24 de novembro de 2016

Para Um Violão

Para Um Violão

Delasnieve Daspet

 

Jaz na parede, encostado,
aquele que foi testemunha
Dos meus loucos amores juvenis,
dos meus dissabores, de minhas desilusões,
dos meus sonhos mortos,
do nó na garganta que sufoca,
do cotovelo que se transforma
em dor no peito e mata.


Jaz, abandonado,
seis cordas que dedilhei,
no abraço colado ao corpo,
de manhã, a tarde,a noite,
nas madrugadas solitas,
da vida que escolhi,
quantas lágrimas soluçamos
em tuas notas.


Jaz, meu companheiro,
solitário e acabrunhado,
num canto jogado,
meus dedos já não tão ágeis,
já não te fazem vibrar como antes.

Fizemos tantas serestas,
polcas, guaranás, chamamés, fados,
em tuas cordas pungentes
todos os sonhos que perdi.

Meu violão,
meu amante,
companheiro,
vamos voltar à boêmia
com novas melodias,
cruzar com a lua altaneira,
versejando c'as estrelas,
beber do orvalho da madrugada
na perfumada brisa das campinas,
novos sonhos, novas saudades,
agora que o tempo já vai ficando
tão longo.... e tão tarde...

E eu, - me findo em canção
sem melodia, nas enluaradas
noites deste sertão.
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Delasnieve Daspet
27-04-03 - 00,39,00 hs
Campo Grande MS



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