7 de julho de 2017

O TROPEIRISMO NO BRASIL








O TROPEIRISMO NO BRASIL


Final da parte 8: Quando os interesses coincidiam, os dos proprietários sulinos e os do Império, as forças regulares e irregulares lutavam juntas com predomínio destas. Havia, entre elas, contradições também. Nesse caso, deflagravam em lutas. A Farropilha foi a mais destacada. Emergiu, nesse conflito, o velho contraste marcado pelas reminicências heróicas da Campanha entre as duas áreas de colonização. De um lado, os estancieiros à frente dos gaúchos pobres, que formavam a sua tropa e a sua peonagem. Do outro, os elementos dependentes da autoridade pública - a população estável, pertencente à classe média das cidades, do litoral marítimo e lagunar e das regiões onde a colonização alemã começara a ser introduzida a partir de 1824.
A rebelião dos farrapos teve início em Porto Alegre(atual capital do Rio grande do Sul), mas teve na Campanha a sua base de sustentação e tinha como objetivo tornar-se independente do Brasil, pois a eles o governo central devia grande quantia de fornecimento não pagos; a sua produção e ao seu comércio o império tributava com rigor para auferir rendas que saía da província.
 *   *   *
Parte 9: Ao assumir o comando das forças destinadas a por fim a esta rebelião, que empobreceu e arruinou propriedades, Duque de Caxias ofereceu paz honrosa e acenou com perspectivas de um novo acordo entre os senhores da Campanha e o Império; e nova intervenção nas questões platinas envolvendo as ricas pastagens ao sul do Ibicui. A situação ali caminhava para uma crise militar - uma solução tradicional e antiga. Os proprietários brasileiros da Banda Oriental, agora estado autônomo, exigiam constantemente a proteção do governo central. A fronteira voltava a ser cenário de lutas constantes entre estancieiros que operavam por conta própria.

Os tratados anteriores de limites e todos os acordos até então assinalados deixavam a região ao sul do Ibicui aos orientais. Nela a população e os proprietários brasileiros somavam a maioria. Essa realidade continha a origem dos conflitos sucessivos caracterizando a fronteira do Ibicui como uma zona de transição sempre conflagrada. A luta contra Rosas - ditador argentino - conduzida do Rio Grande do Sul por Duque de Caxias mobilizou os sobreviventes da luta Farropilha e conduziu a um acordo razoável entre os estancieiros e o governo imperial na esperança de, com a vitória de Caseros, por fim a esta situação já prolongada e insustentável. Os acordos assinados com os aliados brasileiros do Estado Oriental, chefiados pelo general Flores, definiu a entrega dos campos ao sul do Ibicui ao Brasil. Pela primeira vez a linha do Quaraí surge no mapa como fronteira sulina.
  
Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias (1803-1880)
O quadro geral da Campanha é alterado outra vez com o advento da carne e instalação dos frigoríficos responsáveis por uma nova e importante mudança de ordem social, política e econômica. Nesse tempo, o fator imigração determinou o predomínio do tipo de população oriunda do litoral e da bacia do Guaíba; influenciou na diferenciação sucessiva da gente da Campanha. A luta federalista foi o seu último arremesso. Consolidada a República, a Campanha ficou reduzida ao controle do poder central e os vestígios de uma época foram eliminados. 
    
Fim

Belo Horizonte, 27 de março de 2008

PEDRAS QUE FALAM


Há dias, estava eu a tomar um café e a comer um rissol quando a Polícia Municipal chegou com o reboque para a remoção de carros mal estacionados. Logo levou um que se encontrava com duas rodas sobre o passeio frente ao bistro em que eu me encontrava. Ainda não tinham – reboque e rebocado – passado a esquina lá ao fundo da rua e já dois carros disputavam o lugar de que o anterior tinha sido removido. Foi necessário o cavalheiro que, ao meu lado, estava de pé ao balcão dizer-lhes o que tinha acabado de acontecer para seguirem com a discussão para outro lugar. Ou seja, nesta cena tão breve quanto profana, houve quem contasse a história mas dá para imaginar a ignorância de todos aqueles que passam sobre as pedras da rua sem imaginarem o que por ali mesmo se passou há pouco ou há muito. E se há episódios que podem ser importantes para os interesses imediatos dos incautos – a Polícia Municipal voltar ali para continuar a rebocar carros mal estacionados – outras situações haverá cujo conhecimento nos pode dar um grande sentido de responsabilidade pelos passos que damos sobre certas pedras.

Saber que nos encontramos no local exacto em que o Rei D. Dinis perguntou à Rainha D. Isabel o que levava no regaço tendo ela respondido que «São rosas, Senhor», que foi daquele preciso local que D. Nuno Álvares Pereira assistiu ao fecho da abóbada do Convento do Carmo e que uns séculos mais tarde dali mesmo o Capitão Salgueiro Maia desmoronou o Império, que ali, naquela sala do castelo de Palmela, o Rei D. João II apunhalou o Duque de Viseu, saber que foi sob aqueles arcos do seu Paço sobre a foz do Tejo que o Rei D. Manuel viu a armada de Vasco da Gama zarpar para a Índia e que naquele outro arco estava a porta que entalou Martim Moniz…
  «São rosas, Senhor»
Pisar essas pedras dá-nos uma certa solenidade, um verdadeiro sentido de responsabilidade histórica. Isso mesmo senti quando espalmei uma mão sobre as pedras do Forte d’Aguada em Goa e imaginei o que elas “viram” antes de eu ali chegar… Não somos nós que somos importantes por ali estarmos naquele lugar; apenas nos enforma o sentido do respeito histórico, cultural. E imaginamos…
  
Porta do Castelo de S. Jorge, Lisboa - por Francisco Gomes de Amorim
Imaginamos o vazio daqueles que ignoram o que se passou e, pior ainda, o deserto mental daqueles que nem sequer querem saber.

Mas cheguei à conclusão de que, felizmente, as pedras são inertes.

Imagine-se o que seria se elas reagissem a estímulos. Devia ser um tremor constante com algumas a saltar mais que outras conforme o que cada uma tivesse “visto”. Haveria mesmo as que levitariam.

O que aconteceria às calçadas de Lisboa por que passaram Camões e Herculano quando fossem pisadas por analfabetos boçais e bêbados de destino incerto?

E a que altura subiriam aquelas de Königsberg que durante mais de meio século foram pisadas por Emmanuel Kant quando os soldados nazis as pisaram com botas fanáticas e quando os alienados bolcheviques a transformaram em Kaliningrad?

É este sentido de responsabilidade histórica que a todos deveria motivar. Bastaria que tivessem interesse. Bastaria que fossem cultos. E ser culto não é saber muitas coisas: é querer saber o significado das que se conhecem e estar aberto a conhecer outras mais.

É que, apesar de serem inertes, as pedras contam-nos muito e podem conduzir-nos à sabedoria, estado que só se alcança se percebermos o que nos rodeia.

Dá para imaginar quanto problema poderia ter sido evitado se os líderes históricos não mentissem como hoje é banal e tivessem tido esta preocupação cultural básica: a busca do significado.

Lisboa, Março de 2008

Henrique Salles da Fonseca

 

 


tags: cultura

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 10:33
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Sábado, 29 de Março de 2008
A doença do século XXI
 

"A criança doente"
Edvard Munch (1863-1944)

A projeção de uma vida mais longa para o homem, através da possibilidade de diagnósticos precoces de doenças e do acesso a novos e eficientes medicamentos, e as exigências crescentes da sociedade atual têm trazido situações de estresse que desencadeiam manifestações e sintomas de depressão, a quinta doença mais freqüente no mundo de hoje, segundo a OMS.

Por motivos discutíveis e não definitivos, como as alterações hormonais e o estilo vida mais desgastante, com duas a três jornadas de trabalho diário, a mulher é a vitima mais freqüente dessa patologia, na relação de duas mulheres para cada homem. Fatores de origem genética, hereditários e familiares, também são determinantes. Filhos de pais que sofrem distúrbios depressivos têm 30% mais chance de desenvolver a doença. 

A antiga doença da alma, a depressão, é organicamente determinada pela baixa produção de dois neurotransmissores (substancias que propagam os estímulos nervosos cerebrais), a serotonina (promotora da motivação, energia e atenção) e a noradrenalina (influi no apetite e impulsividade) que juntas regulam o humor e as funções cognitivas. Clinicamente é caracterizada pela perda de interesse ou prazer em todas as atividades, pelo humor deprimido, por alterações do sono e do apetite, pela fadiga constante, pelo sentimento de impotência e inutilidade, pela diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar, e até, em alguns casos, pelas tendências suicidas. É importante diferenciar esses sinais e sintomas de outras situações que têm uma causa definida, como a tristeza (luto, perdas, etc.), que é passageira, e outras patologias hormonais (tiroidianas) e drogas.

Como é uma doença que atinge principalmente o emocional da pessoa, muitas vezes é não adequadamente avaliada e tratada.
Os tratamentos modernos são cada vez mais eficazes. Combinação de  apoios profissional e medicamentoso e até utilização do eletrochoque, procedimento agora mais seguro, acompanhado por computador e anestesista, indicado, por exemplo, em casos graves de pacientes gestantes ou lactantes que não podem receber medicações antidepressivas.

Houve época em que as pessoas depressivas eram até consideradas criativas, coisa duvidosa, pois é sabido que a maioria fica apática e improdutiva.  Marilyn Monroe e a princesa Diana , a Lady Di,  são exemplos de indivíduos famosos que tiveram durante a vida sinais de depressão.

Apesar das orientações profissionais e das medicações cada vez mais potentes e seguras, as tensões e solicitações do mundo moderno estão levando pessoas de todas as idades e sexos, níveis socioeconômicos, raças e culturas, a um aumento de casos de depressão, doença que atinge uma geração cada vez mais individualista, competitiva e sozinha.


Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 26/03/08

tags: saúde

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 07:38
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Sexta-feira, 28 de Março de 2008
CURIOSIDADES QUASE OCULTAS DA HISTÓRIA

Nasceu cerca do ano 450 da era cristã em Faughart perto de Dundarlk naquela ilha a que então se chamava Ibérnia e morreu em Kildare no dia 25 de Fevereiro de 525. Foi enterrada em Downpatrick junto dos túmulos de São Patrício e de São Colombo. Todos eles são hoje os padroeiros da Irlanda.
Filha do chefe de Leinster e de Brocca, uma das escravas da corte ibérnia, Brígida foi baptizada por Patrício, o monge que viria a ser canonizado e professou em Croghan onde foi ensinada por Mel de Armagh, outro monge que também viria a subir aos altares.
Em 470 fundou o mosteiro de Cill-Dara (Kildare em língua inglesa) assim se tornando a primeira Abadessa da primeira comunidade monacal feminina em toda a Ibérnia. Ali fundou uma escola e iniciou a construção da Catedral. Vários milagres lhe são atribuídos nomeadamente aquele que se conta sobre a transformação da água em leite para dar a uma criança com fome e o de um barril de leite por ela enviado para um vilarejo próximo que não se esvaziou enquanto todas as crianças do local não estavam alimentadas. No final de saciadas as crianças, do mesmo barril passou a jorrar cerveja destinada aos adultos. Diz a tradição que as vacas de Brígida davam leite três vezes por dia a fim satisfazer as necessidades de todos os pobres dos arredores da Abadia. Por este tipo de razões, a arte litúrgica a representa habitualmente com uma vaca a seu lado.
Brígida demonstrou uma extraordinária vida religiosa, interminável compaixão e um grande vigor para espalhar a Fé.
Em Inglaterra existem 19 igrejas que lhe são dedicadas sendo a de Londres a mais importante; na Escócia há duas e vários locais de Gales têm o nome “Llansantaffraid” que significa “Igreja de Santa Brígida”; em Itália há igrejas de Santa Brígida em Piacenza e em Fiesole.
A sua túnica encontra-se no Santuário de São Donato, na Bélgica e um sapato está no Museu de Dublin mas em 1283 foi decidido que a sua cabeça fosse enviada para a Terra Santa. Disso se encarregaram três cavaleiros que transportaram o crânio da Santa com a maior solenidade.
Fazendo escala em Lisboa, não terão tido os modos convenientes a uma perfeita harmonia com as autoridades locais pelo que, entrando em conflito aberto, foram mortos no campo do Lumiar.
O crânio de Santa Brígida ficou como relíquia de grande veneração na capela ali existente e os três cavaleiros foram sepultados em nichos abertos na parede norte do templo.
A actual Igreja paroquial do Lumiar data de 1603, guarda a venerável relíquia e exibe na sua parede norte os três túmulos dos cavaleiros ibérnios que ali foram pelejar e morrer. O seu Orago é S. João Baptista. Porquê?

Foi durante o velório de pessoa amiga que descobri os túmulos e a lápide que os explica.
Lisboa, Março de 2008
Henrique Salles da Fonseca

BIBLIOGRAFIA:



tags: história

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Quinta-feira, 27 de Março de 2008
L'INTERNATIONALISATION DE L'AMAZONIE


Interview du ministre Brésilien de l'Éducation aux Etats-Unis.

Pendant un débat dans une université aux Etats-Unis, le ministre de l'Education, Cristóvão Buarque, fut interrogé sur ce qu'il pensait au sujet de l'internationalisation de l'Amazonie. Le jeune étudiant américain commença sa question en affirmant qu'il espérait une réponse d'un humaniste et non d'un Brésilien.

Voici la réponse de M. Cristóvão Buarque:

Quelle que soit l'insuffisance de l'attention de nos gouvernements pour ce patrimoine, il est nôtre. En effet, en tant que Brésilien, je m'élèverais tout simplement contre l'internationalisation de l'Amazonie.
En tant qu'humaniste, conscient du risque de dégradation du milieu ambiant dont souffre l'Amazonie, je peux imaginer que l'Amazonie soit internationalisée, comme du reste tout ce qui a de l'importance pour toute l'humanité.
 
Si, au nom d'une éthique humaniste, nous devions internationaliser l'Amazonie, alors nous devrions internationaliser les réserves de pétrole du monde entier. Le pétrole est aussi important pour le bien-être de l'humanité que l'Amazonie l'est pour notre avenir. Et malgré cela, les maîtres des réserves de pétrole se sentent le droit d'augmenter ou de diminuer l'extraction de pétrole, comme d'augmenter ou non son prix.
De la même manière, on devrait internationaliser le capital financier des pays riches. Si l'Amazonie est une réserve pour tous les hommes, elle ne peut être brûlée par la volonté de son propriétaire, ou d'un pays. Brûler l'Amazonie, c'est aussi grave que le chômage provoqué par les décisions arbitraires des spéculateurs de l'économie globale. Nous ne pouvons pas laisser les réserves financières brûler des pays entiers pour le bon plaisir de la spéculation.
Avant l'Amazonie, j'aimerai assister à l'internationalisation de tous les grands musées du monde. Le Louvre ne doit pas appartenir à la seule France. Chaque musée du monde est le gardien des plus belles oeuvres produites par le génie humain. On ne peut pas laisser ce patrimoine culturel, au même titre que le patrimoine naturel de l'Amazonie, être manipulé et détruit selon la fantaisie d'un seul propriétaire ou d'un seul pays.
Il y a quelque temps, un millionnaire japonais a décidé d'enterrer avec lui le tableau d'un grand maître. Avant que cela n'arrive, il faudrait internationaliser ce tableau.
Pendant que cette rencontre se déroule, les Nations Unies organisent le Forum du Millénaire, mais certains Présidents de pays ont eu des difficultés pour y assister, à cause de difficultés aux frontières des Etats-Unis. Je crois donc qu'il faudrait que New York, lieu du siège des Nations Unies, soit internationalisé. Au moins Manhattan devrait appartenir à toute l'humanité. Comme du reste Paris, Venise, Rome, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, chaque ville avec sa beauté particulière, et son histoire du monde devraient appartenir au monde entier.
Si les Etats-Unis veulent internationaliser l'Amazonie, à cause du risque que fait courir le fait de la laisser entre les mains des Brésiliens, alors internationalisons aussi tout l'arsenal nucléaire des Etats-Unis. Ne serait-ce que par ce qu'ils sont capables d'utiliser de telles armes, ce qui provoquerait une destruction mille fois plus vaste que les déplorable incendies des forêts Brésiliennes.
Au cours de leurs débats, les actuels candidats à la Présidence des Etats-Unis ont soutenu l'idée d'une internationalisation des réserves florestales du monde en échange d'un effacement de la dette.
Commençons donc par utiliser cette dette pour s'assurer que tous les enfants du monde aient la possibilité de manger et d'aller à l'école. Internationalisons les enfants, en les traitant, où qu'ils naissent, comme un patrimoine qui mérite l'attention du monde entier.
Davantage encore que l'Amazonie. Quand les dirigeants du monde traiteront les enfants pauvres du monde comme un Patrimoine de l'Humanité, ils ne les laisseront pas travailler alors qu'ils devraient aller à l'école; ils ne les laisseront pas mourir alors qu'ils devraient vivre.
En tant qu'humaniste, j'accepte de défendre l'idée d'une internationalisation du monde. Mais tant que le monde me traitera comme un Brésilien, je lutterai pour que l'Amazonie soit à nous. Et seulement à nous!
La presse " nord-américaine" a refusé de publier ce texte!
Contributo de

Luís Soares de Oliveira, Embaixador

tags: política

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 14:11
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Quarta-feira, 26 de Março de 2008
Burricadas nº 26

  
Ai, Alan, Alan. que rica herança nos deixaste - III
v      Se outro mérito a presente crise financeira não tivesse, teria pelo menos este de nos mostrar que a instrumentalização das taxas directoras não é medida que as Autoridades Monetárias possam usar e abusar a seu bel’ prazer: uma economia só tolera situações de ineficiência dinâmica em conjunturas excepcionais e por prazos relativamente curtos (eis um ponto a favor do BCE).
v      No plano da estabilidade dos sistemas financeiros (isto é, da supervisão prudencial), outras lições mais estão já aí para quem as quiser ver. Desde logo, recorda-nos que a criação de liquidez mediante operações de crédito bancário tem por contrapartida inevitável a exposição dos Bancos ao risco de crédito.
v      Se a expansão da liquidez (ou massa monetária) for muito rápida, várias questões devem preocupar, então, os supervisores: Como está a evoluir a perda esperada e a perda máxima provável em que cada Banco incorre? Permanecem invariantes? Ou estão a deslocar-se? Se as perdas esperadas forem, agora, outras, será que os Bancos as repercutem correctamente no preço do dinheiro? E se as perdas não esperadas (isto é, a diferença entre a perda máxima provável e a perda esperada) aumentarem, será que os capitais próprios dos Bancos continuam a poder comportá-las?
v      É que na génese desta crise não estiveram só taxas directoras que colavam a economia norte-americana a um cenário de ineficiência dinâmica. No mercado interbancário, as taxas de juro negociadas raramente levavam em linha de conta o risco de crédito que a contraparte tomadora (Banco ou Thrift) representava. E nas operações de crédito hipotecário residencial, pelo menos nestas, os preços praticados (isto é, as taxas de juro e as comissões a pagar pelo mutuário) também não eram fixados com especial acerto.
v      Tivessem os supervisores (nos EUA há três Autoridades de Supervisão: o FED, o Office of the Comptroller of the Currency e o Office of Thrifts Supervision) dedicado mais atenção ao que se passava nos mercados interbancários, e dificilmente muitos Bancos (e muitas Thrifts) teriam conseguido financiar, ainda que por períodos curtos, as suas carteiras de créditos hipotecários a custo tão baixo.
v      Tivesse havido, por parte daqueles supervisores, uma leitura mais perspicaz da agitação que se vivia no mercado hipotecário, e as condições aí oferecidas teriam sido outras, certamente menos cativantes para novos e velhos devedores (uma boa parte das operações subprime, como vimos, assenta em 2ªs hipotecas, os tais Home Equity Loans; outra parte não menos importante consiste em créditos hipotecários sobre residências secundárias, cujos devedores têm pelo menos mais outro empréstimo hipotecário para pagar).
v      Verdade seja dita, não foi esta crise que veio mostrar quão importante é para a estabilidade dos sistemas financeiros que o preço do dinheiro inclua a perda esperada (a chamada cobertura horizontal do risco de crédito) - essa é uma das regras de ouro do Novo Acordo de Basileia (Basileia II) e sobre ela está ser construída a nova arquitectura do sistema financeiro internacional.
v      Mas é uma regra que tem um triplo efeito, que a teoria ainda mal reconhece: (a) torna muito menos prováveis os cenários de ineficiência dinâmica; (b) rouba eficácia às estratégias de política monetária em preço (isto é, as estratégias baseadas na instrumentalização das taxas directoras); (c) acentua a natureza pró-cíclica dos modelos de supervisão que se inspirem em Basileia II.
v      Neste novo quadro, é toda a concepção tradicional da política monetária que tem de ser repensada. Os Bancos não são mais entidades neutras que a Autoridade Monetária pode tratar por igual no contexto dos mercados interbancários - quais retransmissores dos estímulos monetários que não distorcem o sinal.
v      Pelo contrário, para assegurar a estabilidade do sistema bancário e o ambiente competitivo entre os Bancos, o Banco Central, também ele, tem de observar a regra de ouro que preceitua a cobertura horizontal do risco de crédito, acima referida.
v      Isto significa que o Banco Central deve saber distinguir entre os Bancos, seus contrapartes, não tanto em função da respectiva dimensão, como ainda hoje acontece nas operações de open market (os leilões de liquidez organizados pelo Banco Central), mas, isso sim, à luz do grau de adequação dos respectivos capitais ao risco a que se encontrarem expostos. O que é dizer, do risco sistémico que representem aos olhos do supervisor.
v      Dito de outro modo: os Bancos Centrais ao tratarem todos os Bancos por igual (descontadas as respectivas dimensões), no âmbito dos leilões de liquidez, incentivam (ou, pelo menos, não contrariam) comportamentos oportunistas em matéria de exposição ao risco, designadamente o risco de crédito. E foi isso precisamente o que aconteceu, anos a fio - nos EUA e em praticamente todos os países do mundo.
v      É claro que tudo isto suscita uma série de perguntas incómodas: Estão as Autoridades de Supervisão em condições de avaliar o perfil do risco a que os Bancos (supervisionados e que são simultaneamente contrapartes nas tais operações de open market) se encontram expostos? Com que métodos? E como vão ser esses métodos aferidos?
v      Não bastava esta crise ter-nos mostrado que, na condução da política monetária, a exposição do sistema financeiro ao risco e o nível de capitalização dos Bancos (e de outras Instituições de Serviços Financeiros) são parâmetros tão ou mais importantes que as taxas directoras e o ritmo de expansão da liquidez (massa monetária) na economia.
v      Veio ensinar-nos também: (a) que o funcionamento dos mercados interbancários, contrariamente ao que se julgava, não favorecia a estabilidade dos sistemas financeiros; (b) que a disciplina do mercado (o 3º pilar de Basileia II) passa também pelos Banco Centrais, igualmente sujeitos à regra de ouro já mencionada nas operações de open market; (c) que a disciplina do mercado, para funcionar, faz apelo a modelos de medição do risco de crédito que ainda não foram testados – e com os quais as Autoridades de Supervisão estão ainda pouco familiarizadas; (d) enfim, que, com a disciplina do mercado, as estratégias tradicionais da política monetária são provavelmente bem menos eficazes do que se pensava. (cont.)

Lisboa, Março de 2008

A. PALHINHA MACHADO

tags: finanças

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 14:18
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Terça-feira, 25 de Março de 2008
O PÚBLICO
Nova ferramenta on-line
Notícias do PUBLICO.PT com ligação à blogosfera 
24.03.2008 - 17h10
As notícias do PÚBLICO na Internet passam a ter ligação directa para os blogues que as comentam, através de uma nova ferramenta que hoje entra em funcionamento. O objectivo desta medida é ajudar "na difusão das conversas que se geram na blogosfera sobre as notícias, transformando os níveis de participação no próprio site", explica um comunicado da empresa.

Colocada exactamente por baixo da fotografia, em lugar de destaque, uma pequena caixa dará conta do que se está a escrever na blogosfera sobre aquela notícia em concreto, aumentando as possibilidades de ligações entre os "bloggers" e o próprio jornal. Esta é a primeira vez que o site do PÚBLICO faz ligações directas com frequência para fora do seu próprio site.

A ferramenta em causa, Twingly, é usada por alguns jornais europeus, como o "Politiken", na Dinamarca, e tem apresentado bons resultados na criação de uma comunidade de leitores mais participativos. Nos últimos meses, o site do PÚBLICO tem vindo a ver crescer exponencialmente os comentários on-line, que passaram de 6717 em Outubro de 2007 para 24.140 em Fevereiro.

tags: internet

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 15:33
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ÍNDIA - 4

O TIGRE DE AÇO


Há quem diga da economia indiana que “o tigre está em perigo de vida”.

A afirmação foi abundantemente proferida durante a discussão parlamentar do Orçamento para 2008 (o ano fiscal começa em 1 de Abril) pretendendo com isto criticar a política cambial em curso. Por seu lado, o Ministro das Finanças, Palaniappan Chidambaram, justifica a valorização da Rupia com o combate à inflação ao que os opositores replicam com a demagogia pré-eleitoral que, essa sim, introduz elevadas pressões inflacionistas no sistema.

E que realidades estão por detrás destas afirmações?

A valorização por que a Rupia vem passando resulta de um significativo saldo positivo na Balança de Transacções Correntes tanto na componente das trocas comercias como das transferências para a Índia de vultosas verbas com origem nas poupanças dos emigrantes e no IDE sem que o Banco da Reserva intervenha no sentido da desvalorização. Contudo, essa política tem o reverso que se traduz na inviabilização dos Sectores exportadores de relativamente baixa tecnologia, de mão-de-obra barata, de magro valor acrescentado. O sector têxtil de confecções está a ser severamente castigado e as deslocalizações já se fazem no sentido de países com moedas mais fracas de que sobressaem o Vietname, a China, a Indonésia e o Sri Lanka.

Mas o Ministro das Finanças responde que nos últimos três anos a taxa média de crescimento do PIB foi de 9% e isso permite-lhe preocupar-se com o poder de compra das classes mais desfavorecidas que não poderiam sobreviver num processo inflacionista resultante de uma politica cambial diferente. Ao que a oposição lhe responde com a falta de consolidação orçamental: a inverdade do anúncio de défices de 3,1% para este ano e de 2,5% para 2009 pois nessas contas não estão considerados os aumentos do funcionalismo público que o Partido do Congresso sempre faz nas vésperas de eleições. E esse aumento já representa um agravamento de mais 3,5% no défice de 2008, verbas essas totalmente dedicadas ao consumo. Implicando, portanto, uma enorme tensão inflacionista. Se a esta benesse destinada aos cerca de 10 milhões de funcionários públicos somarmos o perdão total das dívidas bancárias acumuladas por cerca de 30 milhões de pequenos agricultores, dá para imaginar a que nível irá chegar o défice neste ano fiscal eleitoral e que tensões inflacionistas serão geradas.

Nos últimos três anos a produção agrícola vem crescendo cerca de 3% ao ano confirmando a autosuficiência alimentar do país alcançada há mais de uma década e essa dinâmica vem sendo da maior importância na Indústria a qual beneficia desde a independência em 1947 de uma perene política mercantilista, de forte protecção pautal e de proibição de certas importações.

A política educacional e de formação profissional assumiu uma responsabilidade muito grande na sustentação das políticas conducentes à autosuficiência alimentar e industrial e se em tempos a Índia exportava mão-de-obra sem formação, actualmente o cenário é bem diferente e a procura de recursos humanos indianos é uma das justificações para os actuais fluxos de IDE no país.

Assim se criaram estruturas industriais que cresceram para notáveis dimensões. É conhecida a trajectória internacional da indústria indiana de conteúdos informáticos e, mais espectacularmente, a dinâmica do sector siderúrgico.

E assim começam os problemas com a protecção da produção nacional. Efectivamente, se a Índia aborda os mercados externos com a dinâmica de que vem dando provas, lógico é que tenha que dar contrapartidas liberalizando o acesso dos estrangeiros ao seu mercado doméstico.

O problema está em saber se a indústria indiana está em condições de competir com a concorrência que lhe venha brevemente a ser feita no seu próprio território, não em termos de preços mas sim em qualidade.

Agora é que vamos ver se o tigre é mesmo de aço.

Lisboa, Março de 2008

Henrique Salles da Fonseca (na Mesquita de Deli)



tags: índia

publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:14
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Segunda-feira, 24 de Março de 2008
Burricadas nº 25
Ai, Alan,Alan, que rica herança nos deixaste - II
v      Faz anos que O. Blanchard (um nobelizável) veio chamar a atenção para o conceito de eficiência dinâmica, a propósito do peso da Dívida Pública no PIB: uma economia encontra-se em situação de eficiência dinâmica se a taxa de crescimento do PIB nominal for inferior ao custo efectivo (uma taxa nominal também) da Dívida Pública. A eficiência reside, então, no facto de o endividamento público conhecer um limite explícito – e dinâmico, também, dado que actua qualquer que seja a taxa de crescimento do PIB nominal.
v      Num cenário de ineficiência dinâmica, pelo contrário, os juros da Dívida Pública podem ser integralmente capitalizados que, mesmo assim, o peso da Dívida Pública no PIB nominal vai-se reduzindo progressivamente.
v      Acontece que este conceito de eficiência dinâmica tem virtudes que não se esgotam na gestão “macro” da Dívida Pública. Por exemplo, a propósito do mercado imobiliário, ou dos sistemas financeiros.
v      No mercado imobiliário, se os preços de imóveis e terrenos crescerem a uma taxa superior ao custo do dinheiro (ineficiência dinâmica), faz sentido cada um endividar-se o mais possível para investir nuns e noutros, na certeza de que, a breve prazo, as mais valias que vai obter dar-lhe-ão para pagar essas dívidas e ainda ficará com um lucro jeitoso. É o conhecido rodopio entre preços no mercado imobiliário e taxas de juro nominais: quanto mais estas caem, mais aqueles sobem (o inverso nem sempre é verdadeiro).
v      Nos sistemas financeiros, as coisas passam-se de modo ligeiramente diferente. Aí, numa situação de ineficiência dinâmica, as taxas de retorno oferecidas pelos instrumentos de dívida (empréstimos, Obrigações) são facilmente superadas pelas mais valias que a esfera real da economia (commodities, imóveis e bens em geral) promete. Em tais circunstâncias, não é nada fácil para Bancos e Entidades de Investimento Colectivo (que operam predominantemente na esfera nominal da economia) reterem o interesse dos investidores – os quais podem obter taxas de retorno bem mais atraentes com a simples compra e venda (carry trade) de bens transaccionáveis, ou de direitos sobre bens transaccionáveis.
v      Mesmo o mercado de Acções, que faz a ponte entre a esfera real e a esfera nominal de uma economia, quando em ambiente de ineficiência dinâmica, evolui, num primeiro momento, como se elas fossem as commodities mais fáceis de transaccionar – e assiste-se invariavelmente à explosão das cotações.
v      O problema é que os preços não aumentam indefinidamente, nunca. E quando uns quantos crescem muito rapidamente, a estrutura dos preços relativos acaba por se alterar –o que desequilibra as intenções e as expectativas tanto dos investidores como de um grande número de outros agentes económicos, com reflexos imediatos no nível da actividade económica e na composição do PIB.
v      Vem isto a propósito da medicação Greenspan para os choques económicos adversos. Partindo de duas ideias nunca demonstradas (as bolhas especulativas nos mercados financeiros esvaziam-se por elas próprias; os prejuízos dos investidores ficam sempre circunscritos à esfera nominal), prescreveram-se sistematicamente dois princípios activos: (a) taxas directoras baixas, para evitar que a actividade económica decaísse; (b) liquidez abundante, para manter o sistema de pagamentos a funcionar.
v      Se a economia estivesse estagnada, ou mesmo em recessão, a medicação Greenspan não desencadearia efeitos colaterais nocivos – sempre que preservasse a eficiência dinâmica. Mas já em fase de expansão (como foi o caso a partir de 2003), ou em cenário de estagflação, o mais certo era que a descida das taxas directoras empurrasse a economia para uma situação de ineficiência dinâmica - e as consequências que enunciei mais acima não se fariam esperar.
v      Eis a causa “macro” da actual crise financeira: a economia norte-americana, preponderante à escala global, permaneceu demasiado tempo num ambiente de ineficiência dinâmica.
v      E os Intermediários Financeiros, para acompanharem o passo das mais valias que iam surgindo na economia real, tiveram, eles próprios, de se expor às flutuações dos preços de vários bens transaccionáveis, através de instrumentos derivados (isto é, instrumentos financeiros cujos activos subjacentes são bens transaccionáveis).
v      Com a agravante de que vários destes instrumentos derivados empilhavam risco de contraparte e, por vezes, risco de crédito sobre vários riscos de mercado. E todos esses riscos assim empilhados tinham uma origem comum – ou seja, estavam fortemente correlacionados (a modos de um castelo de cartas em equilíbrio instável sobre três palitos).
v      Quanto à Dívida Pública norte-americana, contrariamente ao que seria de esperar, os efeitos da ineficiência dinâmica não se fizeram sentir ainda. Por duas razões: (a) a Administração Clinton legara um stock de Dívida Pública muito baixo; (b) os países asiáticos absorvem-na aparentemente sem limite, só para evitar a revalorização das suas moedas nacionais.
v      Enfim, aqueles instrumentos derivados vinham colocar a supervisão prudencial perante três questões complicadas: (a) Como estimar as perdas esperadas naqueles instrumentos derivados? (b) Como reflectir no preço desses tais instrumentos derivados as perdas estimadas? (c) Como estimar as correspondentes perdas não esperadas – o que é dizer, como determinar qual seja o capital mínimo adequado, dado o risco a que esses instrumentos derivados expunham? (cont.)
Lisboa, Março de 2008
A. PALHINHA MACHADO


ARTIGOS DE RADIOAMADORISMO BRASILEIRO



ARTIGOS DE RADIOAMADORISMO BRASILEIRO
O Decibel - Db
Autor do artigo: Mário Keiteris - PY2MXK
e.mail =py2mxk@arrl.org

Publicado na Revista
Radioamadorismo & Faixa do Cidadão nº 2- ano 1- pg. 36

Revista
Radioamadorismo & Faixa do Cidadão

O Decibel - dB
Na maior parte das rádio comunicações o sinal recebido converte-se em som.
Se é esse o caso, resulta sempre útil avaliar a intensidade dos sinais recebidos, em função da intensidade do sinal acusado pelo nosso ouvido.
Uma peculiariedade do nosso ouvido é que, um aumento ou uma diminuição da intensidade do sinal e que corresponde a relação da potência em jogo, o que é praticamente independente do valor absoluto de potência
Por exemplo, quando um radioamador é solicitado na freqüência por um colega para reportar seus sinais, este radioamador normalmente estimará auditivamente que o sinal tem o "dobro da intensidade", quando se aumenta a potência do transmissor de 10 para 40 Watts, este mesmo radioamador ainda estimará auditivamente, de que um sinal de 400 Watts tem o "dobro de intensidade", de que um sinal de 100 Watts.
O ouvido humano possui uma resposta logarítmica.
Este fato constitui de que um decibel (abreviado dB), no nível de potência resulta apenas perceptível em uma intensidade de sinal em condições ideais.
A relação de potências e decibeis é expressa pela seguinte fórmula :
dB = 10 Log. P2/P1
São usados logaritmos comuns (base de 10).
Se observará que o decibel está baseado em relações de potências. Podemos utilizar relações de tensão ou de corrente, porém somente quando prevalece a mesma impedância para ambos os valores, tanto de tensão como de corrente.
No ganho de um amplificador não podemos expressar corretamente em dB, se está baseado na relação entre tensões de saída e entrada, a menos que mensuremos ambas as tensões através da mesma impedância.
Quando a impedância é idêntica em ambos os pontos de medida, podemos usar a seguinte fórmula para a relação de tensão e corrente :
................dB = 20 Log. V 2 ou dB = 20 Log. I 2 .......................................V 1.............................I 1
As fórmulas que aparecem graficamente representadas na figura abaixo que ilustra este artigo, representam relações de 1 a 10.
Os ganhos (aumentos), expressados em decibeis ou dB, poderão somar-se aritmeticamente, as perdas (diminuições) expressados em decibeis ou dB, poderão ser subtraídas aritmeticamente.
Uma diminuição de potência se indica com o sinal de menos - , precedendo ao sinal de decibel.
Deste modo : - 6dB, significa de que a potência foi dividida por 4.
É possível a utilização do gráfico aqui ilustrado, para outras relações, somando no caso de ganho ou subtraindo no caso de perdas, 10 dB de cada vez que a escala de relações de potência se multiplique por 10.
Isso para relações de potências, somando nos casos de ganhos ou subtraindo nos casos de perdas, 20 decibeis dB de cada vez que se multiplique a escala por 10, isso para relações de tensão e de corrente.
Autor do artigo : Mário Keiteris - PY2 M X K

telefone (011) 6944-03-45 SP. Cap.
e.mail = mariokeiteris-py2mxk@mailcity.com
e-mail = py2mxk@arrl.org
Sobre o autor do artigo: Além de escrever artigos para a Revista e Jornal Radioamadorismo & Faixa do Cidadão é ex-diretor de Cursos da antiga Labre SP., é autor do livro Radioamadorismo : Hobby? ou Ciência! e outras obras relativas ao radioamadorismo,bem como das Apostilas de preparo para exames no Ministério das Comunicações, doadas na época para a Labre S.P., comercializa-las.
É Co-Autor da Apostila para Exame de Técnica e Ética operacional de 1.996 da Delegacia Regional do Ministério das Comunicações em São Paulo, em uso atualmente, também é SUPPORT MEMBER da L. R. M. D. Associação dos Radioamadores da Lithuania.
( e.mail = mariokeiteris-py2mxk@mailcity.com )
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O Cinema não Demorou a chegar ao Brasil






Trabalho: Arte
Laiza Maria Mendes de Oliveira
O Cinema não Demorou a chegar ao Brasil


O cinema não demorou a chegar ao Brasil. Sete meses depois da primeira sessão patrocinada pelos irmãos Lumière, em Paris, ou seja, a 8 de julho de 1896, os cariocas foram apresentados a um arremedo do cinematógrafo, na mais agitada e novidadeira rua do centro do Rio, a Ouvidor. As primeiras imagens aqui tomadas por uma câmera datam de junho de 1898. Focalizavam a baía de Guanabara e algumas embarcações nela ancoradas. De olho no visor, um imigrante italiano chamado Afonso Segreto, chegando da Europa com sua primeira câmera Lumière.

Por algum tempo, Afonso e seu irmão Paschoal detiveram o monopólio das imagens em movimento entre nós. No início deste século, surgiram os primeiros concorrentes, todos imigrantes como os Segreto. Um deles, Giuseppe Filippi, estabeleceu-se em Curitiba e, mais tarde, em Porto Alegre. A partir de 1905, o português Antônio Leal especializou-se em registrar fait divers e festas populares do Rio. Sangue espanhol tinha o criador do nosso primeiro circuito de salas exibidoras, Francisco Serrador.
Filmes de enredo, só a partir de 1908. O veio foi aberto com uma comédia, Nhô Anastácio Chegou de Viagem, de Júlio Ferrez. Influenciado pelo francês Georges Méliès, Antonio Campos encheu de truques, em São Paulo, o também pioneiro O Diabo. Entusiasmado com as possibilidades fantasiosas do cinema, Antônio Leal trocou o documentário pela ficção. Adaptou O Guarani, de José de Alencar, e com Os Estranguladores descobriu um filão que por algum tempo foi moda no Rio: filmes de média metragem dramatizando palpitantes histórias da crônica policial da época. Nesse terreno, acabou batido por Alberto Botelho, que fez de O Crime da Mala o primeiro estouro de bilheteria do cinema brasileiro.
A febre cinematográfica contaminou quase todo o País. Paulo Benedetti levou-a até Barbacena; Anibal Requião, até Curitiba; Aristides Junqueira, até Belo Horizonte; Diomedes Gramacho, até Salvador. Mas Rio e São Paulo continuaram sendo os dois centros produtores mais efervescentes - e os mais sintonizados com as novidades de fora. No afã de imitá-las, chegamos a produzir até três versões de A Viúva Alegre e uma de A Cabana do Pai Tomás.
Bem mais autenticamente nossa era a sátira política transposta do teatro-revista, cujo exemplar pioneiro, Paz e Amor, realizado em 1910 por Alberto Botelho e W. Auler, já ostentava no título uma gozação ao presidente Nilo Peçanha, que prometera governar o País "com paz e amor". O público adorou, mas nem assim o cinema brasileiro deslanchou de vez. A uma queda na produção, em 1913, seguiram-se mais dois anos de penúria material, provocada pela guerra. Quando se retomaram as atividades cinematográficas, em 1916, a sátira cedeu lugar à velha mania de adaptações literárias e a sagas patrióticas.
Entre 1919 e 1925, sete novos desbravadores entraram em cena: José Medina (em São Paulo), Silvino Santos (em Manaus), Gentil Roriz (em Recife), Eduardo Abelim (em Porto Alegre) e os mineiros Francisco de Almeida Fleming (em Pouso Alegre), Humberto Mauro (em Cataguases) e Eugênio Kerrigan (em Guaranésia). Desses, apenas Mauro conseguiu construir uma carreira e atravessar a ponte para o falado.
Nos anos que antecedem a chegada do filme sonoro ao Brasil, as maiores promessas continuam sendo um privilégio do eixo Rio-São Paulo. O polivalente Adhemar Gonzaga salta do jornalismo para atrás das câmeras, traz Humberto Mauro para o Rio e funda um estúdio. A dupla Adalberto Kemeny e Rodolfo Rex Lustig monta uma produtora (Rex Film) e repete na Paulicéia (São Paulo, a Sinfonia da Metrópole) o que o alemão Walter Ruttmann fizera na Alemanha.
Com uma comédia estrelada pela dupla cômica Genésio Arruda e Tom Bill, Acabaram-se os Otários (1929), o cinema brasileiro entrou na era do falado. Dando as ordens atrás da câmera, o folclórico Luiz (Lulu) de Barros, que faria dezenas de patuscadas afins, ao contrário de Mário Peixoto, que só conseguiria realizar um filme, Limite, o suficiente para consagrá-lo como um gênio da raça. Peixoto e Mauro (sobretudo por conta de Ganga Bruta, 1933) são os dois criadores fundamentais do período, marcado também pela obstinada atuação de uma mulher, Carmen Santos, atriz, produtora, dona de estúdio e, por fim, também diretora, e pelo surgimento dos primeiros filmusicais carnavalescos produzidos por Wallace Downey e Alberto Byington Jr., imitados e aprimorados na Cinédia de Adhemar Gonzaga, com o melhor que o rádio e a música popular tinham a oferecer.
Em 1941, um grupo de jovens abnegados, liderados por Moacir Fenelon, Alinor Azevedo, José Carlos Burle e Edgar Brasil, funda uma produtora independente, a Atlântida, que, desviada de seus objetivos iniciais, se transformaria no mais bem-sucedido estúdio do País em todos os tempos. Seus criadores sonhavam com filmes sérios, algo solenes e engajados, mas tiveram de se amoldar às exigências do mercado. E assim nasceu a chanchada, misto de comédia, musical carnavalesco e filme policial, o mais exitoso gênero cinematográfico que no Brasil vicejou - e que só a televisão, no início dos anos 60, conseguiu destruir.
Enquanto a Atlântida divertia as massas com suas chanchadas, a Vera Cruz, delírio megalômano de um empresário italiano estabelecido em São Paulo, investiu suas fichas num cinema sisudo, pomposo e sem futuro. Hoje, a Vera Cruz só é lembrada pela repercussão de O Cangaceiro e pela passagem, por sua cúpula, do cineasta Alberto Cavalcanti. Em 1954, a Vera Cruz fechou as portas e a Atlântida seguiu em frente, dando-se até ao luxo de bancar projetos mais pretensiosos como Amei um Bicheiro (1953), de Jorge Illeli e Paulo Wanderley, thriller urbano à americana, decalcado no clássico de John Huston, O Segredo das Jóias.
Dividido entre aqueles que pretendiam emular Hollywood e aqueles que viam no neo-realismo italiano a opção mais adequada para uma indústria de filmes modesta e periférica como a nossa, o cinema brasileiro atravessou a década de 50 com certa galhardia, revelando cineastas talentosos como Carlos Manga, Roberto Santos (O Grande Momento, 1958), Galileu Garcia (Cara de Fogo, 1958) e Walter Hugo Khoury (Estranho Encontro, 1958) - nenhum deles tão influente quanto Nelson Pereira dos Santos, sob cujas bênçãos nasceria, no limiar da década seguinte, o Cinema Novo.

Movimento de renovação inspirado na Nouvelle Vague francesa, como tantos outros mundo afora, o Cinema Novo representou a utopia de uma geração de cinéfilos com formação universitária, ideologicamente de esquerda e avessos ao modelo hollywoodiano de produção. Havia, então, um vácuo em nossa indústria de filmes, gerado pelo desaparecimento das chanchadas, que o Cinema Novo ocupou, com a ajuda de uma imprensa também ansiosa por uma imagem diferente do País - mais direta, crua e desmistificadora. À frente dos rebeldes, um baiano inquieto, sagaz e desconcertante, Glauber Rocha, à sombra de quem Joaquim Pedro de Andrade, Paulo César Saraceni, Carlos Diegues, Ruy Guerra, Leon Hirszman e outros traçaram as linhas mestras do moderno cinema brasileiro.
No seu auge, o Cinema Novo, originalmente carioca, deu cria em outros Estados (destaque para o paulista Luiz Sergio Person, autor do fundamental São Paulo S.A., 1965), soube absorver o desafio de seus édipos mais intransigentes (Julio Bressane, Rogério Sganzerla), acumulou diversos prêmios internacionais e marcou de forma indelével inúmeros cineastas de outros países. Também vítima da crise de criatividade que se abateu sobre o cinema mundial, nas décadas de 70 e 80, o Cinema Novo virou apenas um rótulo que, de acordo com as conveniências, pode ser aplicado a obras tão díspares como Lição de Amor (Eduardo Escorel, 1975), Mar de Rosas (Ana Carolina, 1977), e certamente a todas assinadas pelos seus mais notáveis sobreviventes: Diegues, Guerra, Walter Lima Jr., Arnaldo Jabor, Eduardo Coutinho.

No início dos anos 90, nova crise, desta vez interna. Sem qualquer proteção estatal, abolida pelo governo Fernando Collor de Mello, a economia cinematográfica se desorganiza e a produção de filmes chega a zero, ameaçando aposentar precocemente as revelações da década anterior (Murilo Salles, Tizuka Yamasaki, André Klotzel, Chico Botelho) e manter longe por tempo indefinido os seus filhos pródigos, Hector Babenco e Bruno Barreto. Renascendo das cinzas, em novas bases produtivas, o cinema brasileiro promete festejar seu centenário de forma otimista, com surpreendentes fenômenos de bilheteria (Carlota Joaquina, de Carla Camurati; O Quatrilho, de Fábio Barreto) e pelo menos duas esperanças de que melhores filmes virão: Walter Salles Jr., autor dos emocionantes Terra Estrangeira e Central do Brasil, e Jorge Furtado, que fez de um curta, Ilha das Flores, uma obra-prima sem paralelos em sua bitola - por sinal, aquela que para as telas nacionais mais talentos revelou nos últimos tempos.
Com Walter Salles Jr e seu filme Central do Brasil, o cinema brasileiro ganha novo reconhecimento internacional, vencendo o Urso de Prata, no Festival de Berlim de 1998. Em 1999, esse filme recebe indicação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e sua atriz principal, Fernanda Montenegro, para Melhor Atriz. Do mesmo diretor, em parceria com Daniela Thomas, é a recente exibição na 23ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, do filme O Primeiro Dia, com grandes elogios da crítica quando de sua exibição na Europa, também em 1999.
No início dos anos 90, nova crise, desta vez interna. Sem qualquer proteção estatal, abolida pelo governo Fernando Collor de Mello, a economia cinematográfica se desorganiza e a produção de filmes chega a zero, ameaçando aposentar precocemente as revelações da década anterior (Murilo Salles, Tizuka Yamasaki, André Klotzel, Chico Botelho) e manter longe por tempo indefinido os seus filhos pródigos, Hector Babenco e Bruno Barreto. Renascendo das cinzas, com novos parceiros e em novas bases produtivas, o cinema brasileiro festejou seu centenário de forma otimista, com surpreendentes fenômenos de bilheteria (Carlota Joaquina, de Carla Camurati; O Quatrilho, de Fábio Barreto) e pelo menos duas esperanças de que melhores filmes viriam: Walter Salles Jr., autor dos emocionantes Terra Estrangeira e Central do Brasil, e Jorge Furtado, que fez de um curta, Ilha das Flores, uma obra-prima sem paralelos em sua bitola - por sinal, aquela que para as telas nacionais mais talentos revelou nos últimos tempos.
Com Walter Salles Jr e seu filme Central do Brasil, o cinema brasileiro ganhou novo reconhecimento internacional, conquistando o Urso de Prata, no Festival de Berlim de 1998, e sendo indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1999, e sua atriz principal, Fernanda Montenegro, ao de Melhor Atriz. Em parceria com Daniela Thomas, Salles faria, em seguida, O Primeiro Dia, que grandes elogios da crítica européia recebeu em 1999, para em 2001 bisar o êxito de Central do Brasil com outra obra solo: Abril Despedaçado, adaptação ao sertão do Nordeste brasileiro do romance homônimo do albanês Ismail Kadare. Jorge Furtado, por sua vez, estrearia no longa em 2002, abordando as angústias da adolescência com uma narrativa ágil e diálogos inteligentes, em Houve Uma Vez Dois Verões.
A virada do século foi marcada, ainda, por produções de orçamentos elevados, em geral adaptadas de obras literárias ou baseadas em acontecimentos históricos marcantes, estreladas por astros da televisão e não raro voltadas também para o mercado internacional, como Orfeu (de Carlos Diegues), A Partilha (de Daniel Filho), O Xangô de Baker Street (de Miguel Faria Jr.), Amélia (de Ana Carolina) e Mauá (de Sérgio Rezende). Mas o que afinal predominou foram as produções de porte médio, afinadas com a comédia urbana (Bossa Nova, de Bruno Barreto; Amores Possíveis, de Sandra Werneck), a comédia rural (Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington) e o thriller de periferia (Um Céu de Estrelas, de Tata Amaral; Os Matadores e Ação Entre Amigos, ambos de Beto Brant).
Estimulados pela retomada da produção, veteranos como Paulo César Saraceni (O Viajante), Ruy Guerra (O Estorvo), Domingos de Oliveira (Amores) e Xavier de Oliveira (Adágio ao Sol), voltaram à ativa, e em outros centros, fora do eixo Rio-São Paulo, jovens cineastas se atiraram à aventura de fazer filmes com entusiasmo fora do comum. A dupla Paulo Caldas-Lírio Ferreira restaurou, a partir de Recife, a velha saga dos cangaceiros, revista por outro ângulo, em Baile Perfumado. No Rio Grande do Sul, o escritor Tabajara Ruas co-dirigiu com Beto Souza um épico intimista sobre um general que lutou nas guerras dos Farrapos e do Paraguai, intitulado Netto Perde Sua Alma .
A despeito do fascínio provocado pela rigorosa transcriação que Luiz Fernando Carvalho fez do texto literário de Raduan Nassar, Lavoura Arcaica, nos dois primeiros anos do novo milênio, os filmes brasileiros de maior impacto junto ao público e à crítica foram, justamente, aqueles que ousaram abordar de frente as mazelas sociais que há tempos mais corroem a sociedade brasileira: o tráfico de drogas, a guerra civil não declarada nas grandes cidades, o fanatismo religioso. O segundo século do cinema brasileiro começou cheirando a pólvora e sangue, a suor e vela, e seus títulos de honra, por enquanto, são Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund; Notícias de uma Guerra Particular, documentário de João Moreira Salles; e os dois documentários (Babilônia 2000 e Santo Forte) que Eduardo Coutinho rodou com a mesma maestria que fez de Cabra Marcado Para Morrer (1984) um clássico do gênero.


O cinema cai na folia













O cinema cai na folia
Cinema e carnaval, uma parceria que dá samba

Por Roberto Guerra

No quesito harmonia, cinema e carnaval sempre tiraram nota máxima ao longo dos anos. Desde os tempos do cinema mudo, passando pelas chanchadas e pelo Cinema Novo, esse bem-sucedido casamento sempre rendeu bons frutos, ajudando a recriar, seja por meio de documentários ou filmes de ficção, um panorama da maior festa popular brasileira.

Os primeiros registros documentais do carnaval datam de 1908. Nesses primeiros anos de cinema nacional, foram produzidos diversos documentários mudos de curtas-metragens registrando festas carnavalescas. Feitos em profusão, esses filmes antecederam uma tradição que faria escola mais tarde na ficção.

Sem desmerecer a importância desses primeiros registros - a maioria deles perdidos -, o carnaval precisava de algo mais do que imagens para ser retratado em sua essência. Esse algo mais, claro, era a música. Isso só aconteceu no final da década de 20 com a conquista do som, ocorrida em 1927 nos EUA e, em 1929, no Brasil.

Nesse contexto, os musicais, como pode se imaginar, despontaram como um dos principais gêneros cinematográficos. Já em 1933, o filme A Voz do Carnaval, dirigido por Ademar Gonzaga e Humberto Mauro - no qual Carmen Miranda estréia nas telas -, inicia o ciclo musical-carnavalesco. É seguido por Alô, Alô, Brasil! (1935), de Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro, e Alô, Alô Carnaval, de Ademar Gonzaga (1936). Outros filmes carnavalescos de importância são rodados na época, como Tererê Não Resolve (1938), de Luís de Barros, e Banana da Terra (1938), de Rui Costa. No mesmo período é produzido, e merece destaque, Favela de Meus Amores (1935), que destoa dos outros por ser um drama sobre o samba e o carnaval transcorrido numa favela carioca, que não se enquadrava na estrutura de musical.


Uma retrato da época

Mais do que enumerar os filmes produzidos na época, é interessante entender o contexto social em que eles surgiram. Quando, por exemplo, o filme Alô, Alô, Carnaval foi produzido, em fins de 1935, os estúdio da Cinédia, no Rio, formavam uma espécie de filial carioca de Hollywood. O bairro de São Cristóvão parou durante os dois meses de filmagens para assistir a um desfile de astros e estrelas do teatro e do rádio. Em primeiro lugar, não era qualquer evento que reunia de uma só vez Carmen Miranda, Francisco Alves, Lamartine Babo, Dircinha Baptista, além dos comediantes Oscarito e Jayme Costa. Por outro lado, filmes como esse serviam para apresentar os cantores, num tempo em que a TV não existia, ao grande público, que não tinha acesso aos cassinos. Aliás, a intenção de conquistar a massa evidencia-se ao analisarmos o argumento ingênuo do filme, talhado de forma a conquistar o espectadores pouco exigentes dos programas de auditório. A trama gira em torno de dois produtores de teatro de revista (Barbosa Júnior e Pinto Filho) que tentam convencer um empresário (Jayme Costa), proprietário do Cassino Mosca Azul, a bancar o espetáculo Banana da Terra. O empresário, a princípio, não quer saber do número, preferindo uma atração européia. Mas os estrangeiros dão um “bolo” e, sem alternativa, o dono do cassino contrata o espetáculo de revista. Essa, claro, é a deixa para o desfile das grandes estrelas do show biz brasileiro.



A época de ouro das chanchadas

Esses filmes produzidos nos anos 30 foram os precursores de um gênero que iria, nas décadas de 40 e 50, sintetizar e definir o cinema brasileiro: a chanchada. Assim eram chamados os filmes de amplo apelo popular, que misturavam comédia, números musicais e drama. Sem dúvida, foi o período em que cinema e carnaval estiveram mais intimamente ligados. Nessa época, foram produzidos filmes expressivos com temática carnavalesca como Carnaval no Fogo (1949), Aviso aos Navegantes (1950), ambos de Watson Macedo, e Carnaval Atlântida (1952), de José Carlos Burle. Esses dois últimos praticamente contavam com o mesmo elenco: Grande Otelo, Oscarito, José Lewgoy, como vilão, e Cyl Farney ou Anselmo Duarte como galãs. Outros, menos expressivos, como Carnaval em Caxias (1953), Carnaval em Lá Maior (1954) e Carnaval em Marte (1955), entre outros, levaram às telas enredos com temática carnavalesca.


Cinema Novo


Os anos 60 marcaram o fim das chanchadas e o nascimento de um movimento que passou a ser conhecido como Cinema Novo. Mas seu caráter diametralmente oposto ao modelo seguido na década anterior não o impediu de retratar o carnaval. Dois filmes que merecem ser citados, já nos anos 70, são Amor, Carnaval e Sonho (1972), de Paulo César Sarraceni, com Leila Diniz, Ana Maria Miranda e Harduíno Colassanti, e A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Júnior, com Cláudio Marzo, Anecy Rocha e Paulo César Pereio. Ambos contam histórias de amor bem cariocas, tendo como pano de fundo os desfiles carnavalescos. Amor, Carnaval e Sonho, além disso, registra cenas do último baile de carnaval do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.


Folia documentada
Os primeiros registros do carnaval foram feitos em documentários no início do século passado. Depois, os filmes de ficção, com enredos que tinham o carnaval como pano de fundo, pipocaram nas telas principalmente nas décadas de 30, 40 e 50. Mas, ainda assim, o gênero documental nunca deixou de registrar grandes momentos dessa festa popular. Dos anos 70 até os 90, muitos documentários de qualidade foram feitos sobre o tema. Podemos citar, por exemplo, Beija-Flor - Samba da Criação do Mundo (1978), de Vera Figueiredo, que mostra a primeira vitória do carnavalesco Joãozinho Trinta assinando sozinho o enredo A Criação do Mundo na Tradição Nangô, que deu a vitória à Beija Flor de Nilópolis, em 1976. O que hoje é “carne de vaca” nos desfiles - a nudez das passistas, os grandes carros alegóricos, a riqueza visual, o samba em ritmo acelerado - era novidade naquela época. A diretora, ciente disso, conseguiu captar o encantamento e o impacto que essas novidades causaram no público. Outros documentários importantes são o curta Artesanato do Samba, de Zózimo Bubul e Vera Figueiredo, um dos primeiros a mostrar os barracões das escolas de samba, e o média-metragem Fala Mangueira, de Fredi Confalonieri, que mostra o cotidiano da mais tradicional escola do Rio, além de trazer depoimentos de Cartola, Carlos Cachaça e de outros grandes sambistas. Recentemente, Helena Solberg dirigiu Banana is my Businnes (1995), filme que faz um misto de ficção e realidade para contar a história de Carmen Miranda nos EUA.

Uma constante fonte de inspiração
Em 1999, o cineasta Cacá Diegues filmou Orfeu, baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes. O filme conta a história de Orfeu e Eurídice, que começa num sábado de carnaval. O mais conhecido compositor dos morros do Rio de Janeiro, Orfeu, é o líder da favela onde mora e de sua escola de samba, a Unidos da Carioca. Ele trabalha nos últimos preparativos para o desfile de carnaval quando conhece Eurídice, recém-chegada à cidade em busca de uma tia, sua única parente viva, desde que seu pai morrera nos garimpos do Acre. Os dois se apaixonam perdidamente, provocando o ciúme de todos e a violência de alguns. O carnaval carioca, mais uma vez, é coadjuvante na trama.

Até hoje não se sabe ao certo qual a origem do carnaval, assim como a origem do nome, que continua sendo polêmica. Alguns estudiosos afirmam que a comemoração tem suas raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco, realizada em honra ao ressurgimento da primavera. Outros acreditam que tenha se iniciado nas alegres festas promovidas no antigo Egito. Mas seja lá qual for sua origem, o carnaval, seus mistérios, sua estética e seu apelo popular serão, por muito tempo ainda, fonte de inspiração para o cinema brasileiro.


Historia do Rock



Historia do Rock
Quem é o pai do Rock?
O termo Rock and Roll é atribuído (de forma controversa) ao disc-jockey Alan Freed, que atuava em Cleveland (por este motivo e que lá fica o prédio do Rock and Roll Hall Of Fame), que utilizava esta expressão em seu show de rádio.
Mas o termo apareceu pela primeira vez em um blues de Big Joe Turner, que dizia: "My baby, she rocks me with a steady roll" (Minha garota me embala com o balanço certo) . Inventor ou não Alan Freed teve um papel importante pois seus programas de radio se transformaram em grandes shows ao vivo, sempre com grandes atrações como Chuck Berry e Jerry Lee Lewis. Alan Freed morreu na miséria depois de ter sido acusado de receber dinheiro para tocar discos de certos artistas e não de outros.
 
 
História do Rock Brasileiro 
 
O rock brasileiro nasceu tão logo Elvis Presley disparou o primeiro dos três acordes de That's Alright Mama, e as primeiras cenas de "Rock Around The Clock/Balanço das Horas" - passaram nas telas dos cinemas brasileiros, com a trilha sonora de Bill Halley & His Comets. Em meados dos anos 50, inicialmente pelas mãos e vozes de orquestras de baile e cantores populares, como Betinho e Seu Conjunto, Nora Ney e Cauby Peixoto, o rock and roll tomou conta dos rádios, televisões e produziu ídolos como Sérgio Murillo, Tony e Celly Campello. Em seguida, com a entrada em cena da fase instrumental, os novos roqueiros agregaram à história do rock nacional os sons das guitarras, influenciados por grupos como os ingleses Shadows e os americanos Ventures, ampliando a cultura musical da juventude. Depois, nos anos 60, com a chegada dos Beatles, dos Rolling Stones e Jimi Hendrix, vieram a Jovem Guarda, a Tropicália e o som de garagem, com seus yê-yê-yês, distorções de guitarras e contestação. A experiência acumulada desembocou na geração dos anos 70, com o rock made in Brazil, que aprofundou as misturas sonoras, incorporando o progressivo, a música rural e outros sons nordestinos. As várias fases do rock brasileiro seguem explicadas abaixo.
 Anos 50 
A história do rock no Brasil é basicamente a mesma dos demais países, exceto Estados Unidos, onde ele nasceu, e Inglaterra, onde, de certa forma, o skiffle assimilou a seu jeito e de forma mais rápida a nova linguagem musical. Ao chegar em terras brasileiras, diante da inexperiência dos jovens frente ao ritmo novo, aos instrumentos e, mesmo, à falta de espaço social para a juventude, o rock and roll foi absorvido inicialmente pelas orquestras de jazz, e pelos cantores tradicionais, responsáveis pelos primeiros hits do novo gênero. Assim, Nora Ney, uma cantora de boleros e samba canção, gravou o primeiro rock – Rock Around the Clock (em inglês); Betinho e seu Conjunto é responsável pelo primeiro rock com guitarra elétrica, o clássico Enrolando o Rock, onde tocou uma Fender Stratocaster; e, ainda, é do compositor Miguel Gustavo, com interpretação de Cauby Peixoto, o primeiro rock com letra em português – Rock and Roll em Copacabana. Mas, de forma especial, foi com a exibição do filme Balanço das Horas (Rock Around the Clock), com trilha sonora de Bill Halley & His Comets, que o rock and roll estourou no país, provocando tamanha confusão nos cinemas, que levou, por exemplo, o governador de São Paulo, Jânio Quadros, a emitir "Nota Oficial", com o seguinte conteúdo: "Determine à polícia deter, sumariamente, colocando em carro de preso, os que promoverem cenas semelhantes. Se forem menores, entregá-los ao honrado Juíz. Providências drásticas". Também marco histórico do nascimento do rock nacional é o 78rpm com as músicas Forgive Me/Handsome Boy, gravado em 1958 pelos irmãos Tony Campello e Celly Campello, vindos do interior de São Paulo, que abriu definitivamente o caminho do disco, dos programas de rádio e televisão e shows. Depois, vieram Sérgio Murilo, Demétrius, Baby Santiago, Wilson Miranda, Ronnie Cord e outros, como Erasmo Carlos (com os Snakes), Eduardo Araújo, Albert Pavão e Renato e Seus Blue Caps, que fizeram a história daquela e das futuras gerações. Entre os clássicos da época, destacaram-se, entre outros, Rock de Morte (Sérgio Murilo), Rock do Saci (Demétrius), Bata Baby (Wilson Miranda), Estou Louco (Baby Santiago), Vigésimo Andar (Albert Pavão), Banho de Lua (Celly Campello), Rua Augusta (Ronnie Cord), Baby Rock (Tony Campello) e Diana (Carlos Gonzaga).
 
Anos 60
A década de sessenta abriu com a mistura de rock tradicional, som instrumental, surf music e outros ritmos como o twist e o hully gully. Com o surgimento dos Beatles e dos Rolling Stones, o rock brasileiro explodiu definitivamente sob diversas formas, transformando-se em um dos mais criativos da América Latina. O movimento Jovem Guarda, liderado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, envolveu a maioria da juventude, com programas de televisão, shows ao vivo e inúmeros discos, entre lps e os lendários compactos. Em 1966, sob o comando de Roberto Carlos (foto), o I Festival de Conjuntos da Jovem Guarda, promovido pela TV Record, espalhou a febre do rock pelo país, que tomou conta das garagens, clubes sociais, televisões regionais, festas de igreja e aniversários. Além dos três, também destacaram-se os cantores Eduardo Araújo e Ronnie Von e os grupos Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis e The Fevers, entre outros. Ao lado da Jovem Guarda, também a Tropicália, eliminando as fronteiras sonoras e culturais, introduziu a guitarra na tradicional MPB e o discurso político no rock, produzindo a versão brasileira da psicodelia mundial. Neste movimento, destcaram-se intérpretes, compositores e arranjadores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Rogério Duprat e, de forma especial, o grupo Mutantes. Ainda, além desses espaços mais visíveis, o som de garagem também marcou a sua presença no cenário roqueiro nacional, por meio de inúmeros grupos que deixaram raros lps e compactos para a história, como Som Beat, Baobás, Beat Boys e Liverpool.
 
Anos 70  
Os anos 70 foram marcados pelas bandas e intérpretes "made in Brazil", que afirmaram definitivamente a identidade do rock nacional, compondo e cantando em português e, também, ampliando o domínio da técnica, dos equipamentos e dos estúdios. Foi a década que também introduziu no país os grandes shows, tanto em casas de espetáculos, ginásios e, de forma especial, ao ar livre. Iluminados pelo exemplo dos Mutantes, dezenas de grupos desdobraram-se em variadas experiências, do rock visceral do Made In Brazil, ao progressivo Som Nosso de Cada Dia, liderado pelo ex-Incríveis Manito, passando pela psicodelia barroca d'A Barca do Sol, pelo rock rural do Ruy Maurity Trio ou pela mistura de progressivo/erudito/música regional do grupo O Terço, entre outros. Destacaram-se ainda nos anos setenta, os grupos Som Imaginário, O Peso, Bixo da Seda, Moto Perpétuo, Módulo Mil, Arnaldo (Baptista) & Patrulha do Espaço; Sá, Rodrix & Guarabira; Secos & Molhados e Veludo, entre outros. O grande destaque desta década é o surgimento de Raul Seixas que, depois de liderar o grupo Raulzito e Os Panteras, em meados dos anos sessenta, e produzir inúmeros artistas para a CBS, entre eles Jerry Adriani, transformou-se no maior roqueiro do Brasil, com sua colagem universal de Elvis Presley/John Lennon/Luiz Gonzaga.
 
Anos 80 
Nos anos 80, o rock brasileiro se firma no mercado. Nomes consagrados da MPB e da música romântica cedem espaço nas paradas de sucesso a artistas influenciados pelas novas tendências internacionais. Punk, new wave e reggae ecoam no Brasil. O grupo Blitz, liderado por Evandro Mesquita, é o primeiro fenômeno espontâneo. Sua música "Você não soube me amar", de 1982, é sucesso nacional. Segue-se um surto de novos talentos, como Barão Vermelho, que tem Cazuza, considerado o maior letrista do rock brasileiro dos anos 80, Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Camisa de Vênus. São eles os novos interlocutores da juventude. Uma fusão de MPB com a música pop internacional ganha espaço no rádio. Eduardo Duzek, Marina Lima, Lulu Santos, Lobão e Ritchie são os representantes dessa tendência. O grupo paulistano RPM, liderado por Paulo Ricardo, chega a vender 2 milhões de discos entre 1986 e 1988. Ainda de São Paulo emergem Ultraje a Rigor (com a música Inútil) e Titãs, cujo disco Cabeça dinossauro transforma-se em marco da musicalidade produzida no período.
Veja uma lista das bandas nacionais que mais se destacaram nos anos 80:
Blitz, Barão Vermelho, Camisa de Vênus, Titãs, Ultraje a Rigor, Ira!, Legião Urbana, Os Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Havaí, RPM, Cabine C, Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Heróis da Resistência, João Penca e os Miquinhos Amestrados, Capital Inicial, Plebe Rude, Finis Africae, Biquini Cavadão, Lobão e os Ronaldos, Ritchie, Rádio Táxi, Roupa Nova, Lulu Santos, Leo Jaíme, Kiko Zambianchi, Os Inocentes, Cólera, Ratos de Porão, Garotos Podres, Olho Seco e Mercenárias
 
Anos 90
 Nos anos 90, aparecem grupos cantando em inglês, que abrem perspectivas de sucesso internacional. O grupo mineiro Sepultura consagra-se na Europa e nos Estados Unidos. O grupo paulistano Viper conquista o Japão. A partir de 1993 voltam a fazer sucesso bandas que cantam em português e incorporam ritmos regionais nordestinos, como os Raimundos (de Brasília) e Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A (do Recife).
 O Rock no Resto do mundo
Anos 50
A história do Rock não se resume em 50 anos , é muito mais que isso. Como exemplo, vamos usar a teoria da relatividade: 50 anos de Rock é muito mais significante para nós, de que 1951 D.C., antes do Rock.
Em 1951, o Rock é divulgado pela primeira vez em um programa chamado Moodong's Rock and Roll Party, na radio WJW, de Cleveland, Ohio. O Novo som é gravado por Bill Haley (1925-1981) na canção, Shake Rattle And Roll. Neste mesmo ano o imortal Elvis Presley (1935-1977) atinge o sucesso com a música 'That's All Right Mamma' - é o começo do Tradicional Rock and Roll. O reconhecimento nacional vem com a eterna canção de Bill Haley, 'Rock Around the Clock' que é trilha do filme 'Sementes da violência'. Em 1956 o Rock era cada vez mais evidente entre as trilhas sonoras obrigatórias, e Elvis Preley com Heart Braker Hotel consegue a marca de disco (compacto) mais vendido do pais.
Um som de letras simples e sem maldade, talvez pelo ritmo mais acelerado ou por ser cantado por cantores excêntricos e exóticos, o rock é chamado de som de rebeldes. Grandes nomes desta fase são Chuck Berry, Johnny B.Good, e Little Richard, com Long Tail Sally.
Anos 60
No inicio dos anos 60 , surge uma banda que, sem sombra de dúvidas, foi a que mais influenciou o mundo do Rock, os Beatles. Em Setembro de 1962, a musica Love Me Do, é número um em todas as paradas de sucesso. Logo os Beatles conquistam os E.U.A , e não muito depois, o mundo ocidental.
O sucesso dos Beatles é paralelo à Guerra do Vietnã. Nesta época o rock tem influência no modo de vida das pessoas e, com isso, surgem os Hippies. Então, o Rock ganha tom político, e Bob Dylan se revela o grande compositor da época, unindo musica folclórica ao Rock, com hinos à paz, como Blowin in the wind.
Também nesta década surge o Rolling Stones, grupo mais ousado que os anteriores. Suas letras, picantes para a época, e grandes shows, com muitos efeitos misturando o Rock and Roll a imagens e efeitos visuais, foi muito usados pelo psicodélico Pink Floyd.
O polêmico James Douglas Morrison (o camaleão Jim Morrison) forma o The Doors, e Light my Fire é sucesso. Andy Wharol, publicitário conhecido como o pai do Pop, diz que no futuro todas as pessoas terão os seus 15 minutos de fama. Apesar da letra "pornográfica" para a época, a frase "Sex , Drugs and Rock n' roll" é evidente nos grupos de vanguarda, como o Velvet Underground, de Lou Reed em um Rock já transgressor e polêmico.
Em um festival na Califórnia em 1967 chamado Festival de Monterrey, destaque para uma mulher com a voz que faria o mundo tremer, Janis Joplin. Na mesma onda surge um dos maiores símbolos do rock, o pai da guitarra elétrica e do psicodelismo na música de todos os tempos, o canhoto Jimi Hendrix, com o seu álbum clássico 'Are you experienced?'.
1969, sem duvida, é o ano do rock, O WOODSTOCK reune 500 mentes pensantes, o maior evento musical já visto até hoje.

Anos 70
No fim da década de 60 o Rock é balançado por baterias agressivas e gritos do novo estilo Hard Rock. Revelam-se então Robert Plant e Ian Gillan, que balançam o mundo com seus vocais nervosos e vozes suaves, sem contar o gênio Ozzy Osborne que assusta o mundo com o Black Sabbath. Há quem acredite que essas três bandas já são tendências diferentes de Metal: Led Zeppellin e Deep Purple, Heavy Metal, e Black Sabbath, Black Metal.
Os anos 70 têm diferentes épocas, com os sons oscilando rapidamente e os "gêneros do Rock" são mudados rapidamente entre esses 10 anos, do som progressivo do Yes e do Genesis, que marca o inicio da década.
Em 1975, na Inglaterra, destacam-se duas ondas totalmente diferentes, Sid Vicius com o punk Sex Pistols, e o Iron Maiden com o Heavy Metal.
Os Ramones lançam o seu Álbum homônimo em 1976. Fresh Fruit for Rotting Vegetables é lançado em 1980 pelos Dead Kennedys, clássico do hardcore.
No fim da década acontece o movimento New Age, tendo como principal expoentes os grupos Talking Heads e The Police, do Eco-Pop-Star Sting.
Anos 80
A Fusão de gêneros e estilos é sem dúvida a marca dos anos 80. Em Setembro de 1981 um vocalista chamado Paul Bruce Dickinson, em um show de sua banda Samson, se junta ao Iron Maiden. Steve Harris fica espantado com a voz daquele vocalista e o chama para entrar no Iron Maiden. O album "The Number Of The Beast" é até hoje considerado pelos críticos musicais como o som que revolucionou o Heavy Metal.
Surge também nessa época uma das bandas mais populares de todos os tempos. O Metallica é no princípio uma banda de Trash Metal, mas logo se populariza e torna se mais uma banda de Hard Rock nos moldes de Led Zeppelin e Deep Purple.
Também da década de 80 são os Guns N'Roses do polêmico Axl Rose. You Could be Mine é música tema do filme de ficção O Exterminador do Futuro 2, com Arnold Schwarzenegger.
Sem dúvida as várias divisões do Metal são marcantes dos anos 80, em Black Metal destacam-se o Sentenced, e o Testament, de Trash Metal a banda brasileira Sepultura é uma boa representante do gênero, e de Death Metal o Pantera e o Canibal Corpse é muito evidente também.
Em 1985 no Rio de Janeiro, Brasil, é realizado um grande evento de rock, um dos maiores já vistos. O Rock In Rio, como foi chamado, trouxe bandas como Iron Maiden, Ac/Dc e o fenômeno Scorpions com Still Love You.
A onda Dark, inspirada no Sex Pistols que fala sobre problemas do cotidiano dos jovens ingleses, o Dark Rock, teve como ícones o The Cure e The Smith. O Gothic Metal também expressa o sofrimento musical do gótico dos anos 80. A ótima voz de Bono Vox é sucesso com o U2 e Sunday Bloody Sunday é destaque nas rádios chamando a atenção aos freqüentes conflitos religiosos na Irlanda, terra natal dos integrantes.
Anos 90
A Década de 90 é uma época de vários estilos marcantes, principalmente na vida dos jovens de hoje. Em 1991, em Seattle, nasce o movimento Grunge, liderado pelo Nirvana e o depressivo Kurt Donald Cobain, que chega nas paradas da MTV com o singles de Smells Like Teen Spirit, o Soundgarden de Cris Cornell, o Pearl Jam de Eddie Vedder, que é sucesso com o seu primeiro álbum "Ten", e o Alice in Chains.
O Rock britânico ganha novas bandas como o polêmico Oasis, o Supergrass e Blur, que fazem parte do movimento Britpop. Entre as cantoras, a islândesa Björk e a canadense Alanis Morissette são os destaques da nova geração.
O rock europeu dos anos 90 inspira-se em temas ligados à discriminação racial e conflitos étnicos, como é o caso da Banda Alemã Deesendent. Novas bandas surgem nos EUA, como Everclear e Tripping Daisy, que dão novo formato a vários gêneros, como Hard Rock , Pop e Surf Music.
Em 1992 no Brasil é realizada a segunda edição do Rock In Rio, que tem como show principal, o novo fenômeno do mundo do Rock, o Gun n' Roses.
Em 1994, ano do ressurgimento do Woodstock, Metallica, Green Day, Colletive Soul e AeroSmith fazem o novo Woodstock valer a pena. Neste mesmo ano o mundo conhece um novo Alice Cooper, Marilyn Manson com letras falando de satanismo e arranjos assustadores.
Bandas como os Beastie Boys, Sublime, Jane's addiction, Rage against the Machine, Red Hot Chili Peppers, Faith no More, entre outras, são uma salada de estilos musicais e se destacam em festivais de Rock pelo mundo afora, misturando o Hard Rock com Ska, Hip-hop e Funk.
Seguindo a fórmula do Rock clássico, variando de Hard Rock a baladas, bandas como o Sonic Youth, The Black Crowes, Radiohead, Smashing Pumpkins, Green Day, etc. mantém um bom interesse entre os jovens adoslecentes, nem se limitando ao underground, nem totalmente 'vendidos' como as bandas pop-metal que surgiriam alguns anos depois.
Perto do Bug dos carimbos de datas, eventos como o Tibetan Freedom Concert, o Rock for Choice, os shows para a libertação de Mumia Abu-Jamal entre outros, introduziram o showmício nos USA e na Europa: apresentações de grandes bandas engajadas em arrecadar fundos e chamar a atenção da mídia e das pessoas para situações políticas desiguais e de exploração em todo o mundo. Bandas como Rage against the Machine, U2, Beastie Boys, O Rappa, Paralamas do Sucesso, Bad religion, L7 e tantas outras viram uma boa oportunidade para juntar o útil ao agradável nesses shows e em trabalhos paralelos.
Anos 00 / Século XXI
O principio do Século 21 é marcado pelo maior festival de "Rock" (atenção: entre aspas), já visto desde o original Woodstock. Em 2001 o Rock In Rio III une de vez todos as "Tribos", com shows desde Sandy e Jr e Britney Sperms, até a paulera do Sepultura. Red Hot Chilli Peppers, Deftones, Silverchair, Oasis, Beck, Iron Maiden e outras bandas se apresentaram nos 7 dias do evento. Um dos destaques foi o Qüeen of the Stone age, com seu Stonner Rock. O destaque negativo foi o Guns n'Roses com o patético balofo Axl Rose, mais perdido que cego em tiroteio..
Não se pode dizer que o festival no Brasil foi uma grande festa do Rock, afinal Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Sandy e Jr., Britney Spears e a Orquestra sinfônica não são sonhos de nenhum roqueiro decente. A verdade foi que, acreditando que as bandas nacionais de Rock (Charlie Brown Jr., Raimundos, O Rappa, Barão Vermelho, entre outras) implorariam de joelhos para fazer parte de um evento tão chamativo na mídia no mundo inteiro, os organizadores tomaram um grande Não! na cara-dura, e várias bandas cancelaram a participação devido a quebra de palavra e principalmente pela vigarice dos organizadores. Alguns motivos foram redução de cachês combinados na última hora, horários "marotos" como 9:00h da manhã para um show do O Rappa, entre outras surpresas..
O Heavy Metal, quem diria, se tornou "Pop" nesse novo milênio, principalmente pelo movimento "Nu-Metal". O Nu-Metal, de bandas como o Limp Bizkit, Kid Rock, P.O.D, etc., e parece ter tomado o lugar na mídia do Pop reciclado de tempos em tempos, como o dos Backstreet Boys. Como resultado, um lixo sonoro sem fim atrai multidões de garotas de 12 anos, e bandas como Limp Bizkit fazem as trilhas sonoras de filmes de sucesso, como Missão Impossível 2 e O Demolidor.
A história do Rock ainda está sendo contada. E, com certeza, esta história está incompleta por não falar mais de bandas como o Kiss, Anthrax, Slayer, Ratos de porão, David Bowie, Camisa de Vênus, Ultraje a Rigor, Qüeen, Massacration, etc., que marcaram uma fase da vida de muitas pessoas, de diferentes lugares e condições, explorando principalmente a rebeldia, mas também a inteligência e a capacidade dos seus fãs de passar a voz adiante e criar novas bandas de Rock..
 









Instituto Educacional Pedro Calmon.
Alunas:Ana Paula, Irla Lopes,Luana Kelly, Nayara.
Série:8ª         Tuma:A        Turno: manhã.
Professora: Juliana .
Disciplina: Português.



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