12 de fevereiro de 2014

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Tórrida Noite de Amor


Imagem Retirada da Internet

Eugénio de Andrade estava inspiradíssimo quando escreveu este texto, ou então tinha acabado de viver uma tórrida noite de amor. Deixo-vos um poema que transpira erotismo e sensualidade.
Apreciem-no, leiam-no devagar, saboreiem-no, só assim poderão entender o seu sentido, entender todas as metáforas.


Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar

os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta

aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.

porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.

abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho -
a glande leve.

                                Eugénio de Andrade
João Pessoa Canal Várzea de Sousa


PERMITA – SE VIVER UM INSTANTE

Deixar o tempo passar sem se preocupar com a hora, os compromissos intransferíveis, as responsabilidades inimagináveis outrora...
A vida era bem mais fácil quando criança, mas na busca incessante do crescer, perdemos tempo em agir como adultos e na busca infindável do ser... Crescemos... aff É melhor nem pensar no tempo perdido, mas sim ensinar aos que ainda viverão essa expectativa louca de encurtar o presente e pular para o futuro que não tenha pressa... Pois quando mais se quer e se precisa de tempo é que ele foge da gente...
Então pare tudo. De um belo mergulho, se possível no mar... A natureza é fonte de vida, recicla a alma e rejuvenesce o corpo... Sinta o vento, respire pausadamente, sem pressa... Deixe a vida passar solta. Não perceba as horas, o tempo não existe... Por um dia... Ao menos por um dia em sua semana, delicie -se com a vontade do nada, nada fazer predeterminadamente... Libere-se o máximo que puder das amarras do tempo presente, da vida escrava do trabalho, dos horários, do monótono... Liberte-se... Permita -se viver um instante.




Joao Pessoa Cabedelo - Paraíba



Quase…



         
          Um pouco mais de sol - eu era brasa.
          Um pouco mais de azul -- eu era além.
          Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
          Se ao menos eu permanecesse aquém...

          Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
          Num baixo mar enganador de espuma;
          E o grande sonho despertado em bruma,
          O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

          Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
          Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
          Mas na minh'alma tudo se derrama...
          Entanto nada foi só ilusão!
          
          De tudo houve um começo... e tudo errou...         
          - Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... -
          Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
          Asa que se elançou mas não voou...

          Momentos de alma que desbaratei...
          Templos aonde nunca pus um altar...
          Rios que perdi sem os levar ao mar....
          Ânsias que foram mas que não fixaram...
         
          Se me vagueio, encontro só indícios...
          Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
          E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
          Puseram grades sobre os precipícios...
         
          Num ímpeto difuso de quebranto,
          Tudo encetei e nada possuí...
          Hoje, de mim, só resta o desencanto
          Das coisas que beijei mas não vivi...

                                           Mário de Sá Carneiro

6 de fevereiro de 2014


SONHO E AMOR

Sonho, a gente só se dá
conta dele depois que acorda, depois que ele acabou...
E fica aquela vontade na gente de sonhar mais um pouquinho.
Existem pessoas que são um sonho...
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente...
E nos leva aquele sonho tão bom...
Existem pessoas que são estrelas.
Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites
escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba com toda a sua claridade
aquela estrela tão linda.
Existem pessoas que são flores...Belezas discretas
que alegram o nosso caminho.
Mas com o tempo, as flores murcham,
e nos enchem de saudade de sua cor e de seu perfume.
Existem, finalmente,as pessoas que são simplesmente amor.
Um amor doce como o mel de uma flor...que desabrochou numa estrela
e que veio até nós num lindo sonho!
E ainda bem que são amor, porque flores,estrelas ou sonhos,
mais cedo ou mais tarde, terminam...
mas o amor...o amor não termina nunca...



VIVER NÃO DOI......

Há dias em que nos perguntamos, sinceramente, será que o amor existe mesmo, ou será uma invenção daqueles que desejam que ele exista?
Será que o amor não passa de uma ilusão?
No entanto, quando lançamos o olhar um pouco além do nosso limitado círculo de visão, podemos perceber que uma força invencível rege a vida.
E é a essa força que podemos chamar amor.
Sim, o amor de Deus no qual o universo inteiro está imerso.
Basta ter olhos de ver, que notaremos a ação do amor que, sem dúvida, existe sempre.
Arrebenta-se o átomo, desconcentrando a sua energia, e nasce o cosmo.
Brilha a estrela, como gema policromada no velário do céu, e o universo se incendeia.
Organiza-se a célula e exubera a vida.
Surge a semente, repositório de vida orgânica, e a floresta se instala.
Apresenta-se a flor como unidade de beleza, e multiplicam-se jardins.
Dobram-se os jardins, em homenagem à sensibilidade geral, e aromatiza-se todo o ambiente.
Goteja o pingo d´água e formam-se mananciais, deságuam rios e agiganta-se o mar.
Gesta a mulher, em cooperação com o Criador, e surge a humanidade.
Brilha o intelecto, devidamente direcionado, e constitui-se a ciência.
Medita o cientista, querendo dar utilidade aos seus estudos, e elabora-se a técnica.
Multiplicam-se as técnicas e vive melhor o ser humano.
No ensejo do silêncio, que facilita o olhar para dentro de si mesmo, nasce a meditação.
Medita o ser sobre como ver o mundo, e a arte encontra nascedouro.
Desenvolve-se a arte, desentranhando a criatividade humana, e projetam-se idéias de Deus.
E Deus é todo o amor que existe.
E tudo quanto existe se nutre do amor, que é Deus, e nele está imerso.
O amor existe sempre!
O zunzum dos insetos e o vôo dos pássaros, falam-nos de amor.
A germinação da semente e a fecundação humana, mostram-nos o amor.
O verme que fertiliza o solo e a fera que ruge na selva, dão-nos mostras de amor.
O sorriso da criança e o aconselhamento do velho são quadros do amor.
A disposição do jovem e a ponderação do adulto são obras do amor.
Em tudo vibra o amor... E o amor é Deus.
Busquemos, então, meditar sobre o que temos e o que não temos, sobre quem somos e sobre quem não somos, a respeito do que fazemos, e do que não fazemos, guardando a convicção de que sem a presença do amor naquilo que temos, no que fazemos e no que somos, estaremos imensamente pobres, profundamente carentes, desvitalizados.
Seja qual for a lida, a luta, a nossa atividade no mundo, vinculemos-nos ao amor, acatemos as suas sugestões e vibremos vitoriosos e felizes, plenos de vida, de candura, de harmonia, pois com o amor seguimos com Deus, agimos por Deus e em Deus, conscientemente, nos movimentamos.



Deixa Eu Te Amar

 Deixa eu te amar
desde que o dia amanhece
vendo a gaivota solitária
pousando lenta na praia.

Deixa eu te amar
sem querer, sem marcar
sem nada prometer
sem nada esperar.

Deixa eu te amar
só para continuar
para não esquecer
não ver o sonho morrer.

Poder pensar em você
mesmo sem lhe querer
sem lhe desejar
sem sequer olhar.

Deixa eu te amar
só mais um pouco
num devaneio louco
de quem se foi

Sem nada deixar
sem reclamar
cabisbaixo e mudo
quase surdo.

Deixa eu te amar
eu prometo ir
quando o sol se por
em nossas vidas.

E prometo silêncio
ausência e renúncia
se precisar
prometo não falar.

Mas por favor...
Deixa eu te amar!!!



Tere Penhabe