lábios da multidão

Dizeis, senhores, à lava

Que não rompa do vulcão.

Mas qu'infâmia! Ai, velha Roma,

Ai cidade de Vendoma,

Ai mundos de cem heróis,

Dizei, cidades de pedra,

Onde a liberdade medra

Do porvir aos arrebóis.

 

Dizei, quando a voz dos Gracos

Tapou a destra da lei?

Onde a toga tribunícia

Foi calcada aos pés do rei?

Fala, soberba Inglaterra,

Do sul ao teu pobre irmão;

Dos teus tribunos que é feito?

Tu guarda-os no largo peito

Não no lodo da prisão.

No entanto em sombras tremendas

Descansa extinta a nação

Fria e treda como o morto.

E vós, que sentis-lhes os pulso

Apenas tremer convulso

Nas extremas contorções...

Não deixais que o filho louco

Grite "oh! Mãe, descansa um pouco

Sobre os nossos corações".

 

Mas embalde... Que o direito

Não é pasto de punhal.

Nem a patas de cavalos

Se faz um crime legal...

Ah! Não há muitos setembros,

Da plebe doem os membros

No chicote do poder,

E o momento é malfadado

Quando o povo ensangüentado

Diz: já não posso sofrer.

 

Pois bem! Nós que caminhamos

Do futuro para a luz,

Nós que o Calvário escalamos

Levando nos ombros a cruz,

Que do presente no escuro

Só temos fé no futuro,

Como alvorada do bem,

Como Laocoonte esmagado

Morreremos coroado

Erguendo os olhos além.

 

Irmão da terra da América,

Filhos do solo da cruz,

Erguei as frontes altivas,

Bebei torrentes de luz...

Ai! Soberba populaça,

Dos nossos velhos Catões,

Lançai um protesto, ó povo,

Protesto que o mundo novo

Manda aos tronos e às nações.

 

               Recife, 1864


Cazuza

Todo dia morre um amor. Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos. Morre em uma cama de motel ou em frente à televisão de domingo. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios.
Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal inanição.
Todo dia morre um amor. Às vezes com uma explosão, quase sempre com um suspiro. Todo dia morre um amor, embora nós, românticos mais na teoria que na prática, relutemos em admitir. Porque nada é mais dolorido do que a constatação de um fracasso. De saber que, mais uma vez, um amor morreu. Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre nos ensinaalguma coisa. E esta é a lição: amores morrem.
Todos os dias um amor é assassinado. Com a adaga do tédio, a cicuta da indiferença, a forca do escárnio, a metralhadora da traição. A sacola de presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relógio, o silêncio insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa evidências.
Todos nós fomos assassinos um dia. Há aqueles que, como o Lee Harvey Oswald, se refugiam em salas de cinema vazias. Ou preferem se esconder debaixo da cama, ao lado do bicho papão. Outros confessam sua culpa em altos brados e fazem de pinico os ouvidos de infelizes garçons. Há aqueles que negam, veementemente, participação no crime e buscam por novas vítimas em salas de chat ou pistas de danceteria, sem dor ou remorso. Os mais periculosos aproveitam sua experiência de criminosos para escrever livros de auto-ajuda, com nomes paradoxais como "O Amor Inteligente" ou romances açucarados de banca de jornal, do tipo "A Paixão Tem Olhos Azuis", difundindo ao mundo ilusões fatais aos corações sem cicatrizes.
Existem os amores que clamam por um tiro de misericórdia: corcéis feridos.
Existem os amores-zumbis, aqueles que se recusam a admitir que morreram. São capazes de perdurar anos, mortos-vivos sobre a Terra teimando em resistir à base de camas separadas, beijos burocráticos, sexo sem tesão. Estes não querem ser sacrificados e, à semelhança dos zumbis hollywoodianos, também se alimentam de cérebros humanos e definharão até se tornarem laranjas chupadas.
Existem os amores-vegetais, aqueles que vivem em permanente estado de letargia, comuns principalmente entre os amantes platônicos que recordarão até o fim de seus dias o sorriso daquela ruivinha da 4a. série ou entre fãs que até hoje suspiram em frente a um pôster do Elvis Presley (e pior, da fase havaiana). Mas titubeio em dizer que isso possa ser classificado como amor (Bah, isso não é amor. Amor vivido só do pescoço pra cima não é amor).
Existem, por fim, os amores-fênix. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, dos preconceitos da sociedade, das contas a pagar, da paixão que escasseia com o decorrer dos anos, da mesa-redonda no final de domingo, das calcinhas penduradas no chuveiro, das toalhas molhadas sobre a cama e das brigas que não levam a nada, ressuscitam das cinzas a cada fim de dia e perduram: teimosos, belos, cegos e intensos. Mas estes são raríssimos e há quem duvide de sua existência. Alguns os chamam de amores-unicórnio, porque são de uma beleza tão pura e rara que jamais poderiam ter existido, a não ser como lendas. E é esse amor que eu quero viver com você, PARA SEMPRE!!!



FUNDADOR: CELSO MARIZ

FUNDADOR: CELSO MARIZ



               CELSO Marques MARIZ: Nasceu no sítio Escadinha, município de Sousa, Estado da Paraíba, em 17 de dezembro de1885 e faleceu em João Pessoa, a 03 de novembro de 1982. Era filho do Dr. Manuel Maria Marques Mariz e D. Adelina de Aragão Mariz; ficando órfão de pai aos três anos de idade, foi criado pelo Dr. Félix Joaquim Daltro Cavalcanti, seu padrinho e Juiz Municipal de Piancó, passando a residir em Taperoá , onde freqüentou a escola do Professor Minervino Cavalcanti, matriculando-se, depois, como ouvinte, no Seminário Diocesano da Paraíba, na capital do Estado. Iniciou a sua carreira jornalística como redator de O Comércio, ao lado de Arthur Achiles, e como colaborador do Jornal A União. Atraído pela tão decantada beleza amazônica, viajou até o norte do país, visitando Belém e Manaus, retornando ao seu Estado em 1907, quando passou a integrar a equipe do Jornal O Norte, fundado pelos irmãos Orris e Oscar Soares, assumindo por algum tempo a gerência desse órgão. Nessa condição, viajou por alguns municípios do Estado , tendo a oportunidade de colher dados que, mais tarde lhe serviriam de subsídios para a elaboração dos seus livros. Nomeado professor público, com exercício em Catolé do Rocha, lá, casou-se com D. Santina Henriques de Sá.
Algumas funções exercidas por Celso Mariz: Inspetor Regional do Ensino, Conselheiro Municipal, em Taperoá; Diretor da Secretaria da Assembléia Legislativa, 1914/1930; Deputado Estadual (1924/1928); Diretor do Jornal A União; Secretário de Governo, na Administração de Argemiro de Figueiredo. Em 1915, fundou A Notícia, jornal que representava o pensamento dos "jovens turcos", grupo que pretendia firmar-se como vanguarda do epitacismo. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, do qual chegou a ser presidente por um período, integrou, também, o Conselho Estadual de Cultura e foi um dos fundadores da Academia Paraibana de Letras. Escreveu e publicou: Através do sertão, 1910; Apanhados históricos da Parahyba, 1922; Evolução econômica da Paraíba, 1939; Ibiapina, um apóstolo do nordeste, 1942; Carlos Dias Fernandes, 1943; Cidades e homens, 1945; Areia e a rebelião de 1946; Memória da Assembléia Legislativa, 1946; Pilões, antes e depois do termo, 1948; Notícia histórica de Catolé do Rocha, 1956; Figuras e fatos, 1976.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

MARIZ, Celso. Memória da Assembléia Legislativa aumentada e atualizada por
Deusdedit Leitão, João Pessoa: 1987.
Revista da Academia Paraibana de Letras, vol. 08, 1978.
Revista do IHGP, vol. 18, 1971 .




Brasil ! O País das Desigualdades

Brasil ! O País das Desigualdades


Apesar dos diversos planos econômicos e das muitas lutas populares, a economia brasileira continua fazendo a riqueza de poucos e a miséria de muitos. Grande parte da população encontra-se marginalizada e vivendo em condições precárias.
Embora dirigidas ao campo da economia, as medidas obedecem também os critérios de ordem política e social, na medida em que determinam, por exemplo, quais segmentos da sociedade se beneficiarão com as diretrizes econômica emanadas do Estado. O alcance e o conteúdo de uma política econômica variam, dependendo do grau de diversificação da economia, da natureza do regime social e do nível de atuação dos grupos de pressão.
Dados publicados pelo jornal Folha de S.Paulo, em 1998, revelam que no Brasil existem 64 milhões de pessoas vivendo em estado de exclusão social. Desse total, 25 milhões são miseráveis - uma população semelhante à do Peru.
Segundo critérios da ONU , miseráveis são todos aqueles que têm renda diária inferior a um dólar. Cerca de 45% dos miseráveis brasileiros estão no Nordeste e 83% são analfabetos funcionais, isto é, não completaram o curso primário.
A injusta distribuição de renda no país apresenta outras peculiaridades perversas. Muitos dos problemas poderiam ser contornados com uma melhor redistribuição das terras. No Brasil, menos de 3% dos proprietários detêm mais de 50% das terras agricultáveis, enquanto cerca de 90% ficam com menos de 25% das terras. E ainda há quase 5 milhões de famílias rurais sem terra. Além de uma reforma agrária, seria necessário investir em educação. Apesar da diminuição do número de filhos e do aumento da média de vida, o Brasil continua sendo um país jovem. Quase metade dos brasileiros tem menos de 19 anos. No entanto, cerca de 30% das crianças e jovens entre 10 e 17 anos trabalham para sustentar-se ou ajudar a família, o que se reflete no nível de escolarização. Enquanto nos países desenvolvidos quase toda a população completa o curso primário, no Brasil apenas cerca de 40% concluem essa fase do aprendizado.
Nos anos 90, a população brasileira viu a inflação ser debelada. Apesar de este ser um fantasma que sempre ronda o país, ele acabou substituído por outro temor. Nos últimos anos do século XX, o desemprego passou a ser a principal preocupação dos brasileiros. E não é para menos. Nesses dez anos, o mercado de trabalho nacional se mostrou incapaz de absorver as gerações que atingem a idade de trabalhar. Ainda por cima, é crescente o número de trabalhadores que perdem o emprego na indústria, no comércio e no campo por causa da grave crise económica que assola o país. Basta somar a isso os problemas regionais, como a seca no Nordeste, e temos de fato um quadro preocupante.
Entre 1989 e 1996, o número de desempregados no país triplicou, chegando a somar cerca de 5 milhões de pessoas. Em 1998, esse número aumentou para 6 milhões, representando 7,7% da população economicamente ativa (PEA) do Brasil, que soma pouco mais de 75 milhões de pessoas. Desde então, esse índice não deixou de aumentar. Na região metropolitana de São Paulo, atingiu a casa dos 20% em maio de 1999, segundo pesquisa do Dieese.
Mas o pior é que as perspectivas para o país em um mundo globalizado não são nada animadoras. Segundo Márcio Pochmann, especialista no assunto, se mantida a atual política do governo brasileiro, irão sobrar para o país os piores trabalhos da globalização.  Pochmann constrói o quadro do emprego no Brasil da seguinte maneira:
Além de insuficientes, os empregos gerados no pais ao longo da década são de baixíssima qualidade. A maior parte dos profissionais preparados para as tarefas mais modernas não encontra onde exercê-las;
A causa principal é a política econôrnica adotada ao longo desta década. Ela atinge em cheio os investimentos públicos e privados que poderiam gerar bons empregos;
O mercado de trabalho brasileiro já é duas vezes mais flexível que o norte-americano. Relaxar direitos trabalhistas apenas agravaria a desigualdade social;
Também é errada a idéia de que a geração de empregos não está mais associada a desenvolvimento industrial. A maior parte dos bons empregos oferecidos pelo setor de serviços está ligada à indústria.

Para alterar esse quadro, segundo Pochmann, seria necessário investir em três caminhos: reforma agrária, reforma tributária, distribuição de rendas.

Amar-Artefato do viver

Amar-Artefato do viver

Amar é como navegar em alto mar
a bordo de um navio estrelar que atravessa mares calmos;
mas, Amar é também naufragar a bordo de um navio tombeiro.
O Amor simula o imenso líquido Azul, oceano pequeno,
ora vive momentos revoltosos, turbulentos,
ora esse líquido mede a amplitude da paz, do respeito, do silencio.

Viver não é só Amar,
mas,quando Amo sei que vivo e revivo,
quando vivo e revivo, sonho,
quando sonho, tenho a Esperança.
A Esperança de fazer sempre do Ato de Amar
um simples e grande Artefato do viver.

Sei que para muitos o Amor é sinônimo de hipocrisia,
e que para muitos outros se torna um pedestal da ironia.
Porém, para mim, Amor é o mesmo que Poesia.

Amar é pensar, olhar, viver, buscar, sorrir.
Amar é naufragar, errar, concertar.
Amar é penetrar, caçar, sonhar!!!
Amar é fazer dos versos das simples Poesias: Um Mar,
onde os navios navegam a favor ou contra a correnteza das palavras.
Correnteza que flui sobre os sonhos, os desejos daquele que Ama:
Ama viver, fazer, escrever histórias de Amor,
Ama o navio e o mar.
E deseja que aquele navio estrelar nunca venha a se naufragar.

Lembre-se:

Amar é Admirar, Sonhar!!!
...
Sonhar para sempre em Alto Mar!!!
...
Amar é Tudo, é Tudo, é Tudo...

RNS