HISTÓRIA Na cabeceira do rio Jequitinhonha
Na cabeceira do rio Jequitinhonha, às margens dos córregos
Quatro Vinténs e Lucas, paulistas fincaram suas bandeiras a serviço da Coroa
Portuguesa. Corria o ano de 1.701 quando chegou à região uma expedição chefiada
pelo Guarda-Mor Antônio Soares Ferreira. Na terra habitada por índios e chamada
por eles de Ivituruí, que significa serro frio, a exemplo de outras terras das
Minas Gerais, descobriu-se mais jazidas de ouro.
Vários ranchos foram erguidos nas proximidades dos córregos
dando início a formação dos arraiais de Baixo e de Cima que se desenvolvem em
pouco tempo e, juntos, deram origem ao povoado das Lavras Velhas do Serro Frio.
Novas levas de pessoas chegaram atraídas pela abundância de ouro daquelas
terras.
A exploração desordenada da primeira década do século XVIII
levou a criação do cargo de superintendente das minas de ouro da região,
ocupado pelo sargento-mor Lourenço Carlos Mascarenhas em 1.711. E mais e mais
gente chegou, o povoado cresceu e, em 1.714, Lavras Velhas é elevada a Vila do
Príncipe.
Mais tarde, além do ouro, os mineradores descobrem lavras de
diamante na região onde hoje está Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.
Para defender os interesses do império, em 1.720 é criada a comarca do Serro
Frio, sediada pela Vila do Príncipe, que abrange uma grande área da qual faz
parte o arraial do Tijuco, hoje, Diamantina.
Muitas foram as
restrições impostas à exploração de ouro na comarca. Em 1.751 é criada a Casa
de Fundição, para onde toda a produção aurífera da região deveria ser
encaminhada.
Mas, apesar de todas
as regras impostas, muitos aventureiros ganharam contrabandeando ouro e
diamante.
As minas foram exploradas exaustivamente durante quase 100 anos.
No início do século XIX, com a decadência da mineração, somente alguns
mineradores, encorajados pelo governo, conseguiam arcar com os altos custos de
produção. A grande maioria da população passou a se dedicar a agricultura de
subsistência, atividade dificultada pela localização geográfica da vila.
O empobrecimento das minas interfere na vida econômica e social
do lugar. Em 1.817, o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire visita Vila
do Príncipe e descreve sua situação da seguinte forma: "naquele tempo, a
vila possuia umas 300 casas, de 2.500
a 3.000 pessoas, duas estalagens e umas 15 casas de
comércio com quase tudo importado da Inglaterra". Ainda segundo seus
relatos, a vila não possuía nenhum chafariz e o abastecimento de água era feito
por escravos que traziam barris de água do vale. Não havia estabelecimentos de
lazer e a diversão ficava a cargo da caça ao veado, pratica comum na região.
Saint-Hilaire, no entanto, se encanta com as festas religiosas que já eram
tradição na antiga vila.
Para tentar reverter a má situação em que se encontrava, em 1.838 a vila é elevada a
cidade e torna-se o centro administrativo e jurídico da região. O comércio se
desenvolve e pequenas fábricas de ferro são instaladas. Serro volta então a
ocupar uma posição de destaque na região e a cidade ganha também em importância
política. Vários de seus filhos, como Teófilo Otoni, líder da Revolução Liberal
de 1.842, se destacam politicamente. Bons casarões são construídos durante a
primeira metade do século.
Mas
novamente a estagnação econômica e social voltaria a tomar conta da cidade. Na
época da proclamação da república, Serro encontrava-se isolada dos grandes
centros devido a péssima condição de suas estradas e assim permaneceu por mais
algum tempo. O isolamento forçado ajudou na conservação do patrimônio histórico
de Serro. Cem anos após sua emancipação, em 1.938, todo seu acervo
urbano-paisagístico é tombado pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. Ao longo do século XX, o desenvolvimento se dá através da
criação de gado, base econômica da cidade - grande parte do leite é usado na
fabricação do queijo do Serro - e também da exploração de seu potencial para o
turismo cultural
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