8 de janeiro de 2015

A lenda da maldição


A lenda da maldição

 

A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de sombras
E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que choravam.
A criança era o príncipe-poeta que a música ardente fizera subir à última torre
E a noite era a camponesa que amava o príncipe e o adormecia no seu canto.
Quando a criança chegou ao ponto mais alto viu que a música era o riso

(embriagado
E que o riso embriagado era das estátuas mortas que tinham no ventre aberto

(entranhas murchas.
A criança lembrou-se da noite cheia de entranhas e cujo riso era a poesia

8eterna
E a angústia cresceu no seu coração como o mar alto nos penhascos.
O olhar cego das estátuas levou o herdeiro do reino ao fosso negro – ó

(príncipe, onde estás? – a voz dizia
E a água subia, nos braços, no peito, na boca, nos olhos do amado da noite.

Depois saiu do fosso um homem que era o poeta-amaldiçoado
E que possuiu a noite chorando, adormecida.
A noite que nada viu continua chamando o príncipe-poeta
Enquanto o poeta-amaldiçoado chora nos braços das estátuas mortas...

 

Rio de Janeiro, 1935
VINICIUS DE MORAES

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A legião dos Úrias


A legião dos Úrias

 

Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas
Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Passam olhos brilhantes de rostos invisíveis na noite
Que fixam o vento gelado sem estremecimento.

São os prisioneiros da Lua. Às vezes, se a tempestade
Apaga no céu a languidez imóvel da grande princesa
Dizem os camponeses ouvir os uivos tétricos e distantes
Dos Cavaleiros Úrias que pingam sangue das partes amaldiçoadas.

São os escravos da Lua. Vieram também de ventres brancos e puros
Tiveram também olhos azuis e cachos louros sobre a fronte...
Mas um dia a grande princesa os fez enlouquecidos, e eles foram escurecendo
Em muitos ventres que eram também brancos mas que eram impuros.

E desde então nas noites claras eles aparecem
Sobre cavalos lívidos que conhecem todos os caminhos
E vão pelas fazendas arrancando o sexo das meninas e das mães sozinhas
E das éguas e das vacas que dormem afastadas dos machos fortes.

Aos olhos das velhas paralíticas murchadas que esperam a morte noturna
Eles descobrem solenemente as netas e as filhas deliqüescentes
E com garras fortes arrancam do último pano os nervos flácidos e abertos
Que em suas unhas agudas vivem ainda longas palpitações de sangue.

Depois amontoam a presa sangrenta sob a luz pálida da deusa
E acendem fogueiras brancas de onde se erguem chamas desconhecidas e

(fumos
Que vão ferir as narinas trêmulas dos adolescentes adormecidos
Que acordam inquietos nas cidades sentindo náuseas e convulsões mornas.

E então, após colherem as vibrações de leitos fremindo distantes
E os rinchos de animais seminando no solo endurecido
Eles erguem cantos à grande princesa crispada no alto
E voltam silenciosos para as regiões selvagens onde vagam.

Volta a Legião dos Úrias pelos caminhos enluarados
Uns após outros, somente os olhos, negros sobre cavalos lívidos
Deles foge o abutre que conhece todas as carniças
E a hiena que já provou de todos os cadáveres.

São eles que deixam dentro do espaço emocionado
O estranho fluido todo feito de plácidas lembranças
Que traz às donzelas imagens suaves de outras donzelas.
E traz aos meninos figuras formosas de outros meninos.

São eles que fazem penetrar nos lares adormecidos
Onde o novilúnio tomba como um olhar desatinado
O incenso perturbador das rubras vísceras queimadas
Que traz à irmã o corpo mais forte da outra irmã.

São eles que abrem os olhos inexperientes e inquietos
Das crianças apenas lançadas no regaço do mundo
Para o sangue misterioso esquecido em panos amontoados
Onde ainda brilha o rubro olhar implacável da grande princesa.

Não há anátema para a Legião dos Cavaleiros Úrias
Passa o inevitável onde passam os Cavaleiros Úrias
Por que a fatalidade dos Cavaleiros Úrias?
Por que, por que os Cavaleiros Úrias?

Oh, se a tempestade boiasse eternamente no céu trágico
Oh, se fossem apagados os raios da louca estéril
Oh, se o sangue pingado do desespero dos Cavaleiros Úrias
Afogasse toda a região amaldiçoada!

Seria talvez belo – seria apenas o sofrimento do amor puro
Seria o pranto correndo dos olhos de todos os jovens
Mas a Legião dos Úrias está espiando a altura imóvel
Fechai as portas, fechai as janelas, fechai-vos meninas!

Eles virão, uns após outros, os olhos brilhando no escuro
Fixando a lua gelada sem estremecimento
Chegarão os Úrias, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos
Quando a meia-noite surgir nas estradas vertiginosas das montanhas.

 

 

Rio de Janeiro, 1935
VINICIUS DE MORAES

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A impossível partida


A impossível partida

 

Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes

(da cidade
E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne

(indesejada?…
Como poder viver misteriosamente os teus recônditos sentidos
Se os meus sentidos foram murchando como vão murchando as rosas

(colhidas
E se a minha inquietação iria temer a tua eloqüência silenciosa?…
Eu sonhei!... Sonhei cidades desaparecidas nos desertos pálidos
Sonhei civilizações mortas na contemplação imutável
Os rios mortos... as sombras mortas... as vozes mortas...
…o homem parado, envolto em branco sobre a areia branca e a quietude

(na face...
Como poder rasgar, noite, o véu constelado do teu mistério
Se a minha tez é branca e se no meu coração não mais existem os nervos

(calmos
Que sustentavam os braços dos Incas horas inteiras no êxtase da tua visão?...
Eu sonhei!... Sonhei mundos passando como pássaros
Luzes voando ao vento como folhas
Nuvens como vagas afogando luas adolescentes...
Sons… o último suspiro dos condenados vagando em busca de vida...
O frêmito lúgubre dos corpos penados girando no espaço...
Imagens... a cor verde dos perfumes se desmanchando na essência das

(coisas...
As virgens das auroras dançando suspensas nas gazes da bruma
Soprando de manso na boca vermelha dos astros...
Como poder abrir no teu seio, oh noite erma, o pórtico sagrado do Grande

(Templo
Se eu estou preso ao passado como a criança ao colo materno
E se é preciso adormecer na lembrança boa antes que as mãos desconhecidas

(me arrebatem?...

 

 

Rio de Janeiro, 1935
VINICIUS DE MORAES

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A guerreira Andrea


[23:09] - A guerreira Andrea é a quinta eliminada do BBB com 57% dos votos
A destaque da escola de samba X9 Paulistana já pode passar o carnaval num dos lugares em que se sente mais à vontade, no Sambódromo de São Paulo. Andrea pode desfilar este ano pois saiu perdendo para Jean no paredão, com 57% dos votos. O massagista continua na batalha pelos R$ 500 mil e ficará pelo menos mais uma semana sem ver sua namorada Lia.
No programa ao vivo desta terça-feira, Andrea se vestiu a caráter para a guerra: a blusa da campanha "Brasil sem fome" estava cheia de rombos, numa referência aos "tiros" que a paulista recebeu de seus companheiros de casa, na última votação.
Ao receber a notícia de que estava fora do jogo, Andrea só conseguiu dizer que estava feliz porque estava com seus três filhos. A eliminada saiu da casa correndo, sem se despedir de nenhum dos participantes. A carioca Juliana conseguiu alcançá-la no jardim, para que ela desse o último adeus aos BBs. "Não agüento mais de saudades dos meus filhos. Obrigada Brasil", dizia Big Mother, sem parar.
Na primeira vez em que foi para o paredão, ela recebeu sete votos dos BBs, mas garantiu a preferência fora da casa, derrotando a bela Joseane com 64% dos votos do público. Desta segunda vez, Andrea recebeu cinco indicações e não escondeu sua decepção. Logo após a votação, a Big Mother reuniu todos os BBs e disse que Dhomini havia se comportado como um traidor ao votar no nome dela, quando havia dito o contrário antes. A paulista ficou ainda mais abalada quando ouviu o mineiro garantir que não havia prometido nada. Depois deste episódio, a Big Mother ficou à flor da pele e chorou várias vezes na segunda e na terça-feira. Agora, é vida pra frente, fora da casa.

 

A felicidade é um perfume


A felicidade é um perfume que não
podemos espargir sobre os outros,
sem que caiam algumas gotas
sobre nós mesmos.

Existem pessoas que acreditam que a verdade é uma ferramenta conveniente. Outros acreditam que a verdade é o caminho da sabedoria e do conhecimento. A verdade poder ser tanto um sentimento como uma razão, a única diferença entre a verdade de cada um é a intensidade como cada um de nós a sentimos. Nossa busca pela verdade é eterna, mas a grande verdade é que a verdade está dentro de nós, vai depender de nossas experiências, de nossas vivências, da nossa bagagem espiritual. Casa ser possui sua própria verdade, e tudo aquilo em que acreditamos passa a ser a nossa verdade. O que não podemos fazer é ficar sentado á margem do caminho e pararmos no tempo, nos fechando para várias possibilidades e idéias, pois o que hoje acreditamos ser correto, pode nos ser mostrado amanhã como incorreto. Nesta grande busca da verdade temos que privilegiar a honestidade em nosso coração e na nossa razão.

 

MEU CARINHO PARA VOCÊ.

A DOR QUE DÓI MAIS


A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.


 

A COR DA SAUDADE!
Era uma vez uma menina que tinha um pássaro encantado.
Ele era encantado por duas razões:
Não vivia em gaiolas, vivia solto,
Vinha quando queria, quando sentia saudades...
E sempre que voltava, suas penas tinham cores diferentes,
As cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas
Imaculadamente brancas,e contou histórias de montanhas
cobertas de neve.
Outra vez, suas penas estavam vermelhas,
e contou histórias de desertos incendiados Pelo sol.
Era grande a felicidade quando eles Estavam juntos.
Mas, sempre chegava a hora do pássaro Partir...
A menina chorava e implorava:
- Por favor, não vá.
Terei saudades, vou chorar.
- Eu também terei saudades - dizia o Pássaro - mas vou lhe contar um segredo!
Eu só sou encantado por causa da Saudade.
É ela que faz com que minhas Penas fiquem bonitas...
Senão você deixará de me amar.
E partiu.
A menina,sozinha,chorava.
Uma certa noite ela teve uma idéia:
E se o Pássaro não partir?
Seremos felizes para sempre!
Para ele Ficar, basta que eu o prenda numa gaiola.
E assim fez.
A menina comprou uma gaiola de prata.
A mais linda que ela encontrou.
Quando o pássaro voltou,eles se abraçaram,
ele contou histórias e adormeceu.
A menina aproveitou o seu sono e o engaiolou.
Quando o pássaro acordou deu um grito!
De dor.
- Ah ! O que você fez? Quebrou o encanto.
Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das histórias.
Sem a saudade, o amor irá embora...
A menina não acreditou...
Achou que ele se acostumaria.
Mas, não foi isso o que aconteceu.
Caíram as plumas e as penas,
transformaram-se em um cinzento triste.
Não era mais aquele o pássaro que ela Tanto amava...
Até que ela não mais agüentou e abriu a Porta da gaiola.
- Pode ir, pássaro -
Volte quando você quiser...
- Obrigado - disse o pássaro - irei e voltarei...
Quando ficar encantado de novo.
Você sabe, ficarei encantado de novo,
quando a saudade voltar dentro de mim.
E dentro de você.
Quantas vezes aprisionamos a quem Amamos,
pensando que estamos fazendo o melhor?
Pense...
Deixar livre é uma forma singela
de ver, ter...
Direcione o seu amor não para a prisão e sim para a conquista, sempre.