15 de junho de 2008

você somente


♥ você somente


Tu que foste capaz de me enfeitiçar,
Para dia e noite só em ti pensar,
Para eu só à luz conseguir chegar,
No momento em que em ti estou a tocar.

Antes andava eu na escuridão,
Vivia por mais um dia por viver,
Não tinha aquela pura sensação,
De te amar e não te querer perder.

Eu era incapaz de ver nos outros,
A sua boa e terna luz interior,
Ia sem saber morrendo aos poucos,
Sem nunca perceber o que era amor.

Aquele eterno e constante brilhar,
Da luz que são os nossos sentimentos,
Não há melhor que a luz de amar,
Ainda que brilhe em breves momentos.

Sò minha cama


♥ Sò minha cama...

So minha cama me ve todos os dias

So as paredes do meu quarto presenciam meus movimentos

Busco o calor do seu corpo em meio aos lençois e nada encontro

O vazio do quarto reflete o vazio que você deixou em minha vida.

Por onde você andara agora? Longe de mim,o que estara fazendo?Invejo a sua liberdade

Você anda pelas ruas,enquanto eu fico aqui trancada neste quarto. Distribui sorrisos a quem quizer,e eu derramo lagrimas no meu traveseiro.Vê pessoas,fala com elas.E eu nem chego na janela.Como conseguiu tirar me da sua vida,enquanto a sua presença permanece impregnada na minha existencia?

Bom pra você.Pessimo pra mim.Alguém tinha de perder.Será?.

Não poderiamos ganhar os dois? Você não quiz.Não vou julgar você. O amor que sinto me impede que eu faça qualquer julgamento.Só posso sofer.Não posso nem lhe perdoar,pois você não me pediu perdão.Para você,tudo foi normal.Sem necessidade de perdão ou desculpas.Era simplismente ir embora

E você foi...

Você meu pecado gostoso


♥ Você meu pecado gostoso...

Vσcê hαвiтα α þαrтє мαis sєηsívєl
Iηsαciάvєl є lµмiησsα đσ мєµ cσrþσ
Vσcê єxisтє þαrα qµє α тσđσ мσмєηтσ
єµ siηтα qµє hά тrємσr єм мєµ cσrþσ.
.
єssє cαlσr qµє єηrµвєscє мєµ rσsтσ
É αqµєlє qµє siηтσ qµαηđσ єxαlσ мєµ chєirσ
Cσηfµηđiđσ ησ sєµ cσrþσ
ηєssє мσмєηтσ, єxαlαмσs þαrα σ мµηđσ
σ chєirσ đє µм þєcαđσ gσsтσsσ.
.
þrєþαrєi þαrα sαciαr ησssσs cσrþσs αrđєηтєs
Cσrþσs qµє sє cσηsσмєм ηα đσçµrα
đє sµαs þαlαvrαs
Rєcriσ-мє sємþrє þαrα vσcê, є мє тєlє-тrαηsþσrтσ
Qµαηđσ мє chαмαs đє мєµ αмσr.
.
тє qµєrσ
тє đєsєjσ
тє αηsєiσ
тє єsþєrσ
.
є ηãσ sє єsqµєçα đє qµє é cσм vσcê qµє fαçσ
мєµ þєcαđσ gσsтσsσ ...

Toque-me


♥ Toque-me...
тσqµє ...


cσм sєµs lάвiσs α мiηhα вσcα,
cσм sµαs мãσs α мiηhα þєlє,
cσм sєµ sєr σ мєµ qµєrєr.

Rσµвє ..
đα мiηhα вσcα вєijσs qµєηтєs,
đα мiηhα þєlє σ đєsєjσ αrđєηтє,
đσ мєµ qµєrєr σ єηтrєgαr.

Cµвrα ...
мiηhα вσcα đє đєlíciαs,
мiηhα þєlє đє мαlíciαs,
мєµ qµєrєr só đє þєcαđσs.

тrαgα ...
ησs sєµs lάвiσs σ vєηєησ,
ηαs sµαs мãσs σ σвscєησ,
ησ sєµ sєr σ мєµ þrαzєr.

þσis þrєcisσ...
đσ мєµ cσrαçãσ αcєlєrαđσ,
đσ мєµ cσrþσ ємвriαgαđσ
đα þrєsєηçα đє vσcê !

Só para te amar um dia


Só para te amar um dia...


Mil almas eu teria
Para te encontrar um dia
Para ir bem mais além
Além de onde estou
Além do que querias

Mil almas sim...
Mil almas eu teria
Para buscar-te além dos montes
Por outros horizontes
Além do gris dos dias
Mil almas sim...
Mil almas eu teria
Só para te encontrar
Só para te amar
Para te amar um dia!

Balada de uma noite de fim de ano


Balada de uma noite de fim de ano


Negras paredes de tugúrio urbano. A cidade fechada na expectativa de uma explosão de luz, recolhe-se nas últimas horas do velho ano embranquecido. Chega a noite e veste-se de negro em sons que são já um tinir de copos e desejos. No seu burel de medo, o espanto dos amantes indefesos rondando o beco sem gente. Ela enroscada no centro íntimo do seu medo. A noite um abraço de silêncio, negros passos no asfalto seco. Negro o som duma balada estripada de um velho clarinete. Agudo o soluçar da noite, nas portadas cerradas para a vida. É a noite última dos tempos, aquela que anuncia um fim e traz um princípio sem no entanto ser mais que uma noite apenas, teimosamente brindando o passar do tempo, como se este se relativizasse e nos fizesse andar atrás nos sonhos, desembrulhando-os intocáveis, puros e serenos.
Lá dentro a noite é filme sem fita, ritual de sombras projectadas à rua do desejo. O vento ruge por entre as frestas e o mundo adquire a dimensão de um buraco negro. Apenas os gestos são claros na sua busca do negro esquecimento. Ela sonha-se no tempo, em noites míticas de calendários irreais. Corpos sedentos, recortados em luares de prata onde brilham olhos de gente. Há ausências com a duração de luas e urgentes como crateras abertas. Uma penumbra nos gestos doces, um sopro de entrega nas sombras projectadas em negras paredes. Húmidos antros, são ninhos se o amor os faz. Só a escuridão dos tempos penetra na noite dos amantes sem tempo, porque a cumplicidade é um carvão incandescente riscando a negro o vinil dos corpos. Não há rosto, nem voz, nem chamamento. O fluir apenas de um rio argênteo sob a negra noite onde se abrigaram os amantes. Lá dentro, despojos de uma guerra intemporal. E porém só o silêncio adivinhado nas paredes.
Ela quer apagar uma a uma as luzes do mundo em festa borbulhante. Quer o silêncio sentado no centro da sua noite. Uma nota pungente que se alongue, cantando só a nostalgia do tempo, de todos os anos passados e vindouros, de todos os desejos explicitados no caudal de cada ano, de tudo que não se fez, não se teve, não se viu, não se ganhou e se desembrulha no clarão dourado do novo ano...
Então ele veio, directamente do tempo em que as noites ainda tinham cor e os anos ainda passavam ornamentados de luz, cintilando na alma como faíscas luminescentes de desejo. A noite ganhou então o espaço lacunar de um instante de paixão suprema. Abraçaram-se sob um luar que só eles viam - o sortilégio último de um velho ano habituado a ver nos homens a escuridão do olhar, a única que enviuva os dias e vela as noites.
Quando chegou o novo ano, em vénias de espuma e sons, música, burburinho e risos, ela deixou-se ir no cintilante caudal da noite, arqueando o corpo uma e outra vez, no instante supremo em que a solidão abandona os corpos por um instante de silêncio e luz. O prazer escorreu pelos móveis reluzentes, num cenário de guerra e celebração, retinindo no seu peito com o som de cristal partindo-se. Cai a taça, ébria de emoção no soalho triste...

Cá fora, um gato apenas vivendo a noite só, do alto do seu beiral no telhado. Indiferente na sua negra silhueta de macho só, místico na sua negra inconsciência, enfrentado felino a exuberância luminosa do mundo. E então, depois de se restaurar o silêncio oco do beco sem gente, de novo se faz tão negra a noite, tão negra e indigente que a manhã será uma crua descoberta das imperfeições na parede.

* * *

Encantamento


Encantamento


Expiro e inspiro desordenadamente borboletas
de fumo na noite fria. Não fumo, bebo a noite
em lufadas de nostalgia procurando nas estrelas,
fiapos de mim dispersos na fragrância incerta do
nevoeiro, um corpo denso, arrojado e traiçoeiro.
Esvoaçam palavras privadas de maresia
arranco-os de mim - são bolbos vazios -
cancelo o ódio, desmonto a indiferença
- recuso a promíscua ilusão do mesmo vento
que nos banha o rosto a mim e ao mundo,
a mim e a muitos - ao mar e a todos.
Proclamo a pureza como invento, a verdade sem véus
o horizonte claro e pleno, arremesso as certezas do mundo
ervas sempre em pousio sereno,
desenho os corações voando leves no bosque do desejo,
as sereias cantando ao longe em ciclo ameno,
os homens afoitos de ouvidos mudos, boca cega ao seu lamento.
Proclamo a verdade, desafio o vento, recuso o engano,
lanço à noite um encantamento:
que do pântano se faça campo de centeio e as
borboletas se embriaguem de sol e pólen prazenteiro
e espalhem pelo mundo a nova luz, o novo amanhecer
e de cada olhar plantado no deserto
façam um novo reluzente farol espalhando para longe o nevoeiro
e o sol nos cubra os corpos de pólen verdadeiro...
Em cima do joelho e dedicado ao OrCa para lhe dar uma nesga de sol...
A todos, votos de boa noite e um amanhecer soalheiro!