18 de abril de 2009

GRUPOS MUSICAL


GRUPOS MUSICAL


O surgimento dos primeiros conjuntos musicais da cidade de Patos deriva-se da Filarmônica 26 de Julho e recai sobre a iniciativa do saudoso Hermes Brandão que, em 1947 fundou a orquestra “Cruzeiro do Sul”, inspirado no maestro Severino Araújo, seu amigo do tempo em que serviu ao Exército, proprietário do Grupo Tabajara, um dos mais famosos da época em todo o Brasil com o qual chegou a tocar. O idealizador patoense, que nasceu no sítio Mocambo, herdou do pai que tocava clarinete o interesse pela música. No início de sua carreira tocou trompa e com o passar dos tempos passou a dominar soprano, tenor, clarinete, pistão e saxofone. Além de grande músico não chegara a integrar o fenômeno nacional por decisão própria, uma vez que chegou a ser convidado para acompanhar o Grupo Tabajara no Rio de Janeiro. Naquela época Patos contava apenas com o coral da professora Rosalina Coelho Lisboa, destinado à divulgação de músicas sacras. Na década de 50 a Orquestra Cruzeiro do Sul reinou absoluta em terras sertanejas e, somente por volta de 1959 é que surgiu o Conjunto do saudoso Vavá Brandão, irmão de Hermes e um dos integrantes do seu grupo. Entre os vocalistas estavam Amaury de Carvalho e Antônio de Pádua e na parte instrumental os destaques ficavam para Antônio Moreno, Antônio Emiliano, Chico Cabaré, Pedrinho e Aguinaldo Sátyro. Naquela época o grande espaço de divulgação da nova Banda era o Programa de Ramalho Silva, intitulado Festival da Cidade, apresentado no Cine Eldorado e transmitido pela Rádio Espinharas de Patos.

Influenciadas pelo Movimento de Jovem Guarda, que nasceu no Brasil na década de 60, algumas opções musicais foram surgindo na Capital do Sertão, entre as quais o grupo “Os Sátyros”, formado pelos irmãos: Agnaldo, Antônio, Betinha e Luzia, com poucos anos de duração. Uma dupla que também passou a animar os eventos sertanejos era denominada “Os Brasas” e contava na sua composição com Salvan Wanderley e Zacarias de Evaristo. Comandado por Lula Fragoso nasceu o “The Six Boys”, com duração de quatro anos, época em que se tornou a atração oficial do Hotel JK e tendo em sua formação inicial, além do fundador, Gil, Everaldo, Cabral, Marcone e, mais tarde, Nilson Batista. Depois foi a vez de Juca Viana criar “Os Selvagens”, dotado de uma estrutura considerável e que se depararia com um grande concorrente a partir do ano de 1967, momento em que era criado o conjunto “Os Jovens”, cuja primeira apresentação aconteceu no dia 12 de julho e que além dos irmãos idealizadores, Antônio de Pádua e Aguinaldo Sátyro, os quais atuavam respectivamente como contra-baixo e “crooner”, detinha em sua composição: Antônio Vieira (baterista), Salvan Wanderley (base) e Rodrigues (solo). Seria o único Grupo musical a permanecer na atividade a partir do ano seguinte.

Os Jovens constituiu uma das maiores representações musicais de Patos em outras localidades, a exemplo de João Pessoa, Recife e inúmeras outras cidades do Nordeste. Para concorrer com sua grande estrutura surgiria o conjunto VAZ-7, fruto da união dos músicos: Virgílio Trindade, Antônio Emiliano e Zito, com sete componentes ao todo. Mais tarde, com a saída de dois fundadores, a denominação passou a ser simplesmente Z-7, ou seja, o Z relacionado a Zito e o número em referência a quantidade de integrantes. A vida do grupo perduraria até 1975 enquanto “Os Jovens” seguiria por mais dez anos, até chegar a encerrar as atividades, por conta do destino da maioria dos seus componentes que se transferiu para outros centros, afim de continuar os estudos.



Muitos foram os músicos que marcaram época. Especificamente, da década de 60 e até os dias atuais o número tem crescido consideravelmente, o que se tornaria impossível fazer referência a cada um deles. Por esse motivo elegemos um dos principais, para através de uma narração de sua trajetória homenagear todos os que enveredaram por esse setor para, em conseqüência, elevar o nome da cidade de Patos. Assim sendo, nada mais justo do que uma referência ao grande Antônio Emiliano que nasceu em Patos, no dia 06 de janeiro de 1928 e faleceu em 05 de novembro de 1977.

Partindo de uma afirmação do jornalista, professor, músico, economista e historiador, Virgílio Trindade, que definia Antônio Emiliano de Figueiredo como sendo um homem de poucas letras e muito conhecimento; de pouco dinheiro e muitos amigos, de pouca vaidade e muito talento, tentaremos chegar a constituição de uma pessoa completa em termos de cultura: gênio no violão, na piada e na improvisação. “Como violonista reinou em Patos, Campina Grande, Recife, Natal e várias outras cidades nordestinas. Tinha conhecimento completo do instrumento e era, igualmente, bom em solo e acompanhamento. Arrancava elogios de todos e fez fama por onde passou. Certa vez, com Vavá e seu Conjunto, acompanhou Orlando Silva numa temporada por várias cidades e foi, abertamente, de maneira rasgada, elogiado pelo “Cantor das Multidões”. Com seu violão teve momentos importantes no rádio, participou, comigo, na Rádio Espinharas, do Programa Um Astro ao Vivo, respondendo pela parte musical e fez, sozinho um belo programa de solo de violão que era o lenitivo dos boêmios das noites patoenses. Trabalhou, também, na Rádio Borborema de Campina Grande, nas Rádios Clube e Tamandaré do Recife e na Poty de Natal. Como compositor fez sucesso com dezenas de músicas. Algumas foram gravadas em disco e, a maioria, na memória dos amigos. Nos festivais era a figura central: foi campeão com “Preto Velho José” e deixou sua marca eterna com “Patos dos Meus Tempos”, imortalizados em discos, pelas vozes de Saraiva e Cândida Maria, respectivamente. Convém destacar que a grande maioria de suas composições, principalmente as de solo de violão, ficaram perdidas no ar, por falta de quem as repetissem no instrumento. As conservadas na nossa memória são, justamente, as de letra e música, em virtude da facilidade de serem decoradas. Como piadista, era espirituoso e suas histórias engraçadas ainda correm, de boca em boca, alimentando a alegria e a saudade dos seus amigos. Aliás, é bom que se diga, as suas “tiradas” eram improvisações talentosas, nascidas do ressentimento do dia-a-dia. Ele não as fazia para ser engraçado ou para zombar dos outros. Tanto que, quase todas, retratavam as suas próprias desventuras. Era o meio que ele usava para desabafar. Exemplo: certa vez ele estava acertando com o pai de um seu aluno o preço de suas aulas de violão. Depois de tudo ajustado o cara, um ricaço, em tom humilhante, provocou este diálogo:
-Vou pagar, mas quero esse menino tocando La Comparcita em trinta dias!
Emiliano percebendo o sentido da colocação não fez por menos e respondeu a altura:
-Colega, tome seu dinheiro! Faz trinta anos que eu toco e ainda não sei tocar La Comparcita!...
Além de um artista genial, Emiliano era um homem correto e um amigo leal. Tanto que nunca soube alinhar a própria vida, mas sempre soube encaminhar para o bem, a vida dos outros. Respeitador e educado, certa vez evitou, com talento e delicadeza, um romance perigoso com a filha de um amigo nosso, que se apaixonou por ele. O pai nunca soube de nada e a moça acabou entendendo e agradecendo a sua atitude. Muitas outras ações, do mesmo valor, ele praticou, ao longo da vida. Afinal, como dizem os mais velhos, “só era ruim para si mesmo!”, relato de Vírgilio para Patos Empresarial de 1990, intitulado de “Os Dedos de Ouro”.

Mesmo com bagagem suficiente para galgar grandes espaços e conquistar a independência financeira, Emiliano sempre foi humilde, a partir de sua profissão de fotógrafo dos tradicionais monóculos e ampliações, mais tarde professor de violão que ensinou muitos dos nossos instrumentistas, a exemplo de Washington Lustosa e Pedro Cesário. Casado com a senhora Nilza, deixou os filhos: Toinho, Dinarte e Luciana.

A composição que imortalizou Antônio Emiliano, terceira colocada do primeiro festival realizado em Patos no ano de 1971, por pouco não acabou se transformando no hino oficial da cidade. A interpretação perfeita de Cândida ficaria para sempre na lembrança da Rainha Sertaneja. Vale relembrar a letra de outras composições destacáveis do referido autor:
Preto Velho José

Preto Velho José/ vive triste, solitário/ seu consolo neste mundo/ é contar o seu rosário/ pra vê se noutra vida/ ganha salvação/ porque neste mundo/ só ganhou ingratidão/ Trabalhou pra sinhô branco/ dia e noite sem cessar/ hoje velho, cansado/ sem forças pra trabalhar/ sinhô branco, indiferente/ não lhe dá nem atenção/ preto velho desse mundo/ só leva desilusão/ mas não cansa de pedir/ a Deus em oração/ que perdoe a sinhô branco/ e lhe dê a salvação.
Mensagem da Conceição
Bate o sino além/ chamando alguém à oração/ Esse alguém é o meu bem/que não tem coração/ Talvez que a mensagem/ da capela da Conceição/ por ser muito bela/ faça com que ela mude de opinião.
Sentimento de Amargura
Fiquei sabendo que a saudade/ é sentimento de amargura/ mas sei que a felicidade/ é uma onda de ternura/ O meu amor brigou comigo/ fiquei sofrendo é verdade/ mas logo após me deu abrigo/ e agora é só felicidade/ Não sei como é que pode/ tanta gente por ai sem ter amor/ se sem amor/ a vida é dissabor.
Oração de Boêmio
Falas-me de sono/ se tenho a eternidade pra dormir/ assim falou Omar Cayam/ quando um amigo convidou-o a sair/ de uma boa brincadeira/ de uma boa bebedeira/ da qual não quis desistir/ É prova que boêmio/ não obedece a horário/ ele não vai à igreja/ boêmio não usa rosário/ Onde houver cabrocha/ o luar e um violão/ ai está o boêmio/ fazendo samba a sua oração.

Brasil em disparada
Avante Brasil gigante/ há tua hora chegou/ do teu sono tão profundo/ veio alguém e despertou/ Vamos correndo, correndo/ caboclo forte e viril/ vamos lutar com a flor/ e abandonar o fuzil/ com amor ao trabalho/ vamos pra frente Brasil/ Os teus filhos acreditam/ em ti por que estais desperto/ há muito canto esse amor/ porém pregado em deserto/ há muito canto esse amor/ porém pregado em deserto/ mas Deus nos mandou um homem/ que te deu caminho certo/ Teremos transamazônica/ asfalto em todo o país/ e do analfabetismo/ vamos cortar a raiz/ participação nos lucros/ pra ver nosso povo feliz.
Revolta
É tarde, é muito tarde/ é tarde pra você voltar pra mim/ eu recusá-la é ingratidão/ mas aceitá-la é covardia/ não quero mais a sua companhia/ Quando muito eu lhe queria/ de mim você não gostava/ francamente você ria/ decerto quando eu chorava/ agora você está de volta/ por capricho de mulher/ é grande a minha revolta/ agora sou eu quem não lhe quer.

Vaidosa
Você que é vaidosa/ e tem a impressão/ que é dona do mundo/ prepare sua alma/ pra sofrer muita mágoa/ e um desgosto profundo/ Quando olhar no espelho/ e vê seu rostinho transfigurado/ vai chorar no futuro/ lamentando o presente/ recordando o passado/ Você agora/ é linda flor em botão/ futuramente será/ uma flor murcha caída no chão/ então verá claramente/ pra você tudo acabado/ vai chorar no futuro/ lamentando o presente/ recordando o passado.
Ave sem ninho
Quantos dissabores por você eu já sofri/ todo direito de amar perdi/ Não tenho lar, um carinho/ onde possa por fim repousar/ sou uma ave sem ninho/ que pousa em qualquer lugar/ Francamente oh! Querida/ já não pude suportar/ ocultei a minha mágoa/ por fim tive que confessar/ peço que não censure o meu modo de dizer/ que sofrer assim dessa maneira/ é vegetar não é viver.

Voltando à retrospectiva da música patoense, vale registrar que poucos são os arquivos de outros grupos que, por curtas épocas, compuseram o cenário musical de Patos. Vale, porém, relembrar o Flor do Prado, Ataulfo Alves, Black Samba, Raios e a Banda Flor da Pele que levou o nome das Espinharas a lugares cada vez mais distantes e importantes do cenário brasileiro, dentro do seu gênero chegando a se destacar como o melhor grupo musical da Paraíba e se enquadrando entre os 10 principais do Brasil. Idealizado pelo empresário Jairo Dias, o grupo musical surgiu em 1990, através de uma parceria com amigos músicos e compositores, entre os quais: Lela, Iran, Lodinho e Assis da Embratel, com a denominação de “Baile”. O primeiro CD foi lançado em 1996 e obteve a melhor aceitação do público, motivo pelo qual outros vieram sucedê-lo, sempre repetindo o sucesso, chegando a receber o reconhecimento de todo o Nordeste, Capital Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Tocantins, entre outros, onde realizou shows permanentes. Por outro lado, a Banda Flor da Pele fez várias apresentações em rede nacional, através de programas do SBT, Record e TV Diário do Ceará. Vale salientar que o referido grupo musical já chegou a ser responsável pelo emprego indireto de cerca de 150 pessoas, ao ponto em que demonstrava uma certa insatisfação com relação aos promotores de eventos da Paraíba, que chegam a desconhecer a grande importância da prata da casa, o que não ocorre em outros centros brasileiros. Reclamou, também e com toda razão, o pouco espaço obtido nos meios de comunicação do Estado, a exemplo de rádios, jornais e revistas, que nem sempre abrem espaços para a divulgação dos nossos valores. Levando a efeito uma técnica extremamente profissional, a Banda Flor da Pele sempre foi responsável por um dos shows mais produzidos de todo o Brasil e os recursos gerados sempre foram aplicados na cidade de Patos, através dos empreendimentos do seu proprietário, sem falar na geração de emprego e renda.

ERNANI SATIRO






Ernani Ayres Sátyro e Sousa, nasceu em Patos, no dia 11 de setembro de 1911, filho de Miguel Sátyro e Sousa e Capitulina Ayres Sátyro e Sousa. Fez o curso primário na Capital do Sertão e entre os seus primeiros mestres figuraram: Maria Nunes, Alfredo Lustosa Cabral e Rafael Correia de Oliveira. Posteriormente estudou no Colégio Diocesano Pio X e Liceu Paraibano, em João Pessoa, onde fez o curso secundário. Em 1930, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, por onde se bacharelou, em 7 de dezembro de 1933.

Concluído o curso de direito, voltou a Patos, onde passou a exercer a advocacia, ingressando na política, para suceder o seu pai, um dos grandes chefes da região. Seu primeiro mandato eletivo foi o de deputado à Assembléia Constituinte Estadual, de 1935, na qual teve atuação marcante.

O Jovem Ernani Sátyro herdou do pai a característica de homem pacato e jamais o decepcionou quando o assunto era coragem. Nesse contexto não se curvou às investidas de seus adversários que em determinados momentos partiam para o desespero, com atitudes reprováveis e criminosas. Um dos casos que mais chamou à atenção ocorreu em 27 de setembro de 1936, quando foi vítima de atentado, à bala, momento em que conversava com amigos na Praça João Pessoa. O parlamentar escapou ileso, tendo o fato ampla repercussão no Estado. O autor material foi o soldado conhecido pela alcunha de “Caxeado”, protegido de um dos seus desafetos políticos.

Na vida administrativa do Estado, exerceu ainda os cargos de Chefe de Polícia e Prefeito da Capital. Com a implantação do Estado Novo, retirou-se da política, dedicando-se inteiramente a advocacia, notadamente nas Comarcas de Campina Grande e Patos.

Quando da redemocratização do País, em 1945, candidatou-se a deputado federal, elegendo-se para a Assembléia Nacional Constituinte de 1946, pela União Democrática Nacional-UDN, juntamente com Argemiro de Figueiredo, João Agripino, Osmar de Aquino, Fernando Nóbrega e outros. Reelegeu-se, sucessivamente, para a Câmara dos Deputados de 1950 a 1966, voltando a integrá-la de 1978 a 1982.

Em 1969 foi nomeado Ministro do Superior Tribunal Militar (MST), cargo que deixou para candidatar-se a governador do seu Estado, tendo sido eleito em 03 de outubro de 1970. Sua posse na condição de Chefe do Executivo Paraibano aconteceu em 15 de março de 1971 e entre as suas obras significativas estão: Centro Administrativo, Estádios: Almeidão e Amigão, Ceasas de João Pessoa e Campina Grande, Prédio da Assembléia Legislativa, Quartel do Corpo de Bombeiros da Capital, Adutora de Campina Grande, Rodovia Redenção do Vale; Barragem da Farinha, Fórum Miguel Sátyro, Grupo Escolar Rio Branco e Colégio Capitão Manoel Gomes em Patos.

Casado com Antonieta Sátyro, com quem festejou as Bodas de Ouro em 1985, o nome em destaque deixou os filhos: Bertholdo-Juiz do Trabalho em Brasília e as advogadas Sileide e Cleide.

Ernani Sátyro não foi apenas advogado e político. Seu talento intelectual, notadamente como romancista, poeta, ensaísta, cronista e orador de grandes recursos, o destacou. Seus principais livros são: O Quadro Negro, Mariana, Dia de São José, O Canto do Retardatário e Sempre aos Domingos.

Muitas foram as condecorações recebidas por ele que também integrou as Academias: Paraibana, Brasiliense e Campinense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba e a Ordem dos Advogados do Brasil - Secção PB.

O Falecimento de Ernani Sátyro ocorreu em Brasília, onde foi sepultado, em 08 de maio de 1986. Seu corpo foi velado no Salão Nobre da Câmara dos Deputados. Seus restos mortais, por vontade sua, foram transladados para o Mausoléu da Fundação que traz o seu nome na cidade de Patos, em 08 de maio de 1993, em solenidade que contou com a presença do então Governador, Ronaldo da Cunha Lima, Senador Humberto Lucena, deputados, entre outras autoridades.

FUNDAÇÃO ERNANI SÁTYRO

Um dos grandes patrimônios culturais de Patos completou 14 anos de existência, com uma vasta folha de serviços prestados, não apenas à “Morada do Sol”, mas a toda a região sertaneja. A Fundação Ernani Sátyro, cujo objetivo é dinamizar a cultura do município de Patos e adjacentes, além de preservar a memória do seu patrono, tem como endereço o prédio de número 93, na rua Miguel Sátyro, antiga casa de habitação do seu patrono, a qual passou por um processo de restauração, com a preservação de suas características. Sua criação oficial data de 21 de julho de 1988, através do Decreto 5.048, assinado pelo então Governador Tarcísio Burity, sendo que a inauguração se deu em 5 de março de 1991. A sua presidência foi exercida pela competente professora, Emília Longo da Silva Fernandes, até o dia 20 de julho de 2004, quando veio a falecer, três dias antes da morte do seu esposo, Amaury Sátyro Fernandes. A referida docente foi substituída no cargo pelo historiador José Romildo Sousa.

A Fundação Ernani Satyro possui em seu acervo: uma biblioteca, arquivo particular e pertences do seu patrono, além das medalhas e condecorações a ele atribuídas. Todo esse material encontra-se em exposição permanente, na sede da entidade, constituindo uma grande importância para o estudo da vida política da Paraíba e do Brasil, haja vista que o saudoso patoense teve grande atuação no cenário político nacional, membro da famosa “Banda de Música” da UDN, presidente nacional e líder desse partido no Congresso; líder do Governo Costa e Silva na Câmara dos Deputados, relator dos projetos de anistia, das eleições diretas e do Código Civil, aprovado pelos legisladores com assento em Brasília.

Acham-se catalogados mais de 40 mil ítens, entre cartas, telegramas, manuscritos, originais datilografados, recortes de jornais, fotografias, livros, folhetos, panfletos, medalhas, objetos pessoais, dentre outros.

Na busca de atingir seus objetivos e finalidades, a Fundação, vem desenvolvendo atividades culturais consistentes sobre diferentes aspectos da vida literária, política, social, etc.

FREI DAMIÃO


FREI DAMIÃO



O maior Missionário do Nordeste sempre teve uma grande aproximação com o município de Patos, para onde convergia periodicamente e conseguia arregimentar verdadeiras multidões de fiéis. Nos seus últimos 32 anos de vida, Frei Damião teve a companhia assistencial de uma filha da terra, muito ligada aos trabalhos religiosos e que, só não chegou a ir para o convento por falta de condições financeiras para a compra do enxoval, época em que as dificuldades se avolumavam e seus pais, Gercino e Severina, eram pessoas desprovidas de recursos. Anita Meira estava concluindo o curso de enfermagem, momento em que foi convidada a peregrinar no roteiro do Frade Capuchinho para tratá-lo de problemas de saúde. A princípio estava prevista uma permanência de apenas seis meses, para a aplicação da vacina antibiogênica, paralelo ao acompanhamento de outros medicamentos, procedimento que a transformou em figura indispensável na trajetória do missionário.

Anita Meira, que mais tarde voltaria a residir na cidade de Patos, falou com orgulho das experiências vividas ao lado de Frei Damião e Frei Fernando, no Nordeste, em outras regiões do País e na Europa. Lembrava sempre de sua bondade, simplicidade, humildade, resistência e enorme fé em Deus. Recordava os momentos em que a doença tentava abatê-lo nos hospitais, inclusive na Capital Paulista, onde tudo parecia terminar e a conseqüente surpresa da recuperação que deixava médicos famosos, atônitos, surgia como num toque de mágica. Para se ter uma idéia do quanto passou a ser importante para o religioso basta lembrar que por diversas vezes ele escolheu a Capital do Sertão da Paraíba, para descansar ou recuperar-se de enfermidades, ficando hospedado na residência de Anita. Aqui também fez questão de comemorar os seus 50 anos de sacerdócio, em uma festa promovida pelos amigos.

Uma entrevista concedida por Frei Damião, a Revista Opinião, editada em Patos no início da década de 70 e assinada por Miriam Tourinho Diniz, justifica perfeitamente a admiração nordestina pelo saudoso missionário, desprovido de qualquer ambição, humilde por excelência e disposto a ajudar aos mais necessitados como grande missão de vida. Dentro da história de Patos vale registrar esse grande acontecimento, para que sirva de instrumento aos que não tiveram a satisfação de conhecê-lo e passarão a admirar o seu exemplo. A íntegra da entrevista:

Opinião - Se não fosse sacerdote, o que seria?
Frei Damião - Não sei não, porque desde pequenino entrei para o colégio, depois noviciado e, na idade de 11 anos, entrei para o apostolado. Nunca pensei em ser outra coisa.

Opinião - Quando não está trabalhando qual o seu passatempo?
FD - Não tenho não. Trabalho o ano inteiro, de janeiro a dezembro, nas missões. Não tenho tempo para divertimento.

Opinião - Qual o seu prato preferido?
FD - Nunca escolhi. Desde pequeno, me acostumei a comer o que me davam.

Opinião - Como foi a sua infância e como resolveu ser sacerdote?
FD - Desde pequeno freqüentava a igreja, era coroinha. Nasci assim com o desejo de servir a Deus.

Opinião - O senhor é um grande líder religioso. A que atribui sua liderança?
FD - Não sou nada não. Contam graças recebidas. O povo exagera.

Opinião - A mulher deve ter os mesmos direitos que o homem?
FD - Sem dúvida. Os direitos são iguais.

Opinião - E os anticoncepcionais?
FD - A Igreja sempre condenou. Ultimamente, o Papa confirmou a doutrina tradicional da Igreja. Não se pode fazer coisa alguma para tirar do ato conjugal a doutrina que lhe é própria. Os esposos devem utilizar o matrimônio de forma racional. Na limitação da prole não se pode empregar meios como anticoncepcionais. Não conhece a Encíclica Humanae Vitae? A própria Sagrada Escritura proíbe. Onã, filho de Judá, e sua mulher, faziam com que não aparecesse família, eles interrompiam. Diz a Sagrada Escritura que foi ferido de morte, porque fazia uma coisa detestável. Somente quando é um motivo razoável, os esposos devem esperar para usar o matrimônio nos dias estéreis. E nos dias fecundos, guardar a castidade.

Opinião - Como o senhor recebeu a notícia de que o homem havia conquistado a Lua?
FD - É a ciência que progride, é a ciência trabalhando, trabalhando, até conseguir chegar lá.

Opinião - Que acha da juventude no mundo atual?
FD - Ela precisa aprofundar-se também na ciência de Deus, conhecê-lo cada vez mais. A ciência não deve se afastar de Deus, mas conduzir a ele.

Opinião - Que recado tem para os pais?
FD - Que cuidem da saúde, da instrução civil dos seus filhos, mas, sobretudo, cuidem da vida espiritual. Os filhos pertencem mais a Deus que aos pais. É um depósito que receberam, por isso têm obrigação de criá-los de tal maneira que possam um dia sentir que estão na presença de Deus. Cuidar da vida natural, mas também, da vida sobrenatural.

Opinião - Muitos são unânimes em afirmar que o senhor já curou muitos enfermos e que possui alto grau de mediunidade. Que diz a isto?
FD - Não é assim não. Não curo nada. Pode ser que um tenha doença nervosa e podemos curar por sugestão. Não realizo curas. O dom dos milagres não é mediunidade, não. Para o bem da humanidade, nos primeiros tempos do cristianismo os milagres eram muito freqüentes. Era para converter. Converteram-se muitos. Assim, Nosso Senhor confirmava sua doutrina, com os milagres. Milagre é uma obra que só Deus pode fazer. O homem é somente instrumento.

Opinião - O senhor acredita que os espíritos podem se comunicar com os homens?
FD - Podem, se Deus consente a graça. É sempre uma coisa de ordem sobrenatural. Deus pode conceder para fins especiais. Para a sua glória e para o bem das almas.

Opinião - O senhor acha que o padre deve casar?
FD - O padre deve é trabalhar, trabalhar para a difusão da Igreja. Deve ser livre dos deveres de família. Isso não é da essência do sacerdócio. Nos primeiros tempos do cristianismo, tomavam um pai de família para ser sacerdote, mas para o bem da Igreja, para exercer melhor o apostolado é bom que o padre seja livre. Dedicar-se somente ao serviço de Deus e ao bem de toda a humanidade, que será sua família.

Frei Damião foi agraciado com o título de cidadão patoense, sancionado pelo então prefeito Aderbal Martins, no início da década de 70, em atendimento à propositura do vereador Adão Eulâmpio. A entrega solene aconteceu em frente à Prefeitura Municipal de Patos, para onde convergiu um grande número de populares e autoridades.



Patos em Revista

R, DE RECUPERAÇÃO de RONALDO




R, DE RECUPERAÇÃO



No vestiário do Milan, com o joelho estourado, Ronaldo chorava:
“Por quê, por quê?”. Acomodado na cadeira de rodas, achou que a
cura serviria apenas para jogar pelada e andar de bicicleta. Mas o craque tinha
um santo forte: o fisioterapeuta que flexionava sua perna até durante o sono
O estádio está cheio, em festa; é dia de jogo importante. Os árbitros e todos os jogadores estão no gramado à espera do apito inicial. Todos, menos um. O vazio no círculo central atende por um nome, que a torcida espera com ansiedade, por sua capacidade de dar ou mudar o tom de uma partida: Ronaldo. Só falta ele para o jogo começar. Onde o craque está?
A cena descrita aconteceu, mas foi num sonho, num quarto de hospital, numa das primeiras noites após o fatídico 13 de fevereiro de 2008, quando Ronaldo, com a camisa do Milan, teve ruptura total do tendão patelar esquerdo ao saltar para cabecear a bola. E o sonho foi do próprio Ronaldo. Ali, combalido por mais uma lesão seriíssima, que evocou do planeta mais uma vez a convicção de que sua carreira acabaria, o maior artilheiro das Copas teve um sonho.
Quando acordou, a realidade era bem mais dura. O joelho inchado, a perna incapacitada de dobrar, o monstro cinza da desistência à porta do quarto. Alguns dias depois, Ronaldo teve alta e foi levado de cadeira de rodas até o auditório do hospital para dar um tipo de entrevista coletiva que jamais imaginou que daria de novo. E desta vez, ao contrário do ocorrido em 2000, ele não declarou que “o guerreiro está ferido, mas não está morto”. Declarou que o guerreiro estava cansado, com o corpo surrado, pedindo arrego, dando sinais de que a aposentadoria era o mais provável.
Nem um – nem um – jogador de futebol teve tantas contusões graves quanto Ronaldo. A ruptura do tendão patelar é raríssima no esporte mais popular do planeta; só é vista, e mesmo assim de vez em quando, no esqui profissional. Duas rupturas de tendão patelar, uma em cada joelho, é fato mais remoto ainda. Mesmo assim, Ronaldo voltou de cada uma delas. Enfrentou as dores e os desânimos do tratamento e enfrentou, talvez com maior dificuldade, a descrença geral, salvo exceções que cabem nos dedos de uma mão e Ronaldo sabe quais são uma a uma. E voltou.
De forma ainda mais especial, os retornos de Ronaldo também não são nada corriqueiros. No do fim de 2001, quase levou a Inter de Milão ao “scudetto” tão esperado, que lhe escapou em jogo contra a Juventus sobre o qual pairam até hoje suspeitas pesadas; e, na Copa de 2002, fez nada menos que oito gols, sendo dois na final contra a Alemanha. Como resultado, foi eleito, pela terceira vez, o melhor do mundo pela Fifa. Nisso, aliás, Ronaldo também é único: só ele tem três prêmios da Fifa e duas Bolas de Ouro, o mais prestigioso título individual da Europa (Zidane tem apenas uma). E olhe que ficou sem atuar quatro dos 15 anos de sua carreira.
No retorno de 2009, Ronaldo começou surpreendendo com a escolha: decidiu jogar no Brasil e pelo Corinthians. Depois de muita especulação – além, é claro, das dúvidas, das acusações de ser “jogada de marketing”, das piadas de todo tipo – ele enfim estreou, apenas um ano depois da contusão (não os 18 meses da outra), e num jogo contra o Itumbiara, numa ocasião e num gramado que não parecia combinar com sua classe. O atacante que Jorge Valdano disse ter “uma Ferrari nos pés”... correndo numa pista de rali? No jogo seguinte, aconteceu: Ronaldo entrou no clássico de maior rivalidade da maior cidade do país do futebol, deu dribles e chutes e, aos 47 minutos do segundo tempo, fez de cabeça o gol do empate, comemorado como se fosse outro título mundial brasileiro, não apenas corintiano.
Sim, tem coisas que só ele faz. Só ele quinze gols em Copas; só ele duas vezes melhor do mundo aos 21 anos; só ele vitorioso sobre duas lesões de patelar e outras tantas mais; só ele autor de gol no Real Madrid pelo Barcelona e no Barcelona pelo Real Madrid, e no Milan pela Inter de Milão e na Inter de Milão pelo Milan etc. Mas esqueça o glamour de tantos troféus, o sentimentalismo sobre tantos retornos, a incrível onda de aclamação que se seguiu à sua volta para a terra natal. No escuro de um quarto de hotel, com a perna latejando de dor, os sonhos só vêm por teimosia. No vazio de uma academia de ginástica malequipada, sem nem mesmo água quente no chuveiro, como a do Flamengo, não há festas em castelos e comparações com Pelé. Na solidão de um dos três rostos mais famosos do mundo, a cada sessão de fisioterapia, a cada jogo visto pela TV, não tem ninguém falando em heroísmo.
O que tem é trabalho doloroso, que muitas vezes parece despropositado. Ainda mais para quem já ganhou dinheiro para garantir três gerações de Nazário de Lima e para quem todas as portas e mulheres se abrem. “Se o cara não for focado, não gostar realmente do que faz, ele não consegue”, diz o fisioterapeuta Bruno Mazziotti, 31 anos, há seis trabalhando com Ronaldo. Foi Mazziotti quem ouviu de Ronaldo o sonho do estádio lotado e precisou responder várias vezes durante meses a frase “Você vai voltar” a cada vez que o craque perguntava: “Você acha que eu vou voltar?”.
No vestiário do Milan, com Kaká ao lado, Mazziotti viu como Ronaldo ficou abalado. Ele saiu de campo chorando, repetindo “de novo, não”, perguntando-se “por quê, por quê?”, enquanto todos lhe pediam calma, embora houvesse ainda a especulação de que ele teria rompido também o ligamento cruzado anterior (o que não se confirmou). No trajeto para o hospital de Paris, onde até dormiria no corredor, Mazziotti conseguiu ser mais articulado: “Só tem um ser humano que pode provar isso para o mundo, que pode retornar de novo, e esse ser humano é você”.
Em outros momentos, a conversa passava pela religião. Que Deus é esse que pune tanto um profissional tão talentoso, que nunca fez mal a ninguém e tantas alegrias trouxe? – eis o que Ronaldo poderia se perguntar. E Mazziotti dizia para que ele pedisse mais forças, “ombros mais fortes”, e não se queixasse dessa “carga maior”. Ronaldo, que fala sempre “Fica com Deus” aos amigos e familiares toda vez que encerra um telefonema, desde então passou a fazer três vezes o sinal da cruz ao entrar em campo.
Mas o que lhe dava forças mesmo era o futebol. “Voltei por meu amor ao futebol”, diz Ronaldo. “Não existe outra razão”, acrescenta, já em tom irritado com os que afirmam que seu interesse é publicitário, como se ele precisasse aparecer mais do que aparece. Para Mazziotti, Ronaldo disse que não queria voltar se fosse para ter dores. “Um incomodozinho sequer e eu largo tudo”, ameaçou. Mazziotti replicou: “O.k., então vamos fazer um trato. Eu deixo seu joelho zerado, mas aí você volta”. Ronaldo ainda brincou: “Eu posso mentir para você”. E Mazziotti: “Então assim não vale”.
Ronaldo em vários momentos pensou que a cura poderia ser útil apenas para andar de bicicleta com seu filho Ronald, ou jogar uma pelada de vez em quando. Mesmo quando as coisas tinham melhorado muito, o fisioterapeuta perguntava ao craque para qual time iria e Ronaldo rebatia: “Eu ainda nem sei se vou voltar”. Nos primeiros três meses, diálogos como esse se repetiriam. Mas na maior parte do tempo o clima era o oposto: Ronaldo trabalhava e trabalhava, querendo e acreditando em sua volta. Mais do que boa disposição física, ele mostrou mais uma vez seu poder mental, sua capacidade de concentração, sua força interior. As mesmas qualidades que exibe em campo.
Sinais de que tudo poderia correr bem existiram desde o começo. No pós-operatório, o joelho inchou menos do que oito anos antes. Espertamente, Mazziotti percebeu que o segredo – o que chama de “evolução conceitual” da fisioterapia – era trabalhar muito logo no começo, para encurtar a recuperação lá na frente. Eram sete, oito horas diárias de esforço desse que um dia chamaram de “ex-atleta” e “ex-profissional”. Mazziotti flexionava a perna de Ronaldo até mesmo quando ele estava dormindo. O contato com o aparelho acordava o jogador, que resmungava: “Lá vem você de novo com esse negócio”. E em seguida ele fazia tudo, quase sempre de bom humor. Ele sabia, com sua vasta experiência, que Mazziotti estava certo ao dizer: “A natureza não dá saltos. Cada dia é uma vitória”.
Uma vez por mês Ronaldo ia a Paris fazer exames de ressonância e verificar os tecidos e as articulações. No segundo mês, já fazia 100% do arco de movimento da perna. No quarto mês, o resultado foi tão bom que o cirurgião Gerard Saillant o dispensou dos controles dos dois meses seguintes. No sétimo, teve a alta definitiva. Estava 70% melhor do que deveria estar; até já corria e jogava tênis com Mazziotti. Mesmo nas férias de duas semanas de julho em Ibiza, quando foi flagrado num barco, barrigudo e fumando, Ronaldo trabalhava todo dia numa academia, fortalecendo a musculatura da perna. Em agosto, já era procurado pelo Manchester City para atuar ao lado de Robinho e outros brasileiros. Em outubro, já treinando no Flamengo, era um atleta recuperado, precisando apenas emagrecer, readquirir condição cardiorrespiratória e voltar a treinar com bola. Em dezembro, assinou com outro clube de massa, o Corinthians, e em fevereiro de 2009 estava pronto para estrear de forma competitiva.
Ou seja, Ronaldo não apenas voltou, como voltou antes do previsto. A cada jogo foi aumentando sua participação – em tempo e em eficiência – para que chegasse às semifinais do Paulistão perto dos 100%. No correr das semanas, amarga quase 50% mais de carga de trabalho do que os colegas. E é desse jogador que dizem que não gosta de treinar? Na Europa, especialmente na nacionalista Espanha, a fama de que os brasileiros são “baladeiros” assombra todos os jogadores. Mas Raúl, Zidane ou Beckham não iam a menos baladas e, na hora dos treinos, faziam o mesmo que quase todos os jogadores europeus fazem: duas horas por dia, em geral com exercícios de força e alguns movimentos táticos.
O que ajudou Ronaldo a ter tantas lesões foi o descaso com suas características específicas, tanto na Espanha como na Itália. Mazziotti resume: “Ele tem muita potência para pouco freio”. Sua massa muscular hoje é de 84 quilos, distribuídos em 1, 84 metro de altura; seu peso ideal é 89 quilos, com 3,8 quilos de peso ósseo e 10% de taxa de gordura. Os tendões não são mais frágeis do que os de outros atletas, mas têm dificuldade para suportar essa carga muscular num jogador de alta velocidade, que dribla em ziguezague – ora como se fosse um esquiador – e é capaz de fazer um arranque em que percorre 30 metros em 3,4 segundos. Essa gloriosa união de força, velocidade e ginga, ironicamente, foi também seu karma.
Ronaldo não tem muita capacidade aeróbica e engorda com facilidade quando não está treinando, como aconteceu às vésperas da Copa de 2006. Mas ele tem alto índice de fibras musculares rápidas, e elas pedem o tratamento adequado no momento em que se machuca; além disso, tem um histórico de distúrbios articulares. Nem Real Madrid nem Milan souberam respeitar alguns dos prazos e fazer os exercícios específicos que Ronaldo precisava, até porque suas ausências eram sempre sentidas pelo time e pela torcida. Isso explica em parte o sobrepeso em tantas situações desde 2005, sua última temporada cheia. É um jogador de tiros curtos, que corre nos momentos em que precisa, logo não pode ser tratado como um Cafu. Reequilíbrio muscular é a chave.
Foi na medicina esportiva brasileira, curiosamente, que Ronaldo encontrou esse balanço entre treinamento comum e especializado. O que Ronaldo sabe sobre fisiologia, por sinal, o leitor não pode supor. “Eu digo sempre que ele está no quinto período da faculdade, prestes a se graduar”, diz Mazziotti. A idade e a musculatura fazem diferença, e só um observador cruel pode querer que ele tenha a mesma agilidade e leveza dos tempos do Barcelona. Mas ele agora caminha para a reabilitação total, o que significa poder dar arranques e realizar toda sua técnica – que ainda há quem não perceba que é muito mais do que velocidade e pontaria.
O estádio está cheio, em festa; é dia de jogo importante. Os árbitros e todos os jogadores estão no gramado à espera do apito inicial. Todos, menos um. O vazio no círculo central atende por um nome, que a torcida espera com ansiedade, por sua capacidade de dar ou mudar o tom de uma partida: Ronaldo. Só falta ele para o jogo começar. Olha, lá vem o craque.


EXPEDIENTE

10 de março de 2009

Aleijadinho



Aleijadinho
Escultor, entalhador e arquiteto mineiro da arte barroca, considerado o maior escultor do período barroco.


Indrodução
Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.

Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas provavelmente pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.

Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).

Já com a doença, Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.

A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A madeira também foi utilizada pelo artista.

Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de sua obra foi reconhecido como importante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro

Luis Fernando Verissimo


Luis Fernando Verissimo


"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda."
(O Gigolô das palavras).



Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.

É casado com Lúcia e tem três filhos.

Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.

Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo.

Escritor prolífero, são de sua autoria, dentre outros, O Popular, A Grande Mulher Nua, Amor Brasileiro, publicados pela José Olympio Editora; As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!, Ed Mort em "Procurando o Silva", Ed Mort em "Disneyworld Blues", Ed Mort em "Com a Mão no Milhão", Ed Mort em "A Conexão Nazista", Ed Mort em "O Seqüestro do Zagueiro Central", Ed Mort e Outras Histórias, O Jardim do Diabo, Pai não Entende Nada, Peças Íntimas, O Santinho, Zoeira , Sexo na Cabeça, O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Mão Do Freud, Orgias, As Aventuras da Família Brasil, O Analista de Bagé,O Analista de Bagé em Quadrinhos, Outras do Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, A Mulher do Silva, O Marido do Doutor Pompeu, publicados pela L&PM Editores, e A Mesa Voadora, pela Editora Globo e Traçando Paris, pela Artes e Ofícios.

Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo.

Na opinião de Jaguar "Verissimo é uma fábrica de fazer humor. Muito e bom. Meu consolo — comparando meu artesanato de chistes e cartuns com sua fábrica — era que, enquanto eu rodo pelaí com minha grande capacidade ociosa pelos bares da vida, na busca insaciável do prazer (B.I.P.), o campeão do humor trabalha como um mouro (se é que os mouros trabalham). Pensava que, com aquela vasta produção, ele só podia levantar os olhos da máquina de escrever para pingar colírio, como dizia o Stanislaw Ponte Preta. Boemia, papos furados pela noite a dentro, curtir restaurantes malocados, lazer em suma, nem pensar. De manhã à noite, sempre com a placa "Homens Trabalhando" pendurada no pescoço."

Extremamente tímido, foi homenageado por uma escola de samba de sua terra natal no carnaval de 2.000.

BIBLIOGRAFIA :

Crônicas e Contos:

- A Grande Mulher Nua (7)

- Amor brasileiro (7)

- Aquele Estranho Dia que Nunca Chega (2)

- A Mãe de Freud (1)

- A Mãe de Freud (1) (ed. de bolso)

- A Mesa Voadora (6)

- A Mulher do Silva (1)

- As Cobras (1)

- A velhinha de Taubaté (1)

- A versão dos afogados – Novas comédias da vida pública (1)

- Comédias da Vida Privada (1)

- Comédias da Vida Privada (1) (ed. de bolso)

- Comédias da Vida Pública (1)

- Ed Mort em “O seqüestro o zagueiro central” (ilust. de Miguel Paiva) (1)

- Ed Mort em “Com a Mão no Milhão” (ilust. de Miguel Paiva) (1)

- Ed Mort e Outras Histórias (1)

- Ed Mort em “Procurando o Silva” (ilust. de Miguel Paiva) (1)

- Ed Mort em Disneyworld Blues (ilust. de Miguel Paiva) (1)

- As Cobras em “Se Deus existe que eu seja atingido por um raio” (1)

- As Aventuras da Família Brasil, Parte II (1)

- História de Amor 22 (com Elias José e Orlando Bastos) (3)

- Ler Faz a Cabeça, V.1 (com Paulo Mendes Campos) (5)

- Ler Faz a Cabeça, V.3 (com Dinah S. de Queiroz) (5)

- Novas Comédias da Vida Privada (1)

- O Analista de Bagé em Quadrinhos (1)

- O Marido do Dr. Pompeu (1)

- O Popular (7)

- O Rei do Rock (6)

- Orgias (1)

- Orgias (1) (ed. de bolso)

- O Suicida e o Computador (1)

- O Suicida e o Computador (1) (ed. bolso)

- Outras do Analista de Bagé (1)

- Para Gostar de Ler, V.13 - "Histórias Divertidas", com F. Sabino e M. Scliar (3)

- Para Gostar de Ler, V.14 (3)

- Para Gostar de Ler, V.7 – "Crônicas", com L. Diaféria e J.Carlos Oliveira (3)

- Peças Íntimas (1)

- Separatismo; Corta Essa! (1)

- Sexo na Cabeça (1)

- Sexo na Cabeça (1) (ed. de bolso)

- Todas as comédias (1)

- Zoeira (1)

- A eterna privação do zagueiro absoluto (2)

- Comédias para se ler na escola (2)

- As mentiras que os homens contam (2)

- Histórias brasileiras de verão (2)

- Aquele estranho dia que nunca chega (2)

- Banquete com os Deuses (2)

Romances:

- Borges e os Orangotangos Eternos (8)
- Gula - O Clube dos Anjos (2)
- O Jardim do Diabo (1)
- O opositor (2)

Poesia:

- Poesia numa hora dessas?! (2)

Infanto-Juvenis:

- O arteiro e o tempo (ilust. de Glauco Rodrigues (9)
- O Santinho (ilust. de Edgar Vasques e Glenda Rubinstein) (1)
- Pof (ilust. do autor) (10)

Viagens – Culinária:

- América (ilustrações de Eduardo Reis de Oliveira) (4)
- Traçando Japão (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)
- Traçando Madrid (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)
- Traçando New York (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)
- Traçando Paris (com Joaquim da Fonseca) (4)
- Traçando Ponto de Embarque para Viajar 1 (4)
- Traçando Ponto de Embarque para Viajar 2 (4)
- Traçando Porto Alegre (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)
- Traçando Roma (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)

Antologias:

- Para gostar de ler Júnior - Festa de criança (ilust. de Caulos) – (3)
- As noivas do Grajaú – (11).
- Todas as histórias do Analista de Bagé (1)
- Ed Mort - Todas as histórias (1)
- Comédias da vida privada (edição especial para escolas) – (1)
- Para gostar de ler, v. 14 - O nariz e outras crônicas (3)
- Pai não entende nada - Coleção Jovem – (1)
- Zoeira (seleção de Lucia Helena Verissimo e Maria da Glória Bordini)- (1)
- O gigolô das palavras (seleção de Maria da Glória Bordini). (1)

Participações em Coletâneas:

Para entender o Brasil - Organização de Luiz Antonio Aguiar. Alegro, 2001. Texto: “O cinismo de (todos) nós”.

Os cem melhores contos brasileiros do século - Organização de Ítalo Moriconi. Objetiva, 2000. Texto: “Conto de verão nº 2 - Bandeira branca”.

O desafio ético - Organização de Ari Roitman. Garamond, 2000. Texto: “O poder do nada”.

Para gostar de ler, volume 22 - Histórias de amor - Ática, 1999. Texto: “Uma surpresa para Daphne”.

Porto Alegre - Memória escrita - Organização Zilá Bernd. Universidade Editorial, 1998. Texto: “Bola de cristal”.

Contos para um Natal brasileiro - Relume Dumará, 1996. Texto: “White Christmas”.

Contos brasileiros - Organização de Sérgio Faraco. L&PM, 1996. Texto: “A missão”.

Democracia: Cinco princípios e um fim - Ilustrações de Siron Franco. Organização de Carla Rodrigues. Moderna, Coleção Polêmica, 1996. Texto: “Igualdade”.

Continente Sul/Sur - IEL, 1996. Texto: “Conversa de velho”.
O Rio de Janeiro continua lindo - Memória Viva, 1995. Texto: “Vitória carioca”.

Passeios pela Zona Norte - Centro Cultural Gama Filho, 1995. Texto: “As noivas do Grajaú”.

E o Bento levou (charges) - Mercado Aberto, 1995.

Amigos secretos - Artes e Ofícios, 1994. Texto: “Casados x solteiros”.

A cidade de perfil - Organização de Sérgio Faraco. Centro Cultural Porto Alegre, 1994. Textos: “A mal entendida”, “A compulsão” e “Soluções”.

Separatismo - Corta essa! (cartuns) - L&PM, 1993.

Para gostar de ler, volume 13 - Histórias divertidas - Ática, 1993. Textos: “Atitude suspeita” e “O casamento”.

O humor nos tempos do Collor - Com Jô Soares e Millôr Fernandes. L&PM, 1992.

Nós, os gaúchos - Editora da Universidade, 1992. Texto: “A cidade que não está no mapa”.

Cronistas do Estadão - Organização de Moacir Amâncio. O Estado de S. Paulo, 1991.Texto: “Negociações”.

A palavra é humor - Scipione, 1990. Texto: “Lixo”.

Ler faz a cabeça, volumes 1, 2 e 3 - Pedagógica e Universitária, 1990.

Crônicas de amor - Ceres, 1989. Textos: “Amores”.

Sombras e luzes - Um olhar sobre o século - Organização de Hélio Nardi Filho. L&PM, 1989. Texto: “À beira do tapete, à beira do espaço”.

O novo conto brasileiro - Nova Fronteira, 1985.

Rodízio de contos - Mercado Aberto, 1985. Texto: “Tronco”.

Memórias (Revista Oitenta nº6) - L&PM, 1982.

Temporal na Duque (Revista Oitenta nº 5) - L&PM, 1981.

Para gostar de ler, volume 7 - Crônicas. Ática, 1981. Textos: “Confuso”, “Futebol de rua”, “Comunicação”, “Emergência” e “Matemática”.

Toda a verdade sobre Brigitte D’Anjou (Revista Oitenta nº 3) - L&PM, 1980.

Condomínio (Revista Oitenta nº 2) - L&PM, 1980.

Humor de sete cabeças (charges e cartuns) - Sulbrasileiro Seguros Gerais, 1978.

Antologia brasileira do humor - L&PM, 1976.

O tubarão - L&PM, 1976.

QI 14 - Garatuja, 1975.

Editoras:

(1) – L&PM Editores, Porto Alegre (RS)
(2) – Editora Objetiva, Rio de Janeiro (RJ)
(3) – Ática, São Paulo (SP)
(4) – Artes e Ofícios, Rio (RJ)
(5) – Epu, São Paulo (SP)
(6) – Globo, Porto Alegre (RS)
(7) – José Olympio, Rio de Janeiro (RJ)
(8) – Cia. das Letras, São Paulo (SP)
(9) – Berlendis, São Paulo (SP)
(10) – Projeto, Porto Alegre (RS)
(11) – Mercado Aberto, Porto Alegre (RS)


Após mais de 20 anos tendo seus trabalhos publicados pela L&PM Editores, de Porto Alegre (RS), foi anunciada, em 05/07/2000, sua contratação pela Editora Objetiva, do Rio de Janeiro (RJ).

Biografia de Dom Pedro I


Biografia de Dom Pedro I,
o primeiro Imperador do Brasil


Imperador D. Pedro I

Dom Pedro I - Imperador do Brasil e Rei de Portugal - nasceu em Lisboa no dia 12 de Outubro de 1798. Herdeiro da coroa portuguesa em 1801, era filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina. Veio para o Brasil quando contava apenas com 9 anos de idade. Isso ocorreu em 1808, quando houve a invasão de Portugal pelos franceses, e a família real veio para o Rio de Janeiro.

Em março de 1816, com a elevação de seu pai a rei de Portugal, recebeu o título de príncipe real e herdeiro do trono em virtude da morte do irmão mais velho, Antônio. No mesmo ano casou-se com Carolina Josefa Leopoldina, arquiduquesa da Áustria.

A família real retornou à Europa em 26 de abril de 1821, ficando D. Pedro como Príncipe Regente do Brasil. A corte de Lisboa despachou então um decreto exigindo que o Príncipe retornasse a Portugal. Essa decisão provocou um grande desagrado popular e D. Pedro resolveu permanecer no Brasil. Isso desagradou às Cortes Portuguesas, que em vingança suspenderam o pagamento de seus rendimentos. Mesmo assim resistiu, naquele que ficou conhecido como o "Dia do Fico" (09/01/1822).

Com a popularidade cada vez mais em alta, quando ia de Santos para a capital paulista, recebeu uma correspondência de Portugal, comunicando que fora rebaixado da condição de regente a mero delegado das cortes de Lisboa. Revoltado, ali mesmo,em 7 de setembro de 1822, junto ao riacho do Ipiranga, o herdeiro de D. João VI resolveu romper definitivamente contra a autoridade paterna e declarou a independência do Império do Brasil, rompendo os últimos vínculos entre Brasil e Portugal.

De volta ao Rio de Janeiro, foi proclamado, sagrado e coroado imperador e defensor perpétuo do Brasil. Impulsivo e contraditório, logo abandonou as próprias idéias liberais, dissolveu a Assembléia Constituinte, demitiu José Bonifácio e criou o Conselho de Estado que elaborou a constituição (1824). Em meio a dificuldades financeiras e várias e desgastantes rebeliões localizadas, instalou a Câmara e o Senado vitalício (1826). Porém, um fato provocou desconforto geral e o seu declínio político no Brasil. Com a morte de D. João VI, decidiu contrariar as restrições da constituição brasileira, que ele próprio aprovara, e assumir como herdeiro do trono português, o poder em Lisboa como Pedro IV, 27º rei de Portugal.

Foi a Portugal e, constitucionalmente não podendo ficar com as duas coroas, instalou no trono a filha primogênita, Maria da Glória - então com sete anos - como Maria II, e nomeou regente seu irmão, Dom Miguel. Contudo, sua indecisão entre o Brasil e Portugal contribuiu para minar a popularidade e, somando-se a isto o fracasso militar na Guerra da Cisplatina (1825-1827), os constantes atritos com a assembléia, o seu relacionamento extraconjugal (1822-1829) com Domitila de Castro Canto e Melo - a quem fez viscondessa e depois marquesa de Santos - o constante declínio de seu prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, após quase nove anos como Imperador do Brasil, abdicou do trono em favor de seu filho Pedro (1830) então com cinco anos de idade.

Voltando a Portugal, com o título de duque de Bragança, assumiu a liderança da luta para restituir à filha Maria da Glória o trono português, que havia sido usurpado pelo irmão, Dom Miguel, travando uma guerra civil que durou mais de dois anos. Inicialmente criou uma força expedicionária nos Açores (1832), invadiu Portugal, derrotou o irmão usurpador e restaurou o absolutismo.

No entanto, voltara tuberculoso da campanha e morreu no palácio de Queluz, na mesma sala onde nascera, com apenas 36 anos de idade, em 24 de setembro de 1834. Foi sepultado no panteão de São Vicente de Fora como simples general, e não como rei. No sesquicentenário da Independência do Brasil (1972), seus restos mortais foram trazidos para a cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo.

Curiosidade: O nome de batismo de Dom Pedro I é "Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon".

Fonte: E-Biografia.net