29 de dezembro de 2016

A Mensagem Subliminar no cinema:

A Mensagem Subliminar no cinema:
A primeira experiência
A primeira experiência com mensagem subliminar no cinema oficialmente ocorreu em 1956. Este fato veio a público por meio de uma publicação no jornal 'Sunday Times' de Londres, em 10 de junho de 1956, através de seu correspondente em Nova York. Jim Vicary instalou em um cinema de Nova Jersey um segundo projetor, que tem capacidade para projetar imagens com a velocidade de 1/3.000 de segundos, ou seja, totalmente imperceptível conscientemente aos olhos humanos. Este aparelho projetou as frases 'Eat Popcorn' e 'Drink Coke' respectivamente, sobre a tela, durante a projeção do filme "Picnic", com Kim Novac ('Férias de Amor' no Brasil). Observou-se um aumento considerável de vendas dos dois produtos. A experiência se repetiu novamente poucos dias depois, e os dados oficialmente computados registraram que a mensagem escondida e percebida inconscientemente "Beba Coca" provocou um aumento das vendas do refrigerante da ordem de 57,7 % e "Coma pipoca" da ordem de 18,10% no consumo de pipocas. Alguns autores e pesquisadores nesta área tem se confundido ao classificar a experiência de Vicary como a de ''inserção de imagens" usada pela Disney nos desenhos animados. Esta técnica consiste em inserir ou 'esconder' uma imagem a cada 24 quadros por segundo, que é o mínimo que o olho humano precisa para ter noção do movimento. A técnica de se inserir mensagens comerciais dissimuladas de produtos no cinema e televisão é comumente chamada de 'merchandising' (lê-se: merchandáising). A técnica não é nada recente. Na década de 30 o cinema americano já se utilizava deste artificio para cobrir parte ou até a totalidade dos custos de produção. No Brasil, desde o tempo da 'Cinédia' ou 'Atlântida' vários produtos eram anunciados nas cenas das chanchadas em troca de ajuda financeira para cobertura de despejas nas filmagens. (vide revista Marketing-jul/87) O cinema tem sido responsável também pelo crescente aumento da delinqüência e violência juvenil. De acordo com Luiz Gondim, psiquiatra, há uma indefinição, uma imaturidade própria da idade. Na falta de um referencial, os jovens imitam os personagens de Van Damme, Stallone, entre outros, dos filmes violentos. A mídia é responsável por esta geração violenta. Os personagens das novelas são quase sempre, mau caráter. São estes valores que crianças e jovens estão recebendo. O que você vê nos Shoppings são mães imitando a moda da programação da TV, com as filhas vestidas a caráter. A psicóloga Loren Bisk, que lida com assuntos religiosos, diz que 'estamos diante de uma conhecida revolta de adolescentes, movidos por radicalismos. Segundo ela, o fundamentalismo religioso explica o satanismo infantil, comum aos criminosos. Há vinte anos atrás, o filme "O Exorcista" viria revolucionar todo conceito sobre suspense, terror, medo e sadomasoquismo já levados às telas. Como explicar que até as cenas silenciosas pudessem causar um suspense tão palpitante? Por que cenas de possessão e exorcismo tão reais como nunca vistas antes, foram tão imitadas ou copiadas por dezenas de outros filmes que o sucederam? Deveria haver algo por trás, algo que não vemos, manipulando o subconsciente. Segundo W.B.Key, o produtor deste filme admitiu publicamente que ele continha 'mensagens subliminares' violentas e assustadoras (Media Sexploitation, pag.98a116). E o que dizer do "Silencio dos Inocentes", filme produzido pela Orion, estúdio as portas da falência e que , com um investimento ínfimo se comparado as superproduções de Spielberg, consegue arrebatar o "Oscar" de melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor atriz e melhor roteiro adaptado? E o "Clube da Luta" com inserções subliminares no final do filme, com apologia ao sexo e a violência? E o "Diário de um adolescente", com Leonardo de Cáprio, que tem inspirado tantos jovens e adolescentes a cometerem delitos impensáveis dentro das salas de aula? E na nossa sociedade, como explicar a crescente dissolução das famílias, a rebelião contra a sociedade e as leis, o distanciamento cada vez maior de uma formação religiosa, as tatuagens e marcas cada vez mais presentes nos jovens e adolescentes (quase sempre figurando simbologias ocultistas) ? Como explicar o interesse compulsivo em músicas "heavy metal", drogas, bebidas, livros e revistas ocultistas, vídeos, programas de TV e filmes de terror? E a mudança cada vez mais nítida de comportamento psicossocial como depressão, medo, insônia, imoralidade, explosões de ira, pesadelos e calafrios, queda acentuada no comportamento e aproveitamento escolar? E o aumento assustador nos índices de homicídios e suicídios entre jovens e adolescentes? Sim, havia e há muita coisa por trás de tudo isto, algo que escapa do nosso controle consciente: as Mensagens Subliminares.

O som no cinema
A importância do Som (e da ausência dele...):
Engana-se quem pensa que o som, no cinema é simplesmente a música, feita sob encomenda, que vai servir de fundo para as cenas mais marcantes deste ou daquele filme. Claro que determinados filmes ficam tão associados às canções (e vice-versa), que torna-se impossível lembrar de uma cena, sem que não venha à nossa lembrança, aquele fundo musical, principalmente se você se emocionou com ela.
Porém, o som como um todo, desde a respiração do ator, até a escolha da música, constitui parte integrante e fundamental de uma produção cinematográfica. Lembramos que os sons de fundo, ou seja conversas periféricas, sons de carros, navios, pássaros, buzinas, crianças brincando, etc, não são percebidos de forma consciente, ou seja, tem efeitos subliminares, portanto, eles quase sempre são produzidos meticulosamente em laboratório, para que se consiga os efeitos desejados para a cena. A exemplo do que acontece com a produção musical, as camadas de som, com suas respectivas diferenças de altura, freqüência e intensidades, são gravadas em camadas. Estas camadas são mixadas, uma a uma, e com o acréscimo gradual do fundo musical, vai criar no público, uma ilusão de situação real, 'mexendo' realmente com seu emocional.
É a música que vai 'rechear' a cena, criando um suspense incontrolável, levando as pessoas a roer unhas, ou consumir mais pipocas e refrigerantes; ou quem sabe, fazer chorar, numa cena romântica, até os mais durões de coração...
A manipulação pelo silêncio...
Há dois tipos de silêncio ou ausência de sons. O primeiro, é quando realmente naquela determinada cena há ausência de som para se criar uma expectativa ou ansiedade pelo que vai acontecer em seguida. Segundo, quando a ausência de som é apenas aparente, ou seja, pensamos mesmo que não há som sendo emitido, no entanto, ele existe, está lá, claro que numa freqüência muito baixa, aquém do limite consciente da percepção humana. Sabemos que o complexo sistema auditivo do homem, tem suas limitações. Assim como existem os ultra-sons, captados apenas para alguns animais, como o cachorro, existem os produzidos em baixas freqüências, que são enviados diretamente ao subconsciente, portanto, subliminares. Esta técnica, há muito vem sendo explorada pela mídia, não só no cinema, mas nos supermercados, para coibir o roubo; nos consultórios médicos, para se atenuar a dor; nos cursos de línguas, etc.
A importância da luz e das cores
Raramente são utilizadas as luzes e as cores naturais na produção cinematográfica, nos comercias para cinema e TV, ou nos clipes. A exemplo dos sons, tudo é cuidadosamente elaborado nos estúdios, nas ilhas de edição, através principalmente dos recursos da computação gráfica para se ter a garantia da eficiência nos resultados.
Alguns filmes com Mensagens Subliminares:
Carruagens de Fogo - 1981- Fox Video
Conta a história de dois corredores, um missionário escocês e um estudante judeu de Cambridge, competem nas Olimpíadas de 24. Retrata as emoções, dúvidas e frustações que motivam os dois esportistas. Baseados em fatos reais, levou Oscar de filme, roteiro, figurinos e trilha sonora.
O trabalho de Maris Janson no filme, Carruagens de Fogo, rendeu-lhe o prêmio máximo da Academia de Cinema de Hollywood. W.B.Key, afirma que Janson controlou o humor do público, sua emoção, sua tensão, tranqüilidade e ansiedade com técnicas de iluminação que ele descreveu como subliminares. Janson explicou que sua maior dificuldade foi evitar que a iluminação fosse percebida conscientemente pelo público, pois isso destruiria seu efeito.
O Exorcista - 1973 - Warner Home Video
Os enxertos subliminares não foram poupados neste filme, ganhador do Oscar de roteiro e que é um marco do cinema de horror. Logo no começo, numa cena em que os lobos estão brigando, num lugar deserto, se prestarmos muita atenção, os sons emitidos pelos animais, no clímax da luta, passam a ser de grunhido de porcos que se fundem com o fundo musical, quase que imperceptíveis. Estes sons, de porcos sendo degolados, também foram usados, porém só em baixa freqüência ( por volta de 16 Hz) alternados com sons de orgasmo feminino, nas cenas em que a adolescente (Reagan) estava prestes a ser possuída pelo demônio. Descobrimos também, talvez a primeira referência que se tem notícia, sobre backward masking no cinema. A cena acontece quando o padre, tentando desvendar as misteriosas e ininteligíveis frases pronunciadas pelo demônio através da menina, utilizando um gravador (profissional) de rolo, inverte o sentido da rotação da fita. Ele se volta para o aparelho, assustado com a descoberta, enquanto as mensagens agora compreensíveis, contendo seu nome, vão sendo pronunciadas, com aquela já famosa voz gutural. Todas estas inserções subliminares acabam justificando, não só as reações de excitação sexual, mas também as reações histéricas de medo geradas pelo filme.
O produtor admitiu publicamente que "O Exorcista" continha "estímulos subliminares violentos e assustadores" (Media Sexploitation - W.B.Key)
Silêncio dos Inocentes - 1981 - Vision
Grande vencedor do Oscar de 1991. Apesar do baixo investimento na produção, o filme, que arrebatou todos os principais prêmios da academia (filme, diretor, atriz, ator e roteiro adaptado) é um perturbador exercício de tensão e medo.
Utilizamos muitas vezes, algumas cenas do "Silêncio dos Inocentes", quando ministrávamos sobre Sons Subliminares, em nossas palestras, principalmente a cena final, em que o personagem, interpretado pela atriz Jodie Foster, uma agente do FBI, está no escuro tentando localizar o canibal, um serial killer. Nesta cena, prevalece o silêncio quase que absoluto, não fosse os sons de sua respiração convulsiva e batimentos cardíacos acelerados. Num primeiro momento, quando passávamos a cena sem som algum, o índice de envolvimento emocional do público era praticamente nulo. Com o som, podíamos observar a apreensão das pessoas acompanhando sem querer, com o próprio corpo, as gesticulações da atriz. A cor utilizada nesta cena, aquele verde característico dos binóculos infravermelhos (para enxergar no escuro), também tiveram importância preponderante no resultado final.
Highlander, O Guerreiro Imortal - 1986 - Lumière
Conta a história de um homem imortal que luta contra um inimigo igualmente imortal. Vale destacar a participação de Sean Connery (o mestre do herói) e as seqüências de ações, que é uma das técnicas subliminares mais utilizadas no cinema, TV e principalmente videoclipes. Certa vez, recebemos um telefonema de um ex-aluno que já havia participado de uma palestra sobre mensagem subliminar. Contou-nos, assustado com a descoberta, que quando voltava a fita para rever uma cena em que o personagem é envolvido rapidamente por feixes luminosos e raios, esta parou 'sem querer' no meio da seqüência. Foi quando descobriu que, os raios formavam caras de demônios ou espíritos, como se estivessem envolvendo ou possuindo o personagem. Desde então, esta fita tem feito parte nas nossas aulas e palestras sobre filmes.
O Senhor dos Anéis - 2002
O autor J.R.R.Tolkien, criador de uma literatura repleta de seres mitológicos, histórias fantásticas e misticismo. (Folha de S.Paulo-06/02/02)
Incontestável. Esta é a palavra mais apropriada para definir a influência das mensagens contidas nesta trilogia de Tolkien; agora transportada para as telas, seja nos videogames, nos jogos de RPG, nas bandas de rock, na literatura, nos filmes e, porque não dizer, no comportamento de milhares de aficionados em todo mundo.
Com certeza, jamais deve ter passado pela cabeça de J.R.R.Tolkien, o espectro de influências que causaria sua obra, "O Senhor dos Anéis"; que desde que foi lançado, é um dos campeões de vendagem, só perdendo para a Bíblia Sagrada.
O livro foi publicado pela primeira vez na Inglaterra, em 1955. Chegou nos E.U.A. em versão autorizada em 1966.
Tolkien era católico, politicamente correto, ou melhor, politicamente conservador e estudioso do inglês arcaico.
Muitos jovens, ao tomarem conhecimento do livro, principalmente agora, levados pelo marketing 'pesado' na mídia, são seduzidos a mergulhar de cabeça, num universo mágico, povoado por anões, elfos, e também, dragões.
A influência de Tolkien na literatura:
Harry Potter e Frodo. Dois personagens, o primeiro da "Pedra Filosofal", o segundo do "Senhor dos Anéisl" que, excetuando-se o fator cronológico, seriam pessoas de origens comuns, não fosse o fato de serem dotados de poderes sobrenaturais, capazes de façanhas impensáveis no limitado mundo infantil. Já não bastavam as tristes lembranças daqueles que, a pretexto de imitarem seus super-heróis, jogaram-se das janelas dos seus apartamentos, tornando-se os primeiros mártires desta geração massificada pela mídia.
O sucesso obtido pelos quatro volumes de Harry Potter, aliados à esta verdadeira febre por explorar o oculto, a magia, os seres fantásticos, alavancou "O Senhor dos Anéis" às listas dos mais vendidos.
Não é à toa, que a Srª. Joanne K. Rowling, a "mãe" de Harry Potter, abreviou seus dois primeiros nomes para "J" e "K", ficando assim: J.K.Rowling. Qualquer semelhança com J.R.R. Tolkien, não é mera coincidência...
A influência na Música:
Se você empreender uma pesquisa, usando também a Internet, vai encontrar mais de 600 músicos ou bandas, não só de rock, mas dos mais variados estilos, com alguma influência da mitologia de Tolkien.
- Ian Anderson; Jethro Tull; Led Zeppelin (Robert Plant, líder da banda, era fã de "O Senhor dos Anéis". Várias letras fazem referências diretas à obra); Rick Wakeman; etc.
A influência no Cinema:
Quem pode contestar sua influência na "Guerra nas Estrelas", de George Lucas?
Repare nos personagens, um grupo de seres muito estranhos lutando contra um mal comum; o estilo saga; guerreiros representando o mal; forças e poderes sobrenaturais, tanto de um lado, como de outro, etc.
A influência no RPG e nos jogos de aventura:
O principal jogo de RPG (ver seção "Nos RPGs"), o "Dungeons & Dragons", de 1974, foi apenas o primeiro dos jogos de interpretação, a mostrar claramente as influências do mundo mágico de Tolkien.
Outro jogo, o "Gurps Fantasy" também se utiliza do mesmo método tolkeniano.
Há quem afirme que o RPG, funcione como uma espécie de "porta" para o mundo da magia, introduzindo o jogador muitas vezes, à um caminho sem volta...
A influência no comportamento:
Quando "O Senhor dos Anéis" chegou aos E.U.A., em 1966, os jovens respiravam o "Summer of Love" na Califórnia, mais precisamente em San Francisco; o "verão de amor", que marcou oficialmente o início da era hippie.
A exemplo do que já ocorreu com outros clássicos, como "Guerra nas Estrelas", não foram poucos os que chegaram a se "fantasiar" à carater, para recepcionar, como num verdadeiro culto à um deus, "O Senhor dos Anéis", em seu lançamento no Brasil.
Sabemos que o espírito consumista mais uma vez faturou alto, desta vez, à custa dos anéis, das roupas élficas, das quinquilharias que se vendem nos camelódromos, das capas de cadernos, botons, camisetas, etc.
Se para muitos de nós, adultos, este mundo ainda está muito aquém da nossa limitada capacidade de entendê-lo, como ficam as mentes das nossas 'pobres' crianças?
Harry Potter e a Pedra Filosofal - 2001
O filme, baseado na obra de J.R.Rowling, conta a história de um menino bruxo, que descobre que tem poderes mágicos no dia de seu 11º aniversário. Antes de ingressar na Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts - onde os meninos- bruxos são levados para aprimorar seus poderes - Harry vivia com os tios Walter e Petúnia Dursley, desde bebê, onde era muito rejeitado e maltratado, especialmente pelo filho do casal, seu primo Dudley. Harry veio para quebrar paradigmas dos heróis tradicionais, que se utilizavam de espadas, escudos e armas convencionais para defender o bem contra o mal, representados por vilões querendo, em sua grande maioria, dominar e escravizar a sociedade. O menino bruxo, por sua vez, busca tão somente a vingança através de rituais de bruxaria ou cultos ocultistas, contra aqueles que aparentemente o hostilizam, ou seja, passa a idéia que é certo punir sem critérios de julgamento. Fica então a interrogação: Uma criança na idade de H.Potter, seria capaz de premeditar tão urdilosas vinganças? É obvio que não podemos acusar um personagem de aparência ingênua como tantos outros, numa história de fantasia como tantas outras existentes. Devemos sim, nos ater às atitudes tomadas por este personagem, que não condizem com atitudes reais que devem ser tomadas por uma criança. Certamente estas idéias de rebeldia e vingança poderão ser absorvidas como dogmas por todas as crianças que se sentem rejeitadas ou oprimidas. Bem que Freud já dizia: " Nascemos cópias, morremos imitados".
Outros personagens:
Lilian e Tiago Potter - São os pais de Harry Potter, mas eles só aparecem nas lembranças do garoto. Lilian e Tiago também eram bruxos e tinham estudado em Hogwarts, até serem mortos pelo monstruoso Voldemort. Valter, Petúnia e Duda Dursley - Valter e Petúnia são os tios que cuidaram Harry até seus 11 anos.
Rony (Ronald Weasley) - Estuda com Harry em Hogwarts. Os dois magos se tornaram grandes amigos. Rony tem sete irmãos, todos estudantes de Hogwarts.
Hermione Granger - Outra amiga que Harry conheceu em Hogwarts. Juntamente com Rony, "Mione" e Harry passam por grandes aventuras.
Rúbeo Hagrid - É o gigante que vai buscar Harry na casa dos tios para levá-lo a Hogwarts. Como todo gigante, Hagrid é meio atrapalhado, mas muito simpático
Draco Malfoy - É o grande inimigo de Harry. Malfoy é aluno da fraternidade Sonserina, e vive importunando nosso herói.
Lord Voldemort - É o vilão da história. O bruxo maligno que matou os pais de Harry quando ele ainda era um bebê, deixando o menino com uma cicatriz na cabeça em forma de raio.
Alvo Dublemdore - Diretor da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Ninguém sabe a idade dele, mas como todo velho bruxo, Dumbledore deve ter mais de mil anos de idade.
Minerva McGonagall - Vice-Diretora e Professora de Harry nas aulas de Transfiguração. Ela comanda a fraternidade Grifinória.
Quirrel - Professor de Defesa Contra Artes das Trevas para os alunos do Primeiro Ano. Severo Snape - Professor de Poções Mágicas e Feitiçaria. Harry acha que ele não simpatiza muito com os alunos novatos.
Gilderoy Lockhart - Professor de Defesas Contra Artes das Trevas do Segundo Ano. É boa gente, mas as vezes se acha muito convencido.
Remo Lupin - Professor de Defesas Contra Artes das Trevas do Terceiro Ano.
Sirius Black - O próprio prisioneiro de Azkaban, "vilão" do terceiro livro da série.
Harry Potter é barrado por pais na Polônia:
Vários estudantes primários poloneses tiveram de cancelar suas reservas para o filme Harry Potter e a Pedra Filosofal devido aos protestos de seus pais, informou ontem o jornal Rzeczpospolita.
Kazimierz, diretor de escola primária em Rzeszow (sudeste), disse que vários pais de seus alunos protestaram contra "os elementos de ocultismo e mundo da magia apresentados pelo filme e suscetíveis de desfigurar o psiquismo das crianças".
Cerca de vinte habitantes de Tarnow escreveram uma carta à municipalidade para impedir a distribuição do filme, o qual, segundo eles, "propaga a magia e ataca os valores católicos".
Na sexta-feira passada, na Polônia, o filme baseado no romance de J.K.Rowling, bateu todos os recordes de bilheteria em uma premier no país. (A Tribuna -23/01/02)
Fantasia e Realidade:
Há muito tempo, a linha divisória entre fantasia e realidade, não só na literatura infantil, mas em quase todas as mídias, vêm ficando mais tênue. De forma alguma, nos posicionamos contrários à fantasia no universo da criança, mas ela deve ser analisada criteriosamente, segundo seu significado e consequente efeito. Não podemos esquecer das fábulas de Esopo enaltecendo o trabalho, como na "A Formiga e a Cigarra".
Não estariam as fábulas modernas exaltando o papel dos fortes sobre os fracos; não estariam as idéias de vingança, de amor próprio e de vaidade, sobrepujando os valores éticos, busca de conhecimento, altruismo, valorização dos ideais de crescimento moral e espiritual, cujos conceitos infiltram-se no imaginário infantil, contribuindo na formação do seu caráter?
Qualquer criança, em seu primeiro contato com H.Potter, já começa imaginar-se dentro da história e a desejar profundamente ser bruxo também, para que, assim como Harry, resolver da maneira dele (Harry) seus problemas de traumas, de rejeição dos pais, amigos ou qualquer trouxa (nome dado pelos bruxos da história de H.Potter, a quem não tem poderes mágicos) que atrapalhar o seu caminho.

(Imagem retirada do site oficial)
Observe nesta imagem extraída do site www.harrypotter.com, a formação de várias caras demoníacas dentro da área pontilhada.
Você pode escurecer ou clarear a tela do seu micro, para facilitar a visualização e se surpreender com os resultados!
Alguns depoimentos preocupantes:
"Os livros de Harry Potter são o máximo porque me ensinam sobre magia e como você pode usar isto para controlar pessoas e ter vingança sobre os seus inimigos. Eu quero aprender a "Praga do Cruciatos" para fazer sofrer a minha professora de ciências por ter me dado uma nota baixa". Disse Craig Nowell, um garoto de 10 anos recém convertido a "Nova Ordem Satânica do Circulo Negro", em Hartland, Wiscosin.
Veja o que disse uma garota de apenas 6 anos quando foi indagada a respeito do seu personagem favorito: "Hermonie e' a minha preferida porque ela e' esperta e tem um gatinho. Jesus morreu porque ele era um fraco e um estúpido." Disse Jessica Lehman, da Carolina do Sul.
E aqui está a declaração de Ashley, de 9 anos de idade, típica média de idade dos leitores de Harry Potter: "Eu acreditava no que eles me ensinavam na Escola Dominical da Igreja. Mas os livros de Harry Potter me mostraram que a magia é real, é algo que eu posso aprender e usar agora, e que a Bíblia não é nada mas apenas um livro de mentiras chatas." E então mostrou como invocar "CEREBUS" com palavras de magia encontradas do livro, que é um cão de caça de três cabeças do inferno...
Isto prendeu a sua atenção? Se não, que tal a declaração de um alto sacerdote da Primeira Igreja de Satanás em Salem, Massachusettes:
"Harry é um enviado dos deuses para a nossa causa. Uma organização como a nossa, prospera com esse sangue novo, e nós temos tido mais pessoas se juntando a nós nestes dias do que podemos lidar, e é claro, a maioria delas é muito jovem e ainda são virgens, o que para nós é realmente muito suculento!"
Alguns crimes influenciados pelos filmes.
·        O estudante Vitor Alexandre dos Santos, 21 anos, matou em dez/98, a avó, o tio, a tia e a mãe para cumprir uma missão designada por 'vozes do além'. Os crimes ocorreram em Mirandópolis (SP) onde morava, e suas relações com "Spawn, o Soldado do Inferno" são muito evidentes. A forma como ele agia lembra o personagem do filme, do qual o estudante anotou um trecho do texto, que depois foi encontrado pela polícia. Spawn estrangulava as vítimas com as mãos . A exumação dos corpos revelou que Vitor quebrou o hióide - osso do pescoço - dos parentes, conforme constatado pela perícia. (Folha de S.Paulo-16/12/98).
·        Em maio de 99, em Denver, Colorado (EUA), dois jovens abriram fogo contra dezenas de colegas na escola. Tinham idéias nazistas, fabricavam bombas através da Internet, eram viciados no jogo 'Doom', e é muito provável que tenham se inspirado no filme 'Diário de um Adolescente' estrelado por Leonardo de Caprio, que interpreta um jovem drogado de N.York, que jogava basquete nos anos 60. Num de seus delírios, imagina-se na sala de aula de sua escola, vestido com uma capa preta e matando todos ao seu redor. Contribuiu também, Matrix, filme violento com cenas de hiper-realismo, cujos personagens também vestiam-se se preto. Coincidência ? (Fonte:Vários jornais, revistas e noticiários de TV-Maio/99)
Bibliografia/Referências:
  • A Era da Manipulação - Wilson Bryan Key - Scritta Editorial - 1996
  • Vídeo - O Dicionário dos Melhores Filmes - Nova Cultural - 1996
  • Revista Capricho/04/06/01
  • Revista Rpg Dragon/ano1/nº1
  • Revista Época/27/11/00
  • Jornais Folha de S.Paulo
  • O Estado de S.Paulo
  • Jornal A Tribuna
Sites:


A mãe de São Pedro

A mãe de São Pedro

Era muito velhinha e má a mãe de São Pedro.

Egoísta, não fazia favor, nem prestava socorro a ninguém. De lhes sobravam jantares, preferia vê-los mofar a atirá-los aos próprios cães. Por seu gênio intratável e mau, ao morrer não quis Deus que São Pedro lhe abrisse as portas do céu àquela alma, condenando-a, por milhares e milhares de séculos, às chamas purificadoras do purgatório, benévolo castigo que impunha à velha em atenção ao filho.


Apelou, porém, o santo porteiro para a solidariedade divina, e, após muitos rogos, permitiu Deus a entrada, no céu, da alma da egoísta velha, com a condição, porém, de subir por uma trança de cebolas, que seria lançada por São Pedro.

Agarrou-se a velha à frágil concessão; mas como às saias se agarraram outras almas para também aproveitar o favor divino - não por medo da sobrecarga, mas por não querer que subisse com ela as outras - tanto esperneou que, por fim, estalou, ao meio, a trança.

Voltou São Pedro à presença de Deus e rogou-lhe nova trança, mas o Eterno negou-se formalmente a dar-lhe, e afinal por muita intercessão de Jesus, forneceu-lhe apenas tenra folha de cebola.

Diante de tão frágil meio assustou-se a mãe de São Pedro. Agarrou-se porém, a ela, jurando a si mesma nem sequer bulir para não arrebentá-la, mas o seu egoísmo a perdeu. Ao sentir que outras almas lhe agarravam às veste, entrou a dar coices e rebentou a frágil folha de cebola pela qual deveria subir ao céu e não foi. Continua no purgatório a pagar suas culpas.





28 de dezembro de 2016

A capital das flores

A capital das flores

Meio século depois da chegada ao Brasil, os holandeses formam no interior de São Paulo uma das mais bem-sucedidas colônias do país


Festa
Piet Schoenmaker, o coordenador do grupo de danças, chegou em 1959 
Na tarde do dia 14 de julho de 1948, ao fincar a primeira pá no solo da Fazenda Ribeirão, no município de Mogi Mirim, 144 quilômetros ao norte de São Paulo, o imigrante holandês Geert Heymeijer invocou ajuda divina. "Otrabalho que agora vamos iniciar é difícil e de grande importância. Rezemos um pai-nosso", proclamou. Era o começo da exploração das terras que viriam a se transformar, anos depois, em Holambra, uma das mais sólidas colônias de imigrantes do Brasil. A cidade, cujo nome é a junção das iniciais de Holanda, América e Brasil, abriga a maior comunidade holandesa do país e é conhecida pela vasta produção de flores e plantas ornamentais.

Não foi fácil no começo. Eles chegaram à região depois do fim da Segunda Guerra Mundial para escapar das dificuldades impostas pela destruição da Europa. As terras na Holanda ficaram muito caras e a legião de desempregados não parava de crescer. OBrasil foi o destino escolhido porque era um dos poucos países que aceitavam receber grupos de estrangeiros, facilitando a formação de colônias. Outro ponto a favor: deu-se prioridade a um país católico, porque a imigração era apoiada pela Organização dos Lavradores e Horticultores Católicos da Holanda.

"Nossa chegada foi cercada de problemas", recorda-se Wilhelmus Welle, de 85 anos, um dos primeiros a se aventurar no novo país. "A língua era difícil, o clima diferente e a região muito pobre, faltava tudo." Ao chegar à fazenda, os imigrantes eram acomodados em casas de taipa. Não tinham móveis, eram infestadas de cobras, aranhas e insetos. Os caminhões de mudança demoravam seis semanas para ir do Porto de Santos a seu destino, e, no caminho, grande parte dos pertences se quebrava. Welle lembra que os colonos brincavam à noite para ver quem encontrava mais cobras debaixo da cama.

As dificuldades não se restringiam à falta de conforto ou à nova realidade inóspita. A primeira atividade econômica tentada pelos holandeses fracassou. A maior parte do rebanho de 718 vacas trazidas da Europa não resistiu à febre aftosa e ao calor tropical do interior paulista. Em pouco tempo, o gado estava dizimado. "Alguns imigrantes desanimaram e resolveram voltar para a Holanda ou se aventurar pelo sul do país", diz Catharine Welle Sitta, filha de Welle e coordenadora do Museu da Imigração. A instituição, montada em um barracão ao lado da primeira casa de taipa da fazenda, dispõe de um acervo de 2 mil fotos que documentam a saga holandesa.

A situação só começou a melhorar quando a fazenda foi dividida em lotes e os colonos, com apoio financeiro do governo holandês, diversificaram a atividade produtiva. Passaram a fabricar queijo e ração para animais, a criar aves e suínos e a plantar café e milho. A produção era comercializada pela Cooperativa Agropecuária Holambra, fundada pelos primeiros imigrantes. No final de 1950, a colônia holandesa era composta de 649 pessoas. A tentativa de desenvolver a floricultura ocorreu em 1956, quando sementes de gladíolo, conhecido por palma-de-santa-rita, foram trazidas da Europa. Mas a produção em grande escala só prosperou a partir da segunda metade dos anos 60.


Floricultura
A produção anual é de 12 milhões de dúzias de rosas e 19 milhões de violetas 
Hoje, Holambra concentra 30% da produção de flores do país. Os 190 produtores do município cultivam mais de 250 espécies e 2 mil variedades de plantas. "Vendemos por dia 1.600 lotes de flores por meio de leilões e 1.200 por contratos", diz Renato Opitz, diretor-geral do Veiling, setor da cooperativa responsável pela comercialização. "O mercado de flores tem crescido continuamente e já movimenta R$ 1,2 bilhão no varejo", informa.

O sucesso da floricultura deu ao município de 8.500 habitantes, dos quais 15% são holandeses ou descendentes, uma qualidade de vida comparável à do Primeiro Mundo. Todas as casas estão integradas às redes de água e esgoto, o índice de mortalidade infantil é de 5,9 (a taxa brasileira é de 36,1 crianças mortas por mil nascidas vivas) e o consumo anual per capita de energia elétrica (1.300 kWh) é o maior do país. A cidade lembra a terra natal dos imigrantes. É pontilhada de moinhos e as ruas do centro dispõem de 5 quilômetros de ciclovia, um incentivo ao tradicional hábito de pedalar dos holandeses. Na falta dos canais, Holambra é cortada por dois lagos, nos quais a população pesca. As casas de tijolos aparentes e com amplos jardins floridos também ajudam a recordar a Holanda.

Setembro é o mês ideal para visitar a região e conhecer um pouco da cultura dos imigrantes. É quando acontece a Expoflora, a maior exposição de flores do país, e 230 mil visitantes invadem o pequeno município de 65 quilômetros quadrados. Um dos maiores destaques é o grupo de danças folclóricas criado por Piet Schoenmaker, o garoto-propaganda do evento. Os turistas podem experimentar a culinária típica, visitar fazendas de flores e conhecer o maior borboletário do país, instalado no Parque Ecológico Lindenhof.


Yuri Vasconcelos, em Holambra

Fotos: La Costa/Época

Volta





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A BALEIA

A BALEIA

Eu vi a baleia
Graciosa, charmosa,
Numa dança do mar.
Parecia garbosa!

Ia bela. Tão dona,
De fato, do fato.
Coberta de azul,
Sem nem aparato!

Ingênua. Às vezes,
Teimosa da vida.
Subia, descia,
Nada aguerrida!

Tão grande e dócil!
Tão pouca. Tão viva!
Eu quero gritar:
"-Baleia, o barco já vem.
Se esconde no mar!"

Veio o homem ignaro,
Então, lançando o arpão.
Querendo matar,
Sem tempo de ouvir
A baleia chorar!



Caravelas da globalização

Caravelas da globalização

Quinto maior investidor no país, Portugal
exporta executivos para o Brasil, onde a
colônia se reduz em tamanho, mas não em
 importância






A história da imigração portuguesa no
país se confunde com a própria
formação do povo brasileiro. Se
Cabral, ao lançar âncoras no litoral
baiano em 1500, só pretendia
estabelecer um entreposto mercantil
de Portugal, logo aportariam seus
patrícios, como João Ramalho e
Diogo Álvares Correia, com planos de permanência e
dispostos a fundar uma nova raça. Desde então, o
exemplo foi seguido por mais de 3 milhões de lusitanos,
hoje reduzidos a aproximadamente um décimo (300 mil).

A herança lusitana vai muito além das estatísticas. Ela se perpetua na arquitetura das cidades coloniais, a exemplo de Ouro Preto, Olinda, Parati, São Luís e Rio de Janeiro. Na língua falada em todo o país e na religiosidade. Está presente em vários aspectos do cotidiano, como na culinária - muitos doces mineiros são criação portuguesa - e na cachaça, nascida como subproduto da primeira empresa agrícola nacional, o engenho de açúcar. A herança tem raízes bem fincadas nos campos de futebol, onde o Vasco da Gama e a Portuguesa de Desportos são destaque. Com base nessa identidade, não é de estranhar que, em plena globalização, os portugueses tenham eleito o Brasil como o principal porto de seus investimentos no Exterior. Como os primeiros navegadores, os imigrantes que continuam a chegar de além-mar, embora em número bem menor, querem provar que ainda sabem fazer a América melhor que ninguém.

Vai longe o tempo em que o retrato mais bem acabado do imigrante português no Brasil era o daquele senhor bigodudo e afável, metido em camiseta e calçado em tamancos, atrás de um balcão de botequim ou padaria. Era o imigrante clássico, personagem bonachão conhecido de todos os brasileiros que os anos cuidaram de reduzir a mera caricatura. Hoje, os patrícios chegam d'além-mar em ternos bem talhados, passeiam com desenvoltura pelos salões mais requintados da elite econômica e disputam palmo a palmo com empresários de outros países o topo do ranking dos investimentos externos no país. Quinhentos anos depois de Cabral, Portugal já ocupa a quinta posição na lista dos maiores investidores em solo brasileiro. Perde apenas para os Estados Unidos, a Alemanha, a França e quase ganha da Espanha. Deixa para trás vizinhos europeus poderosos como a Itália e potências como o Canadá.

É transformação recente. Ocorreu nos últimos três anos. Segundo o Ministério da Economia de Portugal, que mantém em São Paulo uma representação do Departamento de Investimentos, Comércio e Turismo (Icep), cerca de 180 empresas vieram para cá nesse período. São gigantes como o grupo Sonae, holding da terceira maior rede de supermercados do Brasil (Big, Cândia e Mercadorama). Ou como a Cervejaria Cintra, já instalada em Mogi Mirim (SP) e a caminho de Campos (RJ). Ou ainda como a Caixa Geral de Depósitos, imagem e semelhança da Caixa Econômica Federal brasileira, que comprou aqui o Banco Bandeirantes. Somadas a outras dezenas de empreitadas - pequenas e grandes -, os portugueses já investiram US$ 7 bilhões na ex-colônia nestes três anos. A cifra corresponde a 40% de todos os investimentos de Portugal mundo afora. Nota atrás de nota, a fila de dólares atravessaria o Atlântico numa ponte imaginária entre Lisboa e Porto Seguro, a primeira parada de Cabral, em 1500.

Nesse oceano de dólares, R$ 1 bilhão veio de um grupo, o Sonae. Vicente Dias, 47 anos, diretor de marketing do grupo, conta que o Brasil se tornou "destino prioritário" dos investimentos portugueses por "afinidades culturais". O Sonae chegou em 1996. Emprega 24 mil brasileiros em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O faturamento bruto este ano deve chegar a R$ 3,5 bilhões. "Ainda estamos na fase de investimentos pesados", diz Vicente. Num tempo em que "navegação" não é mais sinônimo de caravelas, mas de Internet, demonstrações como essa apontam para uma espécie de Redescobrimento do Brasil. Há coincidências. Como Cabral e seus marinheiros do 22 de abril de 1500, nem todos os viajantes portugueses do ano 2000 vêm para ficar. Chegam, estabelecem negócios, deixam meia dúzia de patrícios representantes e voltam para a Península Ibérica.

É o caso de José Manuel Romão Mateus, de 42 anos, presidente da Telesp Celular, arrematada pela Portugal Telecom em leilão de privatização, em julho do ano passado, por US$ 3,1 bilhões. "Ficarei três anos aqui", conta ele. "Para depois disso, não faço planos." A empresa está há 14 meses sob o comando de Romão. O tempo é curto, mas ele já coleciona resultados invejáveis. Só no primeiro semestre de 1999, a receita operacional líquida bateu R$ 1,016 bilhão - 32% maior que a do mesmo período do ano anterior. Os portugueses foram pioneiros no Brasil no lançamento do celular pré-pago.






Elas fizeram a História

Elas fizeram a História A vida insólita das figuras femininas que não
 estão nos livros oficiais
 
 


O Rio de Janeiro só
existe hoje por
 causa de uma mulher –
 no século 16, a
 portuguesa Inês de
 Sousa impediu que a
 população fosse
saqueada por
 corsários franceses.
Seu nome não está
nos livros dos colégios, como tantas outras figuras
femininas esquecidas pela História oficial. Mulheres
 governaram capitanias, participaram do movimento
 abolicionista, fundaram cidades, guerrearam, sofreram a
 tortura da Inquisição, fundaram partidos políticos. Com a
fronte erguida - ainda que sob o manto da submissão -,
negras pobres, brancas de estirpe e índias guerreiras
participaram da construção do Brasil. Algumas, como as
 meninas e senhoras do quadro ao lado, ficaram na retaguarda, cozinhando, costurando ou educando os filhos. A Pátria, pintura de Pedro Bruno de 1919 exposta no Museu da República, no Rio, mostra as mulheres bordando a primeira bandeira da República. Os 500 anos de História da trajetória feminina no país estão relatados numa suntuosa pesquisa de um grupo de estudiosos do Rio de Janeiro. A Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), uma organização não-governamental feminista, e a produtora Arte Sem Fronteiras mergulharam no passado para resgatar a vida das famosas e anônimas. Nas páginas seguintes, Época conta a história de algumas dessas pessoas que, a seu tempo e a seu modo, transformaram a sociedade.

A longa jornada por conquistas e direitos
1534
Governadora Ana Pimentel assume a Capitania de São Vicente.

1752
O primeiro livro - A brasileira Teresa Margarida da Silva Orta é a primeira mulher a publicar um livro escrito em português. A edição feita em Portugal tinha o título Máximas da Virtude e da Formosura.

1852
Feminismo - É lançada a primeira publicação feminista, o Jornal das Senhoras. As mulheres exigem o acesso à educação.

1881
Universidade - Pela primeira vez, as moças conquistam o direito de entrar nas faculdades de Medicina.

1910
Política - Sob o comando da professora Leolinda de Figueiredo Daltro, é organizado o Partido Republicano Feminino.

1922
Congresso - No Rio de Janeiro, é realizado o primeiro Congresso Feminino Brasileiro, sob a batuta de Bertha Lutz.

1929
Eleição - A capixaba Emiliana Viana Emery conquista, na Justiça, o registro eleitoral e o direito ao voto. Como a Constituição de 1891 era omissa, algumas mulheres recorreram ao Judiciário.

1932
A lei - O presidente Getúlio Vargas concede às mulheres alfabetizadas o direito de voto. Depois do Equador, o Brasil foi o segundo país da América Latina a outorgar o direito.

1934
Nova era - A Constituição Federal assegura igualdade sem distinção de sexo, conquista excluída da Carta de 1937.

1962
Esposas livres - Com a mudança no Estatuto da Mulher Casada, a esposa deixa de ser tutelada pelo marido e pode decidir sobre a própria vida.

1985
Violência - Surgem as primeiras delegacias da mulher, espaço para denúncias de maus-tratos, bandeira antiga das feministas.

1988
Constituinte - A bancada do batom foi eficiente na Constituinte e garantiu, em 1988, uma Carta que assegura igualdade para homens e mulheres na chefia das famílias. Os principais direitos já estão na letra da lei.




A salvação na floresta

A salvação na floresta

Norte do Paraná serve de refúgio a
perseguidos dos nazistas, entre eles um
menino que é hoje vice-ministro de Finanças
da Alemanha





Lembrança
Geert Koch-Weser, hoje de volta à Alemanha, viveu na fazenda Veseroda entre 1934 e 1969 e ainda sente saudade dela


Os cabelos brancos como neve jogados para trás exibem uma fronte ampla com poucas rugas e uma fisionomia tranqüila, mas ligeiramente severa. A expressão marcante do rosto é dominada por olhos azuis muito claros, sugestivos, vivos. Olhos de quem pôde chegar aos 94 anos com aparência de pouco mais de 80, depois de atravessar, ora como testemunha, ora como ator, quase todo o século. O alemão Geert Koch-Weser, nascido em 1905 numa pequena aldeia da região de Bremen (Bremerhaven), nas margens do Rio Weser, mal consegue falar o português. Mas demonstra forte emoção quando lembra "dos mais bonitos anos" de sua vida, 35 ao todo, passados no norte do Paraná, onde ajudou a fundar o núcleo agrário e, mais tarde, a cidade de Rolândia, a cerca de 40 quilômetros de Londrina.

Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.

Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.

Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.

Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).

Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.

Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.

Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.
Edmundo M. Oliveira, de Munique e Rolândia