6 de maio de 2008

ALMA IRMÃ



ALMA IRMÃ

Machado de Carlos
Navegava na tempestade fria;
Procurava quem me ensinasse o Sol.
— Oh! – Como eu era triste! Como sofria!...
Acolheste-me no teu amor maior.
Na tua meiguice vi o claro do dia;
Tudo se floresceu ao derredor!
Passei a viver horas de fantasias;
Hoje a minha vida tem mais cor...
No meu jardim cultivo uma rosa;
Ouço tua música!... Minh’alma cora!...
Tuas letras d’ouro... já sei de cor!
Peço a Deus, nunca esquecer teu perfume,
Com ele pude encontrar o lume,
Que me levará, um dia, ao teu

AMOR BANDIDO


Amor Bandido!
Ana Amélia Donádio


Você foi chegando de mansinho
Com jeitinho meigo e muito carente,
palavras doces e um olhar envolvente.
Era o homem perfeito,
o homem dos meus sonhos.

Ouvi da sua boca palavras que eu
jamais ouvira de outro alguém.
Me senti amada, desejada,
como nenhuma outra mulher.
Você me fez acreditar no amor puro e verdadeiro,
me fez sentir segura, sem medo de ser feliz.



Acabei me entregando a esse amor.
Uma entrega de corpo e alma.
Já não me importava com o mundo lá fora,
pois meu mundo era você.
Meu amor era puro e incondicional.

Mas como tudo na vida passa,
acordei desse sonho que parecia lindo.
Percebi que estava vivendo um pesadelo.
Não estava sendo amada, e sim usada,
que não era desejada, e sim dominada.



Entendi que tudo não passou de palavras.
Palavras que não me levaram a lugar nenhum,
apenas para um mundo de incertezas.
No peito fiquei com um vazio profundo
,
e uma grande desilusão e tristeza.

O sonho acabou!
Vivi de mentirosas juras de amor eterno,
de promessas sem nexos que jamais foram cumpridas.
Hoje resta-me apenas uma companheira
chamada solidão,
juntamente com a certeza que te amei,
me entreguei e acreditei.
Pena que você tenha sido um amor

bandido.


Proibida a cópia sem autorização

ANJO MENINA


ANJO MENINA


Autor : Walter Pereira Pimentel
Uma figura angelical
Anjo menina
Assim te imagino e vejo
Dando causa às minhas fantasias
E razão aos meus desejos
Parece que vens do céu!
Sabes distinguir o bem do mal
Mexes com o meu coração
Fazendo girar meu pensamento
Com a força de um turbilhão
E o romantismo de um carrossel.
Em ti Deus colocou ternura
Amor...sensibilidade...candura...
Tudo enfim
E ainda me presenteou com a felicidade
Ao separar no teu coração
Um cantinho pra mim!

2 de maio de 2008

DEFINITIVO


Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

Carlos Drumond de Andrade

E DEUS LÁ CAMINHANDO


E DEUS LÁ CAMINHANDO ENTRE AS NUVENS...

o medo da desgraça é pior que a desgraça
- Leib Lazarov

Eis mais um dia de tristezas... Então, o olhar morto, dedos sujos de manteiga, fotos antigas espalhadas e, o vazio do nada.
O que houve agora? Onde dói? Na cabeça ou no coração? Fica sem resposta, mas sempre aparece no céu um rosto desconhecido e severo, usa uma coroa de ouro cheia de magníficos desenhos, talvez os melhores momentos da minha vida, poucos momentos mas bem relatados. Atrás deste rosto, ou rei, fica um enorme relógio transparente com asas; e avisando que é insensível aos meus gemidos, não vai parar o tempo. Será que vai dar tempo de recuperar todo o tempo perdido em tristezas?
O amor! Oh! O amor, o amor! Está força mágica que mistura vidas de forma tão delicada! Será o amor? Onde está ou foi o amor? O que é o amor então? Mas, agora vejo que o amor me trouxe a ilusão! Outra figura para complicar minha cabeça! Pego meu carro e acelero, e, acelero, então, mais rápido que as batidas do meu coração! Corro da ilusão, e do seu irmão gêmeo - o amor!
Sigo desesperado, tiro minhas roupas e corro nu entre as pessoas. O carro capotou lá atrás... Estamos pegando fogo. Estou morrendo por não saber mais como se morre. E aquele rosto desconhecido? Onde está o meu herói de infância mais morto e fracassado do que eu?
Escutem... Atenção! Uma voz de fada cantando na noite, a coisa mais linda que já ouvi! Ai que insiste em cantar de amor, e ai que a morte já me cairia bem. Mas a fada sorri, toca um delicado intrumento de cordas, e as vezes levanta os cabelos entre seus dedos por prazer, e o luar ilumina, ilumina...
Qual a diferença que existe entre o nada que vim, e o nada que eu vou? Era para ser aquela pessoa certa por quem me apaixonei, mas que se tornou incerta pelo capricho de me ver sofrer o sofrimento certo que irá sentir quando se lembrar de mim. E ninguem vai me tirar esta certeza porque é uma intuição de caranguejo.
Viva então a loucura mais louca que um louco inventou! Só assim para te arrancar do meu coração, vai levar junto com as raízes alguns pedaços de mim, mas não vou te jogar no lixo, não posso, não consigo, te amo! Nem a loucura mais louca que um louco inventou pode te expulsar da minha mente, talvez nem mesmo do meu coração sem causar completa ruína e destruição. Me falta criatividade para descrever o que sinto, preciso dizer que eu morreria por você que me trata com frieza e distanciamento?
Tragam imediatamente os meus cigarros! Tragam aqui agora todos os meus cigarros, tenho que fumar todos eles, um por um, se eu quiser fumo varios de uma só vez! Tenho que pensar, pensar! Sabe o que é pensar? Não, não é isso que chamam de pensamento. Meu pensamento vem como uma locomotiva desgovernada, atropelando os animais desajeitados, causando terror enquanto freia e é isso como um cavalo negro do demônio a relinxar.
Preciso cortar as unhas, pentear o cabelo, fumar, arrumar a cama para então desarrumar de novo. Preciso engordar todo esforço que emagreci e ter diante do espelho comigo, o velho de sempre que pensava ser um garotinho capaz de tudo outra vez! Sabe, digo ao espelho, ou ele me diz? Até que desta vez você se superou! Foi conseguir se apaixonar por uma pessoa que talvez ache que você é apenas... apenas... Foi quando secaram as minhas palavras e o espelho sumiu. Uma mágica! Lá está meu amor outra vez flutuando no ar, fazendo aquela cara de deboche, se achando o máximo, essa música tocando aqui no quarto, que isso? Zapp, Be all Right... Se meu amor tira a roupa nos meus pensamentos, ele tira na vida real, e não é para mim.
Madrugada, internet, msn, insanidade total, devo ir comprar cigarros? E das conversas com minha nova amiga saberei qual é o elemento mais forte? Terra ou Ar? Agua ou fogo? Não sei, a água não é um lago que apaga um foguinho ou um vulcão. Não é um oceano de grandezas, mas é sentimento não necessariamente correspondido, é carente e frágil. Agua é uma gota de lágrima abandonada no ar que segue flutuando no vento até se espatifar contra uma rosa branca no jardim de algum desses sonhadores apaixonados.


Alan Space

ASAS PARA VOAR


Asas Para Voar



Certo dia, um anjo ajoelhou-se aos pés de Deus e falou:
"Senhor... visitei sua criação como pediu.
Fui a todos os cantos.
Estive no sul, no norte.
No leste e oeste.
Vi e fiz parte de todas as coisas.

Observei cada uma de suas crianças humanas.
E por ter visto, vim até o senhor... para tentar entender.
Por que? Por que cada uma das pessoas sobre a terra tem
apenas uma asa?
Nós anjos temos duas... podemos ir até o amor que o senhor
representa sempre que desejarmos. Podemos voar para
a liberdade sempre
que quisermos.
Mas os humanos com sua única asa não podem voar".

E Deus respondeu:
"Eles podem voar sim meu anjo.
Dei aos humanos apenas uma asa para que eles pudessem voar
mais e melhor que Eu ou vocês meus arcanjos...
Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas...
Embora livre, sempre estará sozinho.
Talvez da mesma maneira que Eu...

Mas os humanos... os humanos com sua única
asa precisarão
sempre dar as mãos para alguém a fim de terem suas
duas asas.
Cada um deles tem na verdade um par de asas... uma outra asa
em algum lugar do mundo que completa o par.
Assim eles aprenderão a respeitarem-se pois ao
quebrar a única
asa de outra pessoa podem estar acabando com as suas próprias
chances de voar.

Assim meu anjo, eles aprenderão a amar verdadeiramente
outra
pessoa... aprenderam que somente permitindo-se
amar eles poderão
voar. Tocando a mão de outra pessoa em um abraço correto e
afetuoso eles poderão encontrar a asa que lhes falta... e poderão
finalmente voar.
Somente através do amor irão chegar até onde estou... assim como
você meu anjo. E eles nunca... nunca estarão sozinhos quando
forem voar."

PROPÉRCIO


(PROPÉRCIO)


Amoroso palor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra...
Quanto sofro por ti! Nas longas noites
Adoeço de amor e de desejos...
E nos meus sonhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura:
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens;
E ela mesma suave descorando
Os alvacentos véus soltar do colo,
Cheirosas flores desparzir sorrindo
Da mágica cintura.
Sinto na fronte pétalas de flores,
Sinto-as nos lábios e de amor suspiro...
Mas flores e perfumes embriagam...
E no fogo da febre, e em meu delírio
Embebem na minh’alma enamorada
Delicioso veneno.

Estrela de mistério! em tua fronte
Os céus revela e mostra-me na terra,
Como um anjo que dorme, a tua imagem
E teus encantos, onde amor estende
Nessa morena tez a cor de rosa.
Meu amor, minha vida, eu sofro tanto!
O fogo de teus olhos me fascina,
O langor de teus olhos me enlanguece,
Cada suspiro que te abala o seio
Vem no meu peito enlouquecer minh’alma!

Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh’alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu’alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu’alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!


Dezembro, 1851
Álvares de Azevedo